sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

                               As diferentes classes de espíritos: Parte I

Você conhece sobre as diferentes classes de espíritos? Não? Então aproveite 
e estude conosco, pois hoje damos início a um breve estudo, dividido em 
algumas partes eque visa abordar o tema, esclarecendo sobre cada uma
 das classes de espíritos apontadas na literatura dos espíritos.

Diferentes Ordens de Espíritos

Um ponto capital na Doutrina Espírita é o das diferenças que existem 
entre os Espíritos, sob o duplo ponto de vista intelectual e moral; seu 
ensino, a esse respeito, jamais variou; não menos importante, porém, 
é saber que eles não pertencem eternamente à mesma ordem e que, 
em consequência, essas ordens não constituem espécies distintas: 
são diferentes graus de desenvolvimento. Os Espíritos seguem a marcha 
progressiva da Natureza: os das ordens inferiores são ainda imperfeitos; 
depois de depurados, atingem as ordens superiores; avançam na
 hierarquia à medida que adquirem qualidades, experiência e conhecimentos 
que lhes faltam. No berço, a criança não se assemelha ao que será na
 idade madura; entretanto, é sempre o mesmo ser.

A classificação dos Espíritos baseia-se no grau de adiantamento deles,
 nas qualidades que já adquiriram e nas imperfeições de que terão
 ainda de despojar-se. Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta;
 apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. 
De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os
 matizes se apagam, como nos reinos da Natureza, nas cores do 
arco-íris ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem.
 Podem, pois, formar-se maior ou menor número de classes, conforme 
o ponto de vista donde se considere a questão. Dá-se aqui o que se 
dá com todos os sistemas de classificação científica, os quais podem 
ser mais ou menos completos, mais ou menos racionais e mais ou menos
 cômodos para a inteligência; sejam, porém, quais forem, em nada alteram 
as bases da Ciência.

Assim, é natural que, inquiridos sobre este ponto, hajam os Espíritos
 divergido quanto ao número das categorias, sem que isto tenha valor
 algum. Entretanto, não faltou quem se agarrasse a esta contradição
 aparente, sem refletir que os Espíritos nenhuma importância ligam ao
 que é puramente convencional; para eles, o pensamento é tudo; 
deixam-nos a forma, a escolha dos termos, as classificações – numa palavra, 
os sistemas.

Façamos ainda uma consideração que se não deve jamais perder de vista:
 a de que entre os Espíritos, assim como entre os homens, há os muito
 ignorantes, de modo que nunca serão demais as cautelas que se tomem
 contra a tendência a crer que, por serem Espíritos, todos devam saber
 tudo. Qualquer classificação exige método, análise e conhecimento 
aprofundado do assunto. Ora, no mundo dos Espíritos, os que possuem 
limitados conhecimentos são, como neste orbe, os ignorantes, os inaptos
 a apreender uma síntese, a formular um sistema; mesmo os que são 
capazes de tal apreciação podem mostrar-se divergentes quanto às 
particularidades, conformemente aos pontos de vista em que se achem,
 sobretudo se se trata de uma divisão, que nenhum cunho absoluto
 apresente. Lineu, Jussieu e Tournefort tiveram cada um o seu 
método, sem que a Botânica, em consequência, houvesse experimentado 
qualquer modificação. É que nenhum deles inventou as plantas, 
nem seus caracteres. Apenas observaram as analogias, segundo as
 quais formaram os grupos ou classes. Foi assim que também 
procedemos. Não inventamos os Espíritos, nem seus caracteres; 
vimos e observamos, julgamo-los pelas suas palavras e atos,
 depois os classificamos pelas semelhanças. É o que cada um teria 
feito em nosso lugar. Entretanto, não podemos reivindicar a totalidade
 desse trabalho como sendo obra nossa. Se o quadro que damos a 
seguir não foi textualmente traçado pelos Espíritos, e se é nossa a 
iniciativa, todos os elementos que o compõem foram hauridos em 
seus ensinamentos; não nos restaria senão formular a disposição material.

Os Espíritos, em geral, admitem três categorias principais, ou três
 grandes divisões. Na última, a que fica na parte inferior da escala, 
estão os Espíritos imperfeitos que devem ainda percorrer todas,
 ou quase todas as etapas; caracterizam-se pela predominância da 
matéria sobre o Espírito e pela propensão ao mal. Os da segunda se
 caracterizam pela predominância do Espírito sobre a matéria e pelo
 desejo do bem: são os Espíritos bons. A primeira, finalmente, compreende
 os Espíritos puros, os que atingiram o grau supremo da perfeição


Esta divisão nos pareceu perfeitamente racional e com caracteres bem
 positivados; só nos restava pôr em relevo, mediante subdivisões em
 número suficiente, os principais matizes do conjunto. Foi o que fizemos, 
com o concurso dos Espíritos, cujas benévolas instruções jamais nos 
faltaram. Com o auxílio desse quadro, fácil será determinar-se a 
ordem, assim como o grau de superioridade ou de inferioridade dos 
que podem entrar em relação conosco e, por conseguinte, o grau de 
confiança ou de estima que merecem. Além disso, interessa-nos
 pessoalmente porque, como pertencemos, por nossa alma, ao mundo
 espírita, no qual reentraremos ao deixar nosso invólucro mortal, ele 
nos mostra o que nos resta fazer para chegarmos à perfeição e ao
 bem supremo. Faremos, todavia, notar que os Espíritos não ficam 
pertencendo, exclusivamente, a tal ou tal classe. Sendo sempre 
gradual o progresso deles e muitas vezes mais acentuado num
 sentido do que em outro, pode acontecer que muitos reúnam em si 
os caracteres de várias categorias, o que seus atos e linguagem tornam
 possível apreciar.

Fonte: Revista Espírita, Ano I, fevereiro de 1858, nº. 2. - Allan Kardec

                                 As diferentes classes de espíritos parte II:

                                                    Espíritos Imperfeitos

Salves os amigos leitores, no post de hoje daremos continuidade ao estudo 
sobre as diferentes classes de espíritos, contudo, abordaremos aqui a 
terceira ordem de espíritos, isto é, os que comumente chamamos de
 espíritos inferiores, ou ainda, imperfeitos.



TERCEIRA ORDEM – ESPÍRITOS IMPERFEITOS

Características gerais. – Predominância da matéria sobre o espírito.
 Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões 
que lhes são consequentes. Têm a intuição de Deus, mas não o 
compreendem. Nem todos são essencialmente maus. Em alguns há 
mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade. Uns não
 fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já 
denotam a sua inferioridade. Outros, ao contrário, se comprazem no mal
 e se rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo. Neles
 a inteligência pode achar-se aliada à maldade ou à malícia; seja, porém,
 qual for o grau que tenham alcançado de desenvolvimento intelectual,
 suas ideias são pouco elevadas e mais ou menos abjetos seus sentimentos.

Restritos conhecimentos têm das coisas do mundo espírita e o pouco que 
sabem se confunde com as ideias e preconceitos da vida corporal. Acerca
 dessas coisas, não nos podem dar senão noções falsas e incompletas;
 entretanto, nas suas comunicações, mesmo imperfeitas, o observador 
atento encontra a confirmação das grandes verdades ensinadas 
pelos Espíritos superiores. Na linguagem de que usam se lhes revela o
 caráter. Todo Espírito que, em suas comunicações, trai um mau pensamento,
 pode ser classificado na terceira ordem. Conseguintemente, todo mau 
pensamento que nos é sugerido vem de um Espírito dessa ordem.

Eles veem a felicidade dos bons e esse espetáculo lhes constitui incessante
 tormento, porque os faz experimentar todas as angústias que a inveja 
e o ciúme podem causar. Conservam a lembrança e a percepção dos 
sofrimentos da vida corpórea e essa impressão é muitas vezes 
mais penosa do que a realidade. Sofrem, pois, verdadeiramente, pelos
 males de que padeceram em vida e pelos que ocasionaram aos 
outros. E, como sofrem por longo tempo, julgam que sofrerão para 
sempre. Deus, para puni-los, quer que assim julguem.

Podem ser divididos em quatro grupos principais:

Décima classe. ESPÍRITOS IMPUROS – São inclinados ao mal, 
de que fazem o objeto de suas preocupações. Como Espíritos, dão
 conselhos pérfidos, sopram a discórdia e a desconfiança e se mascaram
 de todas as maneiras para melhor enganar. Ligam-se aos homens 
de caráter bastante fraco para cederem às suas sugestões, a fim de 
induzi-los à perdição, satisfeitos com o conseguirem retardar lhes o 
adiantamento, fazendo-os sucumbir nas provas por que passam.

Nas manifestações, dão-se a conhecer pela linguagem. A trivialidade
 e a grosseria das expressões, nos Espíritos, como nos homens, 
é sempre indício de inferioridade moral, se não também intelectual.
 Suas comunicações exprimem a baixeza de seus pendores e, se tentam
 iludir, falando com sensatez, não conseguem sustentar por muito tempo 
o papel e acabam sempre por se traírem. Alguns povos os arvoraram em
 divindades maléficas; outros os designam pelos nomes de demônios, 
maus gênios, Espíritos do mal.

Quando encarnados, os seres vivos que eles constituem se mostram 
propensos a todos os vícios geradores das paixões vis e degradantes:
 a sensualidade, a crueldade, a felonia, a hipocrisia, a cupidez, 
a avareza sórdida. Fazem o mal por prazer, as mais das vezes sem motivo,
 e por ódio ao bem, quase sempre escolhendo suas vítimas entre as 
pessoas honestas. São flagelos para a Humanidade, pouco importando 
a categoria social a que pertençam, e o verniz da civilização não os forra ao 
opróbrio e à ignomínia.

Nona classe. ESPÍRITOS LEVIANOS – São ignorantes, travessos, irrefletidos
 e zombeteiros. Metem-se em tudo, a tudo respondem, sem se
 incomodarem com a verdade. Gostam de causar pequenos desgostos
 e ligeiras alegrias, de aborrecer, de induzir maliciosamente em erro,
 por meio de mistificações e de espertezas. A esta classe pertencem 
os Espíritos vulgarmente tratados de duendes, trasgos, gnomos,
 diabretes. Acham-se sob a dependência dos Espíritos superiores, 
que muitas vezes os empregam, como fazemos com os nossos servidores.

Mais que outros, parecem ligados à matéria e ser os principais agentes 
das vicissitudes dos elementos do globo, quer vivam no ar, na água, no 
fogo, nos corpos sólidos ou nas entranhas da Terra. Muitas vezes 
manifestam sua presença por efeitos sensíveis, tais como pancadas, 
movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos, agitação do ar, 
etc., o que lhes valeu o nome de Espíritos batedores ou 
perturbadores. Reconhece-se que tais fenômenos não se devem a
 uma causa fortuita e natural quando têm um caráter intencional e inteligente.
 Todos os Espíritos podem produzir esses fenômenos, porém os Espíritos
 elevados em geral deixam essas atribuições aos inferiores, mais aptos
 às coisas materiais que às inteligentes.

Em suas comunicações com os homens, a linguagem de que se servem é,
 por vezes, espirituosa e faceta, mas quase sempre sem profundidade. 
Exploram as falhas e o lado ridículo dos homens e das coisas, 
comentando-os em traços mordazes e satíricos. Se tomam nomes 
supostos, é mais por malícia que por maldade.

Oitava Classe. ESPÍRITOS PSEUDO-SÁBIOS – Dispõem de conhecimentos
 bastante amplos, porém creem saber mais do que realmente sabem.
 Tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem
 deles aparenta um cunho de seriedade, susceptível de iludir com respeito 
às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo 
dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma 
mistura de algumas verdades com os erros mais absurdos, através dos 
quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que 
ainda não puderam despir-se.


Sétima Classe. ESPÍRITOS NEUTROS – Nem bastante bons para fazerem
 o bem, nem bastante maus para fazerem o mal. Pendem tanto para um
 como para o outro e não ultrapassam a condição comum da Humanidade,
 quer no que concerne ao moral, quer no que toca à inteligência. Apegam-se 
às coisas deste mundo, de cujas grosseiras alegrias sentem saudades.

Sexta Classe. ESPÍRITOS BATEDORES E PERTURBADORES - Estes
 espíritos propriamente falando, não formam uma classe distinta pelas 
suas classes pessoais. Pode caber em todas as classes da terceira ordem, 
manifestam geralmente sua presença por efeitos sensíveis e físicos, 
como pancadas, movimento e deslocamento anormal de corpos sólidos,
 agitação do ar, etc. Afiguram-se, mais do que outros, presos à matéria.
 Parecem ser os elementos principais das vicissitudes do elemento do 
Globo, quer atuem sobre o ar, a água, o fogo, os corpos duros, 
quer nas entranhas da terra. Reconhece-se que esses fenômenos não
 derivam de uma causa fortuita ou física, quando denotam caráter 
intencional e inteligente. Todos os espíritos podem produzir tais fenômenos, 
mas os de ordem elevada os deixam, de ordinário, como atribuições dos 
subalternos, mais aptos para as coisas materiais do que para as coisas 
da inteligência; quando julgam úteis as manifestações desse gênero, lançam
 mão destes últimos como seus auxiliares.

Fonte: Revista Espírita, Ano I, Fevereiro de 1858, nº. 2 - Allan Kardec e,
O Livro dos Espíritos, 14 edição de bolso, FEB, 2009 - Allan Kardec

As diferentes classes de espíritos parte III: 

Espíritos Bons e Puros


Dando continuidade aos estudos a cerca das classes de espíritos, 
hoje vamos pondo fim ao mesmo, trazendo elucidações a cerca 
das cinco últimas classes elencadas pelos espíritos.

SEGUNDA ORDEM – ESPÍRITOS BONS

Características gerais. – Predominância do espírito sobre a matéria; 
desejo do bem. Suas qualidades e poderes para o bem estão em relação
 com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm ciência, 
outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados aliam o saber às
 qualidades morais. Não estando ainda completamente desmaterializados,
 conservam mais ou menos, conforme a categoria que ocupem, os traços 
da existência corporal, assim na forma da linguagem, como nos hábitos,
 entre os quais se descobrem mesmo algumas de suas manias. De 
outro modo, seriam Espíritos perfeitos.
Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons. 
São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor 
que os une lhes é fonte de inefável ventura, que não tem a perturbá-la
 nem a inveja, nem os remorsos, nem nenhuma das paixões más 
que constituem o tormento dos Espíritos imperfeitos. Todos, entretanto,
 ainda têm de passar por provas, até que atinjam a perfeição absoluta.
 Como Espíritos, suscitam bons pensamentos, desviam os homens da 
senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de 
proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre 
aqueles a quem não é grato sofrê-la.

Quando encarnados, são bondosos e benevolentes com os 
semelhantes. Não os movem o orgulho, nem o egoísmo, ou a ambição.
 Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem.
 A esta ordem pertencem os Espíritos designados, nas crenças vulgares, 
pelos nomes de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. 
Em épocas de superstições e de ignorância, eles hão sido elevados 
à categoria de divindades benfazejas. Podem, igualmente, ser divididos 
em quatro grupos principais:

Quinta classe. ESPÍRITOS BENÉVOLOS. – A bondade é neles a 
qualidade dominante. Apraz-lhes prestar serviço aos homens e protegê-los. 
Limitados, porém, são os seus conhecimentos. Hão progredido mais no 
sentido moral do que no sentido intelectual.

Quarta classe. ESPÍRITOS DE CIÊNCIA – Distinguem-se especialmente
 pela amplitude de seus conhecimentos. Preocupam-se menos com as 
questões morais, do que com as de natureza científica, para as quais 
têm maior aptidão. Entretanto, só encaram a Ciência do ponto de 
vista da sua utilidade e jamais dominados por quaisquer paixões próprias
 dos Espíritos imperfeitos.

Terceira classe. ESPÍRITOS DE SABEDORIA – As qualidade morais da 
ordem mais elevada são o que os caracteriza. Sem possuírem ilimitados 
conhecimentos, são dotados de uma capacidade intelectual que lhes faculta
 juízo reto sobre os homens e as coisas.

Segunda classe. ESPÍRITOS SUPERIORES – Esses em si reúnem a ciência,
 a sabedoria e a bondade. Da linguagem que empregam se exala 
sempre a benevolência; é uma linguagem invariavelmente digna, elevada
 e, muitas vezes, sublime. Sua superioridade os torna mais aptos do que 
os outros a nos darem as mais justas noções sobre as coisas do mundo
 incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao homem saber. 
Comunicam-se de bom grado com os que procuram de boa-fé a verdade 
e cuja alma já está bastante desprendida das ligações terrenas 
para compreendê-la. Afastam-se, porém, daqueles a quem só a 
curiosidade impele, ou que, pela influência da matéria, são desviados
 da prática do bem. Quando, por exceção, encarnam na Terra, é para 
cumprir missão de progresso e, então, nos oferecem o tipo da perfeição
 a que a Humanidade pode aspirar neste mundo.

PRIMEIRA ORDEM – ESPÍRITOS PUROS

Características gerais. – Nenhuma influência da matéria. Superioridade 
intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens.

Primeira casse. Classe única. – Os Espíritos que a compõem percorreram
 todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria.
 Tendo alcançado a soma de perfeição de que é susceptível a criatura, não
 têm mais que sofrer provas, nem expiações. Não estando mais sujeitos
 à reencarnação em corpos perecíveis, realizam a vida eterna no seio de Deus.

Gozam de inalterável felicidade, porque não se acham submetidos 
às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Essa felicidade, 
porém, não é a de ociosidade monótona, a transcorrer em perpétua
 contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus,
 cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal.
 Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, auxiliam-nos 
na obra de seu aperfeiçoamento e lhes designam as suas missões.
 Assistir os homens nas suas aflições, concitá-los ao bem ou à expiação
das faltas que os conservam distanciados da suprema felicidade, 
constitui para eles ocupação gratíssima.

São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins.
 Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas extremamente
 presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente
 às suas ordens.

Fonte: Revista Espírita, Ano I, Fevereiro de 1858, nº. 2 - Allan Kardec

               Os aconselhamentos com os Guias espirituais

O tema abordado nesse post busca fazer uma reflexão sobre os 
aconselhamentos que ocorrem nos terreiros de Umbanda, a fim de 
elucidar sobre o real sentido desse trabalho realizado por essa amada
 religião e seus falangeiros.


O aconselhamento com os Guias espirituais é algo muito comum nos 
terreiros de Umbanda, na verdade a maioria dos atendimentos 
disponibilizados pelas casas se resumem a tal trabalho de orientação 
a encarnados. Claro está que jamais devemos generalizar tal assertiva,
 tendo em vista que há muitas casas que possuem sua visão 
mais aberta e vão além de aconselhamentos, utilizando-se de passes,
 benzimentos, cromoterapia, batimento de ervas, palestras, etc. Porém, 
tais procedimentos ainda fazem parte do repertório de uma minoria, ficando 
o aconselhamento como o grande destaque dos trabalhos trazidos pela religião 
de Umbanda.

Dessa forma, o trabalho de orientação espiritual começou a tomar outras
 proporções, pois devido a ideia de que os Guias espirituais tem o "dever" 
de orientar as pessoas que passam por problemas, os trabalhos de 
aconselhamentos começaram a se transformar em um momento de 
conversa fútil entre frequentador e Guia, chegando ao ponto de 
somente um aconselhamento durar mais de 20 minutos.

Importante salientar que os aconselhamentos entre pessoas realmente 
necessitadas e os Guias é algo totalmente natural, pois é um dos trabalhos 
que a Umbanda traz em seu seio, porém, não devemos confundir problemas
 relevantes com situações banais, do cotidiano e que só cabem a 
nós mesmos, encarnados, resolvermos. Compreendemos que os Guias 
tem muito a nos orientar e ensinar, devido a sua sabedoria e seu olhar 
apurado, diante da situação de estarem do outro lado da vida, entretanto,
 o trabalho de aconselhamento não é mero bate-papo sobre a vida. 
Podemos identificar esse pensamento nas palavras de Aniceto, no
 capítulo 46 do livro "Os Mensageiros" de André Luiz, onde o nobre amigo 
espiritual comenta:

"A solicitação de terapêutica para a manutenção da saúde física, pelos que 
de fato se interessem pelo concurso espiritual, é sempre justa; todavia,
 no que concerne a conselhos para a vida normal, é imprescindível muita 
cautela de nossa parte, diante das requisições daqueles que se 
negam voluntariamente aos testemunhos de conduta cristã. 
O Evangelho está cheio de sagrados roteiros espirituais, e o discípulo,
 pelo menos diante da própria consciência, deve considerar-se obrigado 
a conhecê-los."

É interessante o que o amigo espiritual nos comenta, pois muitos de
 nós ainda acreditamos que os problemas do casamento, do trabalho 
ou da vontade de ter algum bem material se confunde com real 
estado de necessidade, e então procuramos nos conselhos dos Guias
 alguma solução, entretanto, os amigos espirituais não estão aqui 
para nos aconselhar sobre tais situações, e sim sobre reais necessidades 
ou problemas espirituais. Seguindo a diante no mesmo capítulo citado,
 o amigo espiritual continua a nos elucidar sobre o assunto, vejamos:

"Possivelmente, vocês objetarão que toda pergunta exige resposta e
 todo pedido merece solução; entretanto, nesse caso de esclarecer
 determinas solicitações dos companheiros encarnados, devemos recorrer, 
muitas vezes, ao silêncio. Como recomendar humildade àqueles que a
 pregam para os outros; como ensinar paciência aos que a aconselham
 aos semelhantes, e como indicar o bálsamo do trabalho aos que já 
sabem condenar a ociosidade alheia? Não seria um contrassenso? Ler os
 regulamentos da vida para os cegos e para os ignorantes é obra meritória, 
mas repeti-los aos que já se encontram plenamente informados, não 
será menosprezo ao valor do tempo?"

Podemos ver que os espíritos que vem nos trazer os conselhos nos terreiros,
 ou seja onde for, não estão aqui para perder tempo em bate-papos, 
estão a serviço e desejam auxiliar o máximo de encarnados que desejam 
ajudados, entretanto, não perdem tempo falando sobre coisas que já 
sabemos, e que ao invés de colocarmos em prática, procuramos que
 eles nos passem a mão na cabeça, a fim de nos sentirmos mais leves.
 Compreendemos que os aconselhamentos são diretos, e que tem de
 haver uma parceria entre encarnado e Guia, onde o consulente recebe o
 conselho, entretanto, deve se movimentar para que as coisas aconteçam 
na vida dele, e não esperar que o Guia faça tudo sozinho.

Notamos que quando um Guia comenta ao consulente que o problema da 
vida dele não andar é devido a ele se encontrar parado sem fazer nada, 
a pessoa se sente ofendida, e a primeira coisa que vem a cabeça é que,
 Guia de Umbanda não fala assim, ou que o médium está obsediado, 
entretanto, o Guia está alertando e aconselhando para que o frequentador
 comece a modificar seus atos e costumes, a fim de mudar o panorama em
 que se encontra, e esse sim é o papel do Guia, passar a mão na cabeça da 
gente quando erramos não nos faz aprender, e será que o benfeitor 
espiritual cometeria esse erro conosco? 

Acreditamos que os aconselhamentos com os Guias são orientações que
 nos fazem refletir sobre onde erramos e como devemos fazer para 
não errarmos mais, mas quem decide por qual caminho queremos 
seguir somos nós mesmos, Guia nenhum nos pega no colo e caminha por nós.

Fonte utilizada: "Os Mensageiros" - André Luiz/ Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) - FEB.

                            Balança, como pesa a balança"

"Serás julgado na mesma medida em que te julgas e 
que julgas o teu próximo"



O ser humano é falho e depositamos nele a imagem do ideal, da perfeição, 
do exemplo. Esquecemo-nos que somos apenas mensageiros, imperfeitos,
 da voz de Deus.

Tua fé é de cristal? Tens fé no homem ou em Deus? Quem és tu para
 julgar se não aceitas nem a ti mesmo? O que fazes para colaborar com o 
mundo em que vives?

Não é hora para melindres e arrependimentos contumazes. É hora 
de trabalho! Nego vai seguir trabalhando e desmanchando os desprazeres
 que já vivenciou em outrora, nego vai seguir trabalhando na fé dos irmãos,
 auxiliando no ego, no ciúme e na inveja.

Nego véio vai seguir trabalhando no desequilíbrio mental dos meus irmãos, 
com a luz de Deus, que cura através de suas mãos, que são médiuns!

O caminho de cada um não depende apenas da pessoa que vos dirige, 
o caminho de cada um depende dos passos que dão dentro do livre 
arbítrio, o caminho de cada um depende da fé que possui em Deus, 
que possui na vida e na força maior que te rege.

Falar é plenamente fácil quando a tua prova é mais leve que a do outro,
 ou quando não estás na pele de quem passa por dores diferentes de ti.

Se aqui estamos, irmãos em fé, unidos em nome de Deus, então por 
que tudo desmorona diante de uma falha, seja ela de quem for e onde for?
 Que fé é essa que te faz descer até o fundo do poço, no lamaçal, e que 
deixa que julgues o teu próximo de maneira como se fosse um carrasco 
dos tempos antigos da senzala, quando - antes o teu irmão te servia 
plenamente na tua caminhada?

Segue a tua vida com a fé que dizes ter, mas que trabalhes com amor 
no coração e caridade acima de tudo.

Não procures por teu nome na fama, procures ser o anônimo que faz 
o bem sem olhar a quem e sente prazer nisto!

Trabalhes, primeiramente nos teus defeitos se queres auxiliar o próximo
 a melhorar.

Faça, primeiro, os teus sacríficos, as tuas abnegações, deixas de lado o 
teu orgulho, a tua dificuldade e depois que experimentares o jugo leve do 
autoperdão, venha me falar de julgamentos, pois ai a tua balança estará
 equilibrada dentro da lei e da justiça divina, mas ai não serás mais ser
 humano encarnado na Terra e não terás mais a necessidade de conceituar
 o que é certo ou errado, ou o que é bom ou ruim.

Apenas aprenderás que cada passo é um aprendizado e que cada pisada 
firme no chão é um fato que fica na história cármica de cada um de nós, ai,
 verás que fazes parte de um todo, que és filho do Criador e te sentirás
 aliviado por participar da corrente divina do amor.


Negu véio vem de longe, nego veio vem de aruanda
Nego veio vem pra ajudar filhos de umbanda!

Salve vós meus queridos irmãos, firme na caminhada, muito amor no coração
 e plenitude no caminhar.

A vida reserva para vós as mais belas flores, saibas andar.

Aprenda que na próxima esquina pode aparecer para ti o que julgas 
como surpresa desagradável, mas tirarás dela uma bela lição, a
 lição que viestes aprender, ou afundarás para baixo do lamaçal.

A escolha é tua!
Bendito seja vós
Benditas sejam as palavras que saem da tua boca
Bendito seja aquele que trabalha em nome de Deus, sem pensar em fama,
 em ludibriar o próximo!
Bendita seja a minha amada Umbanda
Saravá a todos os trabalhadores em nome da verdadeira luz!

Pai Guiné de Aruanda


Fonte: Blog http://sbalreira.blogspot.com.br/ , "Pensamento Livre", 
por Stéphanie Valente Balreira.

                Umbanda: Balcão de trocas ou hospital da alma?

Nos dias atuais vemos uma diversidade enorme de casas que se denominam
 umbandistas, em cada uma um modo diferente de se relacionar com
 os espíritos e com as forças cultuadas nesta religião rica em suas ritualísticas
 e fundamentos. Porém, o que nos chama a atenção é o seguinte ponto, entre
 tantas diferenças, o que realmente é essa religião que ora parece fazer o
 bem e ora entra em total contradição?



Sabemos que a religião de Umbanda já foi muito mais cultuada em 
tempos atrás, onde pontos de Umbanda tocavam às rádios famosas,
 e o assunto era comentado até mesmo em programas televisivos. Entretanto,
 com o passar do tempo parece que a tal febre umbandista cessou, e o
 tamanho amor e carinho pela amada Umbanda deu lugar à vergonha,
 onde muitos de seus próprios praticantes buscavam esconder-se 
quando perguntado sobre sua religião, dizendo serem espiritualistas.

O fato, embora curioso, é totalmente explicável, segue que, quando a 
Umbanda foi criada, através do advento do Senhor Caboclo das Sete 
Encruzilhadas, na data de 15 de novembro de 1908, essa religião trazia 
em sua base o Evangelho de Jesus, e buscava, através do intercâmbio 
espiritual, trazer paz, amor e esclarecimento para os seus praticantes e 
adeptos. Entretanto, como bem sabemos, a árvore que produz bons frutos
 é a que mais leva pedrada, e logo as trevas deu jeito de tentar inverter 
o que o amado Caboclo lutou para trazer, se utilizando de 
encarnados desavisados e sem comprometimento com o ideal do Cristo, 
começou a inversão de valores positivos que a Umbanda sempre pregou.

As formas de se utilizar das forças para o bem começaram a ser 
desvirtuadas, e a utilização dos elementos de maneira benfazeja deu
 lugar à manipulação de elementos primitivos, em busca de 
prazeres e conquistas egoísticas e mundanas. Espíritos comprometidos 
com o desvirtuamento dos seres começaram a dar comunicações, 
utilizando-se de nomes respeitáveis da Umbanda, e a coisa logo
 começou a tomar o rumo desejado, o nome da religião de Umbanda 
começou a ter outro sentido, para a sociedade o sentido do amor e 
do bem com Jesus deu espaço a “casa de batuques”, “macumba”,
 entre outros nomes que buscam dar um sentido pejorativo.

Os desavisados logo começaram a ir atrás dessa “umbanda”, 
em busca de dinheiro, pessoa amada em tantos dias, o emprego 
desejado e tantas outras coisas que dependem pura e exclusivamente
 do próprio encarnado, que deveria obedecer ao “pedi e obtereis”, isto é,
 te esforça, persevera e então conquistarás o desejado. Tudo virou 
trabalho feito, os adeptos se atrofiaram diante do imediatismo, e a 
gama de trabalhos nas esquinas aumentou significativamente, na 
esperança que da noite para o dia tudo mudasse em suas vidas. 
Neste momento ocorre uma explosão de surgimento de terreiros de 
"umbanda", onde seus fundadores e adeptos criam fundamentos 
que não condizem com a Lei de Umbanda, e que somente são 
usados para alimentar suas manias, vontades e achismos, 
tendo nesses lugares a falta de esclarecimento, em outros terreiros
 que surgiam vemos o total desleixo e desrespeito perante a cúpula
 espiritual da Umbanda, onde em diversos locais é colocado o 
preço da vil moeda para intercâmbios espirituais e diversos tipos de trabalhos. 

Neste "BUM" de casas ditas umbandistas, vemos seus fundadores injetarem 
diversos ritos, liturgias e fundamentos que proviam de diversos outros
 cultos para dentro de suas práticas umbandistas, onde muito destes
 novos fundamentos contradiziam as Leis de Umbanda deixadas 
pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas. Vemos então 
diversas práticas um tanto quanto discordantes com a Umbanda, 
tais quais, o sacrifício animal, a cobrança pelos trabalhos realizados,
 feituras de cabeça/santo, e em certos casos trabalhos de magia 
negativa realizados por supostas entidades de Umbanda. Tudo isso 
começou a ser feito em nome da Umbanda, e a religião que nada tinha
 a ver com isso, começou a ser vista com maus olhos, vista como um
 balcão de milagres, ou ainda, balcão de trocas, onde a pessoa dá uma
 garrafa de pinga, para receber em troca aquilo que desejara.

Entretanto, caros amigos, não foi essa a religião criada pelo Senhor
 Caboclo das Sete Encruzilhadas, não é esse o sentido com que essa 
religião veio à tona, em sua base sempre teve o Evangelho de Jesus
 como doutrina primordial, e a sua função na Terra é servir de Hospital da Alma.

E como todo o hospital, a Umbanda também se serve de métodos 
de atendimentos, onde através de uma triagem feita ao consulente, 
por exemplo, o centro pode acompanhar a assiduidade durante o
 tratamento, pode analisar as indicações passadas pelos guias, e
 mostrar que disciplina e ordem são elementos indispensáveis ao
 bom andamento dos tratamentos e trabalhos em um centro.

A Umbanda não é um local aonde as pessoas vão para se lamentar
 para os guias, elas vão para aprender, para buscar uma melhora, e 
como todo o tratamento médico, se não tiver cooperação do paciente,
 não há a cura desejada. O centro de Umbanda comprometido com
 os ideais deixados pelo Mestre Jesus, não se utiliza somente de 
aconselhamentos com os guias, mas ensina os seus frequentadores
 através de palestras, de cursos, de estudos, mostrando que tem muito mais a oferecer.

A Umbanda, minha gente, não é balcão de trocas, é hospital de almas
. Os tempos são chegados, e com ele a espiritualização do ser terreno, 
aos poucos a Umbanda retoma sua cara, readquirindo a forma e a função
 com que foi criada. Que Deus abençoe a amada Umbanda.