terça-feira, 13 de setembro de 2016



O egocentrismo é um estado da alma provocado pelo excesso de orgulho e principalmente de egoismo. As pessoas afetadas pelo egocentrismo procuram chamar a atenção para si, querendo que todos as escutem, sem sentirem-se na obrigação de escutar os outros. Essa é uma demonstração do nosso ego em ação.

O ego é a parte na personalidade que nos faz pensar somente em nós mesmos, e em mais ninguém. Ele nos faz querer sempre ter o controle da situação. Mas a lei de Deus é uma força que nos orienta para o compartilhamento, desfazendo sempre a ação negativa do ego. A luz de Deus é a fonte de plenitude e bondade que desejamos receber em nossas vidas; mas, para receber a luz, precisamos agir em sintonia com ela, através do compartilhamento com os outros. Quem tem ego só pensa em si mesmo e está totalmente afastado da luz e da plenitude de Deus. Procure mudar sua postura diante da vida, e tenha mais produtividade, consequentemente terá também mais motivos para ser feliz.

Na realidade, somos como poemas materializados, capazes de muitas alegrias e também de muitos sofrimentos. Cada vez que respiramos, automaticamente retiramos algo do cosmo em que vivemos. Procure se sentir feliz em ajudar sua comunidade, seu vizinho ou alguém que está ao seu lado precisando de seu concurso, mostrando-se caridoso com o próximo. Sua busca por perfeição passa impreterivelmente pelas ações caridosas junto aos outros, num trabalho apaixonante de doação voluntária em benefício do próximo. Use também o silêncio, a prece e a reflexão, antes de dar mais um passo adiante, avançando sempre com cautela e devagar, a fim de não provocar paradas bruscas, em que nos sentimos às vezes perdidos num emaranhado de ideias, sem condições de executar nenhuma. 

É muito importante também medir as palavras no ambiente de trabalho, só falando o necessário, fugindo das críticas e dos comentários desairosos, que magoam as pessoas, atraindo adversários gratuitos, que, se somados aos que já possuímos, formam um grande contingente de pessoas que torcem contra nós, dificultando nossa caminhada evolutiva. Muitas de nossas atividades devem ser realizadas em segredo, porque a divulgação leviana de projetos de nossa autoria em desenvolvimento pode sofrer intervenções mentais nocivas, de teor energético negativo, atrasando nossos ideais de crescimento e paz.

Do livro: Os Segredos da Felicidade (Djalma Santos)




Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaqui do México, liderou uma revolta contra a opressão e a injustiça que vitimavam o seu povo. Desde este momento, nas terras americanas, o mito desta grande entidade nasceu. Pena Branca é hoje um símbolo de liberdade, autenticidade e fraternidade.

Entrando em contato com muitos irmãos de cultos afro-indígenas do México, Caribe e Estados Unidos, fiz esta pergunta a mim mesmo :-”Será nosso Caboclo Pena Branca, esta mesma entidade ou um representante dela ? “

Certa vez, perguntei ao irmão Alberto Salinas, curandeiro e médium de uma tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidades que incorporavam em seu templo. O primeiro nome que ouvi foi : Pena Branca. Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um índio do mesmo nome. Ele não se surpreendeu e disse que outros “penas” também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo que fossem as mesmas entidades.

Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma Divisões (ou Vinte e Uma Linhas) que é muito parecida com a nossa amada Umbanda. Nos terreiros deste culto, trabalham destemidos espíritos de índios, pretos velhos, exus (ali chamados de candelos) e outros espíritos familiares. Na Linha de Índio Bravo, uma das Vinte e Uma Linhas, encontramos também nosso velho amigo : Pena Branca !

Ali ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes. Com ele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e outros “penas” : Pena Azul, Pena Negra, Pena Amarela, etc…

Nos estados sulistas dos Estados Unidos, existem algumas igrejas espíritas…. Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo evangélico e por dentro um terreiro. Os pastores são médiuns e bem íntimos com as manifestações do Mundo Invisível.

O espírito principal que chefia estas igrejas, as vezes chamadas de Igrejas Espiritualistas Africanas, é o Chefe Índio Falcão Negro.

Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Águia Negra (nomes de chefes indígenas que existiram) e entre eles está : Pena Branca !

Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os Mestres Ascencionados como Saint Germain, El Morya e outros bem conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre curador. Ele aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando sábios conselhos e mensagens. Seu nome ? Mestre Pena Branca.

Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de origem africana. Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos de origem indígena taino, etnia local. Existem muitas entidades indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de animais, como Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc…

Quando incorpora a Falange do Povo Alado, simbolizada pelos pássaros e morcegos, um deles tem um destaque especial. Este espírito se apresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena branca na cabeça. Como é chamado ? Índio Pena Branca.

Na Venezuela existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda de nossa terra. Tem caboclo, preto velho, exu, marinheiro, Orixás e tudo de bom. É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe da Natureza.

Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos. Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e todo o aparato ameríndio. Chegam bradando e saudando o povo, que procura semanalmente os irmandades em busca de alivio, socorro material e espiritual.

Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participava de um culto de Lionza. Perto do congá, estava um rapaz incorporado com um caboclo. Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas. A senhora chorava muito e tremia. No final da sessão, o semblante dela havia mudado. Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida.

Curioso, eu me aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu. A velha irmã respondeu com reverência. Adivinhem o nome do caboclo. Ele mesmo, o grande índio Pena Branca !

O tempo passou e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça. Será que é o mesmo Pena Branca ? Terá este caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim ? Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro ? Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou de lá ? Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.

Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo.

A líder do terreiro abriu o trabalho e incorporou. Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força.

Fiquei atento, lembrei-me do Caribe e pensava em tudo isso que agora escrevo aqui.

O caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava. Senti uma estranha energia percorrer minha espinha. Ele continuou olhando e acenou. Me levantei e acenei de volta.

Foi então que ele falou :

- Filho, era eu, lembra ? Tem aí um maço de ervas bem cheiroso para mim ?


Salve Seu Pena Branca !



ORAÇÃO A SEU PENA BRANCA (rezada no Caribe)


Em nome de Deus Todo Poderoso,
Eu invoco o grande Pena Branca,
fiel espírito índio, grande herói,
zelador de meu altar e morada.
A você que me guia e conhece minhas necessidades,
peço proteção e luz.
Livra-me de toda má intenção e inimigos, ocultos ou manifestados.
Vigia meus caminhos e que nenhum feiticeiro ou bruxo malvado,
possa cruzar comigo.
Grande espírito, te ofereço esta vela (acender uma vela verde) e chamo seu nome.

Amém !


RECEITAS TRADICIONAIS

BANHO DE PROTEÇÃO PENA BRANCA (utilizado no Caribe)

4 litros de água,
Um pouco de erva cidreira,
Um pouco alfavaca,
Algumas pétalas de rosa branca.
Ferver as ervas, esperar esfriar um pouco e acrescentar as pétalas.
Acender uma vela verde antes do banho.


ÁGUA DE PENA BRANCA PARA PURIFICAR A RESIDÊNCIA (receita da Obeah).

1 litro de água mineral,
Um pouco de erva cidreira,
Um pouco de arruda,
Um pouco de verbena,
Sete gotas de essência de almíscar.
Misturar as ervas e ferver. Deixar esfriar e adicionar a essência.
Acender uma vela verde e pedir a Pena Branca para benzer a água.
Depois que a vela acabar, borrifar os cantos da casa, cama e objetos pessoais.


VELA MÁGICA DE PENA BRANCA PARA TRAZER PAZ (receita do culto Maria Lionza).

Uma vela de sete dias branca,
Um pouco de melaço de cana,
Um pouco de açúcar cândi,
Sete cravos-da-índia,
Sete gotas de essência de rosas,
Sete gotas de essência de verbena.

Misturar em um prato o melaço, açúcar e as essências. Untar a vela (mas não o pavio) e espetar os cravos nela, formando uma cruz (pode fazer os furinhos com a ajuda de um prego fino). A vela deve estar sem a capa de plástico. Acender a vela e pedir a ajuda deste caboclo.


Fonte: Jornal de Umbanda Sagrada
Autor: Ras Adeagbo



As Farrapos trabalham junto com as Molambos e fazem parte da mesma hierarquia, ou seja: falange Maria Molambo. É comum vermos Maria Farrapo apresentando-se à incorporação nos pontos de Maria Molambo. 

Isso ocorre com frequência e pelos seguintes motivos: 
. Pertencem a mesma falange 
. Poucos Terreiros cantam pontos de Maria Farrapo
. Maria Farrapo trabalha mais no Astral que incorporada 
. Muitas vezes, incorpora apenas para descarregar o médium 

Uma característica marcante das Farrapos é a ironia e a irreverência. Diretas e objetivas, costumam ir direto ao “ponto”, o que pode surpreender médiuns e consulentes. 

Ao contrário do que alguns imaginam, são Pombas Giras muito sérias, competentes, determinadas e fiéis. São as Guardiãs da falange Maria Molambo, responsáveis pelas cobranças cármicas e retorno de demandas, excelentes e precisas em suas execuções. 

A compreensão do médium é muito importante para a manifestação da entidade. É preciso entender que a energia de Maria Farrapo é intensa e que ela trabalha situações que envolvem a necessidade de uma roupagem fluídica tipo Flagelos de Deus Executoras. 

Promovem encontros cármicos, estimulam circunstâncias de provas, favorecem todos os ajustes necessários ao aprendizado e crescimento. Quando uma Molambo recebe um pedido, sempre terá uma Farrapo trabalhando junto. Esse turbilhão energético dificulta o entendimento do médium de quem seja, ou como seja, a apresentação de uma Maria Farrapo. Daí muitos médiuns comportarem-se como se a entidade estivesse bêbada, ríspida ou desajeitada. 

Não é nada fácil trabalhar com uma Farrapo, mas com certeza é uma missão que exige um grande autoconhecimento por parte do médium e um treino afinado de sintonia com sua Guardiã. Conhecê-la é fundamental, saber como a entidade conduz as situações, seu temperamento, modo de agir e pensar. 

Após o conhecimento e sintonia, é muito gratificante ser médium de uma Maria Farrapo. Uma amiga fiel e para todas as horas. 

Caminhos:
. Maria Farrapo do Cemitério 
. Maria Farrapo do Cruzeiro 
. Maria Farrapo do Cruzeiro das Almas 
. Maria Farrapo das Almas 
. Maria Farrapo da Calunga 
. Maria Farrapo das Encruzilhadas 
. Maria Farrapo das Sete Catacumbas 
. Maria Farrapo da Estrada ...

Pontos Cantados 

Pombo Gira Maria Farrapo, 
De bar em bar, Vem chegando na umbanda, 
Bebendo cachaça, Ela vem vencer demanda ! 
Foi mulher da vida, 
Tem história pra contar, 
Saravá Maria Farrapo ! Iná, iná mo jubá ! 

Estou sempre caminhando, vendo sempre muita dor. 
Vejo almas que se perdem, sem ouvir seu protetor. 
Filho de fé, não escute a voz do mal. 
Vence aquele que resiste, com consciência e moral. 
Sou Maria Farrapo, e minha falange tem poder. 
Sou amiga da justiça, e não me deixo corromper. 


Maria Farrapo, no terreiro te chamamos. 
Firma teu ponto, que tua força precisamos. 
Vem trabalhar o teu mistério, aplicar a lei de Umbanda. 
Desfazer o mal entendido, e mostrar quem é que manda. 
Da Calunga à Encruzilhada, do Cruzeiro ao Cabaré 
Vem Maria Farrapo, concedendo seu axé. 
Maria Farrapo vai embora, levando o mal que aqui havia. 
Vai girando mundo afora, desfazendo a hipocrisia.



A mediunidade é conhecida de todos os tempos e sempre foi praticada por todas as raças, num processo de interação energética entre o mundo físico e o mundo espiritual, sem que isso represente nada de assombroso ou sobrenatural, mas simplesmente uma conexão entre o que é visível e o invisível, através da intervenção dos espíritos, agitando, sacudindo ou alterando o clima psíquico dos encarnados, que já possuem certa sensibilidade para se comunicar com os chamados mortos.

É importante ressaltar que ninguém morre, e que aqueles que se foram, através do fenômeno que chamamos morte, estão em algum lugar, e recebem com carinho, alegria e felicidade, os nossos pensamentos e os nossos sentimentos.

Muito do nosso folclore popular teve sua origem na mediunidade, que com o passar do tempo vem ganhando espaço na mídia, deixando de ser apenas um baú de superstições e fatos maravilhosos, para se tornar uma realidade do próprio homem. Até mesmo aqueles que combatiam a mediunidade já se posicionam de uma forma diferente, como é o caso da Igreja Católica, que durante séculos combateu a manifestação dos espíritos, e hoje já possui grupos que estudam os fenômenos mediúnicos, com o nome de ``carismáticos´, e que de uma forma sigilosa mantém contato com os mortos, não divulgando, porém, o resultado de suas pesquisas, que, depois de analisadas pelos chefes da Igreja, são guardadas a sete chaves, para que, em outras oportunidades que possam interessar ao clero católico, sejam aproveitadas.

Em épocas remotas, os feiticeiros das tribos utilizavam rituais, danças, e outras formas visuais de apresentação, para esconjurar os maus espíritos e atrair os bons, e um passo mais à frente, os nossos matutos do interior se apegam a sortilégios, simpatias, promessas e rezas, tentando conseguir com isso a proteção dos mortos, principalmente daqueles que se tornaram famosos ou santificados pelo próprio povo, como é o caso do Padre Cícero, do Nordeste, que atrai milhares de pessoas para visitar sua estátua.

As lendas que conhecemos, e que fazem parte do nosso folclore, também são oriundas de fatores psíquicos. Conhecidas como ``mula sem cabeça´´, ´´lobisomem´´, ``mãe-d´água´´, ``saci-pererê´´ e outras entidades, umas benfeitoras, outras dedicadas ao mal, representam apenas estados mentais alucinógenos, em que a excitação mediúnica cria através da tela mental, figuras bizarras que desafiam a ação do tempo, passando de geração em geração, e só mesmo o avanço da parte moral e intelectual do homem pode apagar.

A codificação kardecista veio exatamente para isso, ou seja, desmistificar a prática mediúnica, retirando todos os recheios de aforismo, superstições, apetrechos, rituais, cantorias, paramentos, libações e sacrifícios, para deixá-la apenas com a força do pensamento contínuo, o maior instrumento já concedido ao espírito imortal, esse viajor da eternidade, esse andarilho do infinito, esse nômade do espaço, na sua caminhada gloriosa para o seu Criador.

Do livro: Segredos da Vida e da Morte (Djalma Santos)



A Mediunidade é compromisso assumido na Espiritualidade, antes mesmo de se reencarnar. É como se deixássemos uma autorização ao mundo espiritual para que, quando chegada a hora certa, possamos servir de "elo de comunicação" (instrumento) para os espíritos poderem se comunicar.

Porque então, tantas vezes a mediunidade não é praticada?

Algumas vezes porque esse compromisso é esquecido ou camuflado perante uma sociedade que geralmente olha a Umbanda com grande preconceito.

Mediunidade para a maioria dos Umbandistas é sinônimo de muita luta, resignação e sacrifício; por outro lado, ao longo da caminhada, nos proporciona uma imensa certeza do dever cumprido. Os Médiuns de Umbanda são aqueles que vêm com seu perispírito preparado para ser instrumento de comunicação, orientação ou cura nos trabalhos Umbandistas. Citaremos agora alguns "tipo" de médiuns:

Médium de Comunicação: São aqueles que incorporam na Umbanda. Caboclos, Pretos-Velhos, Crianças, Exus, Baianos e outros tipos de Entidades como por exemplo entidades da Linha do Oriente, da cura (José de Arimatéia). Sua função é procurar o aprimoramento para ser bons instrumentos, evoluindo cada dia, tentando se afastar de seus erros, vícios, atitudes de maldade, inveja, orgulho e vaidade.

Médiuns de Orientação: São os que tem facilidade no esclarecimento de pessoas dentro do trabalho de Umbanda. Alguns jamais incorporam, porém, são usados para orientar e encaminhar Entidades Espirituais no trabalho de "transporte" devido ao seu preparo moral e espiritual já trazidos de outras vidas. Sua função é não se deixar abater diante de situações difíceis dentro do trabalho, doando energia quando necessário àqueles que estiverem precisando.

Médiuns de Cura: São aqueles que além de trabalhar com suas entidades habituais, podem ser usados em casos de doenças, por entidades curadoras que através do médium atuam sobre o doente. Sua função é dar condições para a entidade usufruir de sua energia para recuperação e alívio da enfermidade. Essa energia depois é reposta naturalmente.

- Médiuns em Desenvolvimento – Algumas pessoas chegam ao Centro por "amor" outras pela "dor" e outras ainda pela "obsessão".

Todos devem ter consciência e responsabilidade para saber que antes de se assumir um lugar nos trabalhos de uma Casa de Umbanda, é preciso ter maturidade; ou seja, procurar aprender antes e praticar depois; para que quando a caridade seja praticada, exista responsabilidade e não aconteça o entra e sai de médiuns, tão freqüentes nos terreiros.

Quando um médium ingressa num terreiro, é um elo a mais que se liga na corrente mediúnica da casa, e passa a ter deveres e obrigações, tais como: equilibrar-se ao máximo para que a corrente não perca o equilíbrio, pois quando um elo se quebra, todos caem juntos; aproveitar as giras para troca de energia com suas entidades (com a prática passa a sentir e reconhecer suas vibrações); fazer banhos de defesa no dia do trabalho, acompanhado de vela para o Anjo de Guarda; não comer carne no dia do trabalho; não praticar atos sexuais 24 horas antes do trabalho; vir com roupa branca designada pela casa; vir sem "badulaques", tais como: relógios, brincos, pulseiras, anéis, tiaras, correntes, fivelas, etc. (as entidades precisam apenas dos médiuns, não de seus enfeites); vir sem maquiagem; seguir o regulamento da casa, como horários entre outros; quando incorporar, ser responsável pelo material utilizado pelo "seu" guia, como velas, guias, etc.

Os que chegam pela "dor", ou seja, chegam através de algum problema que atrapalha sua vida, seu trabalho ou sua saúde, devem ser tratados até que se sintam curados do problema que os afligia e ai então, se tiverem disposição e vontade, podem fazer parte da corrente, primeiro estudando os trabalhos, analisando e tendo a certeza que é o que realmente quer.

Por último, os médiuns que chegam através da obsessão precisam ser cuidadosamente orientados, tratados e energizados, bem como a entidade obsessora. Com o tempo, quando houver o afastamento da entidade, fatalmente haverá a melhora do médium e aí chega a hora da recomposição da energia perdida, principalmente atuando nos chacras e no aura do paciente. Na Umbanda um dos tratamento de desobsessão é feito através do "transporte" que consiste em transferir a entidade que acompanha o paciente para um médium preparado que dê condições para a entidade se manifestar.

Geralmente, o primeiro passo para o médium dentro do trabalho de Umbanda é ser "cambono", ou seja, ajudar a entidade que está atendendo as pessoas.

Quando um médium está cambonando deve entender que mesmo que o caboclo (preto-velho, criança ou exu) esteja conversando com outras pessoas durante o trabalho, a entidade continua atuando nele, ajudando no seu desenvolvimento. Pouco a pouco, com o passar do tempo, os médiuns que forem de incorporação começarão a sentir as vibrações das entidades que começam a se aproximar da sua mente e do seu corpo. Alguns se assustam, outros se retraem, outros começam a inventar passos para a entidade, e aí começa um período de enorme insegurança para o médium em desenvolvimento. Os questionamentos começam: "Será que sou eu ou a entidade?" Essa é a pergunta mais freqüente na iniciação dos médiuns, porque mesmo sentindo que realmente existe uma força maior junto dele, ele não entende como pode ouvir, ou ver, ou saber o que está sendo feito. Ora, seria muito fácil se simplesmente a consciência sumisse e as entidades trabalhassem sozinhas. Mas onde estaria a responsabilidade do médium? Como iria evoluir? Como iria aprender? Na Umbanda a maioria dos médiuns têm consciência do que se passa; alguns tem semiconsciência e raríssimos são inconscientes.

Os que ouvem e vêem o que sentem durante o trabalho, no começo se sentem inseguros; mas com o passar do tempo, a maior prova que se tem da presença da entidade é o resultado do trabalho junto aos pacientes. Qual a fórmula mágica que o médium consciente tem para agir corretamente e não mistificar? Veja esses conselhos: "Seja sincero, Luz e Caridade com você mesmo; se você não se enganar, não enganará ninguém". Coloque no seu subconsciente que não é você que vai trabalhar e sim a entidade. Libere sua energia em favor desse trabalho e seja um bom instrumento. Não queira passar na frente dos caboclos e colocar a "sua" vontade em prática. Não queira imitar outros médiuns, você tem sua individualidade e sua entidade também. Exemplo: não é porque uma entidade chega e ajoelha que todos precisam fazer o mesmo. Cada entidade tem sua própria personalidade. Cabe ao médium deixar que ela se manifeste.

Os médiuns semiconscientes são aqueles que as vezes ouvem, as vezes vêem. Precisam ter equilíbrio para não atrapalhar a comunicação. Interessante é que na quase totalidade das vezes ao término do trabalho guardam somente frases soltas, incoerentes, não se lembrando dos casos que atendeu ou que mirongas prescreveu.

Os médiuns inconscientes são aqueles que não ouvem, não vêem, ou seja, não tem nenhum controle na comunicação.
São médiuns que tem muita dificuldade no seu desenvolvimento pois quando são "puxados" na gira, sentem como se estivessem caindo num buraco fundo, e se apavoram. Por não ter controle na comunicação, não são aconselhados para tipos de trabalho de desobsessão como o "transporte".

Existem também os que possuem a vidência, a audiência, a intuição (às vezes por pensamentos, às vezes por sonhos), o transporte (médiuns que saem do corpo físico e vão para outros lugares), de efeitos físicos, de materialização, etc.

A mediunidade, quando desenvolvida num terreiro de Umbanda onde a seriedade e a responsabilidade são fatores constantes, tem um caminho muito bonito; mas quando isto não acontece, existe um grande perigo deste médium ficar completamente desequilibrado chegando muitas vezes até a obsessão. Outro fator de muito perigo é a incorporação sozinho, em casa (fora do Congá). Existe uma grande possibilidade de, com o passar do tempo, o médium pensar que está incorporando um Caboclo e na verdade ser outro tipo de entidade (mistificador ou zombeteiro).

Quanto às vibrações que sentimos no desenvolvimento, podemos dar um aspecto geral, lembrando que não é regra.

Caboclos de Xangô: vibração nas mãos e pernas. Peso como se fosse maior que o médium. Impressão de força.

Caboclos de Oxossi: vibração na região da nuca. Geralmente chegam quietos. Trazem vibrações de firmeza.

Caboclos de Ogum: geralmente chegam com grito de guerra. Caboclos mais agitados, com gestos menos suaves.

Caboclos de Yemanjá: começam balançando o corpo do médium, como as águas do mar. As caboclas dançam e giram limpando as vibrações negativas das pessoas e do ambiente. Emitem energia através das mãos, no balançar dos dedos. Trazem paz.

Pretos-Velhos (Iofá, Yorimá): vibração nas costas, que se curvam e pesam. Pernas e mãos tremem.

Crianças (Cosme e Damião, Yori): vibração de alegria. Vontade de rir, cantar. Alegria por estar ali.

Os banhos de defesa ajudam muito no desenvolvimento mediúnico, desde que usados com precaução. Cada erva tem sua força e sua magia. Cada energia serve para determinado objetivo.
Por isso os banhos não devem ser feitos sem orientação. Existem banhos que podem ser jogados da cabeça aos pés, enquanto outros somente do pescoço para baixo.

Na altura da nuca de cada médium, existe uma glândula (ponto) chamado hipófise, que é a responsável pelo desenvolvimento mediúnico. É o ponto de intercâmbio direto com a Espiritualidade. Nesse ponto, os caboclos trabalham quando vão puxar ou repulsar uma entidade - juntamente com o chacra frontal (testa).

Quando um médium é mal orientado e joga na cabeça qualquer tipo de banho (inclusive banhos fortes de descargo) pode desequilibrar totalmente a energia do perispírito levando o médium ao desgaste físico e mental, ficando muitas vezes doente.

Os banhos devem ser orientados pelas entidades para atingir bons resultados. Alguns podem até ser feitos quando se tem oportunidade, como por exemplo, o banho de cachoeira e o de mar.

Nós, médiuns da Umbanda, devemos respeitar e amar as entidades que trabalham nessa linha e nessa Casa, porque não é por acaso que um grupo se encontra; nem de entidades e nem de médiuns.

Muitas vezes nos parece difícil, quase impossível continuar a marcha; mas ZAMBI nunca nos dará uma cruz mais pesada do que possamos suportar.


Que Oxalá nos una, que os Orixás nos abençoem e que nossos Caboclos e Pretos-Velhos nos orientem até nossa volta para Aruanda.



Saravá! Luz e Caridade.




Exu sempre foi ranzinza e encrenqueiro, adorava provocar confusões e fazia brincadeiras que deixavam a todos confusos e irritados. 

Certa manhã acordou desalentado, afinal quem era ele? Não fazia nada, não tinha poder algum, perambulava pelo mundo sem ter qualquer motivação. Isso não estava correto. Todos os orixás trabalhavam muito e tinham seus campos de atuação bem definidos e para ele nada fora reservado. Essa injustiça ele não iria tolerar. 

Arrumou um pequeno alforje e colocou o pé no mundo. Iria até o Orun exigir explicações. Depois de muito andar, finalmente chegou ao palácio de Olorun. Tudo fechado. Dirigiu-se aos guardas do portão e exigiu uma audiência com o soberano. Eles riram muito. Quem era aquele infeliz para vir ali e exigir qualquer coisa. Exu ficou enfurecido, nem os guardas daquela porcaria de palácio o respeitavam. 

Passou então a gritar impropérios contra o grande criador. Imediatamente foi preso e jogado em uma cela onde ficou imaginando como sair daquela situação. Já estava arrependido de ter vindo, mas não daria o braço a torcer. Iniciou novamente a gritaria e tanto barulho fez que Olorun decidiu falar com ele. Exu explicou o que o trazia ali, falou da injustiça que se achava vitima e exigiu uma compensação. 

Pacientemente o pai da criação explicou que todos os orixás eram sérios e compenetrados, mas que ele, Exu, só queria saber de confusões e brincadeiras. Então como ousava tentar se igualar aos companheiros? Que fosse embora e não o aborrecesse mais.

Ah! então era assim? Não prestava para nada? Era guerra? Resolveu fazer o que mais sabia. Comer! Todos sabiam de sua fome incontrolável desde o nascimento. Desceu do Orun e começou a atacar os reinos dos orixás. Comeu as matas de Oxóssi. Bebeu os rios de Oxum. Palitou os dentes com os raios de Xangô. O mar de Iemanjá era muito grande e ele foi bebendo aos poucos. A terra tornou-se árida e prestes a acabar. Por conta disso todos os orixás correram ao palácio em completo desespero. 

Exu imediatamente foi preso e arrastado novamente até o Orun, desta vez, porém, sentia-se vitorioso. Exigiu ser tratado com respeito e assumir um lugar no panteão divino. Se assim não fosse, nada devolveria e comeria o restante do mundo. Foi feita então uma reunião para se resolver o grande problema. Olorun não poderia julgar sozinho, todos que ali estavam tinham muito a perder. Depois de muita discussão chegaram a um consenso. Exu seria o mensageiro de todos eles, o contato terreno entre os homens e os deuses. Ele gostou, mas ainda perguntou: - E vou morrer de fome? - Nova discussão. Decidiram então que todos os orixás que recebessem oferendas entregariam uma parte a ele. 

Exu saiu satisfeito, agora sim tinha a importância que merecia, desceu cantarolando e devolvendo pelo caminho tudo que tinha comido. E a paz voltou a terra, mas ficou o recado: Com Exu ninguém pode!