quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

A Regra de Ouro



Alkíndar de Oliveira
Imagine um grande empresário que além de ser um homem de sucesso também fosse um visionário. Imagine que este homem, mundialmente conhecido, resolvesse pesquisar o porquê do sucesso, isto é, resolvesse pesquisar qual seria a razão de determinadas pessoas destacaram-se pessoal e profissionalmente enquanto outras ficam à margem da sociedade.
Imagine ainda que, para conseguir tal intento, este empresário financiasse todas as despesas desta pesquisa durante 25 anos. Durante 25 anos ( um quarto de século! ) seriam entrevistadas pessoas de sucesso. Durante 25 anos seriam catalogadas e pesquisadas as respostas destas pessoas para se chegar a um denominador comum.
Se tal ocorresse, seria uma pesquisa seríssima. E o resultado desta pesquisa deveria ser leitura e estudo obrigatório de todas as pessoas e de todas as escolas.
Mas será que existiu um empresário com tal disposição e visão de futuro?
Existiu.
Seu nome: Andrew Carnegie. Um dos propulsores do progresso dos Estados Unidos da América do Norte. Um legendário homem de negócios.
Andrew Carnegie financiou esta pesquisa e colocou à frente da mesma uma pessoa cujos estudos tornaram-na também legendária. Um nome respeitado por todos os consultores e pessoal ligado a treinamento e desenvolvimento humano: Napoleon Hill.
Napoleon Hill em seu livro “A Lei do Triunfo” ( Editora José Olympio ) ensina-nos em, 16 lições, como ser um homem de sucesso. Uma destas lições é denominada por ele de REGRA DE OURO e, conforme palavras do próprio, deve ser a base de toda conduta humana.
Qual é a regra de ouro?
“NUNCA FAREI AOS OUTROS AQUILO QUE NÃO DESEJARIA QUE ME FIZESSEM”.
Decepcionou-se? Esperava mais que isto? Mas, creia, aí está o princípio dos princípios. Aí está a base real das pessoas que realmente são um sucesso. Esta regra funciona como uma alavanca mágica. Aplique-a e se surpreenderá pelos resultados alcançados.

Como aplicar a regra de ouro?

Usemos da empatia. Isto é, antes de falarmos ou agirmos, coloquemo-nos no lugar do próximo. Criemos o hábito de colocarmo-nos no lugar do próximo e, então, ficará fácil aplicar a regra de ouro.
Do livro “Viver Bem É Simples, Nós É Que Complicamos”, Alkíndar de Oliveira, Editora Didier

Egoísmo X Altruísmo


Bernardino da Silva Moreira
A Terra é um planeta de provas e expiações, seus habitantes são em grande maioria Espíritos imperfeitos, cujos caracteres principais são: “Predominância da matéria sobre o Espírito. Propensão para o mal. Ignorância, orgulho, egoísmo e todas as paixões que lhes são conseqüentes.” É claro que “nem todos são essencialmente maus.” É bem verdade que “em alguns há mais leviandade, irreflexão e malícia do que verdadeira maldade.” Há aqueles que ficam em cima do muro porque “não fazem o bem nem o mal; mas, pelo simples fato de não fazerem o bem, já denotam a sua inferioridade.” O restante ao contrário “se comprazem no mal e rejubilam quando uma ocasião se lhes depara de praticá-lo.”
Entre os imperfeitos os que mais se destacam são os Espíritos pseudo sábios, porque “dispõem de conhecimentos bastante amplos”, alguns deles pensam que são donos da verdade, porque “crêem saber mais do que realmente sabem.”
egoísmo avassalador presente em todos povos do planeta, excitou a curiosidade de muitos cientistas, entre eles, Charles Darwin (1809-1882) que na obra A Origem do homem, publicada em 1871, tentou explicar a evolução da moralidade humana. A conclusão que chegou Darwin foi a de que o comportamento moral, não trazia nenhuma vantagem para o indivíduo, que pelo contrário, lucraria mais desobedecendo as regras impostas para agir com sua vontade própria. Analisando a tribo chegou a conclusão que “o espírito de patriotismo, fidelidade, obediência, coragem e solidariedade” são valores que iriam contribuir para coesão e organização, trazendo maiores chances para vitória na disputa por recursos naturais ou territórios com as tribos menos virtuosas. Daí concluiu que a seleção natural atua sobre os indivíduos, mas também sobre grupos adversários.
Até a metade do século XX, os cientistas não sabiam ainda o suficiente sobre o assunto, aliás, seus métodos deixavam muito a desejar. Mesmo Darwin não foi muito longe, pois, suas pesquisas não foram embasadas na Genética. Os estudos de Gregor Johann Mendel (1822-1884) não foram considerados pelos cientistas da época. Seus trabalhos permaneceram ignorados até o início do séc. XX.
Em 1953, os cientistas Francis Crick e James Watson anunciam a estrutura do DNA, a ciência chega a sua fase adulta e a partir da década de 60, o gene antes desconhecido, passa a ser o super star na luta pela sobrevivência. O indivíduo e o grupo são esquecidos, porque a seleção natural agora tem sua dinâmica embasada no gene. As vedetes desse corrente são os biólogos George C. Williams, da Universidade Estadual de Nova York e William Hamilton, desencarnado em 2000, considerado um dos maiores teóricos da evolução.
A obra O Gene Egoísta, do biólogo inglês Richard Dawkins, publicada em 1976, foi a súmula perfeita que a nova biologia estava propondo. A conclusão que chegou o autor era que éramos apenas “máquinas de sobrevivência”, isto é autômatos a serviço dos genes ou máquinas biológicas. Isto valia para todos seres vivos, da bactéria ao mais renomado cientista.
O biólogo Edward O. Wilson, aquele que disse que somos programados geneticamente para pensar em Deus, acha que a evolução do altruísmo é a preocupação central da sociobiologia (“Corrente de pensamento de origem anglo-saxônica que afirma serem os comportamentos sociais tanto animais como humanos baseados em princípios genéticos, e, portanto, transmissíveis.”) Em tempo, a Sociobiologia foi fundada por ele mesmo. Seus embasamentos estão nas obras Sociobiologia, a nova síntese, 1975; Da natureza humana, 1978. Essas obras serviram de motivo para polêmicas, porque foram utilizadas para fundamentos de teorias racistas.
O biólogo Michael Ghiselin afirmou em 1974, com humor negro e daninho: “Arranhe um altruísta, e você verá um egoísta sangrar.” A situação chegou a tal ponto que o filósofo norte-americano da Universidade de Princeton, resolveu opinar tentando neutralizar o negativismo dos defensores do egoísmo. Dizia ele que o sangue doado aos bancos de sangue, servia igualmente para doadores e não-doadores, e concluiu que isso era uma prova de que os doadores não esperavam por algum benefício futuramente. O biólogo Richard Alexander, as Universidade de Michigan, replicou que costumamos olhar para os doadores com respeito e admiração, mostrando que a recompensa chega na forma do reconhecimento social.
Mas, será isso mesmo? E como explicar o comportamento altruísta de Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Francisco Cândido Xavier, Divaldo Pereira Franco e tantos outros que parecem estarem programados com o gene do altruísmo? É, pois é! Essa teoria do gene egoísta não explica tudo, apenas um lado da questão, a preocupação dos cientistas aqui citados é apenas com a matéria, para eles o Espírito não passa de imaginação de religiosos ignorantes. É uma pena eles não conhecerem o Espiritismo, porque então saberiam que os genes apenas refletem a realidade de cada um. A ciência ainda não tem a verdade absoluta, apenas parte dela. Se Sócrates dizia que nada sabia! Somos muito gratos a Ciência que através de vários cientistas trazem suas contribuições científicas, mas não podemos aceitar seus erros.
E para encerrar vale a pena lembrar que os Espíritos pseudo-sábios “tendo realizado alguns progressos sob diversos pontos de vista, a linguagem deles aparenta um cunho de seriedade, de natureza a iludir com respeito às suas capacidades e luzes. Mas, em geral, isso não passa de reflexo dos preconceitos e idéias sistemáticas que nutriam na vida terrena. É uma mistura de algumas verdades com os erros mais polpudos, através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não puderam despir-se.” É bom lembrar que muitos deles estão reencarnados!

O Estranho Mundo dos Suicidas


Frederico Francisco
Freqüentemente somos procurados por iniciantes do Espiritismo, para explicações sobre este ou aquele ponto da Doutrina. Tantas são as perguntas, e tão variadas, que nos chegam, até mesmo através de cartas, que chegamos à conclusão de que a dúvida e a desorientação que lavram entre os aprendizes da Terceira Revelação partem do fato de eles ainda não terem percebido que, para nos apossarmos dos seus legítimos ensinamentos, havemos de estabelecer um estudo metódico, parcelado, partindo da base da Doutrina, ou exposição das leis, e não do coroamento, exatamente como o aluno de uma escola iniciará o curso da primeira série e não da quarta ou da quinta.
Desconhecendo a longa série dos clássicos que expuseram as leis transcendentes em que se firmam os valores da mesma Doutrina, não somente nos veremos contornados pela confusão, impossibilitados de um sadio discernimento sobre o assunto, como também o sofisma, tão perigoso em assuntos de Espiritismo, virá em nosso encalço, pois não saberemos raciocinar devidamente, uma vez que só a exposição das leis da Doutrina nos habilitará ao verdadeiro raciocínio.
Procuraremos responder a uma dessas perguntas, de vez que nos chegou através de uma carta, pergunta que nos afligiu profundamente, visto que fere assunto melindroso, dos mais graves que a Doutrina Espírita costuma examinar. A dita pergunta veio acompanhada de interpretações sofismadas, próprias daquele que ainda não se deu ao trabalho de investigar o assunto para deduzir com a segurança da lógica. Pergunta o missivista:
- Um suicida por motivos nobres sofre os mesmos tormentos que os demais suicidas? Não haverá para ele uma misericórdia especial?
E então respondemos:
- De tudo quanto, até hoje, temos estudado, aprendido e observado em torno do suicídio à luz da Doutrina Espírita, nada, absolutamente, nos tem conferido o direito de crer que existam motivos nobres para justificar o suicídio perante as leis de Deus. O que sabemos é que o suicídio é infração às leis de Deus, considerada das mais graves que o ser humano poderia praticar ante o seu Criador. Os próprios Espíritos de suicidas são unânimes em declarar a intensidade dos sofrimentos que experimentam, a amargura da situação em que se agitam, conseqüentes do seu impensado ato. Muitos deles, como o grande escritor Camilo Castelo Branco, que advertiu os homens em termos veementes, em memorável comunicação concedida ao antigo médium Fernando de Lacerda, afirmam que a fome, a desilusão, a pobreza, a desonra, a doença, a cegueira, qualquer situação, por mais angustiosa que seja,, sobre a Terra, ainda seria excelente condição "comparada ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio".
Durante nosso longo tirocínio mediúnico, temos tratado com numerosos Espíritos de suicidas, e todos eles se revelam e se confessam superlativamente desgraçados no Além-Túmulo, lamentando o momento em que sucumbiram. Certamente que não haverá regra geral para a situação dos suicidas. A situação de um desencarnado, como também de um suicida, dependerá até mesmo do gênero de vida que ele levou na Terra, do seu caráter pessoal, das ações praticadas antes de morrer.
Num suicídio violento como, por exemplo, os ocasionados sob as rodas de um trem de ferro, ou outro qualquer veículo, por uma queda de grande altura, pelo fogo, etc., necessariamente haverá traumatismo perispiritual e mental muito mais intenso e doloroso que nos demais. Mas a terrível situação de todos eles se estenderá por uma rede de complexos desorientadores, implicando novas reencarnações que poderão produzir até mesmo enfermidades insolúveis, como a paralisia e a epilepsia, descontroles do sistema nervoso, retardamento mental, etc. Um tiro no ouvido, por exemplo, segundo informações dos próprios Espíritos de suicidas, em alguns casos poderá arrastar à surdez em encarnação posterior; no coração, arrastará a enfermidades indefiníveis no próprio órgão, conseqÜência essa que infelicitará toda uma existência, atormentando-a por indisposições e desequilíbrios insolúveis.
Entretanto, tais conseqüências não decorrerão como castigo enviado por Deus ao infrator, mas como efeito natural de uma causa desarmonizada com as leis da vida e da morte, lei da Criação, portanto. E todo esse acervo de males será da inteira responsabilidade do próprio suicida. Não era esse o seu destino, previsto pelas leis divinas. Mas ele próprio o fabricou, tal como se apresenta, com a infração àquelas leis. E assim sendo, tratando-se, tais sofrimentos, do efeito natural de uma causa desarmonizada com leis invariáveis, qualquer suicida há de suportar os mesmos efeitos, ao passo que estes seguirão seu próprio curso até que causas reacionárias posteriores os anulem.
No caso proposto pelo nosso missivista, poderemos raciocinar, dentro dos ensinamentos revelados pelos Espíritos, que o suicida poderia ser sincero ao supor que seu suicídio se efetivasse por um motivo nobre. Os duelos também são realizados por motivos que os homens supõem honrosos e nobres, assim como as guerras, e ambos são infrações gravíssimas perante as leis divinas. O que um suicida suporia motivo honroso ou nobre, poderia, em verdade, mais não ser do que falso conceito, sofisma, a que se adaptou, resultado dos preconceitos acatados pelos homens como princípios inabaláveis.
A honra espiritual se estriba em pontos bem diversos, porque nos induzirá, acima de tudo, ao respeito das mesmas leis. Mas, sendo o suicida sincero no julgar que motivos honrosos o impeliram ao fato, certamente haverá atenuantes, mas não justificativa ou isenção de responsabilidades. Se assim não fosse, o raciocínio indica que haveria derrogação das próprias leis de harmonia da Criação, o que não se poderá admitir.
Quanto à misericórdia a que esse infrator teria direito como filho de Deus, não se trataria, certamente, de uma "misericórdia especial". A misericórdia de Deus se estende tanto sobre esse suicida como sobre os demais, sem predileções nem protecionismo. Ela se revela no concurso desvelado dos bons Espíritos, que auxiliarão o soerguimento do culpado para a devida reabilitação, infundindo-lhe ânimo e esperança e cercando-o de toda a caridade possível, inclusive com a prece, exatamente como na Terra agimos com os doentes e sofredores a quem socorremos. Estará também na possibilidade de o suicida se reabilitar para si próprio, através de reencarnações futuras, para as duas sociedades, terrena e invisível; as quais escandalizou com o seu gesto, e para as leis de Deus, sem se perder irremissivelmente na condenação espiritual.
De qualquer forma, com atenuantes ou agravantes, o de que nenhum suicida se isentará é da reparação do ato que praticou com o desrespeito às leis da Criação, e uma nova existência o aguardará, certamente em condições mais precárias do que aquela que destruiu, a si mesmo provando a honra espiritual que infringira.
O suicídio é rodeado de complexos e sutilezas imprevisíveis, contornado por situações e conseqüências delicadíssimas, que variam de grau e intensidade diante das circunstâncias. As leis de Deus são profundas e sábias, requerendo de nós outros o máximo equilíbrio para estudá-las e aprendê-las sem alterá-las com os nossos gostos e paixões.
Assim sendo, que fique bem esclarecido que nenhum motivo neste mundo será bastante honroso para justificar o suicídio diante das leis de Deus. O suicida é que poderá ser sincero ao supor tal coisa, daí advindo então atenuantes a seu favor. O melhor mesmo é seguirmos os conselhos dos próprios suicidas que se comunicam com os médiuns: - Que os homens suportem todos os males que lhes advenham da Terra, que suportem fome, desilusões, desonra, doenças, desgraças sob qualquer aspecto, tudo quanto o mundo apresente como sofrimento e martírio, porque tudo isso ainda será preferível ao que de melhor se possa atingir pelos desvios do suicídio. E eles, os Espíritos dos suicidas, são, realmente, os mais credenciados para tratar do assunto.

O medo da morte


Fátima Farias
O medo da morte é um atavismo que acompanha as gerações ao longo dos tempos. Mesmo para os que sabem que a vida continua no Além, devido à imortalidade da alma, fica difícil se defrontar com esta realidade. Ontem foi Dia de Finados e já ouvi falar de muita gente que evita ir a cemitérios, em qualquer época, por conta deste medo. Na realidade, ali estão apenas os restos da vestimenta física porque a verdadeira essência ou, em outras palavras, os espíritos mesmo estão espalhados pela dimensão deste imenso Universo.
O filósofo Waldo Lima do Valle, em seu livro Morrer. E Depois? afirma que ninguém estará sozinho no instante da morte. Nos esclarece que "assim como, no nascimento, sempre há alguém por perto, desde uma simples parteira inexperiente ao mais afamado ginecologista, do mesmo modo, por ocasião da partida da alma, sempre haverá um espírito protetor, um anjo guardião, um parente distante, um pai ou uma mãe à espera. E, mais uma vez, manifestam-se aí a infinita misericórdia divina e amor de Deus por todos os seus filhos, sem distinção".
Por outro lado, Waldo ressalta que "nessa assistência que o Pai Celestial permite que todos recebam, somente espíritos perversos, cruéis e desalmados, criam barreiras quase intransponíveis para a intercessão dos espíritos do bem. Ficam, então, entregues a sua própria sorte, envolvidos pelas vibrações doentias de vingança e represália dos desafetos, e chegam a sofrer, duramente, nas mãos desses seres das trevas, até que despertem para os valores superiores do espírito".
Em outras palavras, no seu livro Ponto de Vista, o autor Octávio Caúmo sintoniza-se bem com a idéia, nos esclarecendo que nossos entes queridos não são diferentes da maioria das almas. Portanto, conclui que ao chegarmos na espiritualidade podemos encontrar diferentes situações, tais como:
a) - Nossos parentes desencarnados estão acima da faixa onde iremos desembarcar. Poderão nos visitar, esporadicamente, mas têm tarefas mais importantes do que simplesmente cuidar de nós. Além disso, se na Terra sempre nos desentendemos, porque agora pretender o milagre da pronta harmonia. A morte não muda as criaturas.
b) - Poderá ocorrer que eles estejam em faixas inferiores àquela onde vamos estagiar e, mesmo que queiram, não têm condições de chegar até nós. Têm, por enquanto, as próprias faltas a expiar.
c) - Convêm também considerar que os familiares já podem estar reencarnados. Nossa mãe, que estamos ansiosos por rever, já está ao nosso lado, há tempo. Pode ser aquela netinha e nem percebemos.
- Mas isto é aflitivo! Quem irá nos receber quando chegarmos no mundo dos Espíritos. Haverá alguém?
É evidente que sim, sempre há. O tipo de Espíritos é que varia. Seremos recebidos por amigos, se tivermos merecimento pela ajuda que lhes prestarmos enquanto na matéria. Encontraremos criaturas das trevas, se fomos nocivos à coletividade e ignoramos as dores e necessidades do próximo. Esta receita vale, inclusive, caso nossos parentes estejam presentes, pois nada poderão fazer por nós. A justiça na espiritualidade não aplica o 'jeitinho'. Ali é o mundo da justiça e da verdade".
E-mail: fatimafarias@jornalonorte.com.br ou fatimafarias@bol.com.br

A experiência de um padre médium


Fátima Farias
Padre Miguel Fernandes, que comanda as paróquias de Santa Filomena e Santa Edwirges, no Distrito Federal, deve dar uma grande "dor de cabeça" à Igreja. Há dezoito anos, ele recebeu o espírito do Frei Fabiano de Cristo e desde então assumiu sua mediunidade (intercâmbio espiritual), desenvolvendo trabalhos filantrópicos e espirituais, sob a orientação do Frei, sobretudo voltados a leprosos e crianças.
Sem papas na língua, ele fala o que vem à tona, critica certos dogmas da Igreja, a exemplo do celibato, defende o ecumenismo e que a Igreja se aproxime mais do seu rebanho. Alerta que a humanidade precisa descobrir o amor de Deus e somente quando isso acontecer é que vai melhorar. Aos 60 anos, mas um problema de coluna o faz andar envergado, apesar de apressado, cuja postura se assemelha com o Frei Damião.
Denomina-se como um padre espiritualista. Todos os sábados à tarde, ele recebe o espírito do Frei Fabiano de Cristo em sua Igreja e atende às pessoas que buscam ajuda espiritual, aplica passes (estender das mãos sobre a cabeça para emitir fluídos magnéticos), justificando que estes são bênçãos. Garante que fruto deste trabalho de ajuda do intercâmbio com o Além, milhares de pessoas melhoraram de vida depois da bênção do Frei Fabiano de Cristo, exemplificando reconciliação de casais, conversão de pessoas que haviam se afastado da Igreja.
Além da mediunidade, Padre Médium disse que já constatou verdades sobre a existência da reencarnação. “Já identifiquei algumas pessoas, com quem convivi em vidas passadas. As almas estas estão prontas desde o início do mundo. São milhares que vão lá (no Além) vem cá e retornam quantas vezes for preciso para evoluir, garante.
Quanto ao ecumenismo, padre Miguel acha que as religiões têm que se unir, para que haja mais amor, mais fraternidade e acabar este puritanismo, sectarismo e proselitismo que imperam. Questionei como seria esta união se cada qual quer defender, com unhas e dentes, suas teorias? "Não precisa buscar ninguém de lá para cá, mas promover união numa conferência, num diálogo. Isso não significa eu ser padre e viver dentro de um terreiro de umbanda, centro espírita ou igreja protestante, mas posso ser amigo do pastor, do pai-de-santo, de um espírita, numa convivência amistosa", respondeu.
Perguntei-lhe ainda qual seria o caminho para aproximar-se de Deus. Ele disse que os ensinamentos de Jesus Cristo é tudo neste processo. "Usar fraternidade com o irmão. Fraternidade, caridade, bondade, mansidão, carinho, amor para com o sofredor. Em pleno século XXI, estão falando em guerra pela inexistência de tudo isso que falei"
E sua mensagem final: “Que todos sejam fiéis a Jesus Cristo e ao evangelho e não sejam fariseus”.

A educação pelo exemplo



Fátima Farias
Desde que passei a ter uma visão mais lúcida da vida, percebi que a educação pelo exemplo é a mais eficiente arma que existe. As surras só chocam e podem até ter certo efeito superficial, a princípio, que é o de obedecer simplesmente sob pressão, mas desencadeando para aspectos mais graves que conduzem como seqüela a revolta, resultado de uma repressão descabida, na maioria dos casos, além de afastar o afeto da vítima para com o agressor.
As palavras ajudam, de alguma forma, mas tornam-se vazias se não acompanhadas do exemplo ou se quem as proferirem não tiverem a devida moral para tanto. Diariamente desembocam no meu e-mail parábolas, histórias e estórias dos mais diversos pontos do país. E o relato que vem a seguir é um destes e reflete muito bem como exemplo do tema de hoje.
Vamos lá:
Era uma tarde de domingo ensolarada na cidade de Oklahoma. Bobby Lewis aproveitou para levar seus dois filhos para jogar mini-golf. Acompanhado pelos meninos dirigiu-se à bilheteria e perguntou:
- Quanto custa a entrada?
O bilheteiro respondeu prontamente:
- São três dólares para o senhor e para qualquer criança maior de seis anos. A entrada é grátis se eles tiverem seis anos ou menos. Quantos anos eles têm?
Bobby informou que o menor tinha três anos e o maior, sete. O rapaz da bilheteria falou com ares de esperteza:
- O senhor acabou de ganhar na loteria, ou algo assim? Se tivesse me dito que o mais velho tinha seis anos eu não saberia reconhecer a diferença. Poderia ter economizado três dólares.
O pai, sem se perturbar, disse:
- Sim, você talvez não notasse a diferença, mas as crianças saberiam que não é essa a verdade.
Sem a consciência que Bobby tinha da importância de sermos verdadeiros em todas as situações do cotidiano, muitos de nós apresentamos uma realidade distorcida aos nossos filhos. Tantas vezes, para economizar pequena soma em moedas, desperdiçamos o tesouro do ensinamento nobre e justo. Desconsiderando a grandeza da integridade e da dignidade humanas, permitimos que esses valores morais sejam arremessados fora, por muito pouco. Nesses dias de tanta corrupção e desconsideração para com o ser humano, vale a pena refletir sobre os exemplos que temos dado aos nossos filhos.
Às vezes, não só mentimos ou falamos meias verdades, como também pedimos a eles que confirmem diante de terceiros as nossas inverdades. Agindo assim, estaremos contribuindo para a construção de uma sociedade moralmente enferma desde hoje. Ademais, o fato de mentirmos nos tira a autoridade moral para exigir que os filhos nos digam a verdade, e isso nos incomoda. Pensamos que pequenas mentiras não farão diferença na formação do caráter dos pequenos, mas isso é mera ilusão, pois cada gesto, cada palavra, cada atitude que tomamos, estão sendo cuidadosamente observadas e imitadas pelas crianças que nos rodeiam.
Daí a importância da autoridade moral, tão esquecida e ao mesmo tempo tão necessária na construção de uma sociedade mais justa e digna. E autoridade moral não quer dizer autoritarismo. Enquanto o autoritarismo dita ordens e exige que se cumpra, a autoridade moral arrasta pelo próprio exemplo, sem perturbação. A verdadeira autoridade pertence a quem já conquistou-se a si mesmo, domando as más inclinações e vivendo segundo as regras de bem proceder. Dessa forma, o exemplo ainda continua sendo o melhor e mais eficaz método de educação. Sejamos, assim, cartas vivas de lições nobres para serem lidas e copiadas pelos que convivem conosco. Diz o poeta americano Ralph Waldo Emerson: 'Quem você é fala tão alto que não consigo ouvir o que você está dizendo’.
Em tempos de desafios e lutas, quando a ética e a moral são mais importantes que nunca, assegure-se de ter deixado um bom exemplo para aqueles com quem você trabalha ou convive.
O Norte - 8 de junho de 2003

Viva os laços de família!

Fátima Farias
Não lembro onde, mas li que há amigos melhores que certas pessoas da família. Não duvido disso. É possível acontecer, até mesmo por questão de afinidade, que é um vínculo que flui espontaneamente, impulsionada pela sintonia da simbiose. Acho, no entanto, que se amigo é uma coisa muito boa, não devemos subestimar a importância dos laços de família, respeitando as diferenças peculiares de cada ser humano e até as adversidades que porventura acontecer.
Nasci quase desprovida do aconchego de neta, com exceção do avô materno, o único com quem convivi mais tempo: até o início da adolescência, quando "partiu para a eternidade". Ele me paparicava muito e eu o retribuía com carinho. A materna deixou mamãe órfã aos quatro anos. Quanto aos avós paternos, eu tinha cerca de cinco anos, quando viajaram, em menos de um ano, para outra dimensão e a lembrança física ficou embaçada pela pouca convivência. Mas uma coisa ficou gravada na minha alma: o amor por eles, sempre realimentado pelos seus descendentes mais velhos que fizeram questão de não deixá-los "morrer para nós", sempre nos relatando fatos interessantes e cativantes, dos seus apegos à família..
Cresci acompanhando todo processo de afinidade e integração de meu pai com sua irmã primogênita, Naninha, (a única mulher entre cinco irmãos, que os amavam como filhos). A diferença é que, por ela e meu pai serem os mais velhos e casarem mais cedo, as três filhas de cada um, embora com uma certa diferença de idade, em alguns casos, tivemos mais relação de irmãs que de primas e, por sua vez, laços estreitos com seus descendentes.
Papai e Titia eram especialistas em amar a família e foram nos contagiando com este sentimento positivo. Meu pai tinha três filhas, mas dizia que eram 10 filhos, considerando os sete netos na mesma linha de amor. Com Titia, idem, e no contexto geral de ambos, se formou uma fusão de sentimento fraternal com seus respectivos descendentes. Nos consideramos primas-irmãs.
Todo este preâmbulo foi necessário para justificar os momentos de emoção, que vivi sábado passado. Num certo dia 24 de abril, ao completar 17 anos de idade, minha prima Margarida recebeu de presente o nascimento de seu filho único, Marcos. E agora, sua nora-filha, Maria Lúcia, providenciou uma festa-surpresa para comemorar, respectivamente, os 67 anos da sogra e os 50 anos do marido. Quando eles chegaram a um restaurante, em Campina Grande, atraídos pela desculpa de um simples jantar de comemoração íntima, ali já estavam familiares e alguns seletos convidados.
Foi um momento muito especial e um bom pretexto para juntar a família. Parecia até mais que isso: uma confraternização natalina, fora de época. Maria Lúcia, que também é aniversariante do mês, é um exemplo daquelas pessoas, que chegou nas nossas vidas, integrou-se bem e conseguiu cativar nossa família, com seu jeito especial de ser. Criativa, providenciou na exibição de um telão, o resgate de toda história familiar, através de um belo texto, com fundo musical e uma seqüência fotográfica, iniciando por flashes da fazenda Navalha, do meu avô, até os dias atuais, passando por nossos entes queridos, que já partiram.
Em alguns momentos, fui tomada por fortes emoções, principalmente ao rever as imagens dos meus saudosos titia e papai. Meu amado pai e o aniversariante, seu sobrinho Marcos, tinham uma forte relação mútua de afinidade. Pareciam pai e filho. Em alguns momentos da festa, pude até sentir a presença e vibração espiritual daqueles entes queridos, que nos precederam na eternidade, compartilhando conosco daquela alegria e confraternização familiar. Se partíssemos para a análise sanguínea, ali estava a reunião de primos, mas, com exceção de raros convidados, eu preferia vê-los como irmãos e sobrinhos, considerando os motivos dos laços afetivos já apresentados. Sim, gostaria de registrar que abril é um mês especial para os Pereira de Farias, de cuja família tenho muito orgulho de pertencer. Dentre outros, aniversariam também meus avós paternos e minha tia Naninha.
Como família é bom! Mesmo com os defeitos, que não escapam a nenhuma. Sou tão feliz com a minha. Tudo isso escrevi para registrar minha emoção e dar uma mensagem final: Cultive os laços de família e os valores positivos dos nossos antepassados. Esta é uma das melhores referências morais de vida que obtemos. Por fim, aproveito a oportunidade para fazer uma declaração de amor: Minha família, mantenho a herança paterna e lhes digo: eu amo vocês, principalmente todos os que formam a descendência direta de meus pais. Obrigada, meu Pai Supremo. E viva os laços de família, uma instituição eterna e imortal. Que Deus nos abençoe e ilumine. Já que o assunto é família, meu abraço especial, hoje, para minha sobrinha Carol, que está aniversariando.