terça-feira, 22 de novembro de 2016

Terreiro Forte é o que Promete ou o que Ensina?



Costumamos atender muitas pessoas nas giras abertas a assistência que reclamam desta ou daquela casa, por diversos motivos, dentre eles que "terreiro tal, prometeu e não vi mudar nada em minha vida".

Partindo deste principio vemos realmente hoje no cenário Umbandista, casas que "levam" o nome da Umbanda, mas não praticam a doutrina de Umbanda. Quando consultamos a palavra doutrina vemos que a mesma se refere ao "ensinar" e não ao "prometer", pois compreendemos que a transformação sempre parte de dentro para fora de todo ser que se preocupe em fazer sua reforma interior.

Não podemos encarar uma casa de caridade Umbandista como um depósito de erros cometidos por nós mesmos e esperar somente que se faça um milagre e todas as besteiras que fizemos em vida sejam apagadas com uma borracha espiritual pelos guias que la militam na força de Aruanda. Sinto em dizer, mas se você vai a um centro que promete isso, você não está frequentando a Umbanda anunciada a mais de 100 anos pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas onde o mesmo deixou claro que " UMBANDA É A MANIFESTAÇÃO DO ESPÍRITO PARA A CARIDADE".

Os erros criados por "NÓS" devem ser corrigidos por "NÓS MESMOS" não existe fórmula mágica da espiritualidade para encobrir nossas responsabilidades.

A casa que professa a PROMESSA ao invés de promover a RENOVAÇÃO brinca com a fé alheia e foge ao código do BOM SENSO que deve haver em toda instituição religiosa.

Evoluímos a partir do momento que reconhecemos nossas falhas e sentimos a necessidade de mudança, a função de um guia é nos orientar e não abraçar nossa causa prometendo resolver fácil isso ou aquilo.

JESUS nosso MESTRE em sua história nunca resolveu sem antes perguntar: "VOCÊ DESEJA?" e nunca carregou méritos de seus feitos sempre atribuindo os mesmos a FÉ que cada ser tem dentro de si.

FÉ, éééé! Realmente isso falta em algumas pessoas que frequentam as casas sérias de Umbanda, pois sempre por instinto tendemos a procurar as coisas mais fáceis e nesta procura nos esquecemos do "A CADA UM SEGUNDO SUAS OBRAS".

Saibamos enxergar em um terreiro de Umbanda uma "escola" onde aprendemos a ser seres humanos melhores e não um depósito de reclamações, pedidos absurdos criados pela nossa incredulidade não em Deus, não nos Orixás, mas EM NÓS MESMOS.

Lembrando as palavras do CABOCLO MIRIM "Umbanda é coisa séria, pra gente séria!" E isso se aplica para os dois lados, de quem atende e de quem deseja obter algo!

Esperamos ter colaborado com um pouco de entendimento para todos e desejamos encerrar com as palavras do APÓSTOLO PEDRO.

"Toda carne é como a erva,
e toda glória do homem como a flor da erva.
Secou-se a erva, caiu-se a sua flor.
Mas a palavra do Senhor, permanece para sempre
Desejai como meninos,
novamente nascidos, o leite racional,
não falsificado, para que por eles vades crescendo..."
Pedro, 1;25 - 2;2

Texto Inspirado mediunicamente pelo Sr. Caboclo Urubatã
Recebido por GÉRO MAITA

Estudo sobre Espírito, Perispirito e Corpo



ESPÍRITOS

QUEM SÃO?
Espíritos são os seres inteligentes que habitam o Universo, quer estejam encarnados ou desencarnados. Todos nós somos espíritos.

Quando encarnados, possuímos corpo material e corpo espiritual (perispirito). Desencarnados, conservamos apenas o corpo espiritual.

ORIGEM:
O grau de evolução em que nos encontramos ainda não nos permite saber o modo e a época da criação dos espíritos.

Já sabemos, porem, que os espíritos:
- são seres inteligentes criados por Deus;
- tiveram um principio (não são eternos), mas não terão fim (são imortais);
- resultam de individualização do principio inteligente (assim como os seres orgânicos são a individualização do principio material).

Do principio inteligente sempre estão se individualizando espíritos. E, neste sentido, podemos dizer que a criação de espíritos por Deus e permanente e Deus sempre os criou, continua criando e criara sempre.

NATUREZA:
Os espíritos são:
Incorpóreos - entretanto, são alguma coisa; substancia quintessenciada, sutil, etérea;
Indivisíveis - não podem se dividir para estar em dois lugares ao mesmo tempo. Mas irradiam suas forcas e seus pensamentos, agindo com eles a distancia, e suas irradiações e efeitos podem ser então captadas. Com isso, dão as vezes a impressão de estarem em dois lugares diferentes ao mesmo tempo.

FORMA:
         O espírito (ser espiritual, inteligente) não tem forma definida para nos. Analisando-o pelos seus efeitos, podemos dizer que ele e um clarão, uma chama, uma centelha etérea. Essa centelha tem uma colocarão que vai desde o aspecto escuro e opaco ate uma cor brilhante e clara, conforme a evolução do espírito.

SEXO:
O Espírito não tem sexo (na forma como entendemos o sexo na organização material). Não são diferentes os espíritos que animam os homens dos que animam corpos femininos. O espirito encarna, com o sexo que melhor convém a tarefa que necessita realizar naquela existência; e lhe compete usar com equilíbrio, respeito e correção a forma corpórea que lhe foi concedida.

MOVIMENTAÇÃO:
Os espíritos podem movimentar-se com a rapidez do pensamento;  também podem percorrer mais devagar um espaço, observando o caminho percorrido.

A matéria (água, fogo, ar, etc.) não constitui obstáculo para o espírito.

DESTINAÇÃO:
Deus nada cria inutilmente. No conjunto da vida universal, cada ser tem uma função natural a desempenhar, função que, por mais simples que seja, e sempre valiosa e importante.

Os espíritos, criados que são por Deus, também tem, portanto, um papel determinado e útil dentro da Criação. A função que exercem e de acordo com sua capacidade; as funções vão desde a simples animação da matéria ate o executar das ordens de Deus para a manutenção da harmonia universal.

ENCARNAÇÃO:
         O espírito encarna quando se une a matéria formando um corpo para nascer num mundo material.

O espírito pode encarnar neste ou em outros mundos que correspondam ao seu grau de evolução. Seu corpo se formara de acordo com a matéria e leis do mundo que vai habitar.

No mundo em que encarna, o espírito e um agente sobre a matéria de que esse mundo se compõe e sobre os seres que o habitam.

EVOLUÇÃO ANÍMICA:
Exercendo seu papel no Universo, os espíritos evoluem, isto e, desenvolvem e aprimoram suas faculdades; e, quanto mais evoluem, mais usufruem de suas faculdades.

Deus (que e soberanamente justo e bom) estabeleceu igualdade no processo de evolução para todos os espíritos, de tal modo que todos tem:

- um mesmo ponto de partida (todos criados simples e ignorantes);

- as mesmas condições básicas (todos com as mesmas qualidades em potencial) a serem desenvolvidas com seu próprio trabalho e ao longo do tempo;

- a mesma destacando (todos rumam para a situação de espírito puro): a perfeição e a felicidade.

Na Terra, a ligação do espírito com a matéria começou ha muitos e muitos milênios. De inicio, produziu formas minerais, passando depois as vegetais, as animais, ate atingir a formação da espécie humana. Nessa trajetória evolutiva, o principio inteligente foi exercitando suas faculdades; da irritação, passou a sensibilidade, desta ao instinto e do instinto a inteligência, quando, no dizer de André Luiz, alcançou o "pensamento continuo", o circuito completo para a onda mental. Do grau de humanidade, estamos rumando para um novo estado : a angelitude.

ERRATICIDADE:
         Espírito errante e aquele que se encontra no plano espiritual, aguardando nova encarnação num mundo corpóreo, ao qual ainda esta ligado. Erraticidade e o estado do espírito nesse intervalo entre duas encarnações.

O espírito que esta na erraticidade :

- e mais ou menos feliz (conforme foi sua existência no mundo material);

- pode ali permanecer apenas algumas horas ou por milhares de anos;

- progride, adquirindo conhecimentos, modificando suas idéias sobre a vida;

- ainda terá de reencarnar (cedo ou tarde) para experiências e provas nos mundos materiais, onde ira por em prática o que aprendeu, cumprindo seu papel no Universo e continuando seu progresso.

Observação: A condição, situação e possibilidades do espirito dependem sempre de seu estado evolutivo, variando conforme o seu grau de progresso.


PERISPIRITO

O QUE É:
Perispirito e o envoltório semi-material do espírito.

Também o denominam de corpo fluídico ou corpo espiritual.

ORIGEM E NATUREZA:
O perispirito tem sua origem no fluido cósmico universal, retirado do mundo ou plano ao qual o espírito esta relacionado.

Como o corpo de carne, e também matéria mas em estado diferente, mais sutil, quintessenciada; não e rígida como a do corpo físico mas, sim, flexível e expansível, o que torna o perispirito muito plasmável sob a ação do espírito.

FUNÇÕES:
1) Liga o espírito a matéria (neste como em outros mundos) e a ele serve de instrumento para agir (sobre o plano fluídico ou o material).

2) E o molde, a forma do ser corpóreo. Preexiste ao corpo físico e a ele sobrevive, guardando o registro dos efeitos de toda a ação do espirito.

PERISPIRITO E ENCARNAÇÃO:
Para o espírito encarnar: Um laço fluídico (que e uma expansão do perispirito) liga-se ao ovulo fecundado e vai  presidindo a multiplicação das células, uma a uma dirigindo a formação do corpo. Quando este se completa, está inteiramente ligado ao perispirito, "molécula a molécula".

Observação importante: Do ponto de vista espírita, portanto, desde a fecundação do ovulo, um espírito se ligou a ele e esta trabalhando para formar o corpo de que precisa para viver neste mundo e continuar sua evolução. Sabendo disso, não provocar o aborto, para respeitar o direito de viver do espírito reencarnante, que e um nosso irmão ante Deus.

Durante a encarnação: O perispirito serve de intermediário entre o espírito e a matéria, transmitindo ao espírito as impressões dos sentidos físicos e comunicando ao corpo as vontades do espírito.

Ao desencarnar: Quando o corpo físico morre, o perispirito dele se desprende e continua servindo ao espírito,  como seu corpo fluídico que e e como seu intermediário para com o plano espiritual ou material.

E pelo perispirito que os espíritos se identificam e reconhecem uns aos outros, no plano espiritual.

O perispirito prova a imortalidade da alma. E ele (e não o espírito em si) que vemos nas aparições e visões; e é ele que serve de instrumento para as manifestações do espirito aos nossos sentidos.
         Geralmente e a aparência da ultima encarnação que o perispirito guarda. Mas essa aparência pode ser modificada (se o espirito quiser e souber como), porque a substancia sutil do perispirito e maleável, plasmavel.

SUA EVOLUÇÃO:
         O perispirito acompanha sempre o espírito; em todas as etapas de sua evolução.

Mas vai se tornando mais etéreo, a medida que o espírito se depura e eleva. Nos espíritos puros já se tornou tão etéreo que, para os nossos sentidos, e como se não existisse.

Conforme a evolução do espírito, seu perispirito apresentara diferente:

Peso - que o fixa a um plano de vida espiritual em companhia dos que lhe são semelhantes;

Densidade - que responde pela maleabilidade; a expansão do perispirito e tanto maior quanto mais rarefeito e mais sutil ele for;

Energia - que se revela na luminosidade e irradiação, maior quanto mais evoluído for o espírito.

A contextura do perispirito não e idêntica para todos os espíritos, ainda que sejam de um mesmo mundo. Isto porque a camada fluídica que envolve um mundo não e homogênea (toda igual) e o espírito, ao formar seu perispirito, dela atraíra os fluidos mais ou menos etéreos, sutis, segundo suas possibilidades.

Espíritos inferiores tem perispirito mais grosseiro e, por isso ficam imantados ao mundo que habitam, sem se poderem alçar a planos mais evoluídos. Alguns chegam a confundir seu perispirito (de tão grosseiro que e) com o corpo material e a sentir sensações semelhantes as do frio, calor, fome, etc.

Os espíritos superiores, ao contrario, podem livremente ir a outros mundos, fazendo mutações em seu perispirito, conforme o tipo fluídico do mundo aonde vão.

CORPO

         O corpo e o instrumento que o Espírito usa para atuar nos mundos materiais. Precisa, portanto, atender as necessidades dele, aos objetivos que ele traz ao encarnar. O corpo e considerado um produto ideoplastico do espírito; logo após a fecundação, o espírito reencarnante une-se, por um cordão fluídico, ao ovo e, por meio dele, influencia automaticamente a formação do embrião e do feto; por isso, o estado de perturbação ou embotamento da consciência não impede que o espírito imprima suas características básicas em o novo ser. Consequentemente, o organismo reflete o estado daquele.

As doenças físicas, em suma, não passam de distúrbios do perispirito transpostos para a carne, que promove o tratamento das imperfeições do espírito em si. Dai deriva a importante função das moléstias na vida do Espírito eterno.

Merece, em vista disso, o corpo material o nosso cuidado. Ele e uma concessão da Bondade Divina, em vista de dificilmente o nosso comportamento torná-lo um direito, por méritos adquiridos. Assim, recebemo-lo ajustado as nossas necessidades evolutivas, porquanto, os mentores da Esfera Superior produzem nele (atuando sobre os cromossomas do ovo) as alterações indicadas para nossa futura melhoria: aqui, uma lesão numa válvula do coração, ali um diabete, acolá um intestino preso ou uma perna curta, etc. De sorte que, alem  das inferioridades que cada um impõe ao seu corpo por pertencerem ao espírito, pode haver defeitos impostos por necessidades expiatórias.

O Lar do Médium Umbandista



Falamos do terreiro, do médium, da vida dos mesmos, da conduta moral e aperfeiçoamento espiritual que desenrola não apenas nos momentos que estamos no terreiro de Umbanda, mas nas 24 horas do dia de um verdadeiro médium umbandista.

Por estes fatores, pela vontade acirrada de melhorar ao mesmo tempo em que combate às trevas da ignorância e da maldade do Astral Inferior, o médium umbandista se vê constantemente assediado pelas entidades das trevas.

Ora com aqueles os quais acostumava se afinizar no passado (estes não aceitam que ele mude de lado, da mesma forma que credores antigos vêm cobrar com voracidade).

Mais ainda, ao procurar auxiliar os irmãos que os procuram sofrendo influências negativas, ele acaba “comprando” esta briga.

É lógico que o médium bem intencionado deve ser antes de tudo, prudente, assim como deve se utilizar todas as formas possíveis para se resguardar das correntes de magia negra que enfrenta, deve também cuidar de sua residência.

PENSEM BEM: A casa em que habita, que compartilha com seus familiares não foge a regra (ataques). Principalmente sabendo que estes familiares podem ser inimigos antigos reunidos para ajustes kármicos e eventualmente servem, como ponte de atuação para o Astral inferior.

É fundamental que se procure evitar alimentar correntes de intrigas, invejas e perseguições dentro de casa, e algumas providências podem ser úteis.

Vejamos:

Mantenha sempre sua casa limpa e em ordem.

Sempre que possível, abra as janelas para que o ar ventile e renove.

A luz solar direta é altamente benéfica, desagregando e eliminando várias cargas negativas.

Ao limpar a casa, passar pano úmido com desinfetante que contenha óleo de eucalipto na fórmula, no chão e nos móveis, ou outra essência de sua preferência misturada com água ou álcool.

Em alguns cantos da casa, como próximo a porta de entrada, na sala de estar e no quarto, coloque uma pequena cumbuca (mais ou menos do tamanho de uma mão em concha), cheia de álcool comum com uma pedra ou tablete de cânfora. A cânfora se evaporará junto com o álcool, desagregando certas cargas negativas, além de desprender um cheiro agradável. A cânfora é encontrada em farmácias.

Ao invés de brigas e discussões inflamadas pela raiva, procure resolver seus problemas através de uma conversa madura, expondo seus sentimentos, por pior que sejam, de modo que se produza uma modificação para melhor e não apenas uma descarga de sentimentos negativos sem propósito construtivo. Relembrando que não precisamos ser santos, apenas procurar aprender com nossas falhas e pontos negativos.

Caso queira e possa... defume sua casa pelo menos uma vez por semana, de preferência a noite, no sentido de dentro para fora, dos fundos para frente da casa, sempre com as janelas e portas abertas. 
Fonte: LIVRO: CULTURA UMBANDÍSTICA - OICD

Terreiro, o Hospital Espiritual dos Encarnados

A dificuldade de cumprir a tarefa de dirigente sempre se acentua dentro do terreiro, com os médiuns e muito pouco na caridade com o povo.

Todo médium de tarefa, é um ser encarnado para curar seu espírito endividado e o terreiro é o hospital onde vai se internar por um longo tempo de sua vida na terra.

Sabemos que a maioria dos pacientes são impacientes, não é mesmo?

E, aí é que complica!

O dirigente também não deixa de ser um doente que além de se tratar, agora pode estagiar ajudando aos médiuns de sua corrente “hospitalar”.

Isso não o coloca como um semi-deus perfeito do qual não se admitem mais erros, muito menos como alguém que tudo pode, em qualquer hora e em qualquer situação.

Dele será exigido posturas mais firmes bem como entendimento mais apurado.

Ele deverá se aprimorar constantemente com estudo e reforma íntima, exigindo da corrente igual compromisso.

Tais posturas serão necessárias em função do tamanho de sua Responsabilidade e dentre elas está a de cortar o mal pela raiz, priorizando sempre a corrente como um todo, sem privilégios a quem quer que seja.

Ao assumir tal posto diante da espiritualidade, antes de reencarnar, já estará consciente de que sua vida não será “comum” e que certamente terá que abdicar de muitas coisas materiais, em favor do lado espiritual.

O termo Pai e Mãe agracia o médium com a postura de se colocar como tal, amparando, educando e auxiliando a corrente como verdadeiros filhos de seu coração.

Tarefa mais difícil ainda, pois esses “filhos” não vieram de seu ventre e não nasceram ontem.

São adultos, viciados e com personalidade formada.

Cada um com seus egos aflorados, com suas necessidades de reformulação e o fato de portarem a mediunidade, já os qualifica como devedores em potencial.

E certamente, reeducar um adulto é muito mais difícil do que educar uma criança.

É pepino torto.

Observo nos terreiros por onde ando que muito se exige do dirigente e muito pouco se retribui.

Falta nos médiuns, desde respeito até aquilo que os deveria mover dentro da corrente, que é amor.

Humildade então, meus filhos, é coisa rara.

Em compensação sobra bajulação, geralmente usada como meio de se fazer preferido na corrente.

Nega véia costuma dizer que criança que se cria como bibelô, como tal vai quebrar quando adulto.

Todo aquele que não teve rédea firme na infância para domar suas más tendências, vai chegar no terreiro e expô-las de modo a perturbar a ordem do lugar.

Hora e vez de impor as leis que regem a Casa, independente do que possa pensar a respeito disso, o médium em questão.

Se mesmo indisciplinado, tiver algo de humildade, vai receber o chamamento como aprendizado e ali vai crescer, mas se pelo contrário, além da indisciplina prevalecer nele a arrogância e o orgulho, acolherá como ofensa e infelizmente, o remédio é amargo para essa doença.

A tarefa é tão árdua que muitos desistem na metade da caminhada, outros se corrompem, mas, ainda bem que uma grande maioria volta à casa com sua coroa iluminada pela luz do dever cumprido e a estes, o mérito de conseguir dar um salto em sua evolução.

Vovó Benta

Amizade



Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade. Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira-lata que atendia pelo nome de Malhado.

Serapião não pedia dinheiro. Aceitava sempre um pão, uma banana, um pedaço de bolo ou um almoço feito com sobras de comida dos mais abastados.

Quando suas roupas estavam imprestáveis, logo era socorrido por alguma alma caridosa.

Mudava a apresentação e era alvo de brincadeiras.

Serapião era conhecido como um homem bom, que perdera a razão, a família, os amigos e até a identidade. Não bebia bebida alcoólica, estava sempre tranqüilo, mesmo quando não havia recebido nem um pouco de comida.

Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e, sempre na hora que Deus determinava, alguém lhe estendia uma porção de alimentos.

Serapião agradecia com reverência e rogava a Deus pela pessoa que o ajudava. Tudo que ganhava, dava primeiro para o Malhado, que, paciente, comia e ficava a esperar por mais um pouco. Não tinha onde dormir, onde anoiteciam, lá dormiam.

Quando chovia, procuravam abrigo embaixo da ponte e, ali o mendigo ficava a meditar, com um olhar perdido no horizonte.

Aquela figura me deixava sempre pensativo, pois eu não entendia aquela vida vegetativa, sem progresso, sem esperança e sem um futuro promissor. Certo dia, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas fui bater um papo com o velho Serapião. Iniciei a conversa falando do Malhado, perguntei pela idade dele, que Serapião, não sabia. Dizia não ter idéia, pois se encontraram um certo dia quando ambos andavam pelas ruas e falou:

Nossa amizade começou com um pedaço de pão, ele parecia faminto e eu lhe ofereci um pouco do meu almoço e ele agradeceu, abanando o rabo, e daí, não me largou mais.

Ele me ajuda muito e eu retribuo essa ajuda sempre que posso.

Curioso, perguntei:

- Como vocês se ajudam?

- Ele me vigia quando estou dormindo; ninguém pode chegar perto que ele late e ataca. Também quando ele dorme, eu fico vigiando para que outro cachorro não o incomode.

Continuando a conversa, perguntei:

- Serapião, você tem algum desejo na vida?

- Sim, respondeu ele - tenho vontade de comer um cachorro quente, daqueles que a Zezé vende ali na  esquina.

- Só isso? Indaguei.

- É, no momento é só isso que eu desejo.

- Pois bem, vou satisfazer agora esse grande desejo.

Saí e comprei um cachorro quente para o mendigo.

Voltei e lhe entreguei. Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado e comeu o pão com os temperos.

Não entendi aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor pedaço. Não me contive e perguntei intrigado:

- Por que você deu para o Malhado, logo a salsicha?

Ele com a boca cheia respondeu:

- Para o melhor amigo, o melhor pedaço!

E continuou comendo, alegre e satisfeito.

Despedi-me do Serapião, passei a mão na cabeça do Malhado e saí pensando.

Aprendi como é bom ter amigos.

Pessoas em quem possamos confiar.

Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal.

Jamais esquecerei a sabedoria daquele eremita:

"PARA O MELHOR AMIGO O MELHOR PEDAÇO"

Desconheço a autoria deste edificante texto.

CARIDADE NÃO É DOM



Caridade não é dom, não é graça, não é benção ganha.

Caridade é espontânea, vem naturalmente de dentro das
almas que conseguiram transformar-se através da reforma íntima efetuada.

Reforma que não acontece de um dia para o outro. É trabalho
árduo que só é solidificado através de nosso dia a dia, nas
ações que praticamos.

Caridade é ato sublime quando é espontâneo, nascido do
amor fraterno a todo irmão desta Terra.

É a fraternidade que coroa o amor puro que faz quem o
possui nem perceber a caridade que pratica.


Pois para esta alma, possuidora de tal amor, o auxílio ao próximo
é atitude natural e espontânea.

Mas para chegarmos a este ponto com certeza muita luta interna
devemos enfrentar.

Aprendendo a valorizar o sorriso, o abraço, o saber ouvir, o saber
calar e a mansidão das palavras.

Nunca esquecendo que o maior benefício da caridade quem recebe
é aquele que a pratica.

Caridade, caridade, palavra que não deveria existir, pois para
os seguidores de Cristo, auxiliar um irmão em Deus é
um dever, é agradecer ao Pai as bençãos que
recebemos em nosso cotidiano,
desde o sol que nos aquece até a
penumbra da
noite para nosso
repouso.

Deus os abençoe e que a Paz de Cristo com vocês esteja.


ditado pelo Irmão da Paz
psicografado por Luconi