terça-feira, 8 de setembro de 2015

FORMA DE AGIR DO UMBANDISTA




O verdadeiro Umbandista não sente as pedras que lhe são jogadas, pois sua consciência está limpa, certo que jamais usou do dom da mediunidade para interferir no livre arbítrio do Pai.

Entende aqueles que pedras lhe são atiradas, ciente que vem de uma alma que está presa ao radicalismo, que não entendeu a mensagem de Jesus, que pediu e exemplificou o amor ao próximo e nem ELE mesmo a ninguém julgou.

Como também sabe, que muitos foram vítimas de irmãos que se entregaram ao baixo espiritismo, a exploração de seus dons para obterem vantagens financeiras e que na realidade não passam de pobres irmão obsidiados por irmãos trevosos, que aos poucos devido a sua queda para o materialismo e para a vaidade pessoal, deles tomaram conta usando inclusive nome de espíritos conhecidos trabalhadores da seara de luz, seja da direita ou da esquerda da religião.

Por tudo isso saber segue o seu caminho de cabeça erguida, envolvido na paz do Senhor, sabedor que é apenas um instrumento que o Pai utiliza para a pratica da caridade espiritual, caridade esta que não é praticada por ele, mas pelo seus mentores (guias), pois ele mesmo tem consciência que ainda está em processo evolutivo, tendo em si muitas qualidades mas ainda muitos defeitos, doenças de sua alma que vem encarnando com a finalidade de conseguir curar tais doenças.

Reconhece-se muito pequeno diante das Verdades Divinas e anda com cuidado, pois sabe que as doenças da alma que carrega podem a qualquer momento o tentar e o envolver de tal forma que porão por chão todo o caminho de aprendizado até então percorrido.

Sabe que será colocado a prova como todo ser vivente e por isto deve estar firme em sua fé e em seus propósitos de seguir sempre as Leis Divinas, que são as que Cristo pregou. Portanto é exatamente por isto que o Cristo nos ensinou “Orai e Vigiai”.

Principalmente, quem tem tal missão jamais deve abandonar este conselho do Mestre, não se esquecendo que até mesmo sacerdotes de Umbanda, por serem seres humanos em evolução, não estão livres de repente caírem nas emboscadas das doenças de suas almas e com isso podem receber influencia negativa de espíritos trevosos que muito gostariam de vê-los cair, pois com eles arrastariam todo o corpo mediúnico da casa, destruindo-a em sua essência.

Por isto seja você um sacerdote, ou um filho de corrente, ou até alguém da assistência, não deixe passar nada que vá contra as Leis do Amor e da Caridade, peneire bem para saber distinguir.
Por isto existe o ponto: Pisa na Umbanda, pisa devagar, afirma o pensamento que é pra não tombar, Jesus Cristo também foi traído praticando a caridade no mundo perdido.

No caso do filho de Umbanda ele é geralmente traído pelas suas próprias tendências negativas que estão em sua alma ou por não saber ler além das entrelinhas desculpando esta ou aquela falha com a desculpa que dá a si próprio: São guias, mentores, não podem errar.

Não se esqueçam que até a forma de outro espírito os trevosos e obsessores podem plasmar, enganando até os videntes, então sigam as Leis sempre, não existe duas leis, o bem é o bem e o mal é o mal, não tem meio termo e nem desculpas para se praticar o errado, seja quem for que vocês 
achem que está incorporado.

É este aviso que queria passar, lembrando, que hoje não trabalho com o meu cavalo, pelo motivo que ele perseguido por inimigo espiritual, não soube distinguir sua atuação, nem ele, nem os filhos do templo, a luta foi grande, o templo fechou e hoje após quase dezesseis anos é que ele se apruma e os filhos do templo, alguns fazendo um balanço do passado, percebem que era hora de ajudar quem sempre estava pronto para lhes ajudar, mas não sabiam disto na época, não perceberam a atuação das trevas no irmão que tanto amavam e amam.

 E não entendiam todo mal que acontecia a este meu filho querido, foi muita luta espiritual, mas uma vez desviado do caminho, com inimigos encarnados atraídos para o novo caminho, o levantar do meu filho foi muito lento, sem contar o número de vezes que começava a se erguer e de novo caía.

Para evitar um mal maior eu peço que jamais deixem de seguir as Leis do Amor e da Vida que tanto foi exemplificada por Jesus.


Ditado por um Capa Preta
psicografado por Luconi

em 23-02-2014

PORQUE A UMBANDA NÃO PODE EVOLUIR?



A Terra viveu muitas épocas, desde a sua criação, em cada uma delas a humanidade estava em um grau de evolução.

Os cultos africanos surgirão nos primórdios da história da humanidade, não se esqueçam que a África foi o berço da mesma.

Portanto era muito normal que eles fossem realizados de maneira bem primitiva, tinham os habitantes da época a necessidade de ao fazerem seus cultos ofertarem muitos presentes aos espíritos que evocavam aos deuses como os chamavam.

Também tinham a necessidade de dançar e cantar e também de tentarem se vestir de forma parecida com o deus que estavam cultuando.

Com o tempo algumas coisas foram se modificando, mas lá na África, nosso berço, pouca coisa evoluiu em comparação com o resto do planeta, aliás o que se vê é um contraste muito grande por lá mesmo.

Lugares que ocupados por maioria branca têm um aspecto urbano muito parecido com o mundo evoluído, seus habitantes têm acesso as
facilidades do mundo moderno, enquanto bem próximo nos arredores, negros ocupam um espaço onde tem de tudo menos o tal bem estar que a comunidade branca tem.

Encontram-se ainda um número sem fim de tribos, de lugarejos bem atrasados, onde a modernidade por eles nem é sonhada.

Não pretendo aqui entrar em questão política, mas que fique registrada nossa indignação pelo descaso para com seus irmãos, onde o irmão branco não tem interesse nenhum em evoluir, em amenizar o sofrimento desta vida ainda primitiva que levam. 

Arrastam-se e vivem pela sobrevivência apenas, não têm espaço para eles sequer sonharem com outras conquistas, ou de se aprofundarem em qualquer tipo de estudo, ainda os instintos são obrigados a falarem mais alto, pois a fome dói na alma, as doenças trazidas por ela ceifam os filhos, e bem poucos são os motivos de alegria. Então se vivem de forma talvez até pior que seus antepassados, uma vez que os mesmos tinham toda a floresta para conseguir seus alimentos, e a luta entre as tribos eram em termos de igualdade, natural que se prendam ainda aos cultos de forma primitiva.

Agora a maioria do mundo não vive assim, são privilegiados e têm acessos a todo tipo de informação e as armas naturais para a luta da sobrevivência, por isto não se prendem aos instintos básicos, não recebem mil oportunidades para se instruírem e evoluírem em todos os sentidos inclusive no que concerne a religiosidade.

Então eu pergunto, porque aqui nesta terra bendita, o Brasil, a maioria que pratica o culto da Umbanda que tem sim suas raízes nos deuses africanos, que na nova religião são chamados de Orixás, porque ainda se prendem aos rituais primitivos.

Porque existem correntes indo totalmente contra a evolução desta religião, criticam e nublam com suas críticas os trabalhos daqueles médiuns que tentam trazer o aprendizado para os filhos desta fé.

Alegam que isto é negar raízes, que isto é querer mudar a Umbanda,
mas se esquecem que a lei de evolução é para todos, que nenhum espírito encarnado ou desencarnado deve ficar paralisado, muito menos atravancar o progresso de seus irmãos, isto é lei básica em qualquer fé.

A Umbanda em suas bases jamais será modificada, pois sempre será alicerçada nos tronos divinos, nas sete essências, tronos com seus pólos positivos e negativos, tronos que são a emanação de Deus.

E ainda eu pergunto, porque dizer como muitos dizem que a Umbanda não é uma religião cristã, se NOSSO SENHOR JESUS CRISTO é considerado pela maioria dos espíritas nosso GOVERNADOR PLANETÁRIO, ou seja Aquele que ordena a evolução dos espíritos na Terra, Ele disse que somos o seu rebanho, nada aqui acontece sem a sua permissão, sem estar programado já bem antes de acontecer, então a Umbanda quando fundada passou pela sua aprovação e com certeza ELE lhe deu as diretrizes, então como é que os Umbandistas não são cristãos?

Pergunto ainda, porque na maioria dos centros umbandistas, não existe uma evangelização? Porque não existe uma escola para adultos e uma adaptada para crianças para ensinar a doutrina umbandista mostrando que ela anda abaixo das Leis Divinas que tanto Cristo nesta terra pregou, porque?

Não sabem que quanto mais evoluírem, menos as forças das trevas terão acesso? Não sabem que a melhor defesa é a boa conduta, é o respeito as leis do amor e da vida que são as mesmas pregadas pelo Mestre Jesus?

Vamos pensar no assunto, vamos você que está lendo pelo menos refletir sobre o assunto, lembre-se que nada é ilógico, tudo tem uma explicação muito lógica, que a lei é igual para todos.

Lembro que os trabalhos espirituais da Umbanda deve sempre procurar realizar o bem, jamais interferir no livre arbítrio dos seres, deve procurar não só evoluir o filho que pede, mas também os espíritos sejam de que origem forem que se apresentar, a maioria usa nome de Exu ou Pomba-Gira sem o serem, são infelizes trevosos perdidos a centenas de anos, escravizados nas trevas, e não podemos deixar de dar-lhes a oportunidade de mudarem de situação, vai saber quando eles terão nova chance. E é esse trabalho que é o mais lindo da Umbanda, retirar das trevas os seus escravos, que sei estão lá por suas próprias faltas, mas são como um dia nós fomos e alguém nos estendeu a mão.

DEUS OS ABENÇOE
QUE NOSSO SR. JESUS CRISTO OLHE POR TODOS.

Ditado por Pai Jacó
Psicografado por Luconi

UM ACASO QUE ME LIBERTOU



Dizem que nesta vida tudo tem uma razão, mas eu vos digo amigo esta expressão é bem mais abrangente, ela é verdadeira não só na tua vida terrena como também no mundo espiritual.

Anos atrás em certo dia, estava eu em um trabalho num centro umbandista, e ainda incorporado percebi que alguns irmãos da linha branca estavam a minha espera. Muito normal a linha branca sempre está presente, porque a eles direcionamos muitos espíritos sofredores ou endurecidos por sentimentos negativos que conseguimos acender nem que seja uma pequenina luz para poderem ser entregues aos irmãos que cuidam dos prontos socorros espirituais.

Também estes irmãos nos trazem para os trabalhos espíritos que estavam em zonas trevosas e seus espíritos estão com grandes deformidades que não mais se consegue visualizar neles a aparência humana que um dia tiveram. Então para retomarem de uma forma mais rápida a aparência humana, a incorporação num centro umbandista é o mais indicado, pois além do ectoplasma que ao incorporar o médium transfere para ele, estarão  presentes no trabalho os guardiões da Lei, que obrigarão tal espírito a conter suas tendências maldosas, não afetando nem o médium que o incorporará nem a nenhum outro irmão encarnado ou desencarnado.

Já num centro cujos trabalhos se voltam para a linha branca, onde a prioridade é a doutrinação e a cura não só de encarnados, mas de espíritos perdidos que carregam ainda as doenças que tinha quando encarnados, a incorporação de tais espíritos prejudicarão e muito o andamento dos trabalhos,  por terem energia muito pesada pois ainda se comprazem nas suas maldades por terem uma forma distorcida de justiça.
São espíritos doentes sim, mas as suas doenças são exatamente o fruto de suas maldades, são doenças e deformidades que adquiriram após o seu desencarne. Entregaram-se as trevas com o intuito de vingança, realizaram todo tipo de maldade manuseando as energias negativas com o intuito de agradar algum espírito do mal que se assentou nalguma região trevosa em troca de conseguir que este espírito que acham poderoso, ajudá-los em suas vinganças.

Se foram retirados pelos irmãos brancos é porque o Pai decidiu que ninguém mais merecia suas maldades e que eles teriam mais uma chance, através de encarnações compulsórias, onde o livre arbítrio deles não é levado em conta por enquanto, pois são como os doentes mentais da terra. Como percebem, eles estão no centro pra receber ajuda contra a sua vontade, simplesmente porque não tem outro jeito, a Lei deu-lhes um basta.

 Teriam oportunidade de evoluírem de outra forma se tivessem aceito a ajuda de muitos irmãos que trabalham principalmente na Umbanda, que de tempos em tempos se acercam destes espíritos tentando mostrar-lhes que para seus males existe uma saída, e que o Pai não os castigará, apenas eles serão evangelizados, trabalharão na espiritualidade para o bem e depois finalmente prontos para começarem nova caminhada poderão participar do programa de reencarnações, inclusive opinando sobre os detalhes da mesma.

Mas como eu havia percebido os irmãos da linha branca estavam querendo me dizer algo, pareciam um tantinho apreensivos, e então já quando eu ia terminar os trabalhos, chega-se até mim a cambonia do centro, dizendo:- Seu Zé, tem um rapaz que entrou e pediu um prato de comida, nós vamos ajudar, mas acho que ele pensa que pra receber ajuda tem que fazer parte do centro, então pediu se podia receber benzimento.

Olhei para os espíritos da linha branca, percebi a emoção em seus olhos, olhei para o filho que chegava e vi guardiões da lei (exus) amparando-o. Voltei para o meu lugar e pedi que ele se aproximasse. Então o cumprimentei saudando pai Oxalá, e peguei suas mãos, tão magras, tão frias, suas roupas eram farrapos, seus pés calejados e feridos de tanto andar, e por incrível que pareça estava sóbrio, não havia energia de bebida alcoólica, mas eu via em seu corpo astral já doenças trazidas pelo uso indiscriminado do marafo.

Imediatamente chamei dois médiuns e os guardiões da lei que o cercavam trouxeram alguns espíritos que o vampirizavam quando bebia, em seguida veio um espírito totalmente ignorante, perdido, dizendo que ele jamais permitiria que ele se fortalecesse, o acompanhava em todas as encarnações para não correr o risco dele conseguir cumprir a missão. Mas apesar disto a cada encarnação ele evoluía, pois se não cumpria a missão também não se entregava ao ódio, nenhum mal propositadamente fazia a ninguém. E isto estava enfurecendo tal espírito que queria o direito de levá-lo definitivamente para as trevas. Bem com algum custo o retiramos, prometendo que iríamos conversar na espiritualidade e faríamos um acordo desde que fosse dentro da Lei do Pai, ele sem saída aquiesceu, os guardiões já o haviam envolto em uma espécie de rede espiritual que o impediria de seguir livremente, teria que nos ouvir na espiritualidade e sabia que nunca mais poderia atormentar aquele filho.

Bem até aí normal, mas então o espírito de uma mulher de muita luz, incorporou em um dos médiuns, abraçou de forma muito especial aquele filho, que naquele instante recebia uma chuva de pétalas de rosa. Depois olhando para mim disse:
-Salve os seus trabalhos seu Zé, salve antes de tudo Nosso Mestre, Jesus Cristo.

Eu a conhecia, e como a conhecia, era Zelda, dois milênios antes havíamos cumprido missão juntos na terra, e mais duas vezes, muitas vezes na espiritualidade nos encontramos, ela me ajudará a ver a Verdade e desde então em certos socorros eu a chamava ou ela precisando da energia da Umbanda me chamava. Evoluíamos cada um na sua seara, mas sempre unidos estávamos e estaríamos pelos laços do amor fraterno.

Desde que eu decidira seguir as Leis do Pai, nunca mais falamos sobre a minha dor mais profunda, calejada dentro do peito, perdoara porque o amor de um pai sempre fala mais alto, mas diziam que eu ainda não estava preparado para saber onde ele estava, tinham receio que por muito amá-lo eu para defendê-lo transgredisse as Leis, ou então, ao vê-lo revivesse o passado e o ódio voltasse. Aceitei as designações do Pai, e esperava já há centenas de anos.

Ela ali naquela hora não emanava amor fraterno, mas sim amor maternal, os espíritos da linha branca me cercavam, e os guardiões estavam emocionados, e eu ali incorporado comandando os trabalhos, não podia me expandir, porque não me falavam a razão daquilo tudo, era certo que tanto os guardiões como os espíritos brancos e a minha grande amiga, trouxeram o rapaz até ali, entendi porque estava sóbrio, eles não deixaram os espíritos que o vampirizavam se aproximar.

De repente olho para a médium que Zelda estava incorporada e seu olhar me diz tanto, escorrem lágrimas no rosto da médium, eu olho para o rapaz e vejo através não dos olhos do meu médium, mas através dos olhos do tempo, minha casa incendiada, minha filha querida usada e morta por asfixia, Zelda caída ao chão morrendo aos poucos devido a punhalada em seu ventre de onde o sangue escorria em abundância eu amarrado a uma árvore assistindo a tudo, já bastante ferido. 

Eles queriam alguma coisa que eu não tinha como entregar, eram pedras preciosas, ouro, que haviam ficado comigo, eu achara quando o dono das terras que eu vivia morrera, ninguém sabia da existência só minha família. No entanto naquela época eu começava a me converter ao cristianismo, não acreditava muito no Deus único, mas me era simpática a forma com que os discípulos daquele Cristo agiam.

Era servo, era grego em terras Palestinas, pelos judeus era maldito porque me consideravam pagão, mas os cristãos me recebiam, não conheci o Cristo, acontecera há 150 anos antes de meu nascimento, muito sofri até ganhar a confiança do senhor daquelas terras que também estava se convertendo, tinha simpatia pela causa dos cristãos e eu sabia que antes de ser morto pelos romanos ele iria entregar aquele tesouro para os cristãos beneficiarem os doentes e famintos, então ao encontrá-lo ao invés de logo dar o destino que meu senhor queria a ele, eu fiquei entre a cruz e a caldeirinha, precisava de um tempo para me decidir.

Exatamente na noite anterior, meu coração se apertou, e eu decidi que a causa deles era justa e que não importando se o tal Deus existia ou não, eu faria a vontade do meu antigo senhor, e assim fiz.

Não podia entregar aos bárbaros o que eu não tinha, mas o pior de tudo foi ver um cavalo vindo, comendo poeira, chegando e o seu cavaleiro apeando e gritando:
-Não vocês me enganaram, eu entregaria o tesouro em troca da terra ser nossa, vocês não viriam buscá-lo.

Era meu filho, era ele, Artrius, meu Deus o que ele fizera, iria roubar o tesouro para entregar aos bárbaros, para mim os romanos eram bárbaros, preferia os judeus.  Então antes de acabarem de me matar, eu o vi ser decapitado, e em seguida foi a minha vez.

Deu tempo dele clamar pelo meu perdão, mas naquela hora diante dos corpos de minha esposa e filha, eu o amaldiçoei.

Agora ali naquele terreiro, eu o tinha na minha frente, andarilho errante, um trapo humano, há tanto tempo o perdoara, ninguém no terreiro entendeu nada, eu não podia falar quem era ele, nem a história ocorrida, mas eu podia abraçá-lo, eu podia retirar a minha maldição, que há muito já havia retirado perante Deus em minhas preces. O abraço perdurou muito tempo, com a ajuda os espíritos da linha branca segurei minha emoção, e apenas disse:

-Nunca mais você sentirá fome, não será rico, mas o pão em tua mesa não irá faltar- e como ninguém no centro tinha me visto emocionado daquela forma, um homem da assistência levantou-se e disse:

-Se ele quiser, amanhã mesmo começa a trabalhar, o ganho é pouco, por enquanto a vaga vai ser de faz tudo, mas quem sabe com o tempo isto muda. Se aceitar quando sairmos daqui iremos para o depósito da empresa, lá tem um quartinho e ele pode se ajeitar ali por enquanto.

O rapaz, dizia:- Eu quero, eu quero, cansei de dormir na rua, eu quero.

Bem eu não precisava ouvir mais nada, Zelda deixava o rosto da médium lavada de lágrimas, ela podia dizer quem era realmente, e virou-se para o rapaz e disse:

-Meu filho, dois mil anos se passou antes de você conseguir o merecimento de nossa intervenção, hoje esta mãe que muito o ama, ganhou a maior bênção que poderia ter ganho, hoje inicia-se a sua escalada para a evolução e esteja certo, pela primeira vez depois de tantas idas e vindas, quando atravessares a ponte a tua família espiritual de dois mil anos atrás te receberá de volta em seu seio.

Agradeceu a Deus e foi-se, a emoção no ambiente era tal que todos choravam, eu não podia, eu era o seu Zé, comandante dos trabalhos,  meus filhos ainda não estavam preparados para certas verdades.

Encerrei os trabalhos, os meus irmãos da Umbanda, os da linha branca, Zelda, todos estavam me aguardando, os guardiões que acompanharam meu filho foram os primeiros a me abraçar, eu passara pela prova. Incorporado em meu médium, revivenciara todos os momentos do sofrimento que haviam ocasionado certa queda e estacionamento meu, na minha frente o causador, e mesmo assim o meu amor falara mais alto,  posto a prova provei para mim mesmo que no meu coração não mais havia lugar para mágoas, muito menos ódios.

Todos juntos fomos para um lindo vale, e oramos, agradecemos muito, e então pétalas de rosas forraram o chão daquele vale, estava consolidado o bem realizado.

Meu filho ainda vive na terra, de forma humilde, formou família,ainda é empregado naquela loja de materiais de construção, luta com seus instintos inferiores, tem vencido com alguma dificuldade, segue a sua missão espiritual na Umbanda.

Eu e Zelda  acompanhamos nosso filho de longe na maioria das vezes, sempre que podemos o visitamos durante o seu sono, quando o seu espírito fica livre da matéria. Tem três filhos, a mais velha é a irmã querida daquela época distante, que vai ampará-lo na velhice, os outros dois meninos, são os amigos romanos que ele havia confiado na época, hoje estão em plena evolução e serão médiuns primeiro só umbandistas depois também de linha branca. A esposa é um espírito que tinha vínculos fortes de outras vidas com ele, e era filha de um dos romanos que hoje é seu filho.

Bem meus filhos, como veem nada nesta vida é o acaso, e tudo tem que ser colocado em seus devidos lugares, ódios e mágoas tem que ser extintos, o coração precisa se tornar puro, puro como o das crianças, e então estaremos prontos, e poderemos seguir o chamado do Mestre, que diz “Vinde a mim os puros e mansos”, ou então aquele outro chamado que diz, “Vinde a mim as criancinhas, pois delas serão os reinos dos céus”. 

Quando esta humanidade tiver a pureza das crianças em seu coração, não mais viverão num planeta de expiação e aprendizado através do sofrimento.

Ditado por Zé Pilintra do Catimbó
Psicografado por Luconi
07-08-2011 

IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO ESPIRITUAL



Tão difícil torna-se falarmos da vida espiritual, porque no momento na Terra os problemas se acumulam, problemas que não são de apenas um, mas sim de toda a humanidade.

Difícil se torna fazê-los entender que a vida terrena está interligada à vida espiritual que é a verdadeira vida, que é a que tem a resposta a tantas e tantas questões que vocês colocam para si mesmo, milhares de vezes no seu dia a dia.

Parece que a maioria dos espíritos encarnados sempre acham que a vida material é a emergente e que dela se origina seus problemas, suas dores, suas frustrações.  Também parece que sempre estão muito ocupados, sempre deixando para depois qualquer coisa que os desvie dos seus tão necessários compromissos.

Ora encontram tempo para tantas coisas, encontram tempo para lazer, para uma conversinha jogada fora, para reparar na vida alheia, mas não encontram tempo para tirar cinco minutos de seu dia e agradecer ao Pai as bênçãos que recebem constantemente em suas vidas, aliás, nem conseguem enxergar estas bênçãos, elas estão aí, mas estão tão ocupados que não enxergam, que não sentem, que não veem.

Tão ocupados estão, que nos centros que incentivam a leitura do evangelho no lar, eles costumam dizer “apenas dez minutos um dia na semana, é o suficiente”, sim até concordo que pelo menos uma vez na semana por dez minutos, será criado no lar o ambiente necessário para que os bons amigos espirituais possam atuar, energizando, doutrinando alguns obsessores que por acaso possam ali estar ou mesmo dando assistência a alguma alma perdida que para ali foi atraída. É nestes poucos momentos que tentamos influenciar os encarnados presentes de forma positiva, retirando a sua negatividade, intuindo bons pensamentos, aconselhando e orientando.

Tudo isto feito, normalmente, naqueles dez minutos que o dirigente diz ser o suficiente, bem ele o sabe que nem sempre é o suficiente, conforme a doença o tratamento, mas se até os curtos dez minutos para os encarnados já é difícil, imagina se pedissem para eles todos os dias dez minutos? Nossa retirar dez minutos de seu precioso dia, de sua preciosa vida, de seus preciosos afazeres? Ah não, em sua maioria eles dirão, “mas daqui a pouco vamos virar fanáticos”.  Então, pacientemente, por orientação da espiritualidade, eles recomendam os pequenos dez minutos, mesmo assim,  muitos sem ter noção da importância desta pratica, concordam na hora, até se pré dispõe a fazê-lo, mas no dia estipulado eles distraídos esquecem. E o pior é que realmente não fazem por mal, simplesmente dão tão pouca importância que suas mentes apagam o compromisso assumido com a espiritualidade.

Ah! Meus amigos, se vocês soubessem a importância que tem um ambiente equilibrado, a importância de um lar em harmonia espiritual, quantas e quantas contendas seriam evitadas, quanta força vocês encontrariam dentro de vocês mesmos para resolverem os problemas materiais, os problemas terrenos, sem contar a importância que tem quando dentro de um lar encontra-se pessoas acamadas, doentes, com o equilíbrio espiritual os irmãos que trabalham na cura têm muito mais facilidade para agirem.

É meus amigos, tudo se tornaria mais fácil para todos se os encarnados dessem a devida importância a vida espiritual, se realmente levassem a sério o que já é tão antigo : cada um colhe conforme o que planta. Não estou falando nenhuma novidade, todos sabem disso, mas a grande maioria se esquece disso quando no seu dia a dia, tem pensamentos de egoísmo, de inveja, quando julgam, quando são gananciosos, quando passam por cima de um irmão, quando se recusam a estender a mão aos desfavorecidos da sorte, quando dentro de seus próprios lares agem com orgulho e radicalidade.

Como é fácil se dizer injustiçado, quando se olha os fatos só pelo prisma da vida presente ou então sob o prisma de sua própria visão esquecendo-se de olhar os fatos sempre por todos os ângulos, esquecendo-se de se colocar no lugar dos outros envolvidos. Como é fácil achar que os outros são errados, quando para os nossos erros arranjamos justificativas e para os erros dos outros as mesmas justificativas nada valem.

Ah meus amigos, ficaria aqui a falar sobre o assunto horas a fio e com certeza mesmo assim muitos de forma nenhuma meditariam ou refletiriam sobre o assunto, outros cegos pelo próprio ego iriam apontar pessoas julgando que estas palavras são para este ou aquele conhecido.

 Mas mesmo assim, eu quis deixar esta reflexão, eu quis dizer a vocês da importância da estabilidade espiritual, não importa a sua religião, não importa mesmo no que você acredita, importa sim que você se lembre das Leis de Amor que o Cristo tanto exemplificou e se você tem agido conforme estas leis.

Bem meus amigos, eu logicamente encarnei muitas vezes e, com certeza, agi exatamente assim, desta forma errônea, quando nas últimas encarnações comecei a ter noção da importância da espiritualidade, da importância da pratica dos ensinamentos de Jesus, é que finalmente pude dizer, em vida, que apesar de tanto sofrimento que eu assistia nesta terra, eu vivia em paz e para mim este era o máximo que nesta terra eu conseguiria chegar próximo da felicidade, uma vez que realmente ninguém é feliz assistindo o sofrimento de tantos irmãos. No entanto, vivia sempre em alerta para não permitir que o orgulho e o ego tomasse conta de mim, sendo que algumas vezes quase me levei por tais sentimentos, e uma vez verdadeiramente aconteceu e logo eu recebi a lição que merecia.

Hoje aqui em meu cantinho, eu tento continuar o trabalho há muito começado, ainda luto com o meu ego e orgulho, quando penso que estão extintos, de vez enquanto sinto que eles querem aparecer, mas a Graça de Jesus tem me abençoado e eu tenho conseguido contê-lo e abafá-lo através de atitudes de amor que me levam à humildade.
Pensem, reflitam e tentem no seu dia a dia reequilibrar suas energias agindo de forma que a sua consciência esteja sempre em paz, coloquem-se no lugar do teu próximo, olhem ao seu redor e percebam as bênçãos Divinas.

Fiquem em paz,
ditado pelo irmão da Paz,
psicografado por Luconi
em 29-03-2012

LAR TESOURO INCALCULÁVEL



Nesta terra existem muitos lares, cada qual constituído conforme aqueles que deles fazem parte.
Não é fácil constituir um lar e fazer que ele seja realmente um lar.

Para isso não importa se é próprio, alugado ou cedido, muito menos se é rico ou pobre, se foi construído com paredes de ouro ou se simplesmente de simples tábuas velhas coletadas pelas ruas ou em algum ferro velho, realmente não importa.
Para ser um lar realmente, não basta ter pessoas consanguíneas morando, aliás, se as pessoas que ali moram têm ou não laços de sangue também não importa.

Então o que importa?

Importa que exista o laço de união da mais pura fraternidade, importa que exista realmente o sentimento mais precioso da terra, O AMOR, um amor puro e desinteressado, um amor que crie união, cumplicidade, onde um se importa com o outro, um abre mão de seus pequenos prazeres pelo outro, onde um se alegra todos se alegram espontaneamente sem ciúmes, sem inveja, mas, se um se entristece todos sentem como se fossem consigo mesmo e se entristecem também, procurando ouvir sem julgar, colocando-se no lugar daquele que precisa de ajuda.

Também não passam a mão na cabeça, nas atitudes erradas de um, não, pelo contrário, tentam visualizar a razão do erro e dialogando com carinho e paciência, expõe sinceramente o seu ponto de vista, mas não impõe este ponto de vista. Permite que o outro tire suas próprias conclusões e trace suas metas para não mais acontecer de agir errado.

Em um lar todos os seus componentes têm o livre arbítrio de escolha, desejam a realização e a felicidade um do outro, respeitam um ao outro e por fim não são egoístas, abrem a porta deste lar para o mundo, para o irmão que não tem esta preciosidade.

Este abrir de portas é muito importante, pois é a prova que o amor que transformou a casa em lar, realmente é puro e não é de forma alguma egoísta, o egoísmo, o pensar só em si mesmo, o amar só aqueles que fazem parte do seu lar, são atitudes que demonstram claramente o baixo grau de espiritualidade daqueles que ali vivem, e portanto, este lar, esta união, é frágil e desabará na primeira ventania mais forte

O lar é o local onde cada um retorna após a luta de seu dia a dia, é no aconchego do lar que as energias são refeitas, é ali que os alicerces de cada um são fortificados e é exatamente no lar que estão as nossas provas mais difíceis. 

É ali que aquele que traz dentro de si a personalidade de déspota deve aprender a dominá-la, é no lar que o orgulhoso aprende a pedir desculpas e reconhecer seus erros, que o preguiçoso aprende o salutar exercício de compartilhar as obrigações do dia a dia não sobrecarregando a ninguém, aprende a estender a mão sem querer nada em troca, como também, aprende a esquecer as mágoas e a perdoar as afrontas, como também, é no lar que são reunidos desafetos para que os laços de amor sejam refeitos ou nasçam, por fim é no lar que aprendemos a AMAR da forma que Jesus nos ama.

Não meus amigos, não se entristeçam se não tiveres riqueza material, pois bem triste é aquele que coberto de ouro não encontra uma palavra de apoio e carinho, não conhece a cumplicidade que só os laços de amor trazem, para eles o lar não existe no verdadeiro sentido, mas sim no local que deveriam se refazer das lutas diárias, encontram um ambiente de batalha moral, de disputas materiais, como é miseramente pobre quem só tem uma casa e não um lar.

Quem possui um lar verdadeiro, possui o maior tesouro que pode existir na terra, 
deem valor a ele, olhem para aqueles que convivem com você debaixo do mesmo teto, olhem para dentro de si mesmo e percebam quantas vezes bateste o pé por bobagem e perdeste os melhores momentos de tua vida por puro orgulho, e o pior, com isto causaste a derrapada  daqueles que confiaram em ti e você neles para iniciarem a nova jornada na Terra.


ditado pelo Irmão da Paz
psicografado por Luconi

em 20-08-2014

PESQUISA: A CULTURA CIGANA

Imagine um mundo em que as pessoas não tenham endereço fixo, documentos, conta em banco, carteira assinada nem história. E que a vida deles passe despercebida, como se não existisse. Que a única certeza é que nunca faltará preconceito e ignorância, medo e fascínio, injustiças e alegrias ao longo de sua interminável jornada. Bem-vindo ao mundo cigano.
Ou melhor: à imagem que temos dele. O universo cigano é tão antigo e extenso, tão cheio de crenças e histórias que nem mesmo seu próprio povo conhece bem o limite entre verdade e lenda. É que o nome “cigano” designa muitos povos espalhados por quase todas as regiões do mundo. Povos com diferentes cores, crenças, religiões, costumes, rituais, que, por razões às vezes difíceis de compreender, foram abrigados sob esse o imenso guarda-chuva (assim como populações muito diferentes são chamadas de índios).
A história dos ciganos é toda baseada em suposições. E a razão é simples: faltam documentos. Os ciganos são um povo sem escrita. Eles nunca deixaram nenhum registro que pudesse explicar suas origens e seus costumes. Suas tradições são transmitidas oralmente, mas nem disso eles fazem muita questão – os ciganos vivem o hoje, não se interessam por nenhum resquício do passado e não se esforçam por se manterem unidos. A dificuldade em se fixar, o conceito quase inexistente de propriedade e a forma com que lidam com a morte – eliminando todos os pertences do falecido – dificultam ainda mais o trabalho aprofundado de pesquisa.
Uma teoria, contudo, é aceita pela maioria dos especialistas. A partir da constatação da semelhança entre as línguas romani (praticada pelos rom, o maior dos grupos ciganos) e hindi (variação do sânscrito, praticada no noroeste da Índia, onde hoje fica o Paquistão), foi possível elucidar a primeira e grande diáspora cigana. Um grande contingente, formado, possivelmente, por uma casta de guerreiros, teria abandonado a Índia no século 11, quando o sultão persa Mahmoud Ghazni invadiu e dominou o norte do país. De lá, emigraram para a Pérsia, onde hoje fica o Irã. A natureza nômade de muitos grupos ciganos, entretanto, também permite supor um movimento natural de imigração que tenha chegado à Europa conforme suas cidades se desenvolviam, oferecendo oportunidades de negócios para toda sorte de viajantes e peregrinos.
É provável que, pelo caminho, por volta do século 15, tenham passado pelo Pequeno Egito, uma região do Peloponeso, no interior da Grécia. Pelo menos era de lá que eles diziam vir a quem perguntava a sua origem. Daí o nome gypsy (em inglês), ou gitanos (em espanhol). Mas, antes disso, ainda no século 13, um documento escrito por um patriarca de Constantinopla já advertia sobre a presença dos adingánous, um povo errante que, dizia, ensinava coisas diabólicas. O registro é o primeiro a tratar os ciganos de forma pejorativa e a registrar o medo que as cidades européias sentiam de suas caravanas. Era o começo da sina cigana.
“Desde o início do contato com o Ocidente, eles foram causa de conflitos, provocadores de desordem e subversivos ao sistema. E sofreram todo tipo de perseguições religiosa, cultural, política e racial”, diz Aluízio Azevedo, mestre em história cigana pela Universidade Federal de Mato Grosso e ele mesmo um cigano calon (veja no quadro ao lado os principais grupos ciganos). É difícil saber o que veio primeiro: hábitos pouco ortodoxos ou o preconceito em relação a uma cultura tão diferente. Os ciganos tinham a pele escura, muitos filhos, uma língua indecifrável e origem desconhecida. Talvez a falta de oportunidades de emprego tenha sido a causa do seu destino artístico. Eram enxotados e então se mudavam, levando novidades dos lugares de onde vinham. Assim, surgiu a fama de mágicos, feiticeiros. Se todos acreditavam nisso, por que não aproveitar para fazer dinheiro? E, então, as mulheres passaram a ler as mãos, a prever o futuro. Negociar objetos era outra forma de sobrevivência: os ciganos tinham acesso a mercadorias “exóticas” e podiam levar sua tralha para onde quer que fossem.
Os bandos que chegavam ao continente europeu eram liderados por falsos condes, duques ou outros títulos de nobreza. Observando os peregrinos europeus, que entravam e saíam facilmente das cidades, copiaram a idéia de salvo-conduto – uma espécie de pai do passaporte. Os ciganos inventavam que seus documentos haviam sido expedidos por Sigismundo, rei da Hungria. Justificavam a vida nômade dizendo que bispos os haviam condenado a peregrinar durante 7 anos como penitência pelo abandono da fé cristã. Alguns dos salvos-condutos permitiam até que furtassem quem não lhes desse esmolas. Uma tática para aumentar a chance de ser aceitos nas comunidades, fazer negócios e exibir seus dons artísticos. Até que a farsa acabava e eles pulavam novamente para outra cidade.
Durante a Reconquista Cristã de 1492, na península Ibérica, árabes, judeus e ciganos foram expulsos – muitos deles vieram para as Américas. Um século mais tarde, eram varridos da França, por Luís 12, e da Inglaterra, por Henrique 8o. Logo depois, a rainha Elisabeth 1a decretou que ser cigano era crime punido com morte. Uma das lendas que surgiram nessa época, e que até hoje perdura, é a de que um dos ferreiros que fizeram os pregos que prenderam Jesus na cruz era cigano. Por isso, sua gente teria sido amaldiçoada com uma vida nômade. E dessa forma construiu-se a imagem de povo errante, místico, perigoso e contraventor. Assim, no contato com as imagens construídas e alimentadas no Ocidente, foi criado o conceito de um povo cigano.
E o que é ser cigano?
Definir a identidade cigana é bem mais difícil do que parece. Subdivididos em 3 principais etnias (rom, calon e sinti), eles não constituem um povo homogêneo. Nem todos são nômades. Nem todos falam romani. Nem todos dançam ao redor de fogueiras ou usam roupas coloridas. Podem ser pobres ou ricos. Podem ser cristãos, muçulmanos, judeus. O que faz deles um povo é uma sensação comum de não serem gadgés – como eles chamam os não-ciganos – e de se identificarem como rom, calon ou sinti. “O termo ‘cigano’ só funciona nessa oposição”, diz o pesquisador Frans Moonen, autor do livro Anticiganismo – Os Ciganos na Europa e no Brasil.
Mas, apesar de todas as divergências, algumas características permitem traçar um perfil comum a esses grupos. A primeira delas é o espírito viajante. Ainda que nem todos sejam nômades, os ciganos não se sentem pertencentes a um único lugar. Não criam raízes, não têm uma noção concreta de propriedade – estão sempre fazendo negócios com seus pertences, preferencialmente em ouro, que não perde valor e é aceito em qualquer nação (por isso a imagem cigana é vinculada ao uso do ouro como adereço, especialmente nos dentes das mulheres). Eles não gostam de se submeter a leis e a regras que não sejam as deles. Prezam, acima de tudo, a liberdade. Assim, podem até se estabelecer por muito tempo em um mesmo lugar (como é comum entre os sinti). Mas, nesse caso, procuram morar em uma mesma rua ou, de preferência, em acampamentos onde possam preservar sua autonomia e manter a unidade familiar – outro aspecto primordial na vida cigana.
É em torno da família que uma comunidade cigana se organiza. Há um líder, sempre um homem, nomeado por mérito e não por herança. Ele é escolhido levando em conta vários aspectos. Um deles, importantíssimo para conseguir alugar um terreno, montar um circo ou participar de feiras, é ter um documento de identidade, o que se tornou um verdadeiro desafio – o cigano não consegue registrar o nascimento dos filhos porque não possui documentos próprios, em um processo sem fim. Também deve ser um bom interlocutor entre o poder público e seu grupo, além de ter habilidade para resolver os problemas internos do acampamento. É ele quem dita as regras, divide as tarefas, cria as leis do grupo.
A sociedade cigana é patriarcal, quase machista. Ao se casar, o homem vira o responsável pelo sustento do lar. A mulher passa a morar com a família do marido e deve cuidar dele, dos sogros, da casa e dos filhos. Isso costuma acontecer cedo, ainda na adolescência: logo após a primeira menstruação, a menina já é considerada apta para casar e ter filhos. A noiva deve ser virgem. Tradicionalmente, sua pureza é comprovada em um dos rituais da longa festa de casamento, em que o lençol da noite de núpcias é exibido para toda a comunidade. Antigamente, os pais do noivo deviam pagar um dote à família da moça, mas esse hábito já não existe mais na maior parte dos acampamentos.
O casamento entre primos, no entanto, continua sendo estimulado, também na tentativa de preservar o núcleo familiar. É natural que em comunidades nômades seja mais difícil acontecer um casamento entre ciganos e gadgés. Mas é possível e permitido. Nesse caso, o homem ou a mulher deve mudar de vida. Ser cigano não depende do sangue – se o gadgé optar por se integrar ao grupo, automaticamente vira um deles.
À medida que se estabeleceram na Europa e nas Américas, os ciganos assimilaram cerimônias e ritos ocidentais. No Brasil, por exemplo, o catolicismo foi adotado pela maioria (é comum encontrar imagens da Nossa Senhora Aparecida nas barracas). Mas algumas tradições permanecem fortes. A simbologia da morte é a principal delas. “Quando um cigano morre, há um processo de morte que se instala em todos os indivíduos do grupo”, afirma Aluízio. Os calon realizam rituais de cura assim que é diagnosticada a doença. Além de aceitar a medicina tradicional, eles recorrem a rezas, correntes de orações, garrafadas de ervas, chás e simpatias, geralmente ministradas por uma curandeira do grupo.
Durante o velório, o morto é o centro do ritual e, dependendo da posição que ele ocupava, a família se reestrutura: uma nova liderança terá que ser eleita. O corpo do falecido é lavado, untado com ervas aromáticas e vestido adequadamente. Esse momento de sofrimento e cumplicidade é importante para a identidade do grupo. Como em outras culturas, percebe-se a possibilidade de transcendência. No caso dos ciganos, esse é o momento de encontrar a sua alma naturalmente viajante.
Em alguns acampamentos, eliminam-se todos os pertences do morto. Até o seu trailer chega a ser queimado. “É como um corte na história. Nada é guardado, não se resgata o passado”, diz Florencia Ferrari, estudiosa do assunto e autora do livro Palavra Cigana. Depois da morte de um membro, muitos grupos ciganos se mudam para outro acampamento.
Os ciganos hoje
Imagina-se que existam 15 milhões de ciganos espalhados pelo mundo. Como tudo relacionado a esse universo, essa é só uma estimativa – eles vivem à margem da sociedade e não costumam participar de pesquisas de censo demográfico.
E isso, por si só, já é uma polêmica. Em maio deste ano, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, autorizou que fosse feito um censo especial para mapear a presença de ciganos sem moradia fixa na periferia das grandes cidades italianas. O censo incluiria dados como etnia, religião e impressão digital – que não são exigidos na identidade dos italianos. Os ciganos saíram às ruas em protesto, argumentando que essa seria uma ferramenta racista e discriminatória.
A medida foi considerada ilegal pelo Parlamento Europeu, já que impõe exigências desiguais a cidadãos do bloco. Mas os ciganos continuam com medo de ser expulsos do país, ainda que um terço dessa população não seja nem mesmo imigrante.
O receio é justificável: desde o século 15 os ciganos não têm um momento de folga. Até o século 19, eles foram escravizados na região onde hoje é a Romênia. Durante a 2a Guerra Mundial, foram perseguidos pelos nazistas, sendo, de acordo com alguns historiadores, o povo mais dizimado pelo Holocausto: do 1 milhão de ciganos que vivia na Europa, 500 mil foram assassinados. Muitos dos sobreviventes emigraram para os EUA, daí a lei que impedia sua entrada no estado de Nova Jersey, que só foi abolida nos anos 90.
“Na Europa, em praticamente todos os países, os ciganos são a minoria mais discriminada, muito mais do que os judeus ou os negros”, diz Moonen. E no Brasil não é muito diferente. O primeiro grupo de ciganos, de maioria calon, chegou por aqui no século 16, deportados de Portugal. Os rom vieram de forma voluntária a partir da 2a metade do século 19. Naquela época, eram comerciantes ambulantes de escravos, cavalos e artesanatos. Hoje compram e vendem carros, televisores e toalhas. Os mais recentes, às vezes bem pobres, vieram do Leste Europeu após a derrocada da União Soviética. Alguns são sedentários, mas a maioria se mantém na vida itinerante. Todos sofrem com desconfianças e preconceitos.
A cidade de Sousa, no interior da Paraíba, é um caso clássico. Os cerca de 450 ciganos fixados há anos por lá não recebiam entregas de correio nem tinham o lixo coletado em seu acampamento. Curiosamente, muitas escolas recusavam a matrícula de crianças ciganas. O caso ficou bem conhecido na região: foi necessária a intervenção da Procuradoria da República da Paraíba para resolver a questão.
Tanto no Brasil quanto na Europa, o analfabetismo entre os ciganos é alto. Por aqui, segundo a historiadora Isabel Fonseca, 3 em cada 4 mulheres ciganas são analfabetas. Por lá, escolas que só aceitam ciganos têm os piores níveis de qualidade. A falta de estudo e a vida à margem os empurram cada vez mais para a criminalidade, o que alimenta as visões deturpadas e generalizadas que sobrevivem desde os primeiros contatos entre ciganos e europeus. Enquanto não forem compreendidos, eles se mudarão e começarão tudo de novo. Seguirão vivendo sua saga cigana.
“Parece que os ciganos vieram ao mundo somente para ser ladrões: nascem de pais ladrões, criam-se com ladrões, estudam para ser ladrões (…).”
– La Gitanilla, Miguel de Cervantes, 1613.

IGUAIS, MAS DIFERENTES

QUEM SÃO OS 3 PRINCIPAIS GRUPOS CIGANOS
Rom ou Roma
Predominantes nos países balcânicos, principalmente na Romênia, falam romani, a mais conhecida das línguas ciganas, e são o grupo mais estudado pelos pesquisadores. São divididos em subgrupos: kalderash, matchuaia, curcira, entre outros. Consideram-se os “ciganos autênticos”.
Sinti
Também chamados de manouch, são mais numerosos na Itália, no sul da França e na Alemanha. Falam a lingua sintó, para alguns pesquisadores, uma variação do romani. Não há estudos que apontem a presença significativa desse grupo no Brasil.
Calon ou Kalé
Conhecidos por “ciganos ibéricos”, já que viviam na Espanha e em Portugal antes de se espalhar pelo resto da Europa e da América do Sul. São os criadores doflamenco e responsáveis pela popularização da figura da dançarina cigana. Falam a línguacaló e são o grupo mais numeroso do Brasil.

VERDADE OU MENTIRA?

A ORIGEM DAS HISTÓRIAS DO IMAGINÁRIO CIGANO
Ciganas lêem a sorte
Amparados pelo mistério que os rodeava, os ciganos perceberam que poderiam utilizar a curiosidade dos povoados sobre o futuro como um modo de fazer negócio e ganhar dinheiro. A crença virou parte da cultura cigana. Hoje, as ciganas lêem até mesmo a sorte de outras mulheres do grupo, mas, nesse caso, sem dinheiro envolvido.
Ciganos roubam crianças
Essa crença pode ter vindo do hábito dos ciganos de circo de incorporar à trupe crianças órfãs ou abandonadas que se encantavam pelo seu estilo de vida. Mas o mais provável é que o medo daquele povo desconhecido o tenha transformado em uma espécie de bicho-papão para os europeus.
Ciganos são negociantes
É possível que sua vida errante tenha favorecido atividades relacionadas ao comércio. Além de terem acesso a objetos “maravilhosos” dos lugares por que passavam, conseguiam carregar a sua forma de sustento numa mala sempre que precisavam levantar acampamento.
Ciganos são trapaceiros
Na Idade Média, aquelas pessoas exóticas e desconhecidos eram vistas como bruxas (muitas foram queimadas durante a Inquisição). A vida à margem da sociedade muitas vezes os empurrava à criminalidade. As outras formas que encontravam para ganhar dinheiro – comércio e leitura de mãos – colocavam à prova sua honestidade. Essa confluência de fatores pode ter criado a imagem do cigano trapaceiro.
Ciganos falsificam ouro
Tradicionalmente, muitos grupos ciganos dominam o trabalho com metais. Algumas etnias carregam isso até no nome, como os kalderash (“caldeireiros”, em romani). No Brasil, os ciganos participaram da exploração de minas de ouro no século 18. Junte-se tudo isso à fama de trapaceiros e fica fácil entender a crença de que eles falsificam metais.
Ciganos honram a palavra
Como são um povo sem escrita, as leis ciganas são regidas com base na palavra dada. O não-cumprimento de uma regra ou de um acordo representa uma grande ofensa à sociedade cigana, e quem o faz é desmoralizado perante o grupo.

PARA SABER MAIS

Anticiganismo – Os Ciganos na Europa e no Brasil
Frans Moonen, Centro de Cultura Cigana, 2008.dhnet.org.br/direitos/sos/ciganos/index.html
História do Povo Cigano
Angus Fraser, Teorema (Portugal), 1997.
Fonte: Revista Super Interessante.