domingo, 11 de fevereiro de 2018

RECADO AOS QUE PROCURAM PELOS GUIAS DE UMBANDA II



O QUE É PRCISO PARA SER MÉDIUM UMBANDISTA ?



A umbanda é uma religião constituida sobre a mediunidade de incorporação, por isso ser umbandista é quase que sinônimo de médium que incorpora. Na prática isso quer dizer que o médium tem o compromisso de servir como um instrumento aos Orixás e Guias espirituais.

Para tanto, deve preparar-se através do estudo teórico e conceitual, assim como práticas incorporativas da umbanda, desenvolvendo ao máximo a sua mediunidade, sempre buscando a elevação moral e espiritual, uma aprendizagem que lhe será constante.

Saiba que para ser um médium de Umbanda a pessoa:

- Precisa crer em um único ( D' EUS, Pai/ Mãe ) Criador de todas as coisas e seres;
- Precisa amar e respeitar os Orixás como Divindades Tronais* e aos Guias Seus representantes em trabalhos;
- Precisa ter assiduidade e compromisso com sua Casa, ter fé, amor e caridade em sua alma e espírito, para com todas as criaturas;
- Precisa saber respeitar as hierarquias, seja física ou extra-fícicas;
- Precisa acreditar em re- encarnação como veículo de aperfeiçoamento e evolução do ser;
- Precisa estar ciente que a Umbanda é uma religião prática e deve ser vivenciada no dia-a-dia, e não apenas no Terreiro;
- Precisa saber separar seus problemas pessoais dos problemas dos consulentes;
- Precisa ser discreto e guardar sigilo sobre as confidências que ouve em consultas;
- Precisa saber respeitar todas as pessoas independente de raça, nacionalidade, credo, sexo, posição social e cultural;
- Precisa ter um comportamento moral familiar, social e profissional digno;
- Precisa ser honesto e íntegro em suas atitudes, pois do contrário acaba atraindo forças negativas, obsessores ou espíritos revoltados que vagam pelo mundo espiritual atrás de encarnados desequilibrados que estejam na mesma faixa vibratórias que eles;

Eu poderia continuar com esta lista, mas só acrescentarei mais um aspecto que muitos que estão de fora ( e mesmo alguns adeptos desatentos ) não imaginam que, pode ser que para uma boa parte de bons médiuns, essa seja uma barreira difícil de se romper para que ele exerça a sua mediunidade.
- É preciso saber que ser médium de Umbanda exige-se bem mais que somente boa vontade e disposição por parte de uma pessoa, pois cada um deve arcar com os custos financeiros de todo o material usado pele seus Guias,  ( cigarros, charutos, cigarrilhas, bebidas, ervas, pembas, guias de contas, velas, sal, flôres, eventual comida como os doces das crianças,  brinquedos; chupeta, mamadeiras  além do (s) transportes ( a maioria mora longe do Terreiro), das oferendas e Obrigações de Iniciação e festas comemorativas.

Desenvolver a mediunidade é um processo que deve ser encarado de forma séria e paciente, regado por um profundo amor e graça pela doação.

Por isso, quando você que não é umbandista for procurar um Centro de Umbanda e pela caridade dos médiuns e Guias que ali trabalham, lembre-se disto tudo que é exigido desta pessoa na sua frente, incorporada por um Guia, mas que é de carne e osso e tem todas as dificuldades da vida, igualzinho a você.

Aquele material que o Guia benze e lhe entrega para levar para a casa foi pago pelo médium, e, a única coisa que o Guia lhe pede é seu despertar, sua evolução. E o médium, deseja que você tenha o mínimo, respeito pelo Guia que o incorpora.

Estou falando sobre isso por estar muito triste com o comportamento da maioria das pessoas que procuram pela Umbanda.

Chegam ao Centro todas carregadas, recebem todas uma limpeza que começa quando elas cruzam a porta de entrada, são reequilibradas pelo Guia em terra, são aconselhadas sobre como devem agir para não sofrerem tanto,etc.. 

Bem, quando se postam diante dos Guias agem como se eles fossem seus empregados, quando não seus escravos, numa postura inquiridora e desafiadora. A maioria sequer se dão ao trabalho de responder aos cumprimentos dos Guias. 

Saiba que tudo, tudo mesmo o que há num Centro ( o aluguel, os impostos, a luz, a água, o papel , o sabonete, as velas, as flôres no Altar e o ambiente limpo e agradável que lhe acolhe) é pago por todos os médiuns da Casa, desde o/a dirigente até o mais novo. 

Centro de Umbanda não recebe doações, ( pelo contrário, muitas vezes são multados indevidamente por fazer 
caridade ), e não cobra por nenhum trabalho com os Guias. 

E você acha muito dispensar respeito aos Guias ? ( Veja que não estou falando das pessoas encarnadas, o que já deveria ser básico ). Respeito é a base das relações. Onde não há respeito, não há confiança, e como você busca por algo que não respeita, portanto não confia?!

A maioria dos médiuns são conscientes e embora não estejam no comando das ações, podem registrar mentalmente tudo o que está ocorrendo. Quando o Guia se vai é normal que fique bem poucas cenas na cabeça dos médiuns, mas as que ficam normalmente são essas que os tocam emocionalmente.

A maioria dos médiuns durante uma gira pode dar passagem ao ser mais trevoso que não se abala, mas se você desrespeita o Guia que lhe incorpora, estará atrapalhando a sua própria consulta, pois desequilibra o médium e embora receba todo amor e carinho do Guia, não merece a Graça que não vem do Guia, este também é somente um instrumento maior do Alto do Altíssimo, que é de onde vem tudo que recebemos.

Veja que, sua atitude de desafio desrespeitoso para com um Guia é também um desrespeito e falta de consideração para com um médium que trabalhou o dia todo ganhando o dinheiro que paga ( para você receber o que não merece!? ) 
Veja mais, que até para receber é preciso o mínimo de inteligência, o que não tenho visto na maioria das pessoas. É triste, mas é real!

Se você acha que " peguei ' pesado sugiro um exercício: imagine que seu pai e/ou mãe após um dia cansativo de trabalho, deixam tudo e vão com você ajudar pessoas que precisam. E que, entre os que recebem há uma boa quantidade que desrespeitam-nos na sua frente. Imagine que apesar de vocês estarem doando tudo o que de melhor têm, pessoas exaltadas exigem que sua mãe ou pai prove que são bons de fato. Pois é, seria horrível.


Os Guias, para o médium, são como  pais, mães, avôs e avós, portanto respeite-os!

O que é ser umbandista?


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Tenho observado essa nova geração de umbandistas, e sempre me faço as mesmas perguntas: Será que eles realmente sabem o que é ser umbandista? Será que eles se empenham em realmente conhecer um pouco mais a Umbanda? E com isso me refiro a extrapolar os limites do próprio terreiro, a extrapolar o conhecimento do zelador do terreiro. Será que eles tem a mente suficientemente madura para entender que a Umbanda é plural e que determinar o certo e o errado é uma tarefa um tanto complicada?

Vou me ater a minha idéia inicial: o que é ser Umbandista?

O Umbandista não é um herói, não é alguém com super poderes, muito menos é mera ferramenta de espíritos, mero fantoche a mercê da vontade dos espíritos. Tampouco é um “cavalo”.

O Umbandista é membro de uma equipe de trabalho, que trabalha em prol do bem comum. Uma equipe que, se uma das peças comete um erro, todos pagam por ele. Uma equipe, que quanto mais conhecimento acumular, mais ferramentas de trabalho terá. Uma equipe onde cada um que consiga uma conquista, essa é dividida com todos. Uma equipe que atua 24 hora por dia, 7 dias por semana...
E é incrível o número de iniciantes, e mesmo de veteranos adeptos que desconhecem isso!

O curioso sobre a Umbanda é que para se tornar umbandista, não existe um ritual específico, em geral você participa como consulente, e depois de um tempo é convidado a integrar as fileiras da casa, se assim desejar... Passa, ou pelo menos deveria passar, por aulas, para entender os princípios da religião, as normas da casa, com o tempo, passar a desenvolver seu potencial mediúnico.

É durante este desenvolvimento que se passa a ter idéia do compromisso inerente a ser umbandista, um compromisso que não se resume a algumas horas semanais, mas sim a tempo integral. Um compromisso com você mesmo, em primeiro lugar, em buscar o aperfeiçoamento como ser humano, depois com a espiritualidade, de dedicar parte do seu tempo a espiritualidade e ao próximo, aos seus irmãos (carnais ou não), à casa (centro, terreiro, templo), aos seus filhos e principalmente aos filhos (consulentes, clientes) das suas entidades.

Ser umbandista é agir com bom senso perante a vida, não faça aos outros o que não deseja para si. É se “des-envolver” de alguns valores e se envolver com outros, é ser mais humilde, menos egoísta, é se amar.
É se desprender por um momento dos seus problemas para poder auxiliar o próximo a resolver os dele, é praticar a caridade, é ser correto sem esperar nada em troca.

Enfim, o umbandista é uma pessoa “normal”, que vive (deveria viver, pelo menos) de maneira sensata, fazendo o bem, sem olhar a quem...

Aos apressados, incorporação é apenas uma parte, e bem pequena, do que é ser umbandista. O umbandista, não precisa necessariamente incorporar, mas por em prática o que aprende com seu povo espiritual, e/ou com o povo espiritual dos seus irmãos de fé.

Ser umbandista é fácil no terreiro, naquelas 3 ou 4 horas semanais... O difícil é ser no dia-a-dia, na lida com os parentes, com os vizinhos, no trabalho, na escola... Enfim, na lida com a vida, onde é mais importante que se consiga ser umbandista!

Agradeço a Patrícia, minha grande amiga e irmã de santo, pela ajuda na confecção deste pequeno texto!

O que é ser filho de Santo?


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Filho de Santo - Filho de Orixá - Yawô

Primeiro acho importante destacar que ser Filho de Santo hoje é uma coisa, a 30 anos atrás, outra... Ser filho de Santo no Brasil é uma coisa, na África outra... Não respeitar as diferenças de tempo e espaço, e tudo que isso engloba, como a sociedade, a cultura, a “fisiologia” do lugar em si, a paisagem, é não respeitar as forças que tudo isso representa.

Ser filho de Santo é um processo, em que se morre para o mundano e se nasce para o divino. Como cada um vivenciará esse processo é difícil dizer, mas de certo envolve uma grande jornada de auto-conhecimento e uma profunda mudança no estilo de vida.

A despeito dos mitos metafóricos, eu acredito que o Orixá sempre existiu, Orixá não passa a existir a partir do momento em que o Abian (noviço) é iniciado. O que a iniciação faz é reestabelecer, renovar, o contato que o mundo profanou, religando o iniciado a sua divindade interna, a sua essência divina.

Uma vez ouvi: “Amar Orixá é amar a si mesmo, cultuar Orixá é cultuar o que de mais puro e divino temos em nós.” Acho que isso tem muito fundamento, por que o que de mais íntimo poderia existir que nosso Orixá.

Ser filho de Santo implica em seguir regras impostas por seu Orixá. Essas regras dizem respeito a maneira de cultuá-lo, hábitos que deve abandonar e adotar, o que vestir, o que comer, como agir... Desrespeitar essas regras indica a incapacidade para cultuar seu Orixá, sua essência divina.

Ser filho de Santo demanda zelo para com sua porção divina, e só quem é obtuso o bastante não compreende que este zelo além de para o Orixá é para si mesmo. Todos somos feitos de energia; cuidar, equilibrar, cultuar e expandir essa energia só nos propicia o bem.

Ser filho de Santo implica em descobrir/redescobrir sua essência, compreender e aceitar quem você é realmente, exaltando as qualidade e corrigindo os defeitos. Orixá não é desculpa para seus destemperos, seu mau humor, sua falta de tato ao lidar com as situações, seus maus hábitos.

Ter Orixá assentado não faz de ninguém um ser melhor que os outros. Muitos são os médiuns que esquecem que ser filho de Santo é ser humildade, é ter retidão de caráter, porque compreendendo-se sua essência, você deve passar a compreender a essência daqueles que te cercam. Existem muitas lendas que ilustram isso, Oxalá perdeu o direito de ser o criador do mundo, por conta de sua arrogância e prepotência. Então este comportamento não cabe a nenhum filho de Santo.

Filho de Santo não é um semi-deus, ao contrário do que alguns acreditam.
Acreditam que após terem Orixá assentado, ou melhor (não será pior?), acreditam que se tranformam no próprio Orixá, estando assim acima de tudo e todos.

O culto à Orixá está intimamente ligado a família, a comunidade. Ser filho de Santo demanda saber viver em comunidade. Não existe culto solitário... É incrível como muitos médiuns ignoram essa parte, se achando auto-suficientes após assentaram Orixá.

Ser filho de Santo demanda compromisso, em primeiro lugar consigo mesmo, compromisso de honrar sua força, de buscar conhecimento, de louvar seu Orixá, em segundo lugar com seu Orixá e sua casa de Asè. Esses compromissos são sérios e não devem ser assumidos de maneira leviana. Ter um monte de fios no pescoço e se dizer filho desse ou daquele Orixá é fácil. Ser filho de Santo mesmo, é bem complicado, nem por isso deixa de ser prazeiroso e gratificante.