quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Dedicação do Médium de Umbanda



Irmãos, a Umbanda tem em seu mais profundo cerne a prática da caridade pura, o amor incondicional, a paz e a humildade. Ela também se propõe a produzir, pela modificação vibracional ou fluídica (conhecida popularmente como “magia”), modificações que permitam a melhoria de vida do ser humano. Através da caridade e dedicação espiritual o médium Umbandista vai adquirindo elevação e consciência do valor de seu domínio mediúnico como forma de comunicação com seres superiores, de outras esferas. As incorporações, os passes e descarregos feitos na Umbanda formam o conjunto de afazeres espirituais do dia a dia do médium. PORTANTO, O MÉDIUM É PATRIMÔNIO MAIOR DESTA MARAVILHOSA RELIGIÃO QUE É A UMBANDA. Acontece que a mediunidade é uma faculdade e como toda faculdade psíquica precisa ser aprimorada e disciplinada. Na Umbanda, alguns critérios devem ser sempre observados: Quando um médium entra em trabalho, ele estabelece uma espécie de ligação com a espiritualidade. Esta ligação gera uma constante descarga fluídica no sistema nervoso do médium. Por este motivo é importante a disciplina da mediunidade.

O médium precisa aprender a fazer e desfazer esta ligação para evitar o desgaste do sistema nervoso. Médiuns faltosos, ausentes das sessões de desenvolvimento, doutrinas, sessões de descarrego e passes estão sujeitos a sofrer as conseqüências destes transtornos fluídicos como debilidade do sistema nervoso e patologias degenerativas. DISCIPLINA SE TORNA PALAVRA CHAVE, BEM COMO OBEDIÊNCIA E RESPEITO.

As facilidades do estabelecimento do contato mediúnico resulta do aprendizado moral e de um conjunto de pontos que alicerçam os degraus da evolução. Conselhos para os Médiuns CONSERVE SUA SAÚDE PSÍQUICA, VIGIANDO SEU ASPECTO MORAL

 1- Não alimente vibrações negativas de ódio, rancor, inveja, ciúme, etc.;

 2- Não fale mal de ninguém, pois não é juiz, e via de regra, não se pode chegar às causas pelo aspecto grosseiro dos efeitos;

3- Não julgue que o seu guia ou protetor é o mais forte, o mais sabido, mais, muito mais do que o de seu irmão, aparelho também;

 4- Não viva querendo impor seus dons mediúnicos, comentando, insistentemente, os feitos do seu guia ou protetor. Tudo isso pode ser bem problemático e não se esqueça de que você pode ser testado por outrem e toda a sua conversa vaidosa ruir fragorosamente. Dê paz ao seu protetor no astral, deixando de falar tanto no seu nome. Assim você está se fanatizando e aborrecendo a Entidade pois, fique sabendo, ele, o Protetor, se tiver mesmo “ordens e direito de trabalho” sobre você, tem ordens amplas e pode discipliná-lo, cassando-lhe as ligações mediúnicas;

5- Quando for para a sua sessão, não vá aborrecido e quando lá chegar, não procure conversas fúteis. Recolha-se a seus pensamentos de fé, de paz e, sobretudo, de caridade pura para com o próximo, entre em sintonia com o astral firmando as ligações com as entidades da sua coroa. NÃO MANTENHA CONVIVÊNCIA COM PESSOAS MÁS, INVEJOSAS, MALDIZENTES, ETC. Isso é importante para o equilíbrio de sua aura e dos seus próprios pensamentos.

1- Faça todo o bem que puder, sem visar recompensa ou agradecimentos;

2- Tenha ânimo forte, através de qualquer prova ou sofrimento, confie e espere;

3- Faça recolhimentos diários, a fim de meditar sobre suas ações;

4- Não conte seus “segredos” a ninguém, pois sua consciência é o templo onde deverá levá-los à análise;

5- Não tema a ninguém, pois o medo é uma prova de que está em débito com sua consciência;

6- Lembre-se de que todos nós erramos, pois o erro é humano e fator ligado à dor, ao sofrimento e conseqüentemente, às lições com suas experiências. Sem dor, lições, experiência, não há carma, não há humanização nem polimento íntimo, o importante é que não erre mais, ou melhor, que não caia nos mesmos erros. Passe uma esponja no passado, erga a cabeça e procure a senda da reabilitação: para isso, “mate” a sua vaidade e não se importe, de maneira alguma, com o que os outros disserem ou pensarem a seu respeito. Faça tudo para ser tolerante, compreensivo, humilde, pois assim só poderão dizer boas coisas de você. ZELE POR SUA SAÚDE FÍSICA COM UMA ALIMENTAÇÃO RACIONAL E EQUILIBRADA

1- Não abuse de carnes vermelhas, fumo, álcool ou quaisquer excitantes;

2- No dia da sessão, não coma carne, álcool ou qualquer excitante.

 3- De véspera e após a sessão, evite manter contato sexual; O ato sexual promove grande escape de energia através do chakra genésico e conseqüentemente uma grande baixa energética na aura. Vale lembrar também que a troca de fluidos corporais também traz em si uma imensa carga energética que pode não ser benéfica.

 4- Todo mês deve escolher um dia para ficar em contato com a natureza, especialmente uma mata, uma cachoeira, um jardim silencioso, etc. Ali deve ficar lendo ou meditando, pois assim ficará a sós com sua própria consciência, fazendo revisão de tudo que lhe pareça ter sido positivo ou não, em sua vida material, sentimental e espiritual.
Nino Denani

 Salve as Pombas-giras


Salve as Pombas-giras! 
por Fernando Sepe 

Uma das linhas de trabalho mais conhecidas dentro da Umbanda, a linha das Pombas-giras, é ainda uma
linha que  poucos  umbandistas entendem, enquanto  muitos  outros  de  fora  têm  uma  visão  preconceituosa  e equivocada a seu respeito. Portanto, se fazem necessários a informação e o estudo sério, quebrando assim as barreiras do preconceito e ampliando o discernimento.
Pomba-gira provavelmente seja uma corruptela do termo Bombojiro(a) ou Pambu Jila,  termos que vêm
do Kimbundo (língua falada pelos Angolanos) e que designam um Inkice (divindade cultuada nos candomblés de Nação Angola) muito parecido com o Orixá que os Nagôs (língua Yorubá) chamaram de Exu. Então fique claro que Pomba-gira não existe dentro do Candomblé, apenas existe como entidade a partir da Umbanda.
Pomba-gira,  negando  o  que  muitos  dizem  não  é  um  Exu-mulher, pois tem  funções e  atribuições
diferentes  de  um  Exu. Quando  falamos em Pomba-gira na  Umbanda,  assim  como  falamos  em  Exu,  estamos falando em basicamente três aspectos: Mistério, Orixá e Linha de Trabalho.
Primeiro  no  aspecto  mistério, onde um Trono  dos Desejos sustenta  toda  essa  força conhecida  por  nós
como Pomba-gira. Esse Trono é responsável por criar e enviar a toda Criação vibrações de estímulo para que nada  fique  estático, e busque evoluir, crescer e se desenvolver. Nos seres e criaturas, desenvolve o  desejo, estimulando a todos em vários campos da vida. Não é uma divindade que desperta apenas o "desejo sexual", mas também o desejo de evoluir, de aprender etc. Esse Trono forma uma linha de forças junto com o Trono da Vitalidade (Exu) e juntos vitalizam e estimulam toda a Criação.
Na África, houve a humanização do Trono da Vitalidade na figura de Exu, assim como na Grécia ele foi
humanizado na figura de Dionísio, no Egito na figura de Seth e em praticamente quase todas as divindades fálicas que já existiram. Já o Trono dos Desejos, praticamente, não foi humanizado e cultuado nas culturas conhecidas, por isso não chega até nós hoje, um culto a um "Orixá Pomba-gira" seja na Umbanda ou no Candomblé.
Na Umbanda, trabalhamos com "entidades" (espíritos desencarnados com roupagem feminina) que
apresentam-se como Pombas-giras.  São  espíritos  que  atuam  junto  com  os  Exus  guardando  os  locais  onde realizam–se as reuniões espiritualistas, refreando os ataques oriundos do baixo-astral, cortam magias trevosas, além de serem ótimas manipuladoras e dispersoras das energias sexuais desvirtuadas dos encarnados. Portanto, Pomba-gira  nada  tem  desse  rótulo  de  prostituta e  obsessora  sexual  que  muitos  querem  dar  a  ela,  pelo contrário, ela é especialista em manipular e acabar com vampirizações sexuais e  bloqueios nesse sentido da vida.
Utilizam-se de velas, cigarros, bebidas etc. como elementos para trabalhar e auxiliar as pessoas, nunca
porque são viciadas. Trazem uma força estimulante, estimulando a evolução, o amor, o conhecimento e todos
os outros sentidos e campos da vida das pessoas que  buscam seu  auxílio. Toda Pomba-gira além de trazer  a força do Trono dos Desejos também traz a força dos amados Pais e Mães Orixás, existindo assim Pombas-giras de Oxum, Iemanjá, Iansã, Egunitá, Omulu etc.
Por último, lembramos que, assim como Exu, Pomba-gira EM HIPÓTESE ALGUMA REALIZA TRABALHOS DE AMARRAÇÃO OU FECHAMENTO DE CAMINHOS DENTRO DE UM VERDADEIRO CENTRO DE UMBANDA! Exu e Pomba-gira dentro da Umbanda são entidades que trabalham pela LUZ! O que existe são muitas casas que se dizem de Umbanda,  mas  não  passam  de  casas  onde realizam-se magias trevosas, e NADA TÊM A VER COM UMBANDA!
Também dentro da Umbanda NUNCA UTILIZA-SE O SACRIFÍCIO ANIMAL E O USO DE SANGUE, seja para Exu, Pomba-gira ou qualquer outra linha de trabalho ou Orixá. O fundamento do  sacrifício animal é do Candomblé, que não estamos criticando, mas explicando apenas, que isso NÃO É UMBANDA!        
Portanto umbandistas, estudem e aprendam os fundamentos da nossa religião para que saibam
argumentar, explicar, desmistificar e compreendê-la. Muito do preconceito que a Umbanda sofre é causado por descaso e falta de conhecimento dos próprios umbandistas, quando não somos nós os verdadeiros preconceituosos. Portanto estudem, leiam, corram atrás. Hoje a informação está aberta a todos, mas você precisa esforçar-se!
Laroiê Pomba-gira! (Olhe por mim Pomba-gira)
Pomba-gira Mojubá! (Pomba-gira é forte e eu me curvo a sua força)

Umbanda - Sua face



            1. A Umbanda crê num Ser Supremo, o Deus único criador de todas as religiões monoteístas. Os Sete Orixás são emanações da Divindade, como todos os seres criados.
             2. O propósito maior dos seres criados é a Evolução, o progresso rumo à Luz Divina. Isso se dá através das vidas sucessivas - a Lei da Reencarnação, o caminho do aperfeiçoamento.

             3. Existe uma Lei de Justiça universal, que determina a cada um colher o fruto de suas ações, que é conhecida como Lei do Carma.

            4. A Umbanda se rege pela Lei da Fraternidade Universal: todos os seres são irmãos por terem a mesma origem, e a cada um devemos fazer o que gostaríamos que a nós fosse feito.

            5. A Umbanda possui uma identidade própria, e não se confunde com outras religiões ou cultos, embora a todos respeite fraternalmente, partilhando alguns princípios com muitos deles (1).

            6. A Umbanda está a serviço da Lei Divina, e só visa ao Bem. Qualquer ação que não respeite o livro-arbítrio das criaturas, que implique em malefício ou prejuízo de alguém, ou se utilize de magia negativa, não é Umbanda.

            7. A Umbanda não realiza em qualquer hipótese o sacrifício ritualístico de animais, nem utiliza quaisquer elementos destes em ritos, oferendas ou trabalhos.

            8. A Umbanda não preconiza a colocação de despachos ou oferendas em esquinas urbanas, e sua reverência às Forças da Natureza implica em preservação e respeito a todos os ambientes naturais da Terra.

            9. Todo o serviço da Umbanda é de caridade, jamais cobrando ou aceitando retribuição de qualquer espécie por atendimentos, consultas ou trabalhos. Quem cobra por serviço espiritual não é umbandista.

Conversando sobre Exu


Conversando sobre Exu  
Por Fernando Sepe  

Dizem  que  Exu  é  um  homem  sério,  castigador,  espírito  sem  compaixão  alguma.  Muitos  falam  que  nem  mesmo sentimento  essas  entidades  apresentam.  Muitos  temem  Exu,  relacionando  –  o  com  o  Diabo  ou  com  algum  monstro cavernoso que a mente humana é capaz de criar.  
 Bem, dia desses, no campo santo de meu pai Omulu, vi algo inusitado que me fez pensar...  
 Um  desses  Exus  Caveiras,  que  apresentam  essa  forma plasmada  como  meio  de  ligação  a  falange  pertencente, chorava sobre um túmulo. Discretamente, isso devo dizer, afinal os Caveiras em sua maioria são de natureza recatada e introspectiva, mas chorava sim.  
 Engraçado pensar nessa situação, não é mesmo? Ele chorava pelos erros do passado, chorava por uma pessoa a qual  amava  muito,  mas  não  mais  perto  dele  estava.  Claro,  sabia  que  ninguém  morria,  mas  a  saudade  e  o  remorso apertavam fundo seu coração. 
 Isso  acontece  muito  no  plano  espiritual,  onde  muitas  vezes  os  laços  são  quebrados  devido  às  diferenças vibratórias. Na verdade o laço não se quebra, apenas afrouxam-se um pouco... 
 Mas, voltando a nossa história, fiquei a pensar muito sobre aquele tipo de visão. Pensei que ninguém acreditaria em mim caso eu contasse esse “causo”, afinal, Exu é homem acima do bem e do mal, exu não tem sentimento, exu não chora... 
 E para aqueles então que endeusam “seu” Exu, pensando ser ele um grande guardião, espírito da mais alta elite espiritual, espírito corajoso, sem medos, violento guerreiro das trevas. Exu acaba assumindo na Umbanda um arquétipo, ou mito, tão supra–humano, que muitas vezes ele deixa de ser apenas o mais humano das linhas de Umbanda. Arquétipo esse, diga–se de passagem, muito diferente do Orixá Exu, arquétipo base para a formação do que chamamos de Linha de Esquerda dentro do ritual de Umbanda.  
É, eu acho que todo Exu chora. Assim como eu e você também. Inclusive, todo mundo chora, pois todos temos dores, remorsos e tristezas. Isso é humano. Mas, voltando ao campo santo... 
 Logo vi um Exu, vestindo uma longa capa preta, se aproximar do triste amigo Caveira. O que conversaram não sei, pois não ouvi, e muito menos dotado da faculdade de ler os pensamentos deles eu estava. Mas uma coisa é certa: Os dois saíram a gargalhar muito!  
 “Engraçado, como é que pode? Tava chorando até agora, e de repente sai rindo de uma hora pra outra?” _ pensei contrariado. 

CAMBONOS – Os médiuns de sustentação

 

 

CAMBONOS – OS MÉDIUNS DE SUSTENTAÇÃO

Trechos retirados do livro: O ABC do Servidor Umbandista (no prelo)
de Pai Juruá
Ele zela pelo bom atendimento, ajuda a dinamizar as consultas, facilita o trabalho das entidades e serve também como intérprete destas. O seu trabalho dentro do Templo é tão importante quanto o dos demais médiuns e, mesmo sem estar incorporado, ele é parte integrante de todo o trabalho espiritual, pois os Guias Espirituais se utilizam dele para retirar as energias que serão utilizadas no atendimento aos consulentes.
O cambono deverá deixar preparado todos os apetrechos de trabalho que costumam ser utilizados pela entidade a qual irá cambonear evitando assim atrasos desnecessários durante as consultas. O cambono, na verdade, precisa ter conhecimento de todo o culto e de todas as entidades, precisando, então, prestar muita atenção à atuação delas durante as giras.
Sempre que solicitado, o cambono deve ajudar as entidades a se comunicarem com os consulentes, desde é claro, que seja treinado para isso e também que seja muito atento a tudo o que a entidade solicitar. Na verdade, o cambono, em alguns casos, poderá explicar de uma forma mais simples ou mesmo interpretar o que for dito para que o consulente não distorça as palavras das entidades.
O cambono, antes de qualquer coisa, é pessoa de extrema confiança do Pai ou Mãe da casa, assim como da entidade que estiver atendendo; portanto, caso perceba qualquer coisa estranha, qualquer coisa que não faça parte dos procedimentos normais, deve reportar-se ao Guia-chefe ou ao Pai ou Mãe da casa na mesma hora. É por isso que é tão importante, e necessário, que o cambono saiba todos os procedimentos de trabalho e todas as normas de conduta que entidades e médiuns devem ter dentro do Templo.
O fato de auxiliar nas consultas exige que o cambono seja discreto e mantenha sigilo sobre tudo o que ouvir, não se esquecendo de que ali estão sendo tratados assuntos particulares e que não dizem respeito a ninguém além da pessoa que estiver sendo atendida e da entidade. O sigilo é um juramento de confiança que todo o cambono deve ter e fazer.
Este não deve jamais confundir a entidade com a pessoa, isto é, ele é cambono do Guia Espiritual e não daquele médium, que é apenas um irmão dentro do Templo. O que ele pode, sim, é perguntar ao médium com o qual trabalha como deve proceder para prestar um melhor atendimento à entidade durante os trabalhos.
Uma prática útil e aconselhável dentro de um Templo é a troca de cambonos entre as entidades. Isto traz um maior aprendizado aos cambonos e também faz com que estes se habituem a tratar todas as entidades da mesma forma, sem criar laços afetivos exagerados. Desenvolver afeto pelas entidades é comum, mas a afinidade espiritual só é saudável se não conduzir à dependência; portanto, o chefe da casa poderá decidir-se pelo trabalho alternado e, nesse caso, deverá fazer com que todos saibam disso com antecedência.
De vez em quando, todos os médiuns, mesmo aqueles que incorporam, deveriam trabalhar como cambonos para poderem aprender mais e desenvolver a humildade, que é a característica mais importante que um médium deve ter.
É importante saber que todo o material de uso das entidades é de responsabilidade do médium que a incorpora e que o trabalho do cambono é estar atento para que este material não falte ou acabe, devendo comunicar o médium com antecedência quando o material estiver acabando.
Obs: O Cambono é um auxiliar do Templo e não um empregado dos médiuns. A educação e a lisura devem estar presentes a todo instante.

Alguns requisitos importantes para os médiuns de sustentação:

  • RESPONSABILIDADE: Tanto quanto o médium de incorporação, o médium cambono de sustentação precisa conhecer a mediunidade e tudo o que diz respeito ao trabalho com a espiritualidade e as energias humanas, a fim de poder auxiliar eficientemente o dirigente do trabalho e seus colegas, médiuns ou não.
  • FIRMEZA MENTAL E EMOCIONAL: Como é o responsável pela manutenção do padrão vibratório durante o trabalho, o médium cambono de sustentação deve ter grande firmeza de pensamento e sentimento, a fim de evitar desequilíbrios emocionais e espirituais que poderiam pôr a perder a segurança do trabalho e dos outros trabalhadores.
  • EQUILÍBRIO VIBRATÓRIO: Como trabalha principalmente com energias – que movimenta com os seus pensamentos e sentimentos, o cambono médium de sustentação deve ter um padrão vibratório médio elevado, a fim de poder se manter equilibrado em qualquer situação e poder ajudar o grupo quando necessário.
  • COMPROMISSO COM A CASA, O GRUPO, OS GUIAS ESPIRITUAIS E OS ASSISTIDOS: O cambono, médium de sustentação, deve lembrar-se de que, mesmo não tomando parte direta nas assistências, tem alguns compromissos a serem observados:
• Com a casa que trabalha: Conhecendo e observando os regulamentos internos a fim de segui-los. Explicá-los, quando necessário, e fazê-los cumprir, se for o caso; dando o exemplo na disciplina e na ordem dentro da casa; colaborando, sempre que possível, com as iniciativas e campanhas da instituição.
• Com o grupo de trabalhadores em que atua: Evitando faltar às reuniões sem motivos justos, ou faltar sem avisar o dirigente ou o seu coordenador; procurando ser sempre pontual nos trabalhos e atividades relativas; procurando colaborar com a ordem e o bom andamento do trabalho.
• Com os Guias Espirituais: Lembrando que eles contam também com os médiuns cambonos de sustentação para atuar no ambiente e nas energias necessárias aos trabalhos a serem realizados, e que, se há faltas, são obrigados a “improvisar” para cobrir a ausência. Os Guias Espirituais devem ser atendidos com presteza e respeito.
• Com os assistidos: Encarnados e desencarnados, que contam receber ajuda na Casa e não devem ser prejudicados pelo não comparecimento de trabalhadores. Todos deverão ser recebidos e tratados com esmero, dedicação, respeito e educação.
  • AUSÊNCIA DE PRECONCEITO: O cambono, médium de sustentação, não pode ter qualquer tipo de preconceito, seja com os assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os dirigentes, mentores, etc. Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que tem a oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados da melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.
  • DISCRIÇÃO: O cambono, médium de sustentação, nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos envolvidos, encarnados e desencarnados, como também por segurança, para que entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar a trabalhadores, provocando desequilíbrios. Os comentários só devem acontecer esporadicamente, de forma impessoal, como meio de se esclarecer dúvidas e transmitir novas informações a todos os trabalhadores, e somente no âmbito do grupo, ao final dos trabalhos.
  • COERÊNCIA: Tanto quanto o médium de incorporação, o cambono, médium de sustentação, deve manter conduta sadia e elevada, dentro e fora da casa em que trabalha, para que não seja alvo da cobrança de entidades desequilibradas, no intuito de nos desmascarar em nossas atitudes e pensamentos. Como vemos, as responsabilidades dos cambonos, médiuns de sustentação, são as mesmas que a dos médiuns ostensivos, e exigem deles o mesmo esforço, a mesma dedicação e a mesma responsabilidade.
CONCLUSÃO
Como vimos, não é tão fácil ser um cambono. Para ser um, é preciso aprender tudo sobre os Orixás, os Guias Espirituais, a Umbanda, o Templo e, principalmente, sobre a conduta que deve adotar para, depois, se for o caso, ser um bom médium de incorporação e alcançar a evolução espiritual até o Pai Maior.
Texto retirado do site: minhaumbanda.

CAMBONE NA UMBANDA


Cambone de Umbanda 
por Sheila Nascimento (Serena) 

Gostaria de abordar um trabalho de extrema importância no terreiro que é o de cambone, mas sem deixar de lembrar uma passagem curiosa, quando era pequena meu pai sempre tinha o costume de desmontar os relógios da casa na intenção de “melhorar seu desempenho”, relógios do tipo à corda, e sempre era a mesma história, ele desmontava, “lubrificava” e montava novamente, mas sempre sobravam peças... e lógico o relógio não funcionava, aí começava a discussão com minha mãe, que argumentava o erro em não saber remontar, e ele dizia que eram peças “dispensáveis”, mas ora, o relógio não funcionava ou então funcionava com problemas. 
O trabalho de Umbanda no atendimento ao consulente também funciona como um relógio, que tanto no astral com na parte material depende do bom funcionamento de sua engrenagem. Parte importante, como todas as outras é justamente a do cambone, já tão bem abordada aqui no JUS em outras oportunidades, mas nesta, coloco a visão de um próprio cambone. 
Existe toda uma expectativa no início dos trabalhos, cada casa tem seu ritmo, mas o que não muda é aquela adrenalina e ansiedade (benéfica) à espera da linha de trabalho a ser chamada, muitas vezes por tempo de trabalho e por dedicação e afinidade, o cambone se sente um misto de peça importante com um filho de todas as entidades que na casa se manifestam. 
E, muitas vezes, eu como muitos outros temos esse sentimento, de atenção com tudo, preparar o espaço para a chegada dos Guias Espirituais, pembas, blocos de anotação, velas, charutos, tudo tem de estar a contento, a assistência, ansiosa, tem que ser bem recebida e conduzida aos Guias, todo o trabalho transcorre numa dinâmica de atenção, concentração e doação, dependendo muito do amor e da dedicação de todos, inclusive de nós cambones, aí entra também o sentimento de ser filho de cada um dos Guias espirituais, que com o tempo só de olhar sabem como estamos, como um pai que olha o filho pequeno, os cumprimentos e o abraço de um, a palavra do outro, a “chamada” de um terceiro, e aí a gente vai crescendo como crianças dentro de uma grande família de sábios, anciões, companheiros, pais e mães espirituais. 
Chegando até mesmo a um ponto em que ao meio de inúmeros Guias o cambone ouvir mentalmente o chamado de um ou outro Guia Espiritual mais afinizado com o cambone, solicitando sua presença ali ao seu lado. Isso não tem preço! 
Não digo que cada dia de trabalho tem um aprendizado, mas sim, cada atendimento, sendo este ligado a apenas um médium e suas entidades ou como também os cambones que atendem vários médiuns sem ser específico de um só. 
Muito depende do funcionamento de cada casa, mas o trabalho de ser cambone é uma escola, um aprendizado sem fim, que aos atentos faz aumentar a fé, descobrir e sentir-se amado e especial. 
Existem dias em que o cansaço e eventuais dificuldades atrapalham, mas são nesses dias que a espiritualidade te recompensa com um abraço de um pai querido, um ramo de alecrim imantado ou uma rosa para despachar. 
Enfim, cada gesto dessa grande corrente, não só de pais e mães espirituais, mas como também dos “colegas”, irmãos de trabalho que se ajudam e muitas vezes, sob a coordenação de um guia espiritual, faz o revezamento de descarregos para os mais necessitados da corrente. 
Ser cambone é ser importante para o bom funcionamento do trabalho, exige ser atento, concentrado, estudar, aprende e se incorporar à dinâmica de trabalho da Umbanda, estar preparado para todo um esforço físico, mental e espiritual de trabalho e acima de tudo amar a Deus e o que faz. 
Hoje, de um modo geral, por todo o trabalho de doutrina, esclarecimento e preparação, nós cambones 
somos vistos como parte importante da engrenagem de funcionamento de uma casa, mas apelo aos irmãos, colegas de trabalho, que se vejam, não com soberbia na importância do seu trabalho em uma casa, mas como privilegiados e abençoados por tanta generosidade que recebem em cada auxílio às entidades, sem precisar mencionar do auxílio que cada cambone, como o médium de umbanda, recebe de seus próprios amparadores espirituais. Percebam e internalizem para poderem retransmitir a gratidão, os pequenos gestos de humildade e delicadeza, a generosidade e o trabalho extremamente gratificante e engrandecedor de servir ao Pai, servido a muitos. 
Se tiverem amor pelo trabalho de cambone, receberão amor enquanto forem membros neste ponto da hierarquia, e no futuro também colherão amor e doarão amor de toda a corrente. 
Hoje me despeço desse trabalho, com tristeza por deixá-lo, mas com gratidão por ter sido tão 
maravilhoso, e rogo que cada dia do novo trabalho seja tão perfeito, tão bom e me traga tanta felicidade como me trouxe ser cambone.

TIPOS DE UMBANDA



TIPOS DE UMBANDA

•  Umbanda Branca: O termo pode ter surgido da definição de Linha Branca de Umbanda usada por Leal de Souza e adotada por tantos outros. A idéia era de que a Umbanda era uma “Linha” do Espiritismo ou uma forma de praticar Espiritismo, na qual a Linha Branca se divide em outras Sete Linhas. Ao afirmar a Umbanda como  Branca  subentende-se  muitas  coisas,  entre  elas que  possa  haver  outras  umbandas,  de  outras  cores  e “sabores”. Mas a questão de ser branca está muito mais ligada ao fato de associar ao que é “claro”, “limpo”, “leve” ou simplesmente ausente do “preto”, “escuro” ou “negro” – há um preconceito subentendido – afinal é uma Umbanda mais “branca” que “negra”, mais européia que afro e,  porque não, mais Espírita. Geralmente usa-se esta qualificação, “Umbanda Branca”, para definir trabalhos de Umbanda com a ausência do que chamamos de “Linha da Esquerda”, para Leal de Souza uma “Linha Negra”. Ainda hoje muitos se identificam desta forma e geralmente o usam como um “recurso” para “livrar-se” do preconceito de outros... como a dizer: Sou Umbandista, mas da Umbanda Branca – como quem afirma pertencer à “Umbanda boa”. Não há uma “Umbanda Negra” ou uma “Umbanda Ruim”, toda Umbanda é Boa. 

•  Umbanda  Pura:  Ao  propor  o  Primeiro  Congresso  de  Umbanda  em  1941  o  grupo  que assumiu  esta responsabilidade esperava apresentar uma “Umbanda Pura” (“desafricanizada” e “orientalizada”), praticada pela classe média no Rio de Janeiro. É a Umbanda praticada pelo “grupo fundador da Umbanda”  ou simplesmente  o  grupo  intelectual  carioca  que  lutou  pela legitimação  da  Umbanda,  criando  a  Primeira Federação  Espírita  de  Umbanda  do Brasil,   Primeiro  Congresso  Brasileiro  do  Espiritismo  de  Umbanda  e  o Primeiro Jornal de Umbanda. Este grupo pretendia uma “codificação” da Umbanda em seu estado mais puro de ser. Embora a idéia de uma “Religião Pura” sempre será algo a ser questionado, independente de qual tradição lhe  tenha  dado  origem.  Do  ponto  de  vista  Histórico,  Sociológico,  Antropológico  e até  Filosófico,  não  há “Religião Pura”. Por trás de uma cultura sempre há outras culturas que lhe deram origem, sucessivamente desde que o Homem é homo sapiens também é homo religiosus. O Antropólogo Arthur Ramos afirma que: “As formas mais adiantadas de religião, mesmo entre os povos mais cultos, não existem em estado puro. Ao lado da religião oficial, há outras atividades subterrâneas...”.  E o já citado Historiador das Religiões, Mircea Eliade, afirma: “Mas nunca será demais repetir que não há a menor probabilidade de se encontrar, em parte alguma do mundo ou da história, um fenômeno religioso ‘puro’ e perfeitamente ‘original’.” “Nenhuma religião é inteiramente ‘nova’, nenhuma mensagem religiosa elimina completamente o passado; trata-se,  antes,  de reorganização, renovação, revalorização, integração de elementos – e dos mais essenciais! – de uma tradição religiosa imemorial.”  

•  Umbanda Popular: É a prática da religião de Umbanda sem muito conhecimento de causa, sem estudo ou interesse em entender seus fundamentos. É uma forma de religiosidade na qual vale apenas o que é dito e ensinado de forma direta pelos espíritos. O único conhecimento válido é o que veio de forma direta em seu próprio ambiente ritualístico. Não se costuma fazer referências a outras filosofias ou justificar suas práticas de forma “intelectualizada”. Eximindo-se  de  auto explicar-se  reforçam  a  característica  mística  da  religião,  em que, independente de “racionalizações” a prática se sustenta devido à quantidade de resultados positivos alcançados.  Podemos  dizer  que  os  adeptos  muitas  vezes  não  sabem  ou  têm  certeza  de como  as  coisas funcionam,  mas  sabem  que  funcionam.  É  aqui  que  muitas  vezes  nos deparamos  com  médiuns  que  afirmam, sobre  a  Umbanda,  que  não  sabem  de  nada  o que  estão  fazendo,  mas  que  seus  guias  espirituais  (caboclo  e outros) sabem e isto lhes basta. Outrora, alguns, afirmam que médium não pode saber de nada de Umbanda para  não mistificar.  Muitos  caem  na  armadilha  do  tempo,  em  que  jovem  de  outrora  agora  já sabe  de  muita coisa que finge não saber para manter esta idéia de que nada deve saber. Enfim para nós que acreditamos no estudo dentro da religião é muito difícil abordar um seguimento que não se interesse pela leitura, embora se deva reconhecer, para não incorrer ao erro, que muitos estudam e conhecem muito das realidades espirituais que nos cercam e ainda assim preferem manter-se junto a uma forma pura de contato espiritual. 

•  Umbanda Tradicional: Esta qualificação serve tanto para identificar a “Umbanda Branca”, “Umbanda Pura” ou “Umbanda Popular”. Que são as formas mais antigas, mais conhecidas e mais populares de praticar Umbanda, muito embora este perfil esteja mudando. Creio que hoje os terreiros que se adaptaram para uma linguagem mais jovem,  mais intelectualizada e racional estão em franco crescimento,  na medida em que no local de desinformação e/ou bagunça a Umbanda ainda vai secar. E neste mesmo solo vai ressurgir, nas novas gerações, que quando crianças, em algum momento, visitaram um terreiro. Estas crianças de ontem, adultos de  hoje,  podem  nos  dizer  o  quanto  foi  importante  o  trabalho  da  linha  das  crianças  para a  multiplicação da religião.  Tantos  se  perguntam  como  criar cursos para as crianças na Umbanda, como um “catecismo” de Umbanda, ou umbanda para crianças, preocupados em como preparar e ensinar religião a nossos filhos. Se os terreiros mantivessem um trabalho periódico com a incorporação das crianças, bastava que este se torne o dia de  nossos  filhos  na Umbanda,  e  que  nesse  dia  nossos  filhos  aprenderiam  sobre  Umbanda  direto com  estas entidades. A curiosidade levaria nossos filhos a questionar e querer aprender mais sobre a Religião... Portanto, a idéia de estudar Umbanda está na base de crescimento e multiplicação da mesma. 

•  Umbanda  Esotérica  ou  Iniciática:  É  uma  forma  de  praticar  a  Umbanda  estudando  os fundamentos ocultos, conhecidos apenas dos antigos sacerdotes egípcios, hindus, maias, incas, astecas etc. O conhecimento esotérico, ou seja, fechado e oculto dos arcanos sagrados, é desvelado por meio de iniciações. 

•  Umbanda Trançada, Mista e Omolocô: São nomes usados para identificar uma Umbanda praticada com influência maior dos Cultos de Nação ou do Candomblé Brasileiro onde se combina os fundamentos e preceitos oriundos  das  culturas  africanas  com  as  entidades  de Umbanda. Podem-se  ter  os  tradicionais  rituais  de Camarinha,  Bori,  Ebós  e  oferenda animais  com  seus  respectivos  sacrifícios.  Muitos  chamam  esta  variação  de Umbandomblé

•   Umbanda  de  Caboclo:  É  uma  variação  de  Umbanda  onde  prevalece  a  presença  do caboclo,  muitas vezes acreditando que a Umbanda é antes de tudo a prática dos índios brasileiros revista pela cultura moderna e doutrinada com conceitos que foram sendo absorvidos com o tempo. •  Umbanda de Jurema: No nordeste existe um culto popular chamado Catimbó ou Linha dos Mestres da Jurema,  que  combina  a  cultura  indígena  com  a  cultura católica,  somando  valores  da  magia europeia e  de quando  em vez  algo  da  cultura  afro.  O principal  fundamento  é  o  uso  da  Jurema  Sagrada,  como  bebida  e também misturada no fumo, que vai ao fornilho do tradicional cachimbo, também chamado de “marca”, feito de Jurema ou Angico. As entidades que se manifestam são chamadas de Mestres e da Jurema. Umbanda herdou a  manifestação  do  Mestre  Zé  Pelintra,  que  pode  vir  como  Exu,  Baiano, Preto-Velho  ou  Malandro.  Quando  se combinam os  fundamentos  de  Umbanda  e  Catimbó temos  esta  modalidade,  que  pode  ser  uma  Umbanda regional de Pernambuco ou praticada de forma intencional pelo umbandista que se interessou pela Jurema e descobriu a Linha de Mestres dentro de sua Umbanda.

•  Umbandaime: O Santo Daime é uma religião nativa do Amazonas, é uma variação da Ayuasca, que é um  chá  preparado  com  duas  ervas  de  poder,  o  cipó  Mariri  e  a  folha  da Chacrona.  De  tanto  ter  visões  de entidades de Umbanda e Orixás em rituais do Daime é que alguns grupos de umbandistas passaram a praticar Umbandaime, ou seja, trabalhos de Umbanda ingerindo o Daime ou rituais de Ayuasca, para se comunicar com as entidades de Umbanda. A Umbanda em si não tem em seus fundamentos o uso de bebidas enteógenas, além dos  tradicionais  café, cerveja, vinho, “pinga”, batida de coco e outros que servem apenas como “curiador” (elemento  usado  para  potencializar  alguma  ação  espiritual  ou  magística),  cada linha  de  trabalho  tem  sua “bebida-curiadora”, no entanto nem a bebida nem o fumo são carregados  de  erva  que  induza  o  estado  de transe. A própria bebida deve ser  controlada. Podem,  no entanto ser  consideradas bebidas de poder  como o “vinho da jurema”, no entanto a bebida não é o centro do ritual, apenas um elemento auxiliar. No caso do Daime,  este está no centro do culto,  o poder  que se manifesta por  meio do chá é que conduz o adepto. Na Umbanda quem conduz o trabalho são os espíritos guias, com daime ou sem daime.  

•  Umbanda  Eclética:  Chama-se  de  Eclética  a  Umbanda  que  mistura  de  tudo  um  pouco fazendo  uma bricolagem  de  Orixás  com  Mestres  Ascensionados  e  divindades  hindus  por exemplo.  Recorrem à conhecida Linha  do  Oriente  para  justificar  a  presença  de  tantos elementos  diferentes  do  Oriente  e  Ocidente  junto  ao esoterismo, ocultismo e misticismo.

 •  Umbanda  Sagrada  ou  Umbanda  Natural:  Quando  começou  a  psicografar  e  dar palestras,  Rubens Saraceni sempre fazia questão de se referir à Umbanda como Sagrada. Não havia intenção de criar uma nova Umbanda,  apenas  ressaltar  uma  qualidade  inerente  à mesma.  Na  apresentação  de  seu  primeiro  título doutrinário Umbanda – O Ritual do Culto à Natureza, publicado em 1995, afirma que o livro em questão guarda uma  coerência  bastante grande,  o  de  trilhar  num  meio  termo  entre  o  popular  e  o  iniciático,  ou  entre  o exotérico e o esotérico. Já no Código de Umbanda, no capítulo Umbanda Natural, cita: Umbanda Astrológica, Filosófica,  Analógica,  Numerológica,  Oculta,  Aberta,  Popular,  Branca,  Iniciática, Teosófica,  Exotérica  e Esotérica.  Para então afirmar  que:  Natural é a Umbanda regida pelos Orixás, que são senhores dos mistérios naturais, os quais regem todos os polos umbandistas aqui descritos. Muitos optam por substituir a designação de “Ritual de Umbanda Sagrada”, dada à Umbanda Natural. Fica  claro  que  para  o  autor  a  Umbanda  é  algo natural e sagrado, adjetivos que se aplicam ao todo da Umbanda, e não a um segmento em particular. No livro As  Sete  Linhas  de  Umbanda volta a citar as várias “umbandas” e comenta que na verdade, e a bem da verdade, tudo são segmentações dentro da religião Umbandista [...]. Ainda assim, sem a intenção de criar uma nova segmentação dentro do todo, trouxe muitos temas novos e novas abordagens para outros tantos, criando toda uma Teologia de Umbanda. Seus conceitos se expandiram muito rapidamente assim como a popularidade de títulos como O Guardião da Meia Noite e Cavaleiro da Estrela da Guia. Sua forma de apresentar, entender e explicar a Umbanda ficou identificada ou rotulada de Umbanda Sagrada. Palavra que para este autor engloba toda a Umbanda, como um Todo também chamado de Umbanda Natural. 

•  Umbanda  Cristã:  A  Umbanda,  fundada  no  dia  15  de  Novembro  de  1908,  tem  no Caboclo  das  Sete Encruzilhadas a entidade que lançou seus fundamentos básicos, logo na primeira manifestação esta entidade já esclareceu  que  havia  sido,  em  uma  de  suas encarnações,  o  Frei  Gabriel  de  Malagrida,  um  sacerdote  cristão queimado na “Santa Inquisição”, por ter previsto o terremoto de Lisboa, e que posteriormente nasceu como índio no Brasil.  Ao  dizer  qual  seria  o  nome  do  primeiro  templo  da  religião,  Tenda  Espírita  Nossa Senhora  da  Piedade, porque “assim como Maria acolheu Jesus da mesma forma a Umbanda acolheria seus filhos”, já dava uma diretriz cristã à nova religião. Há um conto sobre o Caboclo das Sete Encruzilhadas que diz ter sido chamado por Maria, Mãe de Jesus, para semear a nova religião.  Todo  trabalho  e  doutrina  de  Zélio  de  Moraes  têm  este  perfil  cristão, subentendendo  Umbanda  Cristã, antes de ser “Umbanda Branca” ou “Umbanda Pura”, outros adjetivos que já foram associados a sua forma de praticá-la. Jota Alves de Oliveira escreveu um título chamado Umbanda Cristã e Brasileira, no qual encontrarmos a citação abaixo: “A Orientação  Doutrinária  do  evangelizado  Espírito  do  Caboclo  das  Sete  Encruzilhadas  nos levou  a considerar  e  historiar  seu  trabalho  enriquecido  das  lições  do  evangelho  de  Jesus, com  a  legenda:  Umbanda Cristã e Brasileira.”  Outro elemento que endossa a qualidade cristã da Umbanda é o arquétipo dos Pretos e Pretas-velhas, são ex-escravos batizados com nomes católicos e que trazem muita fé em Cristo, nos Santos e Orixás. As  qualidades  cristãs  e  a presença  dos  santos  católicos  confortam  e tranqüilizam quem  entra  pela primeira vez em um templo umbandista, muito embora não se limite a adornos e sim a uma presença espiritual dos mesmos. 

Qualificar ou não qualificar?

 Quase  todos  os  assuntos  doutrinários  e  teológicos  da  Umbanda,  quando  aprofundados, criam  polêmicas pelo  fato  de  nos  encontrarmos  em  uma  religião  nascente,  ainda  em formação,  que  em  muito  lembra  o cristianismo primitivo com suas divergências internas. Vejamos a questão de Cristo na Umbanda, na qual para um ex-católico Cristo é Deus, para um ex-espírita Cristo é um mestre ou irmão mais velho da humanidade, já um ex-muçulmano vê em Cristo um profeta. Este é um  dos  exemplos  pelos  quais  surgem  as  Umbandas,  outro  seria  o fato  de  sua  constante  evolução  e transformação.  A  Umbanda  ainda  possui  esta flexibilidade,  não  impõe,  antes  aceita  as  diferentes  formas  de interpretar os mistérios de Deus. Ali  está  uma  boa  parte  dos fundamentos  da  Umbanda,  seu  ritual  é  aberto  ao aperfeiçoamento constante... E por que isso? Simples: tudo o que as grandes religiões castram nos seus fiéis o ritual umbandista incentiva nas pessoas que dele se aproximam [...]. 

 Fica  fácil  entender  que  as  formações  religiosas  anteriores  influenciam  o  ponto  de  vista do  umbandista gerando seguimentos, assim como suas áreas de maior interesse cria todo um campo a ser explorado dentro da própria  Umbanda,  como  ferramenta  para  alcançar  certos mistérios  da  criação. No  entanto, a  Umbanda  não pode  ser  contida,  ou  apreendida  no  seu todo  por  quem  quer  que  seja.  O  mais  que  alguém  poderá  conseguir será captar partes desse todo.   Por mais válidas que sejam as segmentações, por mais que se auto afirmem ser “a verdadeira” Umbanda ou a “Umbanda Pura”, nenhuma destas “umbandas” dá conta do TODO que é Umbanda.  Particularizar, segmentar, é reduzir, para entender o todo há de se buscar um “mirante” privilegiado, no qual se possa vislumbrar todas as umbandas e “A” Umbanda ao mesmo tempo. Pela “parte” não se define o “todo”, mas pela “unidade” se busca uma “essência”, um fundamento e base. No  fundo  é  possível  praticar  Umbanda,  Simplesmente, livre  de  qualificações,  adjetivos,  atributos  ou atribuições. Basta dizer-se umbandista, e quando perguntarem: “- De que Umbanda você é?” É mais do que suficiente responder apenas: “- Umbanda.”  Da  mesma  forma  é  possível  a alguém  ser  cristão  independente  de Catolicismo,  Protestantismo, Luteranismo,  Metodismo,  Calvinismo,  Pentecostalismo,  mas não  é possível  negar  que  existam  diferentes vertentes dentro do Cristianismo, e da mesma forma com a Umbanda.

O Mistério do Orixá Ancestral, de frente e ajuntó

O Mistério do Orixá Ancestral, de frente e ajuntó
por Rubens Saraceni

Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas, é sobre seu orixá. Nós sabemos que orixá ancestral não é o mesmo que orixá de frente ou ajuntó. O orixá ancestral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo seu magnetismo divino.
Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas divindades, que nos magnetiza em sua onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade divina. 
Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se for macho, é o orixá Oxalá que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se for fêmea, aí é a orixá Oiá que assume sua ancestralidade. 
Uns  são  distinguidos  com  a  qualidade  agregadora  e  são  fatorados  pelo  Trono  do  Amor.  E,  se  forem machos, é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que assume suas ancestralidades. 
Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se forem machos, é o orixá Oxóssi que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Obá que assume suas ancestralidades. 
Uns  são  distinguidos  com  a  qualidade  equilibradora  e  são  fatorados  pelo  Trono  da  Razão.  E,  se  forem machos, é o orixá Xangô que assume as suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Egunitá que assume suas ancestralidades.  
Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se forem machos, é  o  orixá  Ogum  que  assume  suas  ancestralidades.  Mas,  se  forem  fêmeas,  aí  é  a  orixá  Iansã  que  assume  suas ancestralidades. 
Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolução.
E, se forem machos, é o orixá Obaluayê que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Nanã que assume suas ancestralidades.  
Uns  são  distinguidos  com  a  qualidade  geradora  e  são  fatorados  pelo  Trono  da  Geração.  E,  se  forem machos, é  o  orixá  Omulu  que  assume  suas  ancestralidades.  Mas,  se  forem  fêmeas,  aí  é  a  orixá  Iemanjá  que assume suas ancestralidades. 
Observem que não estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no plano material, e sim ao ser que acabou  de  ser  gerado  por  Deus  e  foi  atraído  pelo  magnetismo  de  uma  de  suas  divindades,  que,  por  serem unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são em si mesmas aos seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismos divinos e dão uma ancestralidade imutável, pois é divina, e jamais ela  deixará  de  guiá-los  porque  a  natureza  íntima  de  cada  um  será  formada  na  qualidade  que  o  distinguiu, fatorando-o.
Alguém pode reencarnar  mil vezes, e sob as mais diversas irradiações, que nunca mudará sua natureza íntima.  Agora,  a  cada  encarnação  ele  será  regido  por  um  orixá  de  frente (o  que  o  guiará  enquanto  viver  na carne) e será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o ajuntó) desse orixá de frente ou da “cabeça”.
Usamos o termo “orixá da cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e o influenciará o tempo todo, pois está de “frente” para ele.  Sim,  o  orixá  da  cabeça  está  à nossa  frente  nos  atraindo  mentalmente  para  seu campo de ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e desenvolveremos algumas faculdades regidas por ele. Já o orixá ajuntó, este é um equilibrador do ser e atuará através do seu emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o, pois só assim o ser não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário, regido pelo seu orixá ancestral. 
A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela precariedade dos métodos divinatórios usados para  identificar  o  orixá  da  cabeça  e  seu  ajuntó.  Daí,  vemos  pessoas  reclamarem  que  a  cada  Babalorixá  ou Ialorixá que consultaram, cada um deu um orixá diferente a cada consulta, criando uma confusão e levando ao descrédito. Esta queixa é muito comum e não são poucos os médiuns que estão confusos, porque uma consulta diz que é filho desse orixá e outra consulta diz que é filho de outro orixá.
Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser  macho é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea é
filha de um orixá feminino.
Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres machos e os magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como apassivadora de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o orixá masculino só participa como passivador dessa sua natureza feminina.
Portanto,  no  universo  da  ancestralidade  dos  seres  machos,  têm  sete  orixás  masculinos,  e  na  dos  seres fêmeas têm sete orixás femininos.
Têm  sete  naturezas  masculinas  e  sete  naturezas  femininas,  tão  marcantes  que  é  impossível  ao  bom observador não vê-las nas pessoas.
Saibam que,  mesmo que o orixá da cabeça ou  de frente seja,  digamos,  a orixá Iansã,  ainda assim,  por trás dessa regência, poderemos identificar a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os gestos a postura etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência da encarnação, mas não anulada por ela. Certo?
E o mesmo se aplica ao orixá ajuntó, pois podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é através do emocional que ele atua.
Outra  forma  de  identificação  é  através  do  Guia  de  frente  e  do  Exu  Guardião  dos  Médiuns.  Mas  esta identificação exige um profundo conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se identificarem.
E também nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.
Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental. Certo?
Então, que todos entendam isto:
- Orixá ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que ele foi gerado por Deus, e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas.
- Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação do ser  e o conduz  numa direção na  qual o ser
absorverá  sua  qualidade  e  a  incorporará  às  suas  faculdades,  abrindo-lhes  novos  campos  de  atuação  e crescimento interno.
- Orixá ajuntó é aquele que forma par com o orixá de frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre
visando seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente.
Por isso também é que muitos encontram em si qualidades de vários orixás. A cada encarnação há a troca de  regência  da  encarnação.  E,  nessa  troca,  os  seres  vão  evoluindo e  desenvolvendo  faculdades  relativas  a todos os orixás.
Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles. Certo?