quinta-feira, 25 de agosto de 2016

CAMBONOS – Os médiuns de sustentação

 

 

CAMBONOS – OS MÉDIUNS DE SUSTENTAÇÃO

Trechos retirados do livro: O ABC do Servidor Umbandista (no prelo)
de Pai Juruá
Ele zela pelo bom atendimento, ajuda a dinamizar as consultas, facilita o trabalho das entidades e serve também como intérprete destas. O seu trabalho dentro do Templo é tão importante quanto o dos demais médiuns e, mesmo sem estar incorporado, ele é parte integrante de todo o trabalho espiritual, pois os Guias Espirituais se utilizam dele para retirar as energias que serão utilizadas no atendimento aos consulentes.
O cambono deverá deixar preparado todos os apetrechos de trabalho que costumam ser utilizados pela entidade a qual irá cambonear evitando assim atrasos desnecessários durante as consultas. O cambono, na verdade, precisa ter conhecimento de todo o culto e de todas as entidades, precisando, então, prestar muita atenção à atuação delas durante as giras.
Sempre que solicitado, o cambono deve ajudar as entidades a se comunicarem com os consulentes, desde é claro, que seja treinado para isso e também que seja muito atento a tudo o que a entidade solicitar. Na verdade, o cambono, em alguns casos, poderá explicar de uma forma mais simples ou mesmo interpretar o que for dito para que o consulente não distorça as palavras das entidades.
O cambono, antes de qualquer coisa, é pessoa de extrema confiança do Pai ou Mãe da casa, assim como da entidade que estiver atendendo; portanto, caso perceba qualquer coisa estranha, qualquer coisa que não faça parte dos procedimentos normais, deve reportar-se ao Guia-chefe ou ao Pai ou Mãe da casa na mesma hora. É por isso que é tão importante, e necessário, que o cambono saiba todos os procedimentos de trabalho e todas as normas de conduta que entidades e médiuns devem ter dentro do Templo.
O fato de auxiliar nas consultas exige que o cambono seja discreto e mantenha sigilo sobre tudo o que ouvir, não se esquecendo de que ali estão sendo tratados assuntos particulares e que não dizem respeito a ninguém além da pessoa que estiver sendo atendida e da entidade. O sigilo é um juramento de confiança que todo o cambono deve ter e fazer.
Este não deve jamais confundir a entidade com a pessoa, isto é, ele é cambono do Guia Espiritual e não daquele médium, que é apenas um irmão dentro do Templo. O que ele pode, sim, é perguntar ao médium com o qual trabalha como deve proceder para prestar um melhor atendimento à entidade durante os trabalhos.
Uma prática útil e aconselhável dentro de um Templo é a troca de cambonos entre as entidades. Isto traz um maior aprendizado aos cambonos e também faz com que estes se habituem a tratar todas as entidades da mesma forma, sem criar laços afetivos exagerados. Desenvolver afeto pelas entidades é comum, mas a afinidade espiritual só é saudável se não conduzir à dependência; portanto, o chefe da casa poderá decidir-se pelo trabalho alternado e, nesse caso, deverá fazer com que todos saibam disso com antecedência.
De vez em quando, todos os médiuns, mesmo aqueles que incorporam, deveriam trabalhar como cambonos para poderem aprender mais e desenvolver a humildade, que é a característica mais importante que um médium deve ter.
É importante saber que todo o material de uso das entidades é de responsabilidade do médium que a incorpora e que o trabalho do cambono é estar atento para que este material não falte ou acabe, devendo comunicar o médium com antecedência quando o material estiver acabando.
Obs: O Cambono é um auxiliar do Templo e não um empregado dos médiuns. A educação e a lisura devem estar presentes a todo instante.

Alguns requisitos importantes para os médiuns de sustentação:

  • RESPONSABILIDADE: Tanto quanto o médium de incorporação, o médium cambono de sustentação precisa conhecer a mediunidade e tudo o que diz respeito ao trabalho com a espiritualidade e as energias humanas, a fim de poder auxiliar eficientemente o dirigente do trabalho e seus colegas, médiuns ou não.
  • FIRMEZA MENTAL E EMOCIONAL: Como é o responsável pela manutenção do padrão vibratório durante o trabalho, o médium cambono de sustentação deve ter grande firmeza de pensamento e sentimento, a fim de evitar desequilíbrios emocionais e espirituais que poderiam pôr a perder a segurança do trabalho e dos outros trabalhadores.
  • EQUILÍBRIO VIBRATÓRIO: Como trabalha principalmente com energias – que movimenta com os seus pensamentos e sentimentos, o cambono médium de sustentação deve ter um padrão vibratório médio elevado, a fim de poder se manter equilibrado em qualquer situação e poder ajudar o grupo quando necessário.
  • COMPROMISSO COM A CASA, O GRUPO, OS GUIAS ESPIRITUAIS E OS ASSISTIDOS: O cambono, médium de sustentação, deve lembrar-se de que, mesmo não tomando parte direta nas assistências, tem alguns compromissos a serem observados:
• Com a casa que trabalha: Conhecendo e observando os regulamentos internos a fim de segui-los. Explicá-los, quando necessário, e fazê-los cumprir, se for o caso; dando o exemplo na disciplina e na ordem dentro da casa; colaborando, sempre que possível, com as iniciativas e campanhas da instituição.
• Com o grupo de trabalhadores em que atua: Evitando faltar às reuniões sem motivos justos, ou faltar sem avisar o dirigente ou o seu coordenador; procurando ser sempre pontual nos trabalhos e atividades relativas; procurando colaborar com a ordem e o bom andamento do trabalho.
• Com os Guias Espirituais: Lembrando que eles contam também com os médiuns cambonos de sustentação para atuar no ambiente e nas energias necessárias aos trabalhos a serem realizados, e que, se há faltas, são obrigados a “improvisar” para cobrir a ausência. Os Guias Espirituais devem ser atendidos com presteza e respeito.
• Com os assistidos: Encarnados e desencarnados, que contam receber ajuda na Casa e não devem ser prejudicados pelo não comparecimento de trabalhadores. Todos deverão ser recebidos e tratados com esmero, dedicação, respeito e educação.
  • AUSÊNCIA DE PRECONCEITO: O cambono, médium de sustentação, não pode ter qualquer tipo de preconceito, seja com os assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os dirigentes, mentores, etc. Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que tem a oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados da melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.
  • DISCRIÇÃO: O cambono, médium de sustentação, nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos envolvidos, encarnados e desencarnados, como também por segurança, para que entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar a trabalhadores, provocando desequilíbrios. Os comentários só devem acontecer esporadicamente, de forma impessoal, como meio de se esclarecer dúvidas e transmitir novas informações a todos os trabalhadores, e somente no âmbito do grupo, ao final dos trabalhos.
  • COERÊNCIA: Tanto quanto o médium de incorporação, o cambono, médium de sustentação, deve manter conduta sadia e elevada, dentro e fora da casa em que trabalha, para que não seja alvo da cobrança de entidades desequilibradas, no intuito de nos desmascarar em nossas atitudes e pensamentos. Como vemos, as responsabilidades dos cambonos, médiuns de sustentação, são as mesmas que a dos médiuns ostensivos, e exigem deles o mesmo esforço, a mesma dedicação e a mesma responsabilidade.
CONCLUSÃO
Como vimos, não é tão fácil ser um cambono. Para ser um, é preciso aprender tudo sobre os Orixás, os Guias Espirituais, a Umbanda, o Templo e, principalmente, sobre a conduta que deve adotar para, depois, se for o caso, ser um bom médium de incorporação e alcançar a evolução espiritual até o Pai Maior.
Texto retirado do site: minhaumbanda.

CAMBONE NA UMBANDA


Cambone de Umbanda 
por Sheila Nascimento (Serena) 

Gostaria de abordar um trabalho de extrema importância no terreiro que é o de cambone, mas sem deixar de lembrar uma passagem curiosa, quando era pequena meu pai sempre tinha o costume de desmontar os relógios da casa na intenção de “melhorar seu desempenho”, relógios do tipo à corda, e sempre era a mesma história, ele desmontava, “lubrificava” e montava novamente, mas sempre sobravam peças... e lógico o relógio não funcionava, aí começava a discussão com minha mãe, que argumentava o erro em não saber remontar, e ele dizia que eram peças “dispensáveis”, mas ora, o relógio não funcionava ou então funcionava com problemas. 
O trabalho de Umbanda no atendimento ao consulente também funciona como um relógio, que tanto no astral com na parte material depende do bom funcionamento de sua engrenagem. Parte importante, como todas as outras é justamente a do cambone, já tão bem abordada aqui no JUS em outras oportunidades, mas nesta, coloco a visão de um próprio cambone. 
Existe toda uma expectativa no início dos trabalhos, cada casa tem seu ritmo, mas o que não muda é aquela adrenalina e ansiedade (benéfica) à espera da linha de trabalho a ser chamada, muitas vezes por tempo de trabalho e por dedicação e afinidade, o cambone se sente um misto de peça importante com um filho de todas as entidades que na casa se manifestam. 
E, muitas vezes, eu como muitos outros temos esse sentimento, de atenção com tudo, preparar o espaço para a chegada dos Guias Espirituais, pembas, blocos de anotação, velas, charutos, tudo tem de estar a contento, a assistência, ansiosa, tem que ser bem recebida e conduzida aos Guias, todo o trabalho transcorre numa dinâmica de atenção, concentração e doação, dependendo muito do amor e da dedicação de todos, inclusive de nós cambones, aí entra também o sentimento de ser filho de cada um dos Guias espirituais, que com o tempo só de olhar sabem como estamos, como um pai que olha o filho pequeno, os cumprimentos e o abraço de um, a palavra do outro, a “chamada” de um terceiro, e aí a gente vai crescendo como crianças dentro de uma grande família de sábios, anciões, companheiros, pais e mães espirituais. 
Chegando até mesmo a um ponto em que ao meio de inúmeros Guias o cambone ouvir mentalmente o chamado de um ou outro Guia Espiritual mais afinizado com o cambone, solicitando sua presença ali ao seu lado. Isso não tem preço! 
Não digo que cada dia de trabalho tem um aprendizado, mas sim, cada atendimento, sendo este ligado a apenas um médium e suas entidades ou como também os cambones que atendem vários médiuns sem ser específico de um só. 
Muito depende do funcionamento de cada casa, mas o trabalho de ser cambone é uma escola, um aprendizado sem fim, que aos atentos faz aumentar a fé, descobrir e sentir-se amado e especial. 
Existem dias em que o cansaço e eventuais dificuldades atrapalham, mas são nesses dias que a espiritualidade te recompensa com um abraço de um pai querido, um ramo de alecrim imantado ou uma rosa para despachar. 
Enfim, cada gesto dessa grande corrente, não só de pais e mães espirituais, mas como também dos “colegas”, irmãos de trabalho que se ajudam e muitas vezes, sob a coordenação de um guia espiritual, faz o revezamento de descarregos para os mais necessitados da corrente. 
Ser cambone é ser importante para o bom funcionamento do trabalho, exige ser atento, concentrado, estudar, aprende e se incorporar à dinâmica de trabalho da Umbanda, estar preparado para todo um esforço físico, mental e espiritual de trabalho e acima de tudo amar a Deus e o que faz. 
Hoje, de um modo geral, por todo o trabalho de doutrina, esclarecimento e preparação, nós cambones 
somos vistos como parte importante da engrenagem de funcionamento de uma casa, mas apelo aos irmãos, colegas de trabalho, que se vejam, não com soberbia na importância do seu trabalho em uma casa, mas como privilegiados e abençoados por tanta generosidade que recebem em cada auxílio às entidades, sem precisar mencionar do auxílio que cada cambone, como o médium de umbanda, recebe de seus próprios amparadores espirituais. Percebam e internalizem para poderem retransmitir a gratidão, os pequenos gestos de humildade e delicadeza, a generosidade e o trabalho extremamente gratificante e engrandecedor de servir ao Pai, servido a muitos. 
Se tiverem amor pelo trabalho de cambone, receberão amor enquanto forem membros neste ponto da hierarquia, e no futuro também colherão amor e doarão amor de toda a corrente. 
Hoje me despeço desse trabalho, com tristeza por deixá-lo, mas com gratidão por ter sido tão 
maravilhoso, e rogo que cada dia do novo trabalho seja tão perfeito, tão bom e me traga tanta felicidade como me trouxe ser cambone.

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