terça-feira, 28 de junho de 2016

Linha de Caboclos



Estou aqui para oferecer um resumo de minha opinião em relação a essa linha, 
nesse caso me limitarei apenas a ela tentando elucidar apenas um pouco do
 culto de outras casas.

São espíritos que em sua encarnação foram índios, oriundos das mais variadas
 regiões de nosso globo, plasmam-se como espíritos que viveram grande parte
 de sua vida ou toda a sua vida, na floresta, no bom relacionamento com a 
flora e fauna da região onde viviam.

Gostaria de fazer uma ressalva, que muitos índios, mesmo antes de 
entrarem em contato com a ciência do homem branco, possuíam uma 
cultura extremamente avançada, infestada de parábolas e excepcionais 
filosofias de vida, o interessante, é que muito desse conhecimento, 
assemelham-se à cultura oriental.

Na Umbanda, eles representam a jovialidade, a força, a juventude,
 o período mais longo de nossas vidas, onde adquirimos o senso de
 responsabilidade, formação sólida de caráter e onde toda a nossa
 inteligência e conhecimento transmutam-se em sabedoria. São
 espíritos que se apresentam de forma séria, exímios trabalhadores
 nas demandas, curas e limpezas etéreas, muitos caboclos
 apresentam-se como verdadeiros conselheiros, amigos, sempre 
dispostos a fornecer uma palavra de coragem e ânimo, outros 
caboclos já não são muito de consultas, atuam mais no desmanche de
 feitiços e outras cargas deletérias que absorvemos direta ou indiretamente 
do astral.

A Falange de caboclos é muito vasta, muitos atuam nas mais variadas égides,
 como a de Xangô, Ogum, Oxossi, entre outros orixás, dependendo da
 vibração da qual o caboclo atua, ele tem uma característica peculiar, 
uns são exímios curandeiros, outros guerreiros vencedores de demanda, 
outros muito velhos, servindo como ótimos amigos e conselheiros é 
uma falange que não possui uma característica padrão em relação ao 
comportamento da entidade.

Sua cor geralmente é o verde, em alguns casos acrescenta-se o branco,
 mas pode variar dependendo da vibração atuante do caboclo, seu 
próprio fio-de-conta pode variar. Suas oferendas geralmente são frutas, 
flores, alguns solicitam charuto e cerveja em suas oferendas, já vi casos
 de caboclos solicitarem vinho branco ou tinto. O pano que cobrirá
 a oferenda também dependerá do caboclo bem como o local da 
entrega. Alguns recebem em matas fechadas, outros sobre uma pedra,
 outros mais próximo a um rio, outros em campos altos e de grama rasteira,
 também dependerá da forma que seu caboclo trabalha e o local escolhido
 para ele transmutar as energias, cada entidades tem o seu campo santo 
mediante a vibração que atua, portanto, cada qual tem um local
 determinante para abrir os seus portais. Sua saudação é Okê Caboclo.

Os caboclos costumam trabalhar com todos os elementais, seja o fogo 
da vela aliado à fumaça do charuto, onde também representa o elemento ar, 
a água, a terra, os vegetais. São os verdadeiros guerreiros de Umbanda, 
sendo muito respeitados pelas demais linhas, geralmente são os 
responsáveis pelo ori do filho, o mentor de toda a corrente umbandista
 do médium.

Muitos são os espíritos que atuam sob essa roupagem fluídica, 
costumo dizer que o caboclo é o alicerce de uma casa de Umbanda,
 dentro de minha crença, são as entidades que têm total autonomia 
sobre os exus.

Os caboclos, dependendo da vibração da qual estão imantados, 
ou seja, energizados, apresentam uma característica diferente, 
como citado acima. Gostaria apenas de salientar que todos os caboclos 
possuem a sua vibração original, mas isso não impede que ele 
possa atuar sobre outras vibrações, por exemplo, o senhor Pena Branca
 é um caboclo onde sua vibração original é oriunda de Oxalá,
 mas já vi outros caboclos que trazem o mesmo nome, atuando 
sob a vibração de Oxossi ou até mesmo Ogum.

Ocorre muita confusão em relação a isso, outro exemplo típico é o Sr.
 Pena Dourada, originalmente ele é de Oxum, mas já o vi atuando 
também em filhos de Oxossi. Mas a título de referência, de acordo 
com a minha experiência, tentarei esmiuçar abaixo de acordo 
com as minhas experiências: 

Caboclos de Oxalá

 A vibração de Oxalá é aquela que nos traz a Paz, a Pureza de Espírito, 
são caboclos que atuam na camada mais sutil do Centro, em nossos centros 
psíquicos, nos preparando para os trabalhos litúrgicos dentro do terreiro.
 Falam muito baixo, costumam conversar, atuam também na área de
 saúde. Muitos ocupam cargos de chefia dentro da falange dos 
caboclos e dos próprios templos.

Alguns caboclos que atuam nessa vibração são Pena Branca, Águia Branca,
 Urubatão da Guia, Tupã, Aimoré, Caboclo do Sol.

 Caboclos de Iemanjá

 São caboclos que em sua enorme maioria trazem o poder da cura, por
 serem exímios manipuladores da água, o elemento da vida, 
possuem grande capacidade para curar, regenerar tecidos recuperar
a vitalidade de cada órgão das pessoas. Não são muito sérios, costumam 
falar mais que os caboclos de Ogum ou Xangô, existe muitas caboclas
 também sob a vibração de Iemanjá, geralmente são caboclos que atuam
 na praia ou no mar.

Entre os caboclos mais conhecidos dessa vibração estão Jurema da
 Praia, Iara, Ondina, Jandira, Jacira, Caboclo da Lua, Beira-Mar, Ubirajara.

 Caboclos de Ogum

 Geralmente são sérios, atuam mais na Ordem do centro, inibindo a ação 
de entidades maléficas e desmanchando demandas, são austeros, 
destemidos e onde atuam a Paz deve existir, por trabalharem sob uma
 vibração que representa a força, o desejo de vitória, limitam-se apenas 
em trabalhar vencendo as Guerras que cercam os templos Umbandistas,
 atuam na limpeza da Egrégora da casa.

Alguns deles são: Rompe-Mato, Beira-Mar, Pena Vermelha, Quebra-Ferro,
 Rompe-Ferro, Sete Estradas, Sete Lanças, Sete Escudos, Sete Ondas.

Caboclos de Xangô

A Vibração de Xangô é a Justiça Carmica, é a Lei irrevogável e onipresente
 Cosmica, são caboclos extremamente sérios, falam muito pouco, atuam
 também no trabalho de desmanche de feitiços, fazendo prevalecer a 
justiça para com os adeptos necessitados, alguns são exímios feiticeiros,
 curandeiros e quimbandeiros, assim como a maioria dos caboclos
 de Ogum, os caboclos de Xangô também atuam na esquerda e na
 direita em sua maioria, a Justiça deve prevalecer independente do
 que aconteça. Alguns caboclos de Xangô estão diretamente ligado aos
 exus, que são os soldados do astral que auxiliam na Ordem das coisas.

Seus brados de guerra são muito intensos e breves.

Entre alguns caboclos estão Treme-Terra, Cachoeira, Mata Virgem,
 Rompe Pedra, Sete Luas, Caboclo do Vento, entre outros.

Caboclos de Oxóssi

De todos os caboclos, são os que mais falam, é a vibração que 
representa todos os caboclos em geral, costumam apresentar-se
 como bons conselheiros, ótimos curandeiros e benzedeiros.

Alguns caboclos que atuam sob a égide de Oxossi Guaraná,
 Jurema, Sete Encruzilhadas, Sultão das Matas, Araribóia, Cobra Coral,
 etc.

Caboclos de Oxum

São caboclos que trazem todo o encantamento e doçura dessa vibração, 
Oxum é a vibração de uma verdadeira mãe, protetora, amiga e sábia, 
assim são os caboclos que atuam sob essa vibração.

Alguns caboclos que já presenciei de Oxum são Pena Dourada,
 Iracema, Indaiara, Jandira, Jurema dos Rios, etc.

Caboclos de Obaluaie

São muito poucos caboclos que atuam sob essa vibração, são caboclos
 muito sérios, falam muito pouco e costumam também realizar seus
 trabalhos na esquerda. Seus brados de guerra geralmente são muito 
curtos e ocos.

Alguns caboclos da linha de Obaluaie/Omulu são Arranca-Toco, 
Vira-Mundo, Urutu, etc.

Algumas vibrações como Nanã, Iansã, Oxumaré, geralmente transmitem
 aos seus filhos boiadeiros, o caboclo que o filho trabalha durante 
os trabalhos Umbandistas, geralmente é o do segundo orixá de seu ori.
 Raros os casos, por exemplo, de um caboclo de Iansã, como até mesmo 
o Ventania, que para mim sua vibração é oriunda de Xangô ou até
 mesmo Sete Flechas, que eu já vi muita filha de Iansã trabalhando.

Geralmente essa linha é evocada na abertura, para limparem a casa 
de todos os malefícios que eventualmente ali adentram, em minha opinião,
 é a linha de maior poder espiritual que atua sobre a egrégora da Umbanda,
 em outras palavras, em termos de força guerreira; É uma linha que
 respeito muito e acho de ilibada importância para os trabalhos umbandistas.

Os caboclos também são constituídos de nômades que atuavam no 
Oriente, já vi alguns caboclos se plasmarem totalmente vestidos, com
 roupas longas, denotando uma descendência mais oriental, vale 
lembrar que os índios do norte da América também utilizavam roupas.
 Muita são as tribos que atuam nos trabalhos de Umbanda, apenas
 citando alguns: Sioux, Apaches, Chippeway, Comanches, Iroqueses, 
Navajos, Peles-Vermelhas, entre outras tribos do norte da América, também
 temos a presença dos Incas, Maias e Astecas que situavam-se mais 
na América Central e a vasta quantidade de tribos brasileiras, como
 Tupiniquins, Tupinambás, Aimorés, Tupis, Tamoios, Guaiacurús, entre
 outras tribos, onde alguns caboclos receberam como nome de trabalho,
 o nome de sua própria tribo.

Outro aspecto importante que já vi acontecer em terreiros, é o médium 
de qualquer forma querer ter um cacique, vale salientar aqui que em
 nem todos os casos, o cacique é o que possui maior luz, maior hegemonia 
sobre os trabalhos, vale lembrar que o tempo de trabalho e a intensidade do
 trabalho de uma entidade é o que determina seu conhecimento, experiência
 e nível evolutivo, e como eu sempre digo, cada qual na sua função. 
Nas tribos existiam diversos cargos, como os guerreiros, entre eles, havia
 o seu chefe de Guerra, os Xamãs, que em algumas tribos também são 
conhecimentos como pajés, que eram os curandeiros da tribo,
 muitos eram conselheiros e exímios manipuladores de energia, 
tinha os vigias, os caçadores, entre outros grandes cargos dentro de 
uma mesma tribo. O seu pode não ser cacique, pode não ter o penacho
 até o chão, mas isso no mundo espiritual nada quer dizer, mais vale o 
grau evolutivo e a forma altruísta de trabalho do seu caboclo ao 
tamanho do seu penacho. Eu já trabalhei com quatro caboclos, dentre eles,
 apenas o Sr. Pena Branca era cacique, o meu chefe de ori, Sr Urubatão 
da Guia era um xamã entre os peles-vermelhas, o caboclo do Sol um 
curandeiro e feiticeiro e o Rompe-Mato um guerreiro austero.

 Essa é a linha de caboclos, sempre solicitados nas demandas, 
sempre solicitados quando é necessário a Ordem na Casa e geralmente 
são os chefes de congas nos terreiros de umbanda, o guia representante 
da vibração do seu médium e o responsável pelo comando da corrente 
umbandista de seu filho.


Saravá a Linha de Caboclos.

Okê Caboclo!


CABOCLOS DE UMBANDA



A palavra caboclo, vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas.
A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ou Yori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.
Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.
Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, in­variavelmente presentes nos terreiros de Umbanda, praticando a caridade e cumprindo sua missão espiritual.
Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíri­tos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro, (veja mais nas obras de Betty Mindlin).
A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação dos caboclos com os indígenas – nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, e aproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhor das Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que os Caboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi. Muitos entendem que somente esses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam, propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.
Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas, paramen­tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamos entendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da fase adulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixás femininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm como índias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades que se apresentam como adultos.
Feitas essas ressalvas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc.
Vejamos alguns exemplos de Caboclos de Oxossi: Caboclo Sete Flechas, Caboclo Folha Seca, Caboclo Pena Vermelha, Cacique das Matas, Caboclo Cobra-coral, Cabocla Jurema, Cabocla Jacyra, Caboclo Ventania, Caboclo Caçador e outros. Na linha de Ogum temos: Ogum de Lê, Ogum Beira-mar, Ogum Matinata, Ogum Sete Ondas, Caboclo Biritan, Ogum Megê, Ogum Sete Espadas e mais uma plêiade de espíritos que vêm sob essa vibração. Entre os caboclos de Xangô temos muitos caboclos famo­sos, como Caboclo das Sete Pedreiras, Caboclo Vira-mundo (que vem como Xangô ou Oxossi), Xangô Kaô, Caboclo Pedra Branca, Caboclo da Pedra Preta etc. Para citar alguns da linha de Oxalá, que dificilmente baixam, temos Caboclo Ubiratan, Caboclo Girassol, Caboclo Ipojucan, Caboclo Guaracy e Caboclo Tupi. Esses caboclos, normalmente, vêm fazendo cruzamento vibratório com outros orixás, especialmente com Oxossi.
Todas as entidades de Umbanda são importantes. Ainda que alguns se orgulhem de serem médiuns de caboclos renomados e tidos como chefes de falange, o que vemos é que quando estão no terreiro, os Caboclos tratam uns aos outros como iguais, mostrando que o que importa é o trabalho espiritual e, como em uma aldeia, tudo é feito em conjunto e com as ordens dos planos superiores. Assim diz um ponto cantado de caboclos: na sua aldeia ele é caboclo, é Rompe-mato e seu mano Arranca-toco, na sua aldeia lá na jurema, não se faz nada sem ordem suprema.
É também do linguajar de caboclo, que não cai uma folha da jurema (da mata), sem ordem de Oxalá, ou seja, que tudo na vida tem motivo e que nossas ações são registradas na lei de causa-e-efeito, ou lei do karma. Mas isso não significa ficar passivo, esperando o pior acontecer. Os Caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. No que é possível, os caboclos nos ajudam a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas). Essa postura é evidenciada em vários pontos, como esse:
Atira, atira, eu atirei, eu bamba vou atirar Bicho no mato é corredor, Oxossi na mata é caçado.
Cadê Vira-mundo pemba (bis)
Tá no terreiro, pemba, com seus caboclos, pemba.
Veado no mato é corredor, cadê meu mano caçador
E o Caboclo Ventania que me protege noite e dia.
Para quem vivência o terreiro, que há anos luta as batalhas espirituais e já viu os caboclos vencendo as demandas dos filhos-de-fé, afastando entidades negativas, tratando doenças que a medicina muitas vezes não resolve e dando lições de simplicidade, humildade, coragem e persistência, ouvir ou mesmo lembrar esses pontos cantados, traz uma sensação de alegria que enche o coração, renova o ânimo e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Melhor do que qualquer leitura sobre caboclo é vê-lo incorporado atendendo quem precisa.
Fonte: Revista Orixás, Candomblé e Umbanda – Ano I – Nº 02

Os Caboclos e Caboclas


Originalmente, a palavra Caboclo significa mestiço de Branco com Índio mas, na percepção umbandista, refere-se aos indígenas que em épocas remotas habitaram diversas partes do planeta, como civilizações aparentemente primitivas, mas na realidade de grande sabedoria. Espíritos que, embora em sua encarnações tenham vivido em outros países, identificam-se espiritualmente na vibração dos Caboclos, como por exemplo, os índios Americanos, os Astecas, os Maias, os Incas e demais indígenas que povoaram a América do Sul.
Falar em Caboclos na Umbanda, é fazer menção a todos eles que, com denominações diversas, atuam em nossos terreiros e que, com humildade, como muito bem recomenda a espiritualidade, omitem detalhes referentes às suas vidas quando encarnados. Na Umbanda, os Caboclos constituem uma falange e, como tal, penetram em todas as linhas, atuando em diversas virações. Entretanto, cada um deles tem uma vibração originária, que pode ser ou não aquela em que ele atua.
Antigamente existia a concepção de que todo Caboclo seria um Oxóssi, ou seja, viria sob a vibração deste Orixá. Porém em nossa percepção, compreendemos que Caboclos diferentes, possuem Vibrações Originais Diferentes, podendo se apresentar sob a Vibração de Ogum, de Xangô, de Oxóssi ou Omulu. Já as Caboclas, podem se apresentar sob as Vibrações de Iemanjá, de Oxum, de Iansã ou de Nanã. Não há necessidade da Vibração do Caboclo-guia, coincidir com a do Orixá dono da coroa do médium: o guia pode ser, por exemplo, de Ogum, e atuar em um sensitivo que é filho de Oxóssi; apenas neste caso, a entidade, embora sendo de Ogum, assimilará a vibração de Oxóssi.

Embora existam diferenças entre os nomes encontrados por diferentes pesquisadores para as entidades, em relação as suas Vibrações Originais, apresentamos a seguir uma relação que nos parece a mais próxima de uma realidade:

Caboclos de Ogum

Águia Branca, Águia Dourada, Águia Solitária, Araribóia, Beira-Mar, Caboclo da Mata, Icaraí, Caiçaras Guaraci, Ipojucan, Itapoã, Jaguaré, Rompe-mato, Rompe-nuvem, Sete Matas, Sete Ondas, Tamoio, Tabajara, Tupuruplata, Ubirajara, Rompe-Ferro, Rompe-Aço

Caboclos de Xangô

Araúna, Cajá, Caramuru, Cobra Coral, Caboclo do Sol, Girassol, Guaraná, Guará, Goitacaz, Jupará, Janguar, Rompe-Serra, Sete Caminhos, Sete Cachoeiras, Sete Montanhas, Sete Estrelas, Sete Luas, Tupi, Treme-Terra, Sultão das Matas, Cachoeirinha, Mirim, Urubatão da Guia, Urubatão, Ubiratan, Cholapur.

Caboclos de Oxóssi

Caboclo da Lua, Arruda, Aimoré, Boiadeiro, Ubá, Caçador, Arapuí, Japiassu, Junco Verde, Javari, Mata Virgem, Pena Branca, Pena Dourada, Pena Verde, Pena Azul, Rompe-folha, Rei da Mata, Guarani, Sete Flechas, Flecheiro, Folha Verde,, Tupinambá, Tupaíba, Tupiara, Tapuia, Serra Azul, Paraguassu, Sete Encruzilhadas.

Caboclos de Omulu

Arranca-Toco, Acuré, Aimbiré, Bugre, Guiné, Gira-Mundo, Iucatan, Jupuri, Uiratan, Alho-d’água, Pedra Branca, Pedra Preta, Laçador, Roxo, Grajaúna, Bacuí, Piraí, Suri, Serra Verde, Serra Negra, Tira-teima, Seta-Águias, Tibiriçá, Vira-Mundo, Ventania.

Caboclas de Iansã

Bartira, Jussara, Jurema, Japotira, Maíra, Ivotice, Valquíria, Raio de Luz, Palina, Poti, Talina, Potira

Caboclas de Iemanjá

Diloé, Cabocla da Praia, Estrela d’Alva, Guaraciaba, Janaína, Jandira, Jacira, Jaci, Sete Ondas, Sol Nascente

Caboclas de Oxum

Iracema, Imaiá Jaceguaia, Juruema, Juruena, Jupira, Jandaia, Araguaia, Estrela da Manhã, Tunué, Mirini, Suê

Caboclas de Nanã

Assucena, Inaíra, Juçanã, Janira, Juraci, Jutira, Luana, Muraquitan, Sumarajé, Xista, Paraquassu

Caboclinhos da Ibeijada

Nesta querida falange, encontramos os Caboclinhos e Caboclinhas do Mato que se manifestam em sua forma indígena.


caboclinho


Algumas caracteristicas da Vibração dos Caboclos e Caboclas
Hábitat
Normalmente Matas Altas, Coqueiros, Eucaliptos, etc
Sincretismo
Santa Barbara
VibraçãoAjuda espiritual e material
Assuntos RelacionadosTodos
AtuaçãoAjuda em todos os campos
Parte do CorpoTodo o corpo
Essências
Eucalipto, Girassol (Para Caboclos)
Pinho, Bálsamo-de-tolu (Para Caboclas)
Cores
Vermelho, Verde e Branco
Pedras
Quartzo Verde-escuro
Metal
Ferro, Aço, Manganês, Zinco
Flores
Girasol, Flor de Ipê, etc
Banhos de descarrego
Essência de Eucalipto
Libação
Água com Mel
Imantação
Predomina a espiga de Milho
Guias
Para médiuns que tem um Caboclo como Guia: 117 contas ( alternando 3 vermelhas, 3 Verdes e 3 Brancas)
Para médiuns que tem uma Cabocla como Guia: 126 contas ( alternando 7 Brancas, 7 Vermelhas e 7 Verdes)