segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O Porquê do Desenvolvimento Mediúnico



A mediunidade é vista por muitos como um grande fantasma, algo que deve ser tratado e retirado da vida de uma pessoa já que ela é responsável por prováveis malefícios na sua vida. Já por outros é vista como um carma, algo pesado que se tem para carregar. Outros ainda consideram-na como um dom que nos torna muito especiais. Mas será que realmente ela é prejudicial, um fardo ou algo exclusivo?

Segundo ensinamentos espirituais, 30% das pessoas já nascem portadoras de faculdades mediúnicas plenamente desenvolvidas, sejam elas conquistadas noutras vidas ou no tempo em que estiveram no astral.

Isso acontece por a mediunidade ser uma das mais poderosas ferramentas para o desenvolvimento consciencial e espiritual do ser humano.

Independentemente da crença religiosa de cada um, é notório que quase todas (para não dizer todas) as filosofias espirituais e religiosas vieram por inspiração ou pelo ensinamento de seres espirituais considerados de alto grau ou luminosidade e que as mesmas serviram como regra ou padrão para um desenvolvimento equilibrado e natural da humanidade. Claro que temos que levar em conta a cultura local e a época em que foram passadas tais orientações.

A humanidade evoluiu e, conseqüentemente, as religiões e a espiritualidade como um todo, adaptando-se aos novos meios e aos novos tempos, sem nunca deixarem de ser o que são: vias de desenvolvimento humano.

Vimos também em relatos históricos que a queda de antigas civilizações se deu ao facto do afastamento progressivo da sua sociedade das condutas religiosas, espirituais e éticas propagadas pelas mesmas, pois estas serviam para manter uma estabilidade e um equilíbrio no seu meio.

Sabemos que alguns vão dizer que alguns conceitos ficaram ultrapassados e ilógicos. Vamos ter que concordar. Afinal de contas, tudo evolui. Mas também sabemos que alguns deles sempre estiveram, estão e estarão corretos por serem verdades irrefutáveis.

Não vamos aqui falar de conceitos religiosos verdadeiros ou falsos, mesmo porque cada religião e sociedade têm os seus próprios meios de os ver, interpretar e entender e não somos nós que iremos armar-nos em donos da verdade.

“É tolo aquele que deseja uma prova do que não pode perceber;
E é estúpido aquele que tenta fazê-lo acreditar.” 

William Blake

Mas quando nos afastamos de Deus e dos seus valores eternos e internos, passamos a criar desequilíbrios pessoais e interiores. Isso é um fato e se isso acontece em larga escala, com certeza criaremos também problemas sociais.

E o que isso tem a ver com mediunidade?
 Tudo – respondemos nós.

Acreditamos que muitos já devam ter ouvido falar de um “tal” de desequilíbrio mediúnico que leva tantas pessoas a sofrer. Mas será mesmo que a mediunidade se desequilibra?

De forma nenhuma – respondemos nós – pois a mediunidade é um sentido, uma capacidade natural do ser humano de se conectar com o invisível ou, se os mais cépticos preferirem, com o abstracto. Porém, se não fosse pela nossa condição mediúnica, inerente a todo o ser humano, não seríamos capazes de realizar uma única oração que fosse. Ou não é verdade que o acto de rezar é uma forma de se comunicar com planos espirituais ou invisíveis?

E sentido é algo que não se desequilibra, mas pode dar “defeito” ou ser mal utilizado, por exemplo: uma pessoa que só vê maldade em tudo, é a sua visão que está em desequilíbrio ou é um desequilíbrio da sua personalidade (maldosa)? Diferente de uma pessoa que passa a ter problemas de visão ou fica cega pois deixa de ver com nitidez ou mesmo de todo, certo?

Pois bem, por acreditar que quem desequilibra a sua condição mediúnica é o próprio médium, através dos seus próprios comportamentos psíquicos, emocionais e sociais (independentemente dos motivos que o levaram a isso), achamos que um reencontro desse mesmo médium com Deus, através de uma religião, é capaz de equilibrá-lo novamente. O ensino de Deus, das Suas divindades e dos valores morais ligados a Ele e a ela (religião), não só o ajuda na sua transformação interior como também no seu fortalecimento e equilíbrio enquanto indivíduo. A isso também chamamos de desenvolvimento mediúnico, pois o acto de desenvolver a mediunidade não pode ficar apenas no exercício e no treino mediúnico. É preciso antes ensinar, pois se não houver um entendimento da mesma não irá ter o resultado almejado, que é o bem-estar do indivíduo. Por isso é tão comum um médium ir um templo umbandista e escutar da entidade “ filho, o seu problema é mediunidade e você precisa desenvolvê-la para melhorar”, porque um desenvolvimento mediúnico bem orientado ajuda a desenvolver a consciência de que é preciso também uma transformação interior que o ligará novamente a Deus, Suas Divindades e Seus princípios Divinos que o fortalecerão e o equilibrarão.

Claro que sabemos que uma atividade mediúnica fora de controlo, seja numa criança, num jovem ou mesmo num adulto, torna o ser muito mais sensível aos problemas do meio, deixando-o triste e perturbado psicologicamente, desinteressado pela vida, criando vários bloqueios e problemas físicos, psíquicos, materiais, profissionais, sentimentais, etc., que precisam ser orientados e cuidados.

Por isso a Umbanda utiliza o recurso mediúnico de incorporação para o equilíbrio e fortalecimento interior dos seus médiuns que, através dos seus Guias, passam a fortalecer-se, a aprender e, com o tempo, através deles e das suas bases, orientar os consulentes que comparecem nas suas sessões religiosas ou giras em busca de força, saúde, equilíbrio e felicidade para as suas vidas.

           Por: Santiago Jr.

Pertences dos entes queridos.


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Quando nossos entes queridos “morrem”, será que há um tempo certo para se desfazer de seus pertences.
– Luiz, acho falta de respeito, ninguém vira santo de um dia para outro e o espírito, quando deixa o corpo fisico, busca, junto a ele, os apegos, as lembranças, as saudades. Não é justo o que fazem muitas pessoas: julgando ajudar, iniciam o inventário do “morto”; dão o chinelo para o fulano, o cobertor que ele tanto gostava para outro; enfim, vão-se desfazendo de tudo o que era dele. Alguém já parou para pensar o que se passa na cabeça e no coração do recém-desencarnado? Não basta a separação do corpo fisico e ainda a família o deserda?
– Então deve a família guardar tudo o que foi do desencarnado?
– Não, Luiz, não é guardar, mas conservá-los por uns seis meses, para depois começar a distribuí-los. Devemos lembrar que poucos desencarnados, ao deixarem o corpo fisico, sentem-se felizes e libertos. A grande maioria desencarna mal e leva para o mundo espiritual as lembranças e as saudades das suas coisas. Por que não dar um tempo para distribuir os seus pertences? Com esse gesto repentino de caridade, a família não salvará aquele que partiu, ao contrário, irá fazê-lo sofrer. Vemos viúvas desesperadas no cemitério, mas na mesma noite do enterro reviram os pertences do marido em busca de documentos com receio de não receberem a pensão. Abrem gavetas, mexem em pastas, sem qualquer respeito, só em busca do seguro, da poupança, enfim, mais preocupadas em não ficar na miséria.

– Mas em nosso país, se a família não abrir os olhos, a viúva fica até sem receber a pensão do marido!
-Não creio que no Brasil a família não possa esperar alguns dias para buscar os seus direitos. Tem de ser logo após o enterro? Acho que não. Isso, Luiz, é muito triste. O desencarnado, doente no mundo espiritual, necessitado de conforto, tamanha a saudade no seu coração, continua com seu perispírito muito ligado àqueles que conviveram com ele durante anos. O que não é justo é o desrespeito àquele que mudou de plano. Portanto, não é certo o que muitos vêm fazendo.
– Irmão, mas em muitas Casas Espíritas existem orientadores que mandam a família doar tudo, para a melhoria espiritual do desencarnado.
– Seria muito fácil se a família encarnada, quando tivesse um filho no erro, fosse aconselhada a doar tudo dele para receber a graça de vê-lo regenerado. Não, Luiz, não é assim. Para ajudar alguém que partiu, temos de buscar os abandonados da sociedade – os chamados pobres – e começar a nos preocupar com eles. E uma transformação lenta. Não é a doação de objetos que foram deixados que vai tornar caridosa a alma de quem fica. Os que assim pensam já demonstram falta de amor ao próximo. Muitas vezes esse doar prematuro traduz o desejo da família em mudar a decoração. Já vimos viúvas se desfazendo de tudo, desde as gravatas até as coleções do marido, consideradas como rivais. Esta irmã o estava ajudando? Claro que não. Estava, sim, levando-o ao desespero.
– Complicado, irmão. Muito complicado.
-Não, Luiz, complicada é a alma humana, porque tem apego às coisas da matéria.

Trecho do livro Na Hora do Adeus – pelo espirito Luiz Sérgio – psicografia de Irene Pacheco Machado (vale a pena ler).

Mediunidade de Ogã


Ser Ogã é muito mais do que ser aquela pessoa no fundo do Terreiro, tocando músicas bonitas para as entidades, médiuns e assistentes.

Ser Ogã é participar de forma efetiva e consciente nos trabalhos. Isso exige conhecimento, concentração, responsabilidade e mediunidade. Sim, mediunidade. O Ogã também é médium, sabia? É o médium responsável pelo canto, pelo toque, pela sustentação e equilíbrio harmônico dos rituais. Diferente do que muita gente pensa, um Ogã pode incorporar, porém a sua mediunidade manifesta-se normalmente de forma diferente do restante do corpo mediúnico. Manifesta principalmente através da sua intuição, das suas mãos, braços e cordas vocais onde os Guias responsáveis pelo toque e pelos cantos imantam os seus médiuns, tal como fazem os demais, e comandam todo setor da curimba. Esses mestres da música atuam ativamente, mas de forma pouco perceptível à grande maioria dentro do ritual de Umbanda e, muitas vezes, são poucos lembrados ou sequer é conhecida a sua existência. Mas não é verdade que todos os Guias da casa saúdam “os atabaques” quando incorporados nos seus médiuns? Na realidade, eles estão saudando seus “colegas anônimos” de trabalho, a magia e força lá assentada e que se manifesta através dos seus médiuns (Ogãs) que os representam junto ao atabaque.

Porém, às vezes, essa atuação “passiva” desses guardiões do mistério do som torna-se “ativa” e acontece uma espécie de “incorporação”: o Ogã toca um ponto ou um toque por ele até então desconhecido e depois esquece-o. Isto deve-se ao fato de todos os Ogãs trabalharem de forma ativa e mediúnica em parceria com esses mentores, profundos conhecedores dos mistérios do som ou da música.

Os atabaques, quando devidamente consagrados e ativados pelos Ogãs, são verdadeiros instrumentos de auxílio espiritual, pois são capazes de canalizar, concentrar e irradiar energias que tanto podem ser movimentadas pelo próprio Ogã como pelas entidades de trabalho para os mais diversos fins.

Salve a Coroa dos Ogãs da Umbanda.

Umbanda é puro amor!

Frutas e Flores dos Orixás na Umbanda

Quase nunca ouvimos falar das frutas e flores de cada orixá, somente das ervas. No entanto eles tem uma variedade enorme delas e no caso de uma oferenda simples de agradecimento ou pedido, podemos utilizá-las sem receio algum.
Contudo cada Orixá tem a sua preferência, pois, assim como as ervas são importantes para a liturgia e rituais da Umbanda, as frutas e flores também o são, sendo escolhido o seu uso conforme o Orixá a quem se está oferecendo-as. Citamos com exemplo:
Assim como as ervas são importantes para a liturgia e rituais da Umbanda, as frutas também o são, sendo escolhido o seu uso conforme o Orixá a quem se está oferecendo-as.
Frutas Utilizadas na Umbanda296104_270527786424158_1222498564_n
  •  Oxalá – Uva verde, pêra, maçã, damasco, melão, figo. polpa de coco, pêssego branco, nozes, castanhas e amêndoas
  • Iemanjá – Melância, melão,sapoti, nêspera, mangaba, jenipapo, uvas brancas, uva Juliana, pêra.
  • Iansã – maçã vermelha, tangerina, laranja-bahia, uva rosa, pitanga, cereja.
  • Oxum – pêssego amarelo, maçã verde, melão gaucho amarelo, damasco, nêspera, ponkan
  • Cosme e Damião – Goiaba, pitanga, groselha, cereja, jabuticaba, grumixama, amora
  • Oxossi – Coco, cana de açúcar, abacaxi, laranja, limão, camboatá, caju, acerola, sapucaia, cacau, mangaba, butiá, nêspera (ameixa branca), frutinhas de mato (abiu, bacaba, bacuri, murici, pequi, etc).
  • Ogum – Banana, ameixa, uva rosê, maçã, graviola, abacate, pitomba, ciriguela, lima da pérsia, marmelo
  • Obaluaiê – Jaca, cajá, carambola, fruta-pão, morango, amora, mamão, romã, maracujá, uva preta, jabuticaba, figo preto, cereja preta.
  • Xangô – Marmelo, melão, caqui, fruta-de-conde, maracujá, manga, mamão, melancia, abiu, abricó, morango, cacau, goiaba
  • Exu – Pitanga. Banana d’água, amora, manga, laranja azeda, caju, jaca, pomelo.
  • Pomba-Gira – Figo
  • Almas – Jaca, abacaxi, cajá – manga, manga, carambola, fruta-pão, morango
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Flores Utilizadas na Umbanda
Os banhos com flores são chamados de banhos de proteção e não devem ser fervidos, apenas as pétalas são colocadas em um recipiente e a água fervente é despejada por sobre elas. Toma-se do pescoço para baixo quando atingir a temperatura ambiente. As pétalas restantes são recolhidas e atiradas na terra para que retornem ao seu ambiente natural. Recomenda-se acender uma vela para o orixá antes do ritual e os pedidos são feitos enquanto a água escorre pelo corpo.
  • Oxalá – Lírio branco, copo de leite, Girassol, Angélica e flores brancas em geral.
  • Oxóssi – Antúrio, Samambaia, folhagens e flores em geral.
  • Oxum – Rosas amarelas, Rosas Cor de Rosa, Lírios em geral.
  • Iemanjá – Rosas brancas, Margaridas, Palmas brancas, Angélica.     
  • Iansã – Rosas champanhe, Gérbera coral, Crisântemos amarelos e todas as flores amarelas.
  • Xangô – Cravos rajados, Monsenhor amarelo, Espirradeira.
  • Ogum – Cravos vermelhos, Palmas vermelhas e Palmas branca, Crista-de-galo, Açucena rajada.
    Nanã – Verbena, Flores do campo, Dálias, Manacá, Crisântemos.
  • Ibeji – Onze horas.
  • Obaluaiê – Cravos brancos, Crisântemos branco, Quaresmeira, Agapanto roxo
  • Exu – Cravos vermelhos

O Conhecimento de Si – O Eu Interior



          Por mais difícil que seja para nós acreditarmos nisto o estado de paz, harmonia e felicidade que tanto buscamos já se encontram dentro de nós.

         Então, por que nos sentimos muitas vezes tão fracos, inseguros e infelizes? Certamente porque, em nossa trajetória de vida, nunca nos ensinaram a olhar para dentro.

         Sempre fomos orientados a buscar as saídas no mundo exterior, e que era através da razão e do conhecimento que nos tornaríamos sábios.

         Agora precisamos desfazer esta idéia. Descobrir o nosso “Eu Interior” e ter contato com ele, não é fácil, pois estamos sempre à espera de provas concreta, para embarcar em uma nova direção. Mas precisamos aceitar que estas provas não virão de nenhum lugar a não ser de uma dimensão ainda oculta para muitos.

         A partir do momento em que observar nosso próprio mundo interior se torna algo natural, e a consciência acerca dos pensamentos e dos sentimentos que nos dominam se estabelece,  mais familiarizados nos sentiremos com este desconhecido que habita em nós. 

         Esta descoberta pelo conhecimento de si mesmo é muito importante, pois é a chave do progresso individual, mas às vezes julgamos a nós mesmos na ilusão do amor-próprio para atenuar as faltas e torná-las desculpáveis.

         Quando estiver indeciso sobre o valor de uma de suas ações, coloque-se a pensar como qualificaria a mesma se praticada por outra pessoa.  Busque sempre a sua consciência, pois acredito na capacidade que cada indivíduo tem realmente de melhorar e extirpar de si todo o mal, arrancando as ervas daninhas de seu jardim. Se possível ao final de cada dia faça um balanço no seu dia moral, avaliando as perdas e lucros. Se puder dizer através deste balanço que o seu dia foi bom, poderá dormir em paz e aguardar sem receio um novo despertar.

         Orai e vigiai, pois muitas faltas que cometemos nos passam despercebidas. Se interrogássemos mais a nossa consciência, veríamos quantas vezes falimos sem que suspeitássemos. Então após a sua oração noturna diga:  Deus... sou-Lhe muito grata (o)  por abrir meus caminhos e portas, conforme a minha condição de entender as lições que a vida esta a me ensinar. 

Após conectar-se a Deus e descobrir a cada dia que é capaz de mudar interiormente e harmonizar as situações exteriores, lembre-se que ao descobrir o significado do verdadeiro amor e o que ele engloba, faz-se necessário...

              Ensaiar um sorriso e oferecer a que não teve nenhum.
              Agarrar um raio de sol e desprendê-lo onde houver noite.
              Descobrir uma nascente e nela limpar quem vive na lama.
              Toma uma lágrima e posá-la em quem nunca chorou.
              Ganhar coragem e dá-la a quem não sabe lutar.
              Inventar a vida e contá-la a quem nada compreende.
              Enche-te de esperança e vive a sua luz.
                                                                                     (Gandhi)

Mensagem de Maria Mulambo



Hoje falo a vocês que têm necessidades de definir, rotular e catalogar a tudo e a todos. Como se isso lhes desse alguma garantia de credibilidade e lhes amputassem as dúvidas que insistem em roubar-lhes a vida.
Primeiro, nós espíritos trabalhadores do bem, embora sejamos organizados naturalmente em padrões vibratórios que nos servem de moradas temporárias, não somos seres automatizados, criados em série, com códigos de barras.
Segundo, não somos serviçais particulares nem de cavalos nossos, nem de consulente algum. Nem nossa hierarquia nos obriga a fazer algo que não queiramos. Temos personalidades individuais, afinidades. Estamos em evolução e com um longo caminho pela frente. Ajudando a vocês, ajudamos a nós mesmos. Mas nem sempre é viável ou cabível a ajuda que nos pedem. Muitos de vocês não fazem nada, ou fazem muito pouco para melhorarem a  si mesmos, aos seus relacionamento e ao seu próximo. Querem soluções mágicas, sem esforços ou danos, fazem escolhas absurdas, se metem em todo o tipo de confusões, procuram o caminho mais difícil, jogam-se em abismos, atraem obsessores, fazem tudo errado. E depois ficam bravos quando não transformamos suas vidas em um paraíso da noite para o dia. Francamente, não somos santos e paciência tem limite, até do lado de cá. Se digo isso é porque sei o que é viver duramente. Muitos  são os que nasceram comprometidos com duras provas a resgatar, são esses os que mais precisam de nós, e têm a nossa cobertura, dentro do que nos é permitido ajudar.
Terceiro, ou vocês acreditam em nós, ou nos deixam em paz. Porque não temos nem interesse e nem tempo a perder com ingênuos que nos cobram, ou pior ainda, cobram de nossos cavalos, informações que nós não passamos para eles.  Nossos cavalos (médiuns) sabem apenas o que queremos ou permitimos. Até sobre suas próprias vidas, não temos autorização para lhes passar todas as informações que gostariam. Que lhes interessa saber quantas encarnações eu tive, ou como vivi em cada uma delas. Criam as mais absurdas lendas a nosso respeito, isso até que nos diverte um pouco, quanta ingenuidade.
Entendam definitivamente  que nossa missão não é satisfazer curiosidades de quem quer que seja, não somos bobos da corte, para entretenimento de quem não tem nem fé e nem vida verdadeira. Aproveitem suas vidas de modo construtivo.
Sei que por muito tempo ainda, a maioria das pessoas irá acreditar que somos espíritos malignos, não tementes a Deus.
Ah meus queridos, se vocês soubessem quantos mistérios, quantos mundos e quantas realidades pairam sobre suas cabeças…

Laroyê Maria Mulambo. Salve!

A Vibração Xangô



De acordo com o Panteão Umbandista é o Orixá da Justiça, o Rei de Oyó, aquele que é justo e julga de acordo com as atitudes e crimes cometidos, seu dia é a quarta-feira e em muitas casas, sua cor é o marrom. 

Em muitas casas é considerado o Orixá das cachoeiras, das pedreiras, o Orixá dos raios e trovões, dentro de uma analogia, assemelha-se muito a Zeus, o Deus mitológico dos gregos, o Senhor do Olimpo.

Xangô é o Orixá que possui mais sincretismos, entre a falange de Xangô, temos Alafin, Agodô, Kaô, do Oriente, entre outros, dos quais seu sincretismo segue respectivamente como São Pedro, São Judas, São Jerônimo e São João Batista. Mas essas qualidades e seus respectivos sincretismos variam de casa, e não convém entrar em maiores detalhes aqui.

Geralmente em suas incorporações, atuam com as mãos fechadas, segurando o machado e simbolizando a rocha, que é o símbolo da firmeza e coesão da energia de Xangô.

Talvez muito do que foi falado acima, todos já sabem, tentei resumir um pouco o que denota esse Orixá, mas dentro do meu ponto de vista, explicarei um pouco mais o que para mim é a energia Xangô.

Eu considero Orixás uma vibração, dentro desse contexto, Xangô é a Justiça Cármica, é o desprendimento Divino da Justiça, daquele que Julga, que está acima do Bem e do Mal. É a Grande Lei Cósmica da qual estamos todos envolvidos, a Causa e o Efeito, a Ação e a Reação.

A Energia de Xangô é a Corrente da Verdade, da Justiça e da Lei, então, a vibração de Xangô é aquela que nos impulsiona para a verdade, que nos auxilia a julgar nossas atitudes, é aquela vibração que nos ajuda a enxergar a Luz da Verdade, a Luz da Certeza. Quando estamos mediante uma situação que exige um pouco de nossa Consciência, e a partir dali conseguimos discernir o correto do incorreto, é a Vibração de Xangô que está atuando, que está nos auxiliando a julgar o certo do errado.

A falange de Xangô é uma falange muito vasta, muitas entidades do Oriente, Preto-Velhos e crianças atuam sobre essa égide, geralmente são entidades que trazem muita sabedoria e são sérias, dificilmente uma entidade sob a Vibração de Xangô costuma brincar ou fazer piadas, é uma falange de entidades que possuem grande sabedoria e de muitas ciências que se perderam com o tempo.

Os caboclos que atuam sob essa vibração, não fogem muito da regra, são sábios, austeros e destemidos, dificilmente falam em seus trabalhos, atuam muito na cura, em trabalhos de limpeza e desenvolvimento de médiuns, e o interessante, é que a grande maioria das entidades que atuam na vibração de Xangô atua tanto na direita tanto na esquerda, grosso modo, a Justiça deve existir, por bem ou por mal. Algumas entidades de Xangô são:

Caboclo do Sol e da Lua, Treme-Terra, Gira-Mundo, Cachoeira, Sete Luas, Quenguelê, Rei Congo, Girassol, Mata Virgem, entre outros. Podem perceber que geralmente as entidades de Xangô trazem nomes como astros, locais naturais como cachoeiras, matas, etc.

Dentre as Vibrações de Xangô, existe uma muito peculiar que a Vibração de Xangô Alafin, os espíritos sob essa vibração, apresentam-se com os mais velhos da falange de Xangô, ele atua sob duas vibrações, a vibração própria de Xangô e a vibração de Oxalá, ou seja, é um Orixá que traz consigo a Justiça e a vibração de Oxalá que é a Pureza, a Paz de Espírito.

Xangô é aquela força que nos impulsiona, nos motiva a fazer as coisas certas e nos ajuda a discernir o erro do acerto, é uma vibração que tem como elemento o fogo, a força dos trovões, e a própria pedra.

Os animais de Xangô geralmente são os felinos, mas a tartaruga também está entre os animais devido à sabedoria, a longevidade de sua vida e a proteção existente em seu casco, Xangô também atua no intelecto do médium, o impulsiona a buscar novos conhecimentos, motiva-o a ampliar sua sabedoria. A energia de Xangô é a Vida, o Ser Existente. Ele também é chamado de Dirigente das Almas por algumas liturgias de Umbanda Esotérica.

Não acho interessante especificar a cor, dia da semana, sincretismo, oferendas, entre outros fundamentos que são peculiares de cada casa, isso é de acordo com o culto e a crença do sacerdote que a dirige, costumo me limitar apenas no fundamento do qual o Orixá representa através de meus estudos e ensinamentos.

Namastê!

VIRTUDES E DEFEITOS NA PRÁTICA MEDIÚNICA


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Todo homem possui virtudes e defeitos. Os defeitos devem ser eliminados e as virtudes multiplicadas. O karma de uma pessoa pode ser amenizado se ela fizer ao menos uma boa ação todos os dias, boa ação que nada lhe custa, tendo em vista que estará em suas mãos o poder de conceder o que o seu próximo necessita. As oportunidades de ajudar outras pessoas multiplicam-se, a cada instante, na vida do médium. Se não aproveitá-las, não poderá reclamar no futuro a falta de ajuda que necessitará. Isso porque lhe serão cobradas essas oportunidades, inutilizadas pelo próprio médium.
Partindo-se do princípio que, para colher flores é quase sempre necessário enfrentar espinhos, deve o médium dar vazão as suas virtudes, multiplicando-as através da caridade e eliminando os seus defeitos, gerados normalmente por seus pensamentos e atos egoístas e não fraternais. Fracassa, portanto, o fraco, o egoísta maldoso, incapaz de perdoar seus inimigos e ofensas. Se Deus nos ensinou o Pai Nosso, que prega:
 “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aqueles que nos têm ofendido”
Porque então não praticar as próprias palavras?
Podemos dar-lhes um novo modo de pronunciar esta frase:
 “Perdoe as minhas ofensas, se eu conseguir perdoar quem me ofendeu”.
Desta forma a sua oração será mais verdadeira.
Se você tem virtudes também possui defeitos. Perdoe sempre, para também conseguir perdão no futuro, ajude sempre para também ser ajudado.
Não importa como uma pessoa deixa a vida e sim como ela a viveu. A justiça de nosso Pai Xangô, o poderoso Juiz, é totalmente cega. Nos pratos da balança serão adicionados agravantes e atenuantes de nossos atos. Se houver condenação o início do pagamento é imediato. A misericórdia existe no mundo espiritual, porém, as dívidas são sempre pagas.
ELIMINE SEUS DEFEITOS.
O que são defeitos? – Soberba, egoísmo, vaidade, orgulho, sensualidade desenfreada, incapacidade de perdoar, mentira, falsa moral, traição, maldade com tudo e todos (plantas, animais e seres humanos), cegueira espiritual, ambição negativa, interesse egoísta, leviandade, hipocrisia, ira, ódio, vícios, falsidade, inveja, ciúme, cupidez, indiferença, presunção, má fé, etc.
O que são virtudes? – Fé, capacidade para caridade, fraternidade, seriedade, modéstia, devoção, capacidade para amar o próximo, capacidade para perdoar, não se julgar melhor que os outros, não se julgar superior àqueles que hoje estão em condição inferior, não julgar-se infalível, tolerância, capacidade para proteger o fraco, ser moralmente correto, etc…
O restante das virtudes, a própria razão lhe fornecerá.
A imoralidade de cobrar trabalhos e consultas   –A mediunidade é coisa Santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. O médium recebe de DEUS um dom gratuito, para servir de intérprete aos espíritos, para instrução dos homens. DEUS quer que a luz do esclarecimento chegue a todos os Seus filhos, não quer que o mais pobre fique dela privado e possa dizer: não tenho fé, porque não pude pagar.
A mediunidade não é privilégio de ninguém. Cobrar por ela é desviá-la de seu objetivo. Quem conhece as condições em que os espíritos de luz se comunicam, percebe a repulsa que sentem por tudo o que é interesse egoístico. É também uma profanação evocarmos, por dinheiro, os espíritos que nos são caros ou que respeitamos.

Religião não é para fazer o que desejo.

 
A Religião não é para fazer o que eu quero, é para me ensinar a entender que tudo quanto possuo ou me atinge é do meu merecimento. É a lei: do dar e receber, ação e reação, do plantar e colher.
 
Ninguém recebe nada, em lugar do outro. Ninguém colhe o que não plantou e ninguém pratica o bem para receber o mau em troca.
 
Cada Ser tem seu aprendizado no dia-a-dia, com experiências diferentes, mas ensinamentos idênticos, pois, as lições do Cristo só mudam na maneira de serem aplicados, eles são iguais em seus conteúdos e, estendidos para todos os seus filhos, sem distinção.
 
A Umbanda é um tratamento para a alma, em que se começa massageando o coração e termina-se em harmonia com todo o nosso Ser.
 
 Na Umbanda aprende-se a entender e aceitar os “porques” de nossa vida. Aprendemos que devemos viver esta vida da melhor maneira, que nos for possível, sem deixar nossos rastros para serem apagados na próxima volta, e, não devemos nos preocupar com o que ficou acumulado de outra vida, do qual não temos consciência graças a Deus.
 
O importante é aprendermos a lição da vida presente e ter a preocupação de vivê-la bem, com amor, caridade, perdão e sabedoria. Devemos, também, entender que adquirir todo ensinamento e entendimento possivel, advindo das situações de sofrimentos e vitórias, e transformá-lo em escada para o nosso crescimento, espiritual e material, é conscientizar-se das oportunidades que Zambi nos dá e utilizá-la para a transformação e evolução pessoal.
 
A Umbanda nos ensina a aceitar as dificuldades familiares e a transformar os inimigos em amigos diante da prática do amor, caridade e perdão.
 
Por isso concordo quando minha amiga ‎Andréa Deren Destefani diz em um de seus textos: “Umbanda é assim: uma religião que auxilia a enfrentar os sofrimentos e a entendê-los, porque cada passo que damos no presente tem uma enorme valia em nossa evolução”.
Que Zambi nos ilumine sempre para que nossa caminhada seja proveitosa nesta vida.
By: Raquel Elcain

Os Bastidores da Umbanda



É legal ver como a espiritualidade atua das mais diversas formas, nos mais diversos níveis de compreensão, utilizando as ferramentas que têm à mão. Vamos conhecer um pouco da cultura espiritual legitimamente brasileira, adaptada dos cultos dos escravos africanos:
 
“Firma o ponto minha gente Preto Velho vai chegar Ele vem de Aruanda Ele vem pra trabalhar...”
 
Era dia de "gira de Preto Velho" naquele terreiro. Enquanto os consulentes chegavam ansiosos e esperançosos em levar de volta a "solução" daqueles problemas que atrapalhavam suas vidas, na frente do congá os médiuns vestidos de branco e de pés descalços concentravam-se, ligando-se aos seus protetores e guias. O ambiente denotava simplicidade e era mobiliado apenas com algumas cadeiras para acomodar os consulentes, poucas banquetas para os médiuns que serviriam de "aparelhos" às entidades espirituais e o congá, onde um vaso de flores, outro de ervas e os elementos ar, fogo, água e terra se faziam presentes. Acima, uma imagem de Jesus resplandecente de luz.

 Iniciando-se a sessão através de pontos cantados e orações, após uma leitura espiritualista elucidativa, iniciavam-se as incorporações de maneira moderada. Do lado astral, as falanges de trabalhadores já haviam chegado muito tempo antes dos médiuns e ali já haviam preparado o ambiente fluidicamente. 

Uma varredura energética havia sido feito pelos elementais onde primeiramente atuaram as salamandras e após as sereias e ondinas, fazendo com que toda a matéria astralina densa que ali se encontrava, fosse transmutada permitindo a chegada dos espíritos trabalhadores. Na porta do ambiente, junto à firmação de ponto riscado e da presença do elemento fogo, postava-se o guardião da Casa, Exu Gira Mundo, impondo respeito e segurança. Num raio de 360º ao redor da construção, uma guarnição dos caboclos na egrégora de Ogum formavam verdadeira muralha armada, impedindo a invasão de seres indesejáveis ao bom andamento do trabalho da noite. A construção toda estava no interior de grande pirâmide iluminada na cor violeta, com grande e grossa placa de aço imantado na parte inferior impedindo que o excesso de energia telúrica desequilibrasse a polaridade positiva que era captada pelos sete anéis giratórios que ladeavam a pirâmide, representando as Sete Linhas de Umbanda. Cada um desses anéis destacam-se na cor fluídica de seu Orixá e emitiam um harmonioso som diferenciado. Cada um dos consulentes que adentrava ao ambiente passava agora primeiro pela defumação que queimava junto à porta, em cumbuca de barro, exalando o cheiro das ervas perfumadas sendo incineradas pelo carvão vegetal. Equipes de limpeza se movimentavam no lado espiritual, recolhendo as larvas astrais e outras espécies de energias deletérias que ali eram desagregadas dos corpos dos consulentes, as quais não eram totalmente absorvidas pelo carvão ou transmutadas pelo elemento fogo.
 
Em alvíssimas vestes, os amados Pais e Mães, na sua roupagem fluídica de Pretos velhos, trazendo a alegria estampada em sua energia, tomavam conta de seus "aparelhos" médiuns, atuando no chácra básico dos mesmos, obrigando-os a dobrar as suas costas à semelhança de velhos arqueados, incentivando-os ao trabalho fraterno. E assim, de consulente em consulente, de caso em caso, com a paciência e sabedoria que lhes é peculiar, entre uma baforada e outra de palheiro ou de alguma espanada com o galho de ervas na aura daqueles filhos, os bondosos espíritos cumpriam sua missão. Eram conselhos, corrigendas, desmanche de magia negra, de elementares artificiais negativos, limpeza e equilíbrio dos corpos sutis, retirada de aparelhos parasitas e às vezes, alguns puxões de orelha necessários, em forma de alerta. Tudo de acordo com o merecimento do consulente, pois cada um trazia consigo a amostragem de sua "ficha cármica" onde estavam impressos o que a Lei permitia ser mudado, bem como o que ainda era necessário que com eles permanecesse.
Vó Benta, espírito portador de grande sabedoria e humildade, apresentando-se naquele local com o corpo astral de negra velha de pequena estatura, com roupas simples e alvas, cuja saia comprida e larga era coberta por um avental onde um bolso era recheado de ervas e patuás, tinha uma maneira simplista e diplomática de fazer com que os filhos entendessem que eles próprios eram seus médicos curadores: - Minha mãe, acho que estou sendo vítima de "trabalho feito" pela minha ex mulher... Sorrindo e com linguagem peculiar, segurava com firmeza as mãos do moço passando-lhe com isso confiança e com a voz recheada de afeto respondia:
 
Negra velha vai explicar para que o filho entenda: - quando sua casa está totalmente fechada, fica escura e nada pode entrar, às vezes nem a poeira. Não é isso? Quando o filho abre as janelas e portas, a luz do sol entra invadindo todos os cantos, mas podem entrar também as moscas, baratas, formigas e até os ladrões, não é? Para a sujeira e os bichos, o filho pode usar a vassoura, para os ladrões a lei, a segurança. E para a luz do sol? Ah, essa filho, fica ali iluminando até que o filho feche toda a casa outra vez. Assim também é a nossa casa interna; quando nos fechamos para a vida, para otrabalho, ficamos no escuro e ao nos abrirmos, deixamos a luz entrar, mas ficamos sujeitos a todas as outras energias que pululam ao nosso redor. Mas como acontece na casa material, onde não houver os atrativos da sujeira e do lixo, os insetos não se aproximam. Se estivermos equilibrados, sem raiva, mágoa, ciúmes, vícios e todos esses lixos que os filhos buscam na matéria, nada nem ninguém consegue afetar nossa energia, nossa vida.

 Só o sol permanece no coração de quem procura manter-se limpo. Negra velha sabe que esse mundão está de cabeça para baixo. No lado material os filhos andam desarvorados pela dificuldade de sustento de suas famílias, quando não, em busca de supérfluos. Mas mesmo assim, é preciso lembrar aos filhos, que embora estejam na matéria e sujeitos a ela, a vida real está no espírito imortal. É preciso dar mais atenção, senão prioridade, à essência em detrimento do restante, para que possa haver o equilíbrio dos elementos inerentes à vida, na sua totalidade.
O mal que é enviado aos filhos, só vai instalar-se se encontrar no endereço vibratório, ambiente adequado. Sem contar que o medo é porta aberta - e atrativo - para a entrada do desequilíbrio. 

O medo é sentimento muito usado pelas energias da esquerda, uma vez que fragiliza o corpo emocional facilitando sua atuação mórbida. Por outro lado, negra velha pergunta para o filho: - se a desordem não houvesse se instalado, por acaso o filho estaria aqui, sentado no chão, em frente à preta velha, buscando humildemente ajuda espiritual? Nem sempre o que nos parece mal, é tão prejudicial assim. Pode ser o remédio adequado para o momento, ou talvez a estremecida necessária no corpo astral dos filhos, para que a ordem possa reinstalar-se. As trevas, meu filho, estão vinte e quatro horas de plantão. E os filhos, acaso estão? Não adianta orar e não vigiar, pois o pensamento é energia e com ele nos adequamos ao campo energético que quisermos. Antes da hora grande as falanges da egrégora dos Pretos Velhos, despediram-se de seus aparelhos, alguns precisando largar e desfazer a vestimenta astral usada para que pudessem chegar até os aparelhos mediúnicos e voltavam agora para as bandas de Aruanda, onde continuariam suas atividades no mundo astral. Pois como diz a Vó Benta, "se pensam que morrer é dormir e descansar, os filhos estão muito enganados... desse lado tem muitotrabalho e como nem o Pai está imóvel, quem somos nós cuja ficha cármica demonstra um vasto débito, para nos aposentarmos?". Agora as velas apagam-se, os elementos voltam a integrar a natureza, os elementais após limparem o ambiente retornam aos seus devidos reinos, os elementares foram desagregados pela força e sabedoria dos pretos velhos e os médiuns voltam aos seus lares com a sensação de paz que só é sentida por aqueles que cumprem com seus deveres. 

Preto velho já foi, Já foi pra Aruanda, A benção meu Pai Saravá pra sua banda...”

Santo Daime - O Culto da Amazônia


O QUE É O SANTO DAIME?


O Santo Daime é um culto cristão surgido no estado brasileiro do Acre, no início do século XX. Seu fundador foi Raimundo Irineu Serra, chamado por seus contemporâneos de Padrinho Irineu e por seus seguidores de hoje de Mestre Irineu.

O Santo Daime reúne elementos cristãos, da tradição espírita européia, indígenas e africanos num culto que conta também com a ingestão de uma bebida feita a partir dos mesmos elementos constituintes da ayahuasca, bebida sagrada utilizada pelos incas antes da chegada dos espanhóis à América e por várias tribos da região amazônica, mas com um feitio distinto do daquela.

Atualmente, estima-se em cerca de 10.000 o número de seguidores da doutrina no Brasil e no mundo. Há igrejas legalmente instituídas em quase todos os estados brasileiros e em países como Espanha e Holanda, além de grupos que celebram os cultos da doutrina em países como Estados Unidos, Japão, Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela(Ilha Marguerita) e Portugal.

Veja, abaixo, uma reportagem do programa Fantástico da Rede Globo, sobre o Santo Daime. 



O FUNDADOR


O Santo Daime foi fundado por um homem saído do povo. Raimundo Irineu Serra, Mestre Irineu como é chamado pelos seguidores do culto, era negro, neto de escravos, nascido na cidade maranhense de São Vicente de Férrer em 15 de dezembro de 1892, filho de Sancho Martinho Serra e Joana Assunção Serra, primogênito de uma família de cinco irmãos (Dico, Verônica, Maria e Nhá Dica).
Foi para o Acre a fim de trabalhar na demarcação de fronteiras, também atuou em seringais da região e na Guarda Nacional. Ali, na Amazônia, do alto de seu 1,98m, conheceu a ayahuasca em solo peruano, das mãos de um caboclo chamado Don Pizango. Segundo narra a tradição daimista, ele teve uma visão com a Virgem da Conceição, a Rainha da Floresta, que lhe "entregou" a doutrina do Santo Daime.

Mestre Irineu foi concebendo (ou "recebendo" para usar um termo daimista) a doutrina do Santo Daime durante alguns anos, submentendo-se a diversas provações de sua fé, tornando-se um exemplo de humildade, de amor ao próximo e de prática de princípios cristãos, tendo sido admirado em toda a Rio Branco de seu tempo.
A admiração de que gozava o Padrinho Irineu ia desde gente simples que vivia nos igarapés e nas colônias ao redor de Rio Branco até autoridades civis e militares.
Juramidam, nome espiritual que recebe, deixou um legado de trabalho, força, fé e esperança. Mestre Irineu foi o fundador do CICLU- Centro de Iluminação Cristã "Luz Universal" em que se sagrou Mestre-Imperador.
Ainda vivo, viu surgir outros trabalhos religiosos que se utilizam da ayahuasca, como é o caso da Barquinha. Após sua morte, em 6 de julho de 1971, aconteceram dissidências no CICLU e várias igrejas se formaram a partir daí, no Grande Cisma.

Mais informações:

Mais informações, depoimentos de seus contemporâneos e muito mais fotografias do Mestre Irineu podem sem descarregadas no seguinte endereço:



O CULTO

A liturgia daimista consiste em três tipos básicos de trabalho: concentração, festejos (também conhecidos como bailados) e feitio, e em todos se comunga do Santo Daime.Nas concentrações realiza-se um trabalho de auto-conhecimento e aprendizagem através das mirações, visões alcançadas através da fé de cada participante e da bebida sagrada.A revista Galileu, na reportagem A hora do chá, visita as diversas correntes que se utilizam da ayahuasca.
Concentração 

Cerimônia religiosa do Santo Daime, conhecida como o culto daimista por excelência, já que os festejos, como o próprio nome diz, são festas, celebrações.
As concentrações costumam ser realizadas por convenção todos os dias 15 e 30 de cada mês nas igrejas daimistas; contudo, também por convenção ou conveniência de cada igreja, em alguns centros são realizadas em outros dias (finais de semana alternados, por exemplo).
São duas as liturgias da Concentração daimista, mas em ambas toma-se o Daime, fecha-se os olhos e permanece-se em silêncio entre aproximadamente uma e duas horas, canta-se um conjunto de hinos conhecido como "Hinos novos" ou "Cruzeirinho", rezam-se Pai-Nossos Ave-Marias e Salve-Rainhas e está encerrado o trabalho (Alto Santo); no Cefluris, inicia-se o trabalho com a chamada Oração, conjunto de hinos do Pad. Sebastião, Pad. Alfredo e Mad. Nonata (filhos do Pad. Sebastião).


FESTEJOS


Na imagem acima, reproduzida de reportagem da revista Galileu, vê-se a disposição dos fardados e fardadas dentro da igreja durante o bailado, à maneira como é realizada nas igrejas do Cefluris ou alinhadas ao trabalho dessa instituição.

Algumas datas "festejadas" pelo Santo Daime são:
• Dia de São José;
• Dia de São João;
• Dia de Todos os Santos;
• Dia dos Pais;
• Dia das Mães;
• Dia de Nossa Senhora da Conceição;
• Natal;
• Dia de Reis;
• Aniversário do Mestre Irineu;
• Aniversário do Sr. Leôncio Gomes da Silva, entre outras.


FEITIO

O feitio é cerimônia ritual em que se produz a bebida enteógena utilizada no culto do Santo Daime. As duas plantas com que é preparado o santo daime são:



• O banisteriopsis caapi, conhecido popularmente como jagube, mariri, entre outras denominações, e
• A psicotria viridis, popularmente rainha ou chacrona.




O jagube é batido com marrretas de madeira, e depois de as folhas do arbusto rainha haverem sido limpas, os dois são cozidos em água.Esse primeiro cozimento é retirado e colocado em outra panela com uma nova quantidade de jagube e rainha. Após esse segundo cozimento está pronto o daime.

Feitio: No feitio os homens batem o jagube, e cuidam de seu cozimento; as mulheres, cuidam das folhas. Foto do feitio realizado no I Encontro das Igrejas Daimistras Latino-Americanas + África do Sul, realizado em Florianópolis, em janeiro de 2007, no Céu do Patriarca. Extraídas dehttp://www.lepomar.blogspot.com/.


HINÁRIOS


Doutrina cantada, o Santo Daime conta hoje com mais de 80 hinários, segundo a "hinarioteca" daimista. Os principais são "O Cruzeiro", do Mestre fundador da doutrina, e outros quatro hinários, conhecidos como "os quatro falecidos", "hinário dos finados" ou, ainda, "hinário dos mortos":

 Vós Sois Baliza, de Germano Guilherme;
• Seis de Janeiro, de João Pereira;
• O Amor Divino, de Antônio Gomes;
• O Mensageiro, de Maria Marques "Damião".

Cada igreja, entretanto, possui, além desses, seu(s) próprio(s) hinário(s) oficiais.


PRIMEIROS SEGUIDORES


Os primeiros seguidores de Mestre Irineu no início de sua caminhada no Santo Daime eram pessoas que chegavam em procura de cura para doenças - doenças físicas e espirituais. No ínicio eram bem poucos, e o próprio Mestre costumava dizer que "quanto menos somos, melhor passamos". Dizia também que "o Daime é para todos, mas nem todos são para o Daime", o que explica que tanta gente tenha chegado sem ter se incorporado às fileiras daimistas. Várias são as pessoas que merecem nota entre os primeiros seguidores. Por questão de justiça vale lembrar além dos nomes dos quatro irmãos que integram a base doutrinária daimista, melhor descritos abaixo, os nomes de Chico Granjeiro, Francisco Fernandes Filho (Tetéu), Leôncio Gomes, Percília Mattos da Silva, entre outros.


Germano Guilherme

Foi um dos primeiros adeptos do culto do Santo Daime. Viveu no Acre e possui um dos cinco hinários tidos, ao lado da Bíblia, como base da doutrina Daimista. Era extremamente zeloso de seus hinos, tinha verdadeiro ciúme com eles. Não permitia que as pessoas os tivessem copiados em caderno. Quem quisesse cantar seu hinário deveria sabê-lo de memória. Àqueles que o procuravam querendo aprendê-lo dizia que fossem até sua casa, onde ensinava um grupo de hinos, depois que a pessoa aprendesse aquele primeiro grupo, ensinava mais um pouco e assim sucessivamente. Antes de falecer, não incubiu a ninguém a zeladoria de seu hinário. Pediu a Mestre Irineu que cuidasse de seu hinário. Tempos depois de sua morte o senhor Luís Mendes disse ao Mestre que Germano Guilherme lhe aparecera em visão e que lhe atribuíra a zeladoria do hinário. O Mestre nada disse a respeito.

Maria "Marques" Damião

Maria Vieira Marques foi uma das primeiras seguidoras do Santo Daime. É conhecida como Maria Damião, pois assim se chamava seu esposo. Seu hinário "O Mensageiro" compõe a lista dos cinco que, ao lado da Bíblia, compõe a base doutrinária daimista.

João Pereira

Viveu no Acre e possui um dos cinco hinários tidos, ao lado da Bíblia, como base da doutrina Daimista. O hinário deixado por ele chama-se "Seis de Janeiro". O responsável por seu hinário, encarregado por ele ainda em vida, foi o sr. Luís Mendes, que transferiu a "zeladoria do hinário" a seu filho, o sr. Saturnino Mendes.

Antônio Gomes

Também foi um dos primeiros a chegarem ao trabalho espiritual fundado por Raimundo Irineu Serra. Viveu no Acre e possui um dos cinco hinários tidos, ao lado da Bíblia, como base da doutrina Daimista. O hinário deixado por ele chama-se "O Amor Divino".


O CISMA

Quando faleceu, em 6 de julho de 1971, a sua igreja, o CICLU - Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, era presidida por Leôncio Gomes da Silva. O senhor Leôncio adoeceu e transferiu a presidência a seu assessor Francisco Fernandes Filho, conhecido como Tetéu. Com o falecimento de seu Leôncio, conseqüente de sua doença, houve um cisma no CICLU, que ficou sob o comando da viúva de Mestre Irineu, Dona Pirigrina Gomes Serra. Outras igrejas foram fundadas no bairro do Alto Santo, onde está localizado o CICLU, pelos que se opunham à legitimidade de sucessão de Dona Pirigrina.
Hoje ali há cerca de 5 igrejas, a grande maioria oriunda daquela cisão. Fruto também desse Cisma, numa colônia nos arredores de Rio Branco, a Colônia 5000, Sebastião Mota de Mello, conhecido no meio daimista por Padrinho Sebastião, fundou o CEFLURIS - Centro Eclético da Fluente Luz Universal "Raimundo Irineu Serra".


AS IGREJAS


Atualmente são inúmeras as igrejas de Santo Daime no Brasil e no mundo. Em quase todos os estados da federação brasileira encontra-se igrejas, centros e "pontos", pequenos grupos que comum desinstitucionalizadamente da bebida sagrada. O Santo Daime, ao contrário de outras igrejas, não possui uma autoridade central. Cada igreja possui seu responsável e, caso a igreja possua filiais, o responsável pela matriz passa a ser a autoridade central daquele núcleo e suas células. A liturgia daimista originalmente concebida por Mestre Irineu passou por algumas transformações em algumas igrejas, o que hoje permite reuni-las (não separá-las) em dois grupos:

Igrejas alinhadas ao programa litúrgico original de Mestre Irineu, conhecidas no meio daimista como "Alto Santo", menção ao bairro riobranquense onde está o CICLU, igreja que foi presidida pelo Mestre-fundador, que testemunhou seu legado litúrgico quando de seu falecimento. Em tais igrejas, a liturgia original deixada por Mestre Irineu e a comunhão soberana do Santo Daime (ayahuasca) como sacramento se dá sob princípios exclusivamente cristãos.

Capelinha: A igreja provisória do Centro da Rainha da Floresta em Araçoiaba da Serra. Hoje a igreja está instalada definitivamente no munícipio de Piedade, também no estado de São Paulo.

Igrejas alinhadas ao programa litúrgico concebido pelo Padrinho Sebastião Mota de Melo e conduzido por seu filho e sucessor, o Padrinho Alfredo Gregório de Mello, no qual a comunhão do Santo Daime como sacramento soberano se dá sob princípios cristãos, de religiões orientais e abarca elementos da Umbanda em alguns trabalhos.


LEGALIDADE DO SANTO DAIME


A partir da década de 80, devido a movimento expansivo do Santo Daime ocorrido na década de 70, várias foram as iniciativas governamentais no sentido de dar a conhecer a legitimidade e a legalidade do uso religioso da ayahuasca/santo daime:
• 1982 - Nos momentos finais da ditadura no Brasil, uma Comissão formada por médicos, antropólogos, psicólogos, representantes do Ministério da Justiça, Polícia Federal e Exército, visitaram comunidades daimistas na Amazônia.
• 1984 - O CONFEN - Conselho Federal de Entorpecentes, órgão do Ministério da Justiça, cria uma Comissão de Trabalho para estudar o uso ritual do ayahuasca.
• 1985 e 1986 - Visitias da Comissão de Trabalho do CONFEN a comunidades usuárias. Confirmação de pareceres positivos de outras Comissões.
• 1987 - Conclusão da Comissão de Trabalho sobre o uso ritual da ayahuasca/Santo Daime que verificou que "os rituais religiosos realizados com a bebida sacramental Santo Daime/Ahyauasca não traziam prejuízos à vida social e sim, contribuiam para a sua maior integração, sendo notório os benefícios testemunhados pelos membros dos grupos religiosos usuários"
• ---- - Divulgação de resultado de pesquisas farmacológicas e psico-sociais que comprovaram a inexistências de riscos de adição e dependência no uso da ayahuasca em contexto ritual.
• 1991/1992 - Implantação de nova Comissão que realiza novos estudos e visitas às principais entidades ayahuasqueiras e daimistas. O CONFEN posiciona-se pelo acompanhamento do uso ritual da bebida, sem nenhuma orientação proibicionista.
• 2004 - O CONAD - Comissão Nacional Anti-Drogas, atual órgão do Ministério da Justiça brasileiro, após dezoito anos de espera da comunidade daimista, reconhece a legitimidade do uso religioso da ayahuasca e a legalidade de sua prática.