sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Conversa com um Executor da Lei

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          Certo dia desses, estava em um terreiro e ouvia um irmão reclamar que estava passando por um momento de “turbulências” em sua vida.

Nada dava certo...

Perdera o emprego, uma doença o acometera e sua relação com sua esposa estava cada vez pior.

Ele reclamava... e reclamava... quando notei a aproximação de um guardião próximo a ele e pude observar a conversa.

         Esse irmão médium também notou a aproximação e tomou a iniciativa de começar a conversa: 

- Salve Senhor Guardião!

         - Salve moço, está reclamando de que ai?

        - Sabe seu Guardião, minha vida anda bem complicada, cheia de problemas.

- Você ainda não viu problema de verdade moço.

- Não vi? Perdi meu emprego, estou doente, brigo todo dia com minha esposa, o Senhor não está vendo?

- Estou sim... Sou eu que estou lhe aplicando um corretivo.

- O Senhor? Como assim? O que eu fiz para ser castigado?

- Você não sabe moço?

- Não, não sei. Eu sempre faço tudo direitinho.

- Hahahahaha. – Soltou uma longa gargalhada e falou:

         - Moço, pare de se lamentar e preste atenção em sua vida, em seus atos, suas palavras, sentimentos e em tudo que você faz. Se eu estou atuando em sua vida dessa forma é por que pela Lei estou amparado, pois sou um Executor da Lei Maior e, se estou amparado, é por que você merece o castigo.

         - Mereço o castigo?

- Moço, como você reage ao sucesso de seus colegas de trabalho.

- Ex-colegas o Senhor quis dizer, não é? Agora não tenho emprego mais.

- Sim, moço, ex-colegas.

- Bem...

– Ficou pensativo e o Guardião continuou:

- Sentia inveja deles, praguejava e quando tinha oportunidade fazia fofocas e os prejudicava, correto?

- Está certo Guardião, eu agia assim mesmo. – Reconheceu o médium.

- Mesmo depois de todos os seus guias lhe avisarem, correto?

- Sim Senhor. – respondeu abaixando a cabeça.

         - Moço, quando alguém erra sem conhecimento, sem saber que está errando, a Lei Maior dá um jeitinho de avisá-lo, mas quando esse alguém depois de ser avisado continua errando, ai a Lei Maior executa a sentença determinada pela Justiça Divina.

         - Entendo Senhor.

         - Esse é um exemplo dos erros que você vem cometendo mesmo após ser avisado e que por isso e por mais algumas coisas está passando por essa pequena execução da Lei Maior.

         - E como faço para me livrar dessa execução Guardião?

- Precisa primeiro parar de se lamentar e começar a aprender com tudo isso que está acontecendo.

Comece a mudar seu íntimo e a corrigir seus atos.

Desta forma, terá sua sentença amenizada ou suspensa de acordo com seu esforço e merecimento.

         - Está bem Guardião, vou me esforçar para parar de reclamar e mudar isso tudo.

         - Tudo aquilo que você fizer de correto moço e que representar uma mudança positiva em sua vida, será contada como ponto positivo e, por mim, essa ação será amparada e utilizada para amenizar sua sentença. Mas tudo aquilo que você fizer que representar um ponto negativo, por mim também será anotado para pesar em sua balança e você responderá por ele.

- Obrigado Senhor Guardião por me instruir e permitir corrigir meus erros!

- Agradeça ao Pai Maior moço, pois é Ele quem permite a todos o aprendizado e a evolução. Salve moço!

- Salve Senhor Guardião.

Eu que acompanhava a conversa toda fiz a mesma coisa, agradeci ao Pai Maior pela oportunidade de participar de tão grande lição.

         Salve os Senhores Executores da Lei Maior que nos permitem aprender com as adversidades da vida.

Laroyê!

Por André Santos

Quem Foi O Caboclo das 7 Encruzilhadas?


                ... E no entardecer :

E no entardecer do dia 21 de setembro de 1761, na Praça do Rossio, no centro de Lisboa, um santo foi queimado na fogueira dos hereges. Gabriel Malagrida entregou a alma a Deus e o corpo aos carrascos. Tinha 72 anos, 30 deles passados de pés descalços peregrinando pelo Norte e Nordeste brasileiros. Ergueu igrejas e mosteiros, protegeu índios e prostitutas, caminhou mais de dez mil quilômetros entre o Pará e a Bahia. Ganhou fama de taumaturgo, milagreiro. Por ordem e trama do primeiro-ministro Marquês de Pombal, Malagrida terminou acusado de blasfêmia e heresia. Ouviu a sentença de morte no alto de uma carroça, com um barrete de palhaço na cabeça, mãos amarradas para trás e batina pintada com figuras demoníacas. Quando Pombal, ao lado do rei d. José, ordenou a execução, o padre beijou as escadas do cadafalso, virou para o povo, jurou inocência e perdoou seus acusadores. Abaixou a cabeça, ajudou ao próprio algoz a colocar a corda em seu pescoço. Na primeira puxada, o laço se rompeu e a multidão gritou assombrada. A tragédia estava adiada por alguns minutos. Homens e mulheres começaram a prece dos agonizantes, mas não terminaram a oração. Foram impedidos pelos quatro mil soldados de prontidão. ‘‘Senhor, nas vossas mãos entrego minha alma’’. Derradeiras palavras. Em poucos segundos, o padre estava enforcado pela Santa Inquisição. O carrasco acendeu a fogueira, onde o corpo queimaria toda a madrugada, velado pelos milhares de fiéis. As cinzas foram jogadas nas águas do rio Tejo. Quando o dia amanheceu, os católicos de Lisboa espalharam uma mesma notícia: o fogo não queimara o coração do mártir. A tragédia de um peregrino Padre Severino ensina aos fiéis da Paraíba os feitos de Malagrida.

Gabriel Malagrida nasceu padre:
Ainda pequeno, na cidade de Menaggio, no Norte da Itália, aprendeu com o pai Giácomo, o dom da caridade. O patriarca era médico de renome, consultado até por príncipes, mas dedicava boa parte do trabalho ao cuidado de doentes pobres que visitava nas distantes montanhas. Gabriel ia junto. Adorava estudar religião e aproveitava as férias para ensinar catecismo aos irmãos e colegas da rua. Sua brincadeira predileta era montar altar no quintal. A mãe, Ângela, chamava o filho de ‘‘o anjo da casa’’. Era morada cheia de religiosidade. Na parte nobre da casa, havia o que os Malagridas apelidaram de o ‘‘quarto do santo‘‘ por conta do teto coberto de pinturas de Nossa Senhora. O sonho do casal era ver os filhos formados padre e rezando missa ali. O projeto deu certo. Dos onze herdeiros, três viraram sacerdotes. Aos 12 anos, o pequeno Gabriel foi estudar no colégio dos padres Somascos, na cidade de Como. Não era um aluno como os outros; tinha hábitos estranhos. Mordia os dedos até sangrar e quando lhe perguntavam a razão daquilo respondia: ‘‘é para a salvação dos infiéis’’. Nascia assim o costume das penitências físicas que o acompanhou até o fim da vida. Em 1713, no seminário, em Gênova, onde se formou jesuíta com 24 anos chegava a fazer jejuns três vezes por semana. Dizia que era para refrear a natureza e guerrear contra as tréguas do corpo. Era comum ele se açoitar publicamente. Uma vez, em Salvador, na Bahia, Malagrida rezava o sermão na Matriz quando lhe apontaram um homem pecador, cheio de vícios e de ‘‘ignóbeis costumes’’. Como não conseguia, com palavras, converter o cidadão, Malagrida, então, bateu-se com o chicote até o sangue espirrar de suas costas. Ao assistir à dolorida cena, o pecador não se conteve: em lágrimas, ajoelhou-se nos pés do padre, implorando com gemidos o perdão de seus crimes.

A Seguir... você vai conhecer um pouco da biográfia do peregrino que construiu abrigos para prostitutas, fez procissões imensas, criou a Ordem do Sagrado Coração de Jesus e denunciou padres e governadores corruptos. Para conhecer vestígios deixados pelo religioso no Brasil, A nossa equipe percorreu parte das trilhas de Malagrida no Piauí, Maranhão, Ceará, Paraíba e Pernambuco. Junto com o ‘‘Aos povos de Itália não cansam meios de chegar à salvação; além-mar, pelo contrário, inúmeras nações jazem ainda nas trevas da idolatria: vamos acudir a essas almas desamparadas’’. Com esses argumentos, Gabriel Malagrida convenceu o Bispo Geral dos Jesuítas a virar missionário nas Américas. Trocava os estudos avançados de teologia e literatura pela catequese dos índios. Saiu de Lisboa e desembarcou em São Luís do Maranhão no final do ano de 1721, mas demorou dois anos até ser mandado para a primeira missão com os índios. Seus superiores preferiam o erudito religioso nas salas de aula dos seminários de jesuítas e achavam que Malagrida não estava preparado para o convívio com os arredios nativos. Depois de muitas súplicas, o padre conseguiu realizar o antigo sonho. Foi missionário indígena entre 1723 e 1729. Percorria as matas a pé, vestido com a batina preta típica dos jesuítas. Não era a melhor maneira de atravessar o interior maranhense. ‘‘Quem quer andar por essas terras tem que se proteger do mato com roupa de couro e andar sempre a cavalo ou num burro’’, ensina José Assunção e Silva, o Zé Doca, boiadeiro na região de Caxias, antiga Aldeias Altas. Nesse lugar, Malagrida passou em 1726 para catequizar os Guanarés, etnia desaparecida do Maranhão. No Século XVIII, esses índios eram numerosos e arredios ao contato com os brancos. Já haviam sofrido com os portugueses quando Malagrida iniciou o trabalho de catequese. Penou até conquistar a confiança dos Guanarés. Chegaram a decidir em assembléia que matariam o padre. Só conseguiu escapar porque na hora da excução, uma índia velha conteve o braço do nativo. ‘‘Suspende’’, gritou a mu-lher. Explicou que da última vez em que um índio matou um padre roupeta-negra, terminou devorado por vermes. Assustados, os Guanarés liberaram o jesuíta. ‘‘Dificilmente se reconhece o tipo humano nos índios moradores desta região. Abrigam-se em cavernas como as feras e alimentam-se unicamente de caça. As vezes travam-se em pelejas e então devoram os vencidos’’, descreveu Mathias Rodrigues, um dos companheiros de apostolado de Malagrida e que escreveu relatos do tempo em que os dois estiveram no Brasil. O manuscrito de Rodrigues está hoje na biblioteca dos padres boulandistas, em Bruxelas, na Bélgica, mas o professor Vitor Leonardi conseguiu cópia microfilmada da preciosidade. ‘‘É o documento mais importante sobre Malagrida’’, resume Vitor que nos próximos meses irá editar livro com a íntegra do texto. Pelas linhas escritas por Mathias Rodrigues, Malagrida ainda considerava os índios bárbaros selvagens, mas não aceitava sua escravidão. Durante os seis anos em que conviveu com tribos do Pará e do Maranhão, o jesuíta defendeu a tese de que as aldeias deveriam ficar longe do contato com os portugueses. Temia pela saúde moral e física dos nativos. Ou seja, combatia a tradição dos colonizadores que pegavam índios para trabalhar na lavoura de cana. 

Em 1729, Malagrida foi retirado da missão indígena e levado para São Luís. 

Primeiro Milagre...
A vida na capital não sossegou o padre. Em São Luís, iniciou nova etapa de sua jornada: a de missionário popular. Ao invés de índios, cuidava agora dos brancos, moradores da periferia. Dava aula de teologia durante a semana e aos sábados partia para os povoados vizinhos de São Luís. Era livro grosso com as rezas cotidianas que, por vezes, servia de travesseiro quando o religioso adormecia no mato. Para se proteger da floresta fechada, usava um cajado, até bem pouco tempo guardado na Itália como relíquia e apelidado de ‘‘o bordão do peregrino’’ ‘‘Malagrida era pregador carismático’’, explica Miguel Martins Filho, 39 anos, padre, professor de literatura e diretor do Instituto Gabriel Malagrida, em João Pessoa. É ali que se formam todos os jesuítas brasileiros. O que Miguel chama de carisma aparece no jeito de Malagrida atrair os ouvintes. Nos dias santos em São Luís juntava os fiéis em frente a igreja e com um estadandarte nas mãos, saíam todos em procissão cantada pelas ruas da cidade. Paravam nas praças e o padre reunia o povo em volta dele. Ali, dava aula de catecismo, representava teatralmente as principais passagens bíblicas e depois interrogava a platéia sobre o assunto. Foi numa dessas pregações interativas em São Luís que Malagrida fez o que os livros tratam como seu primeiro milagre. Falava aos fiéis sobre a importância da reconciliação entre inimigos quando um dos ouvintes contou que cometera injúria mortal contra um de seus parentes. Na frente do antigo desafeto, contou que estava disposto a pedir perdão, mas o homem não quis fazer as pazes. Malagrida, indignado interferiu. ‘‘Meu irmão, não quereis perdoar ao vosso próximo para que o Senhor vos perdoe?’’. Repetiu a pergunta várias vezes, mas como o indivíduo insistia na recusa, Malagrida gritou atordoado: ‘‘Pecador, recusas a escutar o teu Deus que te convida a perdoar, não tardará que prestes conta a teu juiz da tua dureza, e sofrerás então o castigo merecido’’. Pronto, em menos de 24 horas o infeliz morreu com tiro de mão desconhecida. O povo passou a tratar Malagrida como ‘‘o profeta’’. Carregou esta fama para sua grande viagem missionária, iniciada em julho de 1735 do Maranhão até a Bahia. Primeira longa parada: Piracuruca, no norte do Piauí. ‘‘Servia de igreja aí uma vil casa de farinha com quatro paredes mal pintados por cima, cheia de morcegos. Eu mesmo dei a idéia de construir grandiosa igreja. Todos ofereceram suas esmolas’’, conta Malagrida numa carta mandada ao Bisbo do Algarve, em Portugal. Passados 262 anos, o templo de Piracuruca está de pé. Seu padre, José da Silva Ribeiro, 37 anos, vive pedindo esmolas aos moradores da cidade. Para Malagrida, o Brasil parecia uma Babilônia de pecados. Reclamava dos casamentos fora da Igreja, se horrorizava com a luxúria dos padres e se impressionava com o número de prostitutas. Nos oito dias em que passava em cada cidade, o jesuíta pregava contra os amancebados, chegava a praguejá-los. Em fevereiro de 1744, fazia missão no povoado de Várzea Nova, no interior da Paraíba, quando descobriu homem e mulher que viviam juntos há anos sem oficializar a união. Malagrida foi até a casa dos dois. Tentou convencê-los a dar um ‘‘jeito cristão’’ à história. A mulher concordou, mas o homem achou bobagem aquele falatório do padre. Malagrida renovou seus pedidos, fez pregações públicas sobre o caso, até que num dos sermões avisou que se o cidadão não mudasse de idéia se perderia para sempre. Em 24 horas, o homem morreu com uma terrível dor de cabeça. Neste mesmo povoado de Várzea Nova, a fama milagreira de Malagrida resistiu ao tempo. ‘‘Desde menina, ouço os antigos contarem que o padre Malagrida encostou a mão numa criança que morria de febre e ela ficou logo boa’’, diz Maria Salete da Silva, 58 anos, nascida na região. Ali, não há mais as curas providenciais do padre, porém quem adoece é atendido no posto de saúde de nome Gabriel Malagrida. Na frente, há uma enorme estátua de cimento do jesuíta. 

Vigários do Prazer...
Durante suas expedições, Malagrida cruzou com muitos companheiros de batina fora da linha. Alguns chegavam a cobrar para rezar missa, outros conheciam os prazeres da carne. Tinham mulheres e filhos, o que para Malagrida era um escândalo sem precedentes. ‘‘Esbarrei num vigário que tinha três mancebas patentes e vinte filhos’’, denunciava o missionário em carta aos superiores. Se o barbudo Malagrida era exigente com os fiéis e religiosos, pior ainda era sua auto-cobrança. Tamanha austeridade impressionava até os poucos padres corretos das vilas por onde passava. ‘‘Depois de um sono brevíssimo, o santo padre começava a meditação. Recitadas as horas canônicas, dirigia-se ao confessional e daí por volta da hora décima da manhã, subia ao tablado e explicava a doutrina cristã. Permanecia em ação de graças até a primeira hora da tarde e até mais. Voltando a casa comia, ou poucas favas ou um pouco de leite’’, relatava em carta João Brewer, padre de Ibiapaba, cidade onde Malagrida ficou entre 5 e 17 de fevereiro de 1747. O lugar, chama-se hoje Viçosa do Ceará. Lá, no altar da igreja matriz ainda existe uma imagem de Gabriel Malagrida, de quatro palmos de altura. ‘‘Ele está vestido de São Francisco de Assis porque a imagem foi mandada para reforma e o artista adorava os franciscanos’’, explica o monsenhor Francisco das Chagas Martins, pároco da igreja há 50 anos. ‘‘Tudo aqui é antigo. Nossa igreja é a mais velha do Ceará. Foi fundada em 1602’’. 

Madalenas...
O maior tormento de Malagrida eram as ‘‘mulheres da vida’’. Considerava a prostituição um dos problemas mais graves da colônia. ‘‘Naquele tempo, se uma menina perdia a virgindade, caía em desgraça na sociedade e acabava entrando para a prostituição. Malagrida sonhava em fazer alguma coisa por essas mulheres’’, conta Ilário Govoni, jesuíta italiano, morador de Terezina e autor do único livro publicado no Brasil sobre Malagrida. Chama-se O Missionário Popular do Nordeste. O desafio de ‘‘endireitar’’ prostitutas perseguiu Malagrida até 1742, quando conseguiu financiamento para construir o Convento do Sagrado Coração de Jesus em Igarassu, em Pernambuco. Ali, abrigou 40 mulheres da vida, desejosas de conversão. Saíram em romaria de João Pessoa até a cidade pernambucana. ‘‘Este asilo de Madalenas arrependidas tinha âmbito regional. Às que não podiam casar, por causa de impedimentos ou delas próprias ou dos homens com quem viviam, por já serem casados, abriam-se-lhes as portas desta casa, onde ficavam ao abrigo da miséria e de recaídas’’, escreveu o historiador Serafim Leite, no livro a História Eclesiástica no Brasil. ‘‘Hoje só aceitamos donzelas. Todas nós somos donzelas’’, apressa-se em explicar Maria Medeiros de Paula, 48 anos, e atual diretora do Convento. É freira desde os 17 anos, nunca teve namorado e não gosta muito de falar do passado de pecado das fundadoras da instituição. ‘‘Hoje, só entra na Ordem do Coração de Jesus moça virgem’’. A 60 km dali, em João Pessoa, num outro endereço com placa de Malagrida, perder a virgindade é ganhar a vida. Na rua Gabriel Malagrida, no centro da capital paraibana, funciona o baixo meretrício da cidade. ‘‘Esse Malagrida era dos nossos. Nosso santo protetor’’, brinca dona Lucila Martins, 59 anos, dona de um dos bordéis da rua. 

O Triste Fim...
O triste fim do missionário em janeiro de 1754 Gabriel Malagrida embarcou para Lisboa certo de que conseguiria mais recursos para suas obras no Brasil. Enganou-se, embarcou para a morte. Famoso na corte por seu carisma de pregador, Malagrida era o confessor da rainha, o que despertava ciúmes de poderosos emergentes como Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal. Quando a rainha morreu, em 1754, Pombal virou primeiro ministro de Dom Jose I e iniciou perseguição sistemática contra Malagrida. Irritou-se profundamente quando, após o terrível terremoto de Lisboa de 1755, o religioso escreveu panfletos associando a tragédia às maldades da corte. Pombal não se conteve. Conseguiu que Malagrida fosse mandado para a cidade de Setúbal. Atentado em 3 de setembro de 1758, o rei D. José sofreu atentado quando voltava de uma farra noturna. Pombal arranjou testemunhas para envolver Malagrida no caso. No dia 9 de janeiro de 1759, Malagrida foi preso por crime de lesa majestade. Ficou numa cadeia imunda, onde usava tinta de paredes para escrever dois textos religiosos: um sobre a vida de Sant’Ana e outro sobre o retorno do Anti-Cristo. Malagrida acreditava que o apocalipse aconteceria em 1999. O incansável Pombal aproveitou para denunciar Malagrida à Inquisição como herege, mas os próprios juízes do Santo Ofício admitiram que não havia razões para condenar o religioso. Pombal, então, destituiu o presidente do Tribunal e nomeou seu próprio irmão, Paulo de Carvalho. A outra questão era a guerra guaranítica, travada no Sul do Brasil. Os jesuítas se aliaram aos índios contra os portugueses que queriam ampliar as fronteiras do país. Isso tudo não culminou apenas na morte da Malagrida. Em 1759, Pombal expulsou os jesuítas dos domínios portugueses. Foi mais longe. Em 1773, conseguiu do Papa Clemente XIV, a extinção da Companhia de Jesus em todo o mundo. A Companhia só voltou a existir em 1814 e os jesuítas só retornaram ao Brasil no final do século XIX.

Essa é a História de Gabriel Malagrida o nosso Saudoso Caboclo das 7 Encruzilhadas.

Saravá Umbanda.

O Que é O Amor?


         Numa sala de aula, onde havia várias crianças, uma delas perguntou à professora:

        Professora, o que é o amor?

        A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera.

        E como já estava na hora do recreio, pediu que cada aluno desse uma volta pelos jardins da escola e trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor.

         As crianças saíram apressadas e depois de alguns minutos voltaram à sala.

         A professora esperou que todos se sentassem e, quando o silêncio se fez na  pequena sala, cobrou a tarefa que lhes havia dado: Quero que cada um mostre o que trouxe consigo.

         A primeira criança disse: Eu trouxe esta flor, não é linda?

         A segunda falou: Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção.

         A terceira criança completou: Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é uma gracinha?

         E assim as crianças foram mostrando tudo o que tinham captado lá fora, que pudesse representar o amor.

         Terminada a exposição, a professora notou que uma das crianças tinha ficado quieta o tempo todo. Ela estava muito envergonhada, pois nada havia trazido.

         Então a professora se aproximou dela e lhe perguntou:

         Meu bem, por que você não trouxe nada?

         E a criança timidamente respondeu:

         Desculpe, professora. Eu vi a flor e senti o seu perfume. Pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu perfume exalasse por mais tempo.

          Vi também a borboleta, leve e colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la.

          Achei um passarinho caído entre as folhas, mas, ao subir na árvore, notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho.

          Portanto, professora, trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mamãe passarinho ao ver seu filhote de volta, são e salvo.

           Como posso mostrar o que trouxe?

           A professora agradeceu a todos e, olhando a criança de mãos vazias, disse-lhe:

           Você foi a única criança que percebeu que só podemos trazer o amor no coração.

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            Se você já consegue perceber as belezas que Deus criou para enfeitar o planeta que nos serve de morada, não queira reter essas maravilhas para si somente, pois isso não é amor, é egoísmo.

            Se você admira as flores, deixe-as no lugar em que estão, para que os outros possam sentir também o seu perfume e admirar sua beleza.

            Se você se extasia contemplando a leveza dos pássaros a deslizar no ar, não os prenda em gaiolas, para que outras pessoas possam admirá-los também.

            Se você aprecia ver os rios de águas cristalinas a correr por entre as pedras, não lhes polua o leito, para que outros olhos possam contemplá-los, igualmente.

            Se você gosta de banhar-se nas águas limpas do oceano, não lhes turve a limpidez, para que todos possam usufruir dessa maravilha.

            Se você se sente bem respirando ar puro, preserve-o para que todos possam desfrutar desse benefício.

            E, por fim, lembre-se: o verdadeiro sentimento de amor só pode ser conduzido no próprio coração.

Redação do Momento Espírita, com base em história extraída do livro Histórias para sua criança interior, de Eliane de Araujo, ed. Roca.

Um Minuto Apenas




            Lúcia era uma mulher feliz.

            Como poucas, acreditava.

            Casada com o homem por quem se apaixonara nos verdes anos da adolescência, vivia o sonho da mulher realizada.

            Um filho lhe viera coroar a felicidade.

           Que mais ela poderia desejar?

           Acordava pela manhã e saudava o dia cantarolando.

           Com alegria realizava as tarefas do lar, cuidava do filho, aguardava o marido.

           Tudo ia muito bem.

           Até o dia em que descobriu que o homem que tanto amava, a traía.

           E não era de agora.

           O problema vinha tomando corpo de algum tempo.

           Magoada, se dirigiu ao marido.

           Exigiu-lhe e falou-lhe de respeito.

           A resposta foi brutal, violenta.

           O homem encantador tornou-se raivoso, briguento.

           Chegou a lhe bater.

           Foi nesse dia que Lúcia teve a certeza de que seu casamento acabara.

           Era o cúmulo.

           Não poderia prosseguir a viver com alguém que chegara à agressão física.

           Então, acordou na manhã de tristeza, depois de uma noite de angústia e tomou uma séria decisão.

           Iria se matar.

          Acabar com a própria vida.

          Mais do que isto.

          Ela desejava vingança.

          Por isto, tomou o filho de 4 anos pela mão e decidiu que o mataria.

          Queria que o marido ficasse com drama de consciência.

          Seu destino era o Farol da Barra, na cidade de Salvador, na Bahia, onde residia.

          Ela sabia que era um local onde o mar batia com violência no penhasco.

          A rua por onde transitava era movimentada.

          Muitos carros.

          Enquanto aguardava para atravessar a rua, a criança lhe escapou das mãos e correu, entre os carros.

          Ela se desesperou.

          Estranho paradoxo.

          Conduzia a criança pela mão e tencionava jogá-la do penhasco ao mar para que morresse.

           Mas, quando a vê correr perigo, esquecida de si mesma, vai-lhe ao encontro, agarra-a, até um pouco raivosa.

           Puxa-­a pela mão.

           Neste momento, a criança se abaixa, alheia a tudo que se passava, e recolhe do chão um papel.

           Lúcia o arranca das mãos do pequeno e um título, em letras grandes, lhe chama a atenção:

           Um minuto apenas.

           Ela lê:

           Num minuto apenas, a tormenta acalma, a dor passa, o ausente chega.

           O dinheiro muda de mão, o amor parte, a vida muda.

           Vai andando, puxando a criança e lendo a página.

           Era uma página mediúnica que vinha assinada por um Espírito.

           Ela terminou de ler.

           Passou o ímpeto.

           Em um minuto.

           Parou, olhou ao redor e verificou que tinha chegado ao seu destino.

          O penhasco estava próximo.

          Sentou-se e teve uma crise de choro.

          O impulso de se matar havia desaparecido.

          Tornou a ler a mensagem.

          Ela se recordou de um senhor que era espírita e trabalhava no Banco, no mesmo onde seu marido trabalhava.

          Foi para casa. Lembrou que um dia, jantando em casa dele, ele falara algo sobre Espiritismo.

          Algo que ela e o marido, por terem outra formação religiosa, rechaçaram de imediato.

          Ela lhe telefonou, pediu-lhe orientação e ele a encaminhou a um Centro Espírita.

          Atendida por companheiro dedicado, que lhe ouviu os gritos da alma aflita, passou a buscar na oração sincera, na leitura nobre, no passe reconfortante, as necessárias forças para superar a crise.

          O marido, notando-lhe a mudança, a calma, no transcorrer dos dias, a seguiu em uma das suas saídas do lar.

          Desconfiado, adentrou ele também à Casa Espírita.

          Para descobrir uma fonte de consolo e esclarecimento.

          Hoje, ambos trabalham na Seara Espírita. Reconstituíram sua vida, refizeram-se.

          Os anos rolaram.

          O garoto é um adolescente e mais dois filhos se somaram a ele.

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           Mudança de rumo.

           A vida muda.

           Em um minuto apenas.

           Em um minuto apenas Deus providencia o socorro.

           Pode ser um coração atento, uma mão amiga ou um pedaço de papel impresso caído na calçada.

           Papel que o vento não levou para longe.
 

           Um minuto apenas e o amor volta.

           A esperança renasce.

           Um minuto apenas e o sol rompe as nuvens, clareando tudo.

           Não se desespere.

           Espere.

           Um minuto apenas.

           O socorro chega.

           O panorama se modifica.

           A vida refloresce.

           Tenha paciência.

           Não se entregue à desesperança.

           Aguarde.

           Enquanto você sofre, Deus providencia o auxílio.

           Aguarde.

           Um minuto apenas.

           Sessenta segundos.

           Uma vida.

           Um minuto a mais...

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            Em um minuto apenas, a Misericórdia Divina se derrama, cheia de bênçãos, nas vielas escuras dos passos humanos.

            Corrige, saneia, repara, transformando-as em estradas luminosas no rumo da vida maior.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 24 do livro O semeador de estrelas, de Suely Caldas Schubert, ed. Leal. 

Deus Não Tem Pressa


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Você já se deu conta de que Deus não tem pressa?
A pressa é um dos maiores males dos tempos modernos. É como se a Humanidade desejasse acelerar os acontecimentos num período de tempo muito curto.
E a educação das nossas crianças não foge à regra.
Quando nosso filho procede com infantilidade aos cinco anos de idade, por exemplo, dizemos: Por que não se comporta como um homenzinho?
Qualquer pessoa sensata sabe que ele não é um homenzinho. Mas queremos que a criança aja como adulto, não porque seja bom para ela, mas porque é conveniente para nós. Talvez não porque achemos isso certo, mas porque estamos impacientes.
Roubamos os nossos filhos quando os fazemos atravessar às pressas a infância. Também a nós logramos porque perdemos a oportunidade de nos deixar contagiar pela sua inocência, sua curiosidade espontânea, sua admiração natural, sua alegria sem restrições.
Muitas vezes, a nossa impaciência impede o desenvolvimento de grandes inteligências e de grandes almas, porque esquecemos de que a assimilação do bem é um processo lento.
Certa vez, um pai perguntou ao Diretor de uma Universidade se o Currículo Escolar não poderia ser simplificado para que seu filho pudesse ir por um caminho mais curto.
Sem dúvida, respondeu o educador. Tudo depende, porém, do que o senhor queira fazer do seu filho. Quando Deus quer fazer um carvalho, por exemplo, leva cem anos. Quando quer fazer uma abóbora, precisa apenas de três meses.
É comum nos esquecermos de que as engrenagens das nossas vidas estão interligadas com as do Criador. Assim sendo, como os dentes das engrenagens dos planos de Deus são mais fortes do que os das nossas, quando aceleramos mais que Deus, as nossas se quebram. E por essa razão, cansamo-nos, despedaçamo-nos.
A natureza nos oferece muitas indicações de que o nosso ritmo alucinado não é normal.
Quando saímos dos lugares superlotados, fugimos dos horários e andamos por entre as árvores que crescem devagar e as montanhas silenciosas que parecem estar sempre tranquilas, absorvemos um pouco da serenidade e da calma da natureza.
No entanto, não devemos confundir paciência com passividade, inércia, e esperar que tudo seja feito por nós. Paciência é determinação de começar cedo a empregar o tempo para realizar coisas úteis.
A melhor ilustração de tudo isso pode ser o caso da menina que disse à mãe, logo depois que uma senhora de cabelos brancos saiu de sua casa: Se eu pudesse ser uma velha assim, tão simpática e tão boazinha, não me importaria de envelhecer.
Está muito bem, respondeu a mãe. Se você quer ser uma velha assim, convém começar desde já, pois ela não ficou assim às pressas.
O Sol leva todo o tempo que lhe é necessário para nascer e se pôr. Não é possível apressá-lo.
O gelo no lago se derreterá quando a temperatura do ar for apropriada.
As aves migratórias chegarão e partirão quando estiverem prontas para isso.
Até as invenções, sobre as quais o homem aparentemente exerce absoluto controle, só chegam no tempo próprio, quando a oportunidade amadureceu e a cultura está pronta para recebê-las.
Uma vez mais o Mestre de Nazaré tinha razão ao dizer: Primeiro a erva, depois a espiga, e, por último, o grão cheio na espiga.
Quis com isso dizer que tudo vem a seu tempo, sem pressa nem desespero.
Temos a Eternidade Espiritual.

Pensemos nisso!


Alcoolismo e Obsessão


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O alcoolismo é um dos maiores inimigos da criatura humana. É de lamentar-se que o seu uso seja tão generalizado e, infelizmente, haja adquirido status na sociedade. As reuniões, as celebrações e festividades outras, sempre se fazem acompanhar de bebidas alcoólicas, responsáveis por incontáveis danos ao organismo humano, à sociedade. 

Acidentes terríveis, agressões absurdas, atitudes ignóbeis decorrem do seu uso, além dos vários prejuízos orgânicos, emocionais e mentais que acarretam. Verdadeiras legiões de vítimas se movimentam pelas avenidas do mundo, como enxameiam nos campos, permanecem nos tugúrios da miséria ou nas celas sombrias dos cárceres e dos hospitais, apresentando o triste espetáculo da decadência humana. Milhões de lares sofrem os infelizes lances da sua crueldade. No inquietante momento em que o uso das drogas é responsabilizado pela vigência de inumeráveis crimes hediondos, e se levantam muitas vozes em protesto, buscando encontrar as causas sociológicas, psicológicas e outras, para explicar a avalanche sempre crescente e assustadora de viciados, urge que se estudem também os problemas do alcoolismo e suas consequências, não menos alarmantes.

O alcoolismo, ou a dependência do uso exagerado de bebidas alcoólicas, constitui-se um grave problema médico, em face dos danos que causa ao organismo do indivíduo e ao grupo social no qual este se movimenta. Sua gravidade pode ser considerada pelo número dos internados em hospitais psiquiátricos com desequilíbrios expressivos. As recidivas, após o cuidadoso tratamento, são numerosas, não se considerando que as suas vítimas ultrapassam em grande número as outras toxicomanias.

Na antiguidade, o uso de bebidas alcoólicas tornou-se comum e quase elegante, caracterizando uma forma ou de fuga ante os desafios. Acreditava-se, no passado, que o álcool e seus derivados diminuíam as angústias e tensões, posteriormente se afirmando ou se justificando possuírem propriedades fisiológicas, produzindo estímulo e vigor orgânicos.

O alcoolismo decorre de muitos fatores, entre os quais a personalidade e a tolerância do organismo do paciente, variando com a idade, o sexo, hereditariedade, hábitos e costumes, constituição e disposição orgânica. Pode ser resultado de causas ocasionais, secundárias, psicóticas e conflituosidade neurótica. Experiências ocasionais, uso após problemas de natureza orgânica e mental – como na epilepsia, na arteriosclerose cerebral -, compulsão pela hereditariedade e o condicionamento após o hábito, resultando na conflituosidade neurótica. No começo, o indivíduo pode experimentar euforia, dinamismo motor, porém vai perdendo o controle, o senso crítico, tornando-se inconveniente. Com o tempo, surgem outros distúrbios orgânicos, tais as náuseas, os vômitos, a incontinência urinária e, por fim, o sono comatoso, no estado mais avançado. À medida que a dependência aumenta e o uso se faz mais freqüente, a bebida alcoólica afeta o sistema nervoso, o trato digestivo, o aparelho cardiovascular.

As complicações que degeneram em gastrite e cirrose hepática são inevitáveis, levando à morte, qual sucede no câncer do esôfago e do estômago. Do ponto de vista psíquico, o alcoólatra muda completamente o comportamento, e suas reações mentais são alteradas, a começar pelos prejuízos de memória, a culminar no delirium tremens, sem retorno ao equilíbrio…

O alcoolismo (alcoolofilia) é, portanto, uma enfermidade que exige cuidadoso tratamento psiquiátrico. No entanto, porque ao desencarnar o alcoólatra não morre, permanecendo vitimado pelos vícios, quase sempre busca sintonia com personalidades frágeis ou temperamentos rudes, violentos, na Terra, deles se utilizando em processo obsessivo para dar prosseguimento ao infame consumo de álcool, agora aspirando-lhe os vapores e beneficiando-se da ingestão realizada pelo seu parceiro-vítima, que mais rapidamente se exaure.

Torna-se uma obsessão muito difícil de ser atendida convenientemente, considerando-se a perfeita identificação de interesses e prazeres entre o hóspede e o seu anfitrião. Manoel Philomeno de Miranda

(Médico; Escritor; Conferencista. – Brasil: 1876-1942) Reflexão da série: M. Philomeno Miranda Fonte: Trilhas da Libertação

Emissão dos Pensamentos



Toda mente tem um transmissor incomparável estruturado para emitir ondas longas ou curtas, metragem e microformas, com a sua linguagem específica, de acordo com as necessidades. Mesmo que queiramos, nunca conseguiremos parar de pensar, pois a mente é um dínamo sagrado ligado à suprema inteligência universal, pela qual flui, ininterruptamente, a vontade de Deus. 

           Procuremos analisar os pensamentos desde os seus princípios mais rudimentares, e notaremos que somente co-participamos, com muita eficiência, na sua engenhosa formação e transmissão de idéias. Contudo, quase somos realistas ao aceitarmos as nossas responsabilidades de ajudar na emissão dos pensamentos em direção aos nossos semelhantes. 

Pensar é viver, e viver melhor é pensar conscientemente, fazendo o que nos toca com mais perfeição. A estupenda energia dos pensamentos cria formas admiráveis, alimenta uma gama de coisas sem precedentes, atuando em todas as linhas do metabolismo, harmonizando todos os mundos celulares, se sua formação congênita é o amor e a caridade em suas variadas extensões. 

O espírito é o centro energético de atividades imensuráveis, reguladas por leis justas, de modo a manter o corpo na mais perfeita harmonia. Ele emite para suas formas diversas correntes sutis, potencializando todo o agregado do soma, tanto quanto dos corpos de mais alta freqüência vibratória. A projeção é feita pela mente, ante os canais sustentadores da vida. Reflitamos sobre o bem ou o mal que poderemos fazer, no uso daquilo que é mais sagrado na nossa vida - pensar, emitir idéias, e estas se consubstanciarem em valores pelo verbo, e este se identificar pela escrita, onde poderá se transformar em fonte sublimada para a paz da consciência e o bem de todos os semelhantes. 

Vigiemos, pois, nossas emissões mentais. Todo esforço neste sentido é louvável, mesmo que não atinjamos totalmente a pureza desejada. Já é um pouco de luz a despontar no coração e na inteligência dos operários do bem, na reconstrução da personalidade envolvida no engano, por influência da ignorância, e para esse trabalho, divino por excelência, não é preciso nos reportarmos à puberdade do espírito, que está perdida na profusão do tempo e do espaço, porque a sua própria razão se esgota, quando tenta perceber a embriologia espiritual de si mesmo. 

Avancemos com os conhecimentos que temos em mãos. Eles nos dão, mesmo na sua simplicidade, meios para iniciarmos os primeiros passos na grande escalada infinita da evolução. A mente só cria, igualmente, imagens compatíveis com a sua própria estrutura espiritual, na formação do eu. O Pai não Se esqueceu dos estabilizadores, de modo que as voltagens etéricas surgem no cenário do cérebro, conectadas no volume justo a ser suportado pelo ser pensante. Daí, é que ajustamos essa idéia aos ensinamentos do Evangelho, que comenta, em certo trecho: "Não são colocados fardos pesados em ombros frágeis".

A massa encefálica é o topo da cruz humana, e nela se encrava um astro divino, que se manifesta, em parte, por acanhados sentidos; e as idéias oriundas dessa claridade semeiam vida por toda a lavoura biológica. E essa vida se expressa por escalas infinitas, de acordo com a sua maturidade, que é conhecida pelo que a alma pensa, pelo que faz, pelo que vive.  

A nossa mente atinge todo o corpo físico através dos pensamentos, que encontram seus reatores nos variados plexos, para depois acionar as glândulas responsáveis por todo o conjunto orgânico. Se as emissões dos pensamentos forem boas, todo o templo do espírito estará em paz. Se não, sofreremos, hoje ou amanhã, as nefastas conseqüências causadas pelas invigilâncias do inquilino do corpo.

Deveremos dar início, se não temos costume ainda, ao cultivo do amor, da alegria pura, das emoções superiores, da caridade e do perdão, da tolerância e da solidariedade para com todas as criaturas. Essas tentativas, por nós iniciadas, darão ensejo a um bom ambiente para a consciência interna nos ajudar a plasmar, no flóreo clarão divino que entra em nós, idéias de alta elevação espiritual, tornando-nos livres da velha sombra que nos acompanha há milênios, denominada ignorância.

Espírito Miramez

A Providência Divina






Para a Providência Divina não existe contestação. 

Deus em sua magnitude colocou a disposição do homem tudo que lhe seria útil na vida terrena.

Sabemos muito bem qual a nossa destinação no orbe terrestre, mas pela nossa materialidade, fortalecida pelo orgulho, pela inveja, nos tornamos imperfeitos.

É vero que a Providência Divina se manifesta a qualquer momento ou em qualquer lugar e jamais poderemos contestar esta teoria.

Deus quando criou o homem, o fez a sua imagem e semelhança, dando-lhe a inteligência, o instinto e o livre-arbítrio.

Temos nossa opinião própria sobre ou a respeito desta frase, que teria sido atribuída ao Pai Maior, Deus.

A reencarnação será o fenômeno pela qual o ser humano alcançará sua evolução, pois vivendo num mundo de provas e expiações, ele estará sujeito às normas e procedimentos que venham melhorar sua condição de ser humano a cata da evolução.

Também é vero que o hominal durante a desencarnação passará um período na erraticidade.

Esta palavra quer dizer o espaço entre uma reencarnação e outra.

Nesse período poderá passar pelo o umbral dependendo do que fez aqui na Terra e a posterióri para uma colônia de tratamento.

O que seria de nós se nossos guias e amigos espirituais não agissem em nossa proteção.

Todos nós temos nossos guias espirituais.

O de Allan Kardec era Zéfiro, o de Francisco de Paula Cândido Xavier, o espírito Emmaneul e o de Divaldo Franco, Joanna de Ângelis.

Christiano Torchi é advogado, escritor espírita e dedicado trabalhador da causa espírita em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, está no prelo um livro de sua autoria cujo título ainda é provisório – Introdução ao Conhecimento da Doutrina Espírita.

O nosso confrade fala com muita propriedade sobre os Espíritos familiares, os simpáticos e os protetores com os quais Allan Kardec conseguiu compilar o Livro dos Espíritos em 1857, na França.

Temos também o nosso anjo da guarda ou anjo guardião um Espírito bastante evoluído que nos protege no dia a dia, mas não interfere no nosso livre-arbítrio.

O seu tratamento para com o seu protegido é muito parecido com o papel do pai para com o filho.

Não irei aqui neste pequeno comentário levar em evidência as colocações do confrade Cristiano Torchi, mas concordar em parte com os aspectos por ele comentados.

O Espírito pode ser privilegiado dependente exclusivamente de suas atividades no mundo material e espiritual.

Por isso, sempre será de bom alvitre que tenhamos uma vida regrada e voltada para o bem.

É difícil? Sim.

Na vida nada se consegue com facilidade e o merecimento é ponto primordial para isso.

O Evangelho Segundo o Espiritismo reza que todos nós temos um Bom Espírito, ligado a nós desde o nascimento, que nos tomou sob a sua proteção.

Cumpre junto a nós a missão de um pai junto ao filho: a de nos conduzir no caminho do bem e do progresso, através das provas da vida.

Ele se sente feliz quando correspondemos à sua solicitude, e sofre quando nos vês sucumbir.

Seu nome pouco importa, pois que ele pode não ter nenhum nome conhecido na Terra.

Invocamo-lo, então, como o nosso Anjo Guardião, o nosso Bom Gênio.

Podemos nomeá-lo com o nome de um Espírito Superior, pelo qual sintamos uma simpatia especial.

Temos um adendo a colocar no posicionamento do escritor epigrafado, visto que nem todo Espírito Protetor é considerado Puro, pois o único Espírito Puro que pisou o orbe terrestre foi Jesus Cristo, mas se eles forem superiores aí sim estaremos mais firmes em nossas posições.

A felicidade do Espírito protetor está nas mesmas proporções do seu protegido aqui na Terra.

“É bom que se frise que quando falamos em Espíritos protetores que se informe o que se segue:”

Além do nosso Anjo guardião, que é sempre um Espírito Superior, temos os Espíritos Protetores, que, por serem menos elevados, não são ‘os piores’ e generosos.

São Espíritos de parentes ou amigos, e algumas vezes de pessoas que nem sequer conhecemos na atual existência.

Eles nos ajudam com os seus conselhos, e frequentemente com a sua intervenção nos acontecimentos de nossa vida.

Os Espíritos simpáticos são os que se ligam a nós por alguma semelhança de gostos e tendências.

Podem ser bons ou maus, segundo a natureza das inclinações que os atraem para nós.

Os Espíritos sedutores ou perturbadores esforçam-se para nos desviar do caminho do bem, sugerindo-nos maus pensamentos.

Normalmente, foram extremamente materialistas na vida terrena.

Esse tipo de Espírito aproveita-se de todas as nossas fraquezas, como de outras tantas portas abertas, que lhes dão acesso à nossa alma.

Há aqueles que se agarra a nós como a uma presa, mas afastam-se quando reconhecem a sua impotência para lutar contra a nossa vontade.

Muitos deles estão entre nós convictos que ainda pertencem ao nosso mundo.

Por isso, resolvemos fazer uma breve observação sobre o posicionamento do confrade quando falou em Espírito Puro como nosso guia protetor.

Somos tão imperfeitos para ter essa primazia.

Precisamos orar muito e pedir a Jesus que nos proteja sempre.

Vocês podem até pedir consolo ou nomeá-lo como seu Espírito Protetor, mas somos muito imperfeitos para tal.

Sobre os Espíritos familiares já nos referimos acima.

Na questão 491 do Livro dos Espíritos Kardec indaga aos Espíritos:

Qual a missão do Espírito protetor?

Eles respondem: — A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições e sustentar sua coragem nas provas da vida.

Para ficar mais entendido temos que informar o que está implícito no Livro dos Espíritos nas questões:

492. O Espírito protetor é ligado ao indivíduo desde o seu nascimento?

— Desde o nascimento até a morte, e freqüentemente o segue depois da morte, na vida espírita, e mesmo através de numerosas experiências corpóreas porque essas existências não são mais do que fases bem curtas da vida do Espírito.

493. A missão do Espírito protetor é voluntária ou obrigatória?

— O Espírito é obrigado a velar por vós porque aceitou essa tarefa, mas pode escolher os seres que lhe são simpáticos.

Para uns, isso é um prazer; para outros, uma missão ou um dever.

(493 – a) Ligando-se a uma pessoa, o Espírito renuncia a proteger outros indivíduos?

— Não, mas o faz de maneira mais geral.

494. O Espírito protetor está fatalmente ligado ao ser que foi confiado à sua guarda?

— Acontece freqüentemente que certos Espíritos deixam sua posição pura cumprir diversas missões, mas nesse caso são substituídos.

495. O Espírito protetor abandona, às vezes, o protegido, quando este se mostra rebelde às suas advertências?

— Afasta-se quando vê que os seus conselhos são inúteis e que é mais forte a vontade do protegido em submeter-se à influência dos Espíritos inferiores, mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir.

É o homem quem lhe fecha os ouvidos.

Ele volta, logo que chamado.

Como dissemos anteriormente eles não interferem no livre-arbítrio dos encarnados.

Para os Espíritos simpáticos temos que concordar com que o Livro dos espíritos especifica nos questionamentos sobre Espíritos simpáticos.

387. A simpatia tem sempre por motivo um conhecimento anterior?

— Não; dois espíritos que tenham afinidades procuram-se naturalmente, sem que se hajam conhecido como encarnados.

388. Os encontros que se dão algumas vezes entre certas pessoas, e que se atribuem ao acaso, não serão os efeitos de uma espécie de relações simpáticas?

— Há, entre os seres pensantes, ligações que ainda não conheceis.

O magnetismo é a bússola dessa ciência, que um dia compreendereis melhor.

389. De onde vem a atração instintiva que se experimenta por certas pessoas, à primeira vista?

— Espíritos simpáticos, que se percebem e se reconhecem, muito antes de se falarem. » (in ‘O livro dos Espíritos’, Cap.7) Simpática esta ideia dos Espíritos Simpáticos.

E talvez explique algumas “coincidências” que todos nós experimentamos às vezes.

Queremos dizer que não somos donos da verdade, mas temos que afirmar que o irmão Christiani Torchise expressou muito bem, mas com pequenos senões.

Para encerrar queremos dizer que os espíritos infelizes segundo o grande Leon Denis a nossa indiferença para com as manifestações espíritas não nos privaria somente do conhecimento do futuro de além-túmulo, pois nos desviaria também da possibilidade de agir sobre os Espíritos infelizes, de amenizar-lhes a sorte, tornando-lhes mais fácil a reparação de suas faltas.

Os Espíritos atrasados, tendo mais afinidade com os homens do que com os Espíritos puros, em virtude de sua constituição fluídica ainda grosseira, são, por isso mesmo, mais acessível à nossa influência.

Entrando em comunicação com eles, podemos preencher uma generosa missão, instruí-los, moralizá-los e, ao mesmo tempo, melhorarmos, sanearmos o meio fluídico em que todos vivem.

Os Espíritos sofredores ouvem o nosso apelo e as nossas evocações.

Os nossos pensamentos, simpáticos, envolvendo-os como uma corrente elétrica e atraindo-os a nós, permitem que conversemos com eles por meio dos médiuns.

O mesmo dá-se com as almas que deixam este mundo.

As nossas evocações despertam a atenções dos Espíritos e facultam-lhe o desapego corpóreo; as nossas preces ardentes são como um jato luminoso que os esclarece e vivifica.

É-lhes agradável perceber que não estão abandonados a si próprios na Imensidade, que há ainda na Terra seres que se interessam pela sua sorte e desejam a sua felicidade.

E, quando mesmo esta não possa ser alcançada por preces, contudo elas não deixam de ser salutares, arrancando-os ao desespero, dando-lhes as forças fluídicas necessárias para lutarem contra as influências perniciosas e ajudando-os a subirem mais alto.

Não devemos, entretanto, esquecer que as relações com os Espíritos inferiores exigem certa segurança de vistas, de tato e de energia; daí os bons efeitos que se podem esperar.

É preciso uma verdadeira superioridade moral para dominar tais Espíritos, para reprimir os seus desmandos e dirigi-los ao caminho reto; e essa superioridade não se adquire senão por uma vida isenta de paixões materiais, pois, em tal caso, os fluídos depurados do evocador atuam eficazmente sobre os fluídos dos Espíritos atrasados.

Além disso, é necessário um conhecimento prático do mundo invisível para nos podermos guiar com segurança no meio das contradições e dos erros que pululam nas comunicações dos Espíritos levianos.

Em conseqüência da sua natureza imperfeita, eles só possuem conhecimentos muito restritos; vêem e julgam as coisas diferentemente; muitos conservam as opiniões e os preconceitos da vida terrena.

O critério e a clarividência tornam-se, portanto, indispensáveis a quem se dirigir nesse Dédalo.

O estudo dos fenômenos espíritas e as relações com o mundo Invisível apresentam muitas dificuldades e, mesmo, perigos ao homem Ignorante e frívolo, que pouco se tenha preocupado com o lado moral da questão.

Aquele que, descuidando-se de estudar a ciência e a filosofia dos Espíritos, penetra bruscamente no domínio do Invisível, entregando-se, sem reserva, às suas manifestações, desde logo se acha em contacto com milhares de seres cujos atos e palavras ele não tem meio algum de aferir.

Sua ignorância entregá-lo-á desarmado à Influência deles, pois a sua vontade vacilante, Indecisa, não poderá resistir às sugestões de que se fez alvo.

Fraco, apaixonado, sua imperfeição faz com que atraia Espíritos Iguais a si, que o assediam sem o menor escrúpulo de enganar.

Nada sabendo sobre as leis morais, insulado no seio de um mundo onde a alucinação e a realidade confundem-se, terá tudo a temer: a mentira, a Ironia, a obsessão.

A princípio, foi considerável a parte que os Espíritos inferiores tomaram nas manifestações, e isso tinha sua razão de ser.

Em um meio material como o nosso só as manifestações ruidosas, os fenômenos de ordem física poderiam impressionar os homens e arrancá-los à Indiferença por tudo que não diga respeito aos seus interesses imediatos.

É isso que justifica o predomínio das mesas giratórias, das pancadas, das pedradas, etc.

Esses fenômenos vulgares, produzidos por Espíritos submetidos à Influência da matéria, eram apropriados às exigências da causa e ao estado mental daqueles de quem se queria despertar a atenção.

Não se os deverá atribuir aos Espíritos superiores, pois estes só se manifestaram ulteriormente e por processos menos grosseiros, sobretudo com o auxílio de médiuns escreventes, auditivos e sonambúlicos.

Depois dos fatos materiais, que se dirigiam aos sentidos, os Espíritos têm falado à inteligência, aos sentimentos e à razão.

Esse aperfeiçoamento gradual dos meios de comunicação mostra-nos os grandes recursos de que dispõem os poderes invisíveis, as combinações profundas e variadas que sabem pôr em jogo para estimular o homem no caminho do progresso e no conhecimento dos seus destinos.

O bom da Doutrina é que nós jamais seremos donos da verdade e aquilo que o nosso coração bate com mais certeza, talvez seja o caminho para nossa felicidade.

Queremos mais uma vez agradecer a nossa irmã Zuleika Araripe que nos pediu a opinião sobre a matéria do nosso confrade acima mencionado sobre os amigos espirituais.

A matéria de Christiano Torchi está publicada no Reformador nº. 2.163 Junho 2009 página 18.

Todos os espíritas ou espiritistas ou espiritualista podem traduzir conforme seu pensamento, pois o Espiritismo nada proíbe, mas temos o dever de não nos afastarmos dos ensinamentos do Livro dos Espíritos de Allan Kardec.

Diante de tais especulações encontramos irmãos de ideal espírita que pendem para o lado de Ramatís, Roustaing, Herculano Pires, Pietro Ubaldi e assim vai.

O mais importante de tudo é que não devemos desprezar o amor ao próximo, o perdão e se inserir na fraternidade, na caridade e nos bons princípios.

Jesus Cristo e o Pai Maior acima de tudo.


Antonio Paiva Rodrigues.