quinta-feira, 6 de outubro de 2016




Ricardinho não aguentou o cheiro bom do pão e falou:
- Pai, tô com fome!!!
O pai, Agenor , sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência....
- Mas pai, desde ontem não comemos nada, eu tô com muita fome, pai!!!
Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto entra na padaria à sua frente...
Ao entrar dirige-se a um homem no balcão:
- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão, pois sai cedo para buscar um emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!!!

Amaro , o dono da padaria, estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido, pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho...
Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida do famoso PF (Prato Feito) - arroz, feijão, bife e ovo...
Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua...
Para Agenor , uma dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa apenas com um punhado de fubá....
Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada...
A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, a lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades...
Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar:
- Ô Maria!!! Sua comida deve estar muito ruim... Olha o meu amigo, está até chorando de tristeza desse bife, será que é sola de sapato?!?!
Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer...
Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho...
Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas...
Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório...
Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos 'biscates aqui e acolá', mas que há 2 meses não recebia nada...
Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria, e penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias...
Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho...
Ao chegar em casa com toda aquela 'fartura', Agenor é um novo homem sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso...
Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores...
No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho....
Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia porque estava ajudando...
Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele
chamava-o para ajudar aquela pessoa...
E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres...
Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar...
Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta...
Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula...
Vamos encontrar o Dr. Agenor Baptista de Medeiros , advogado, abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro...
Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o 'antigo funcionário' tão elegante em seu primeiro terno...
Mais dez anos se passam, e agora o Dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma Instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço...

Mais de 200 refeições são servidas diariamente naquele lugar que é administrado pelo seu filho , o agora nutricionista Ricardo Baptista...
Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um...
Contam que aos 82 anos os dois faleceram no mesmo dia, quase que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido...
Ricardinho , o filho, mandou gravar na frente da 'Casa do Caminho', que seu pai fundou com tanto carinho:
'Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço.. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma.. E que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!!!'

(História verídica)

Nunca é tarde para começar e sempre é cedo para parar!!!

Que Deus te abençoe poderosamente lhe concedendo o dom da caridade e da fé. Amém




É assim que a Umbanda deve ser vista, considerada e reconhecida por todos como um " Pronto Socorro espiritual e de utilidade pública".
Porque a Umbanda é uma religião?
- Porque se baseia em credo; ela crê que o espírito, sobreviva à matéria e isso, aliás, é um ponto filosófico, pertinente a muitas outras manifestações religiosas, quer ocidentais, quer orientais; ela crê na lei Kármica, não na lei do Karma (fundamento Hinduísta, de que há um Deus que cobra do espírito encarnado os erros de outra encanações). Nós Umbandistas não cremos nesta cobrança por Deus, porque “pagamos” erros que cometemos através do nosso livre arbítrio. E devido a isto, no momento em que cometemos este erros, ferimos uma Lei Universal - a lei do retorno contraindo neste momento uma “dívida”. A lei do retorno quer dizer que toda ação tem uma reação contrária no mesmo sentido, com o mesmo volume. Então na reação do espírito encarnado, cuja presença da cobrança independe de qualquer outro fato, a não ser a nossa própria vontade, é que abrimos um canal pelo nosso próprio erro, pela nossa falha, pela nossa omissão, estando num plano muito mais baixo de Deus, um criador, uma força divina.
Cremos também na reencarnação. A reencarnação no ocidente veio até os tempos modernos ou contemporâneos, através mais do Kardecismo (doutrina espírita, codificada por Allan Kardec, cujo nome verdadeiro é Hyppolyte Léon Denizard Rivail, de nacionalidade Francesa) do que qualquer outra manifestação religiosa. Não é uma crença Kardecista porque alguns milênios antes de nosso mestre Jesus aparecer, já existia o reencarnacionismo, inclusive altamente cultuado em dois pontos do planeta: Alto Egito e na Mesopotâmia.
A Umbanda surgida deste movimento que ultrapassou a condição de culto para uma religião, agora deve ser considerada também, como "Hospital da Almas" - a prática da caridade, no sentido do amor fraterno em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que seja sua raça, seu credo e sua condição social. Não podendo haver ambiciosos, vaidosos, mistificadores, pois estes, mais cedo ou mais tarde , serão afastados da Umbanda pelos espíritos de Luz.
A prática do bem, somente o bem seguindo a ordem de que “fora da caridade não há salvação”. Nós atendemos as criaturas que são portadoras de desequilíbrios, pessoas desanimadas, desorientadas, propensas ao suicídio, traumatizadas. Pessoas que chegam à vida humana portadoras de anomalias que a medicina e a ciência convencional não explicam. Outras que chegam as nossas portas pela curiosidades de falar com um "Espírito", tirar uma consulta, como por exemplo para saber sobre o futuro, resolver seus problemas, os mais variados possíveis nunca pensando em que: "Melhorar de vida não è melhorar A vida."
Pensam os inconscientes que é só dirigir-se a uma Entidade, pedir e conseguir aquilo que deseja? Puro engano. Quando a Umbanda é praticada em sã consciência e o médium é íntegro na sua missão de ser o intermediário entre um Guia, nada pode temer. Caso contrário, suas manifestações mediúnicas não passarão de chantagens e puras mistificações, aí sim, mais cedo ou mais tarde, receberão o castigo merecido.
O Umbandismo veio para orientar, doutrinar, desenvolver e explicar que a mediunidade uma faculdade, é um desequilíbrio que marca até organicamente a pessoa. Para atender e dar aquela assistência espiritual aos necessitados, desamparados, sofridos e carentes de um alívio e até uma possível cura dos seus males físicos, espirituais e sociais.

         Tenda Espírita Caxana


Quando Jesus atribuiu a si mesmo a qualidade de Caminho, Verdade e Vida, não fez, logicamente, uma declaração de ordem pessoal, mas se referiu, decerto, à mensagem que trouxera ao mundo, em nome e por delegação do Pai.
Reportou-se o Mestre, sem dúvida, aos ensinos, ao roteiro que traçava por norma de aperfeiçoamento, à moral que pregava e exemplificava.

O Evangelho é Caminho, porque, seguindo-o, não nos perderemos nas sombrias veredas da incompreensão e do ódio, da injustiça e da perversidade, mas perlustraremos, com galhardia e êxito, as luminosas trilhas da evolução e do progresso - da ascensão e da felicidade que se não extingue.

O Evangelho é Verdade, porque é eterno.
Desafia os séculos e transpõe os milênios.
Perde-se no infinito dos tempos ...

O Evangelho é Vida, porque a alma que se alimenta dele, e nele vive, ganhará a vida eterna. Aquele que crê em Jesus e pratica os seus ensinos viverá - mesmo que esteja morto.

Deixar ir a Jesus os pequeninos, levar as crianças ao Mestre não significa, pois, organizar, objetiva e materialmente, uma caravana de Espíritos de meninos - encarnados ou desencarnados - para, em luminosa carruagem, romperem as barreiras espaciais, vencerem as distâncias cósmicas e prostrarem-se, devotamente, ante o Excelso Governador Espiritual do mundo, com a finalidade inconcebível, porque absurda, de lhe tributarem pomposa homenagem.
Conduzir as crianças a Jesus significa incutir-lhes nos corações os preceitos evangélicos, a fim de que os seus atos possam revelar, no futuro, nobreza e dignidade.
O Espiritismo, através das escolas de Evangelho, vem cuidando de levar os pequeninos ao Mestre, fazendo-os apreender as imortais lições da Boa Nova do Reino.
Urge, contudo, que o meritório esforço das nossas instituições, polarizando-se na criança, não encontre obstáculos na despreparação evangélica dos pais, para evitar que a criança ``ouça´´, nos Centros, luminosos conceitos de espiritualidade e moral, mas ``veja´´ e ``sinta´´, dentro de casa, no próprio lar, inadequadas atitudes de egoísmo e torpeza.
Não basta, pois, evangelizar a criança nas instituições espíritas.
É imprescindível que essa educação alcance, também, os genitores ou responsáveis, evitando-se, destarte, se estabeleça na incipiente alma infantil a desastrosa confusão de  ``ver´´ e ``ouvir´´, em casa, atitudes e conceitos bem diversos dos que ``vê´´ e ``ouve´´ nas aulas de Evangelho e Espiritismo.
A primeira escola é o lar.
E o lar evangelizado dá à criança, grava-lhe, na consciência, as firmes noções do Cristianismo sentido e vivido.
Imprime-lhe, no caráter, os elementos fundamentais da educação.
É necessário que a criança sinta e se impregne, no santuário doméstico, desde os primeiros instantes da vida física, das sublimes vibrações que só um ambiente evangelizado pode assegurar, para que, simultaneamente com o seu desenvolvimento moral e intelectual, possa ela ``ver´´ o que é belo, ``ouvir´´ o que é bom e ``aprender´´ o que é nobre.
Se o lar não é evangelizado, as lições colhidas fora dele podem ser, apenas, um conhecimento a mais, no campo religioso, para a inteligência infantil.
Um conhecimento a mais não passa de um acidente instrutivo. E o que devemos buscar é a realidade educativa, moral, que tenha sentido de perene renovação.
Cuidar da criança - esquecendo os pais da criança - parece-nos esforço incompleto.
Não adianta ser a criança aconselhada, na escola de Evangelho por devotadas instrutoras ou instrutores a se expressarem de maneira conveniente, se observa ela, em casa, palavrões e gírias maliciosas, impropriedades e xingamentos.
Se o lar é uma escola - A PRIMEIRA ESCOLA - e se os pais representam para os filhos, como primeiros educadores, oque há de melhor sob o ponto de vista de cultura e respeito, experiência e autoridade, evidentemente a criança será inclinada - entre os pais que proferem palavrões e grosserias e a professora de Evangelho que ensina  boas maneiras e sobriedade no vocabulário - a seguir os primeiros.
Com os pais a criança dorme, levanta-se, faz refeições e convive, diuturnamente.
O convívio da criança, na aula de Evangelho, com os instrutores, verifica-se uma vez por semana, durante uma hora ou pouco mais.
E não nos esqueçamos de que, na opinião dos filhos, os pais são os maiores.
Contribuir para que os pequeninos possam ``ir a Jesus´´ mediante o aprendizado evangélico, representa, a nosso ver, providência correlata, simultânea com o esforço de ``levar a Jesus´´ os pais, preparando-os, condignamente, para a missão da paternidade ou da maternidade.
Informa a sabedoria popular que o exemplo deve vir de cima ...


Do Livro: Estudando o Evangelho




Talvez eu venha a envelhecer rápido demais. 
Mas lutarei para que cada dia tenha valido a pena. 
Talvez eu sofra inúmeras desilisões no decorrer da minha vida. 

Mas farei com que elas percam a importância diante dos gestos de amor que encontrei. 
Talvez eu não tenha forças para realizar todos os meus ideais. 

Mas jamais irei me considerar um derrotado. 
Talvez em algum instante eu sofra uma terrível queda. 

Mas não ficarei por muito tempo olhando para o chão. 
Talvez um dia eu sofra alguma injustiça. 

Mas jamais irei assumir o papel de vítima. 
Talvez eu tenha que enfrentar alguns inimigos. 

Mas terei humildade para aceitar as mãos que se estenderem em minha direção. 
Talvez numa dessas noites frias, eu derrame muitas lágrimas. 

Mas não terei vergonha por este gesto. 
Talvez eu seja enganado inúmeras vezes.

 Mas não deixarei de acreditar que em algum lugar alguém mereça a minha confiança. 
Talvez no decorrer dos anos eu perca grandes amizades. 

Mas irei aprender que aqueles que realmente são meus verdadeiros amigos nunca estarão perdidos. 
Talvez algumas pessoas queiram o meu mal.

 Mas irei continuar plantando a semente da fraternidade por onde passar. 
Talvez eu fique triste ao concluir que não consigo seguir o ritimo da música. 

Mas então, farei com que a música siga o compasso dos meus passos. 
Talvez eu nunca consiga enxergar um arco-iris. 

Mas aprenderei a desenhar um, nem que seja dentro do meu coração. 
Talvez hoje eu me sinta fraco. 

Mas amanhã irei recomeçar, nem que seja de uma maneira diferente. 
Talvez eu não aprenda todas as lições necessárias.

 Mas terei a consciência de que os verdadeiros ensinamentos já estão gravados em minha alma. 
Talvez eu me deprima por não ser capaz de saber a letra daquela música. 

Mas ficarei feliz com as outras capacidades que possuo. 
Talvez eu não tenha motivos para grandes comemorações.

 Mas não deixarei de me alegrar com as pequenas conquistas 

Autor: Aristóteles Onassis



Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam de esperar amanhecer para receber socorro. Cada um trazia um pouco de lenha, e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam. Se o fogo apagasse - eles sabiam -, todos morreriam de frio antes que o dia clareasse. Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira. Era a única maneira que tinham para sobreviver.

O primeiro homem era um racista. Olhou demoradamente para os outros cinco e descobriu que um deles tinha a pele escura. Então, ele raciocinou consigo mesmo: ``Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro.´´ E guardou-a, protegendo-a dos olhares dos demais.

O segundo homem era um rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu, no círculo em torno do fogo bruxuleante, um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e, enquanto mentalmente sonhava com o seu lucro, pensou: ``Eu, dar a minha lenha para aquecer um preguiçoso?´´

O terceiro homem era o negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o sofrimento ensinava. Seu pensamento era muito prático: `É bem provável que eu precise desta lenha para me defender. Além disso, eu jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem´´. E guardou sua lenha com cuidado.

O quarto homem era o pobre da montanha. Ele conhecia mais do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou: ``Essa nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha.´´

O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas, nem lhe passou pela cabeça oferecer a lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil.

O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas calosas das mãos os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido: ``Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém nem mesmo o menor dos meus gravetos.´´

Com tais pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e, finalmente, se apagou.

Ao alvorecer do dia, quando os homens do Socorro chegaram à caverna, encontraram seis cadáveres congelados, cada qual segurando um feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de Socorro disse:

- O frio que os matou não foi o frio de fora, mas o frio de dentro!


Fonte: As mais Belas Parábolas de Todos os Tempos (Vol. I)
             Alexandre Rangel


Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de melhorá-los. Passava os dias em seu laboratório, em busca de respostas para suas dúvidas.

Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, insistiu para que o filho fosse brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair-lhe a atenção. De repente, deparou com o mapa do mundo e pensou: ``É isso.´´ Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou-o ao filho, dizendo:

- Você gosta de quebra-cabeças, não é? Então, vou dar-lhe o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho. Faça tudo sozinho.

Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente ...

- Papai, papai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!

A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível, na sua idade, ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?

- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu até tentei, mas não consegui. Foi então que me lembrei do homem. Virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu já conheço bem. Quando consegui consertar o homem, virei do outro lado e vi que dessa forma eu havia consertado o mundo.


Do livro: As Mais Belas Parábolas do todos os Tempos
              Alexandre Rangel



UM LUTADOR

Seu Antonio ajoelhou-se perante o altar, as imagens dos orixás pareciam mudas naquele dia, estáticas. Seu coração apertado de solidão e angústia não via sentido naquele ato que tantas vezes repetira desde que montara o altar. Mas agora era bem diferente de todas as outras vezes, o axé parecia que tinha sumido dali, seus orixás deviam estar distantes, talvez até abandonado o altar para acudir, quem sabe, um outro filho mais necessitado e mais digno.
Ele sabia que havia errado, sim, e por isso sua vida nos últimos tempos se tornou aquele inferno. Joana Maria, a vidente, lhe dissera que a lua na asa dois de seu signo indicava um inferno astral, e que o melhor a fazer era esperar aquela fase passar e depois tudo se resolveria naturalmente. Porém a tal fase estava demorando a passar, nada parecia fazer sentido.
A mulher que tanto amava estava indo embora com as crianças, o chefe no trabalho exigindo maior produção quando ele já dava tudo de si, e ainda por cima as contas se acumulando com os boletos de prestação no fundo da gaveta. Mas o pior mesmo nem era tudo isso, o mais ruim era esse sentimento de angústia e solidão apertando seu coração. Parecia que alguém fizera mandinga para ele, ele tinha quase certeza disso, e por isso estava com medo; medo de tudo, até de sair na rua. 
Os problemas foram aparecendo assim, devagarinho, entrando como um visitante que não quer nada, foi se instalando e trazendo outros problemas consigo, e quando percebeu eles já haviam tomado conta da casa e mandado a alegria embora.
Todos lhes viraram as costas, os parentes, os amigos e até os orixás, agora imóveis no altar, também abandonaram suas imagens e partiram para outras tarefas mais importantes.
Mesmo assim seu Antônio ajoelhou-se e começou sua reza pela Ave Maria, o coração apertado e vazio de alegria não o deixou terminar, não havia ânimo nem para terminar o sinal da cruz. Resignou-se a permanecer ajoelhado perante o altar por um tempo.
Levantou-se e ficou a olhar as imagens no oratório no canto da parede, especialmente construído num momento de muita fé e esperança.
Perguntava-se em pensamento, onde estariam agora, por que não ajudavam um filho necessitado.
Olhou fixamente para a primeira imagem, a de Iemanjá, com seu manto azul, nada. Depois para a segunda, de Oxalá, todo de branco, nada. E assim seguiu a terceira, Iansã e sua espada sempre em punho, também nada. No meio do altar encontrou Oxóssi, o orixá das matas com seu arco sempre esticado e a flecha sempre pronta para disparar. Seu Antônio chegou mais perto para ver os detalhes da imagem, reparou que ele tinha uma espécie de capacete de carcaça de águia, chegou mais perto, quase encostando a cabeça na imagem. 
Foi aí que aconteceu: a flecha de Oxóssi disparou e acertou a testa de seu Antônio entre os dois olhos, um pouco acima deles. O velho se afastou apenas um pouco para trás, a seta entrou direto e permaneceu lá.
Seu Antônio olhou de novo a imagem de Iansã ao lado, agora ele ouvia a rainha dos ventos; ela lhe dizia com voz de guerreira: - Lute! Lute com todas as sus forças, eu estou aqui para lhe ajudar, conte com minha espada, mas lute!
O velho voltou novamente os olhos para Oxóssi; o chefe dos caboclos lhe dizia serenamente: - Lute com inteligência, saiba quem é seu verdadeiro inimigo, meu arco está a seu serviço.
O velho olhou para Ogum, do lado direito de Oxóssi; o guerreiro do ferro lhe disse em tom de ordem: - Lute com coragem! Vença seu medo, seu medo é seu único inimigo. Minha armadura está à sua disposição.
Oxum, no canto direito do altar, lhe disse suavemente: - Olhe-se no espelho antes de lutar. Veja quem é seu inimigo, se o medo está em você, a luta também é contra você mesmo. A força de minhas cachoeiras estão aqui para lhe ajudar nessa luta. 
Iemanjá, com sua cálida voz de sereia, lhe disse: - Nessa luta, as forças de minhas águas estão aqui para lhe limpar e lhe dar coragem, guerreiro. Mergulhe profundamente nessa energia, sinta essa força em você.
Com o coração já dando sinais de alegria novamente, olhou para Oxalá, que, em tom benevolente de grande Pai que é, disse: - Quando um guerreiro se propõe a lutar, em seu coração ele já venceu o inimigo. Meu escudo está aqui para lhe proteger, não há o que temer.
Seu Antônio ajoelhou-se novamente, com a testa encostada no chão, agradeceu em prantos as orientações dos grandes Orixás. Levantou-se ainda banhado pelas lágrimas, mas com o coração aliviado e cheio de esperanças, parecia que os incômodos visitantes tinham desaparecido para sempre dali e a alegria voltado à sua casa.
Antes de sair, olhou ainda para a imagem de Pai Tomé, separada dos Orixás num degrau mais abaixo do altar. Perguntou a este em pensamento: - E o senhor, não vai me dizer nada?
O velho, sentado em sua pedra e com seu cachimbo na mão, apontando para o alto, na maior das tranquilidades, apenas lhe disse: 
- Confie neles, tenha fé.

Entrai pela porta estreia, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. - Quão pequena é a porta da vida! quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram! (Mateus, 7:13-14 - O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVIII, item 3.)


Muitos são os caminhos que o homem percorre em suas existências: caminhos largos e caminhos estreitos. Largos pela manifestação incontida de vaidade, de egoísmo, de orgulho - chagas que a Humanidade carrega consigo, por não frear sua prepotência e cupidez.
Caminhos largos, que levam a compromissos intensos com o Pai, pela desobediência a Ele e a Suas leis, numa postura de afronta e irreverência.
Caminhos largos, por onde seguem espíritos empedernidos no mal, que não aceitam o bem como regra de amor para que a convivência entre os seres seja a expressão da fraternidade tão decantada pelo Mestre Jesus.
Caminhos largos, onde abunda a ilusão, o fantasioso prazer de usufruir dos gozos do mundo para ter felicidade. Prazer temporal, passageiro, efêmero, sem o substrato do sentimento verdadeiro, da essência da alegria que se vive na realização do bem.
Caminhos largos e, consequentemente, perigosos,  porque neutralizam no indivíduo sua capacidade de discernir, embotado que se encontra pelo brilho das conquistas fáceis, mas não duradouras, por serem desprovidas dos valores necessários à evolução do homem.
Caminhos largos, que se fazem mais largos e atraentes pela ambição desenfreada que vige no homem e comanda suas atitudes, deixando-o alheio, e sem condição de distinguir com clareza o proceder correto e coerente com as máximas orientadoras do Pai.
Caminhos largos, que hipnotizam espíritos tíbios no entendimento dos propósitos do Criador para as criaturas, os quais se deixam arrastar, sem resistência alguma, por apelos de almas comprometidas com mentes que sintonizam o menor, o inferior, e são comandadas por sugestões hipnóticas, em que ordens malsãs são estabelecidas como verdades.
Caminhos largos, que o espírito, no uso do seu livre-arbítrio, opta por trilhar, mas que repercutirão em comprometimentos futuros, ou mesmo presentes, com grande sofrimento.
Inúmeros caminhos largos abrem-se aos olhos do mundo, como reflexo natural de seus desejos imediatistas e ameaçadores da paz e do equilíbrio entre os povos, pois comprometem centenas de vidas que se filiam inconscientemente a ideais vãos e falhos de valores reais.
De um modo geral, ainda desejoso de facilidades, por não trazer integrada em seu ser a virtude do verdadeiro esforço, o homem se deixa conduzir, com seu pleno consentimento íntimo, para um mundo onde as facilidades imperam, sem maior empenho para a conquista da felicidade real. Impossível sabermos!
Em razão da assistência que envolve o Planeta, o ser humano, orientado, sabe de sua necessidade de se autoaprimorar para alcançar o reino da paz, tarefa que é pessoal e intransferível, ainda que o ser seja essencialmente social.
``A cada um segundo suas obras´´, disse Jesus à multidão que o seguia, alertando Seus irmãos de que nada sedimentariam em sua intimidade sem um trabalho íntimo de transformação pelo amor e revogando, assim, todas as concepções até então estabelecidas como verdades: o Reino dos Céus não será alcançado por meio de tratados exteriores.
O caminho que leva até o Pai é cercado por uma natureza belíssima, mas que a todo momento exige do espírito uma mudança efetiva de seus valores, para que, verdadeiramente, possa usufruir das benesses que nele existem, e existem em abundância!

Do livro: Mediunidade: Tarefa com Jesus
                (Alda Maria - Esp. Yvonne do Amaral Pereira)


Uma das mais sublimes funções do Evangelho do Senhor - e do Espiritismo - é a de preparar o homem para que saiba viver com dignidade em quaisquer circunstâncias.
Na riqueza, ou na pobreza, encontrará o ser humano, nas lições de Jesus e nos ensinos da Codificação, que harmoniosamente se identificam e se completam, os meios de viver, lutar e vencer com hombridade.
Jesus não preconizou a miséria por condição indispensável à vida do homem, do mesmo modo que não indicou a fortuna por meio ideal, exclusivo, de o homem transitar, com êxito, pelos caminhos do mundo.
A missão do Evangelho foi e é a de preparar a Humanidade para que ela possa viver dignamente, quer na carência, quer na prosperidade.
O que nos tem faltado, em nossas consecutivas experiências, é o fator ``preparação´´.
Não sabemos comportar-nos, cristãmente, numa ou noutra situação: na riqueza ou na pobreza.
Quando os ventos conduzem o barco de nossa vida aos portos engalanados de fortuna, tornamo-nos egoístas e, por vezes, cruelmente impiedosos ante o sofrimento que se desdobra, ante nós, como se fora sugestão divina, suave e doce convite para que ajudemos aos mais necessitados. Mas a riqueza quase sempre, oblitera os sentimentos do homem.
Sufoca-lhe os germens da solidariedade. Insensibiliza-o de tal modo que, enquanto a Bondade vai fugindo, sutilmente, humilhada, por uma das janelas do nosso coração, por uma de suas espaçosas e largas portas vai entrando o Egoísmo, via de regra acompanhado do seu dedicado pajem, do seu vigilante companheiro: o Orgulho. E não é só: mais atrás, espreitando, outra comparsa: a Prepotência.
Quando o frio da adversidade, por sua vez, nos bate à porta, levando-nos às estações da pobreza, da dificuldade, caímos na paisagem da inconformação.
Confiamo-nos, de imediato, à rebeldia.
Entregamo-nos, levianamente, à revolta.
Substituímos a prece humilde - de ontem, pela blasfêmia irreverente, desrespeitosa.
Recusamos, assim, inconsequentes, uma experiência que, muita vez, poderia representar a manifestação da Vontade do Senhor, que nos dá segundo o que necessitamos, e não segundo o que almeja a nossa mente.
O que nos falta, portanto, é a preparação evangélica. É Cristianismo em nosso coração e em nossa inteligência, para que saibamos viver na opulência - sem esquecer os deveres de solidariedade; e na pobreza - sem olvidarmos a obediência a Deus e o aspecto, essencialmente educativo, altamente educativo, de semelhante prova.
A pobreza, tanto quanto a riqueza, como expressivos e complexos fenômenos sociológico-espirituais de um mundo desajustado - de um mundo que demonstra ainda não conhecer a Deus -, nada valem em si mesmas intrinsecamente. A forma por que nos conduzimos, numa ou noutra experiência é que falará por nós - acusando-nos ou defendendo-nos - no tocante à destinação espiritual. O rico generoso, o rico que não repudiou o seu próximo, receberá da Lei, mais cedo ou mais tarde, o que  Lei reserva, igualmente para o pobre de coração compassivo, de alma misericordiosa.
O afortunado cruel, explorador da necessidade alheia, o rico que se encastelou na torre do egoísmo avassalante, receberá da Lei, em qualquer  tempo, o que a Lei reserva para o pobre revoltado, insubmisso e blasfemo. A Lei é impessoal. A Lei está na consciência humana e nela estabelece o seu augusto e solene tribunal.
A Lei do Amor, ensinada e vivida por Jesus, que  a interpretação espírita veio colocar ao alcance do homem, é para que o homem a utilize, a desfrute, através da união com Deus, do encontro pessoal com Jesus. Nem o Evangelho preconiza a mendicância, nem o Espiritismo lhe apoia a existência.
O Cristianismo e o Espiritismo preconizam uma sociedade em que os pobres saibam e possam conquistar, honestamente, o pão de cada dia, tanto quanto o rico saiba e queira transformar os seus patrimônios, de que, em última análise, é apenas administrador, em oportunidade de trabalho e prosperidade para todos.
É tão infeliz o pobre que se revolta diante da dificuldade, quanto o rico que se compraz, simplesmente, na satisfação do seu exclusivo interesse.
É tão feliz o rico que dá com alegria, e faz da sua fortuna um instrumento de prosperidade e justiça, visando o progresso e ao engrandecimento da coletividade onde a Divina Bondade o situou, quanto o pobre que, na simplicidade de sua vida, no anonimato de suas lutas, compreende e aceita as circunstâncias, por mais penosas e difíceis, que a Paternal Sabedoria lhe reservou.
Quem faz a felicidade do homem é o próprio homem. A felicidade não vem de fora para dentro, da periferia para o centro. A tempestade pode estar rugindo, implacável, lá fora, mas o mundo interior de cada indivíduo pode estar sereno e plácido, como plácida e serena é a superfície de um lago.
Se o homem deseja, efetivamente, ser feliz, deve, sem embargo do seu trabalho, da sua luta, do seu empenho na sustentação de si mesmo e da sua família, guardar fidelidade à própria consciência. Utilizar, com nobreza e confiança, a oportunidade que o Pai lhe confiou: na riqueza ou na pobreza.
Na riqueza, tornando-se generoso e bom, dinâmico e progressista. E dizer: ``Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado´´.
Na pobreza, tornando-se honesto e digno, correto e sincero na execução de seus deveres. E dizer: ``Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado´´.


Do Livro: Estudando o Evangelho (Martins Peralva)