segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O Príncipe das Trevas - Na Obra de Rubens Saraceni



O Príncipe das Trevas - Na Obra de Rubens Saraceni

Organizado e comentado por Alexandre Cumino
Lúcifer, Satã, Satanás, Capeta, Demônio, Belzebu, Tinhoso, Chifrudo, Coisa Ruim,  Príncipe  das Trevas etc...

O que seria isto à Luz da Umbanda?
A Umbanda não crê em “demônio”  da forma como foi idealizado no Cristianismo e mais especificamente no Catolicismo ou no Islã;  no entanto,  muitas vezes nos deparamos com “Mistérios Negativos” ou “Mistérios Divinos” assentados em faixas negativas, a que nós chamamos trevas, que outros identificam com a palavra católica ou popular “inferno”, e nos questionamos acerca de nossa ignorância sobre os mesmos. Afinal, Inferno não é um estado de espírito, ou região astral criada pelo psiquismo dos que estão mentalmente nesta condição? No entanto,  me parece que algumas regiões negativas foram criadas antes que ali chegasse o primeiro ser infernal,  ou melhor,  trevoso, bem me desculpe,  apenas um ser (filho de Deus) negativado. Não é fácil avaliar quem desce as trevas, afinal muito amor deve ter a mãe ou o pai que vai visitar ou resgatar um filho na cadeia, numa zona de meretrício ou numa “cracolândia”. Mas nem sempre esta mãe ou pai, por mais amor que tenha, pode ir desprotegida(o),  demonstrando  sua fragilidade,  e mesmo porque para entrar em certos lugares não se pode ser frágil.
Lendo a obra psicografada por Rubens Saraceni nos deparamos muitas vezes com mistérios da criação em suas realidades negativas que em outras obras nem de perto nos foram apresentados e muito menos de tal forma.
Em  A Evolução dos Espíritos  tomamos conhecimento de um Avatar, um Demiurgo, que em uma era desconhecida para nós, Era Cristalina, talvez a mítica Atlântida, que encarnou e chamou a si todos os filhos de Deus negativados para recolherem-se com ele nas faixas negativas do astral.
Esta seria uma forma de entender o mítico Lúcifer-yê, um mistério assentado nas Trevas para recolher os que ficam pelo caminho.
No Cavaleiro da Estrela Guia nos deparamos com “O Próprio Ser Infernal” que invade a “AssembleiaSinistra” com o objetivo específico de levar consigo o Cavaleiro, que mergulha na dor e nas trevas.
Nas palavras do Cavaleiro da Estrela da Guia:
O que me aconteceu? O horror, o pavor, o medo, a angústia, a aflição, o desespero, a loucura, o remorso, a tentação, a luxúria, o desejo, e muitos outros mistérios das trevas da ignorância se fizeram vivos no meu mental: tanto superior quanto inferior. Todo o meu ser imortal foi violado e violentado. O horror de me ver sendo levado pelo próprio senhor dos horrores. O medo do que me aconteceria.  A angústia por não saber se voltaria à Luz.  A aflição por meu estado enérgico que se enfraquecia a cada instante. O desespero pelas dores horríveis que sentia ao ser torturado cruelmente. A loucura pelas visões horrendas que tive. O remorso ao ter, diante de meus olhos, todos os meus fracassos diante da lei na execução de determinadas
tarefas. A tentação, ao ter meu mental inferior ativado ao máximo por aquele que tem a chave de acesso a ele. A luxúria ao dar vazão  à  tentação, ampliada em muito na sua intensidade. O desejo ao ver, ainda que ilusório, o ser dos meus encantos e desejos.
A tudo eu ouvia, via ou reagia com uma observação apenas: eu sou você e você é parte de mim...
[...] Então, em um último esforço, criei em meu mental o vazio absoluto...
A voz do silêncio... eu tornei a ouvi-la, no meu vazio absoluto, dizendo: “Se você morrer por mim, eu, o seu Criador, irei revivê-lo em mim, pois só eu sou a Vida, o resto é apenas um meio de vida  da Vida. Eu sou a Vida, e quem vive em mim, por mim e para mim, jamais morrerá...
[...] Minha prova havia terminado. Um dia meu ancestral místico me havia dito: “Um dia eu testarei seu amor por mim”. Este havia sido o dia... E foi este amor que me resgatou da queda nas trevas do mental inferior...
No  Guardião da Meia Noite  a mesma história se passa por outro prisma, no qual é ressaltado o compromisso que todos os guardiões assumem, após a queda do Cavaleiro e sua posterior reencarnação.
No título Guardiões dos Sete Portais, Lúcifer-yê  aparece muitas vezes como o mistério da ilusão, aquele que abençoa amaldiçoando e que amaldiçoa abençoando, pois se apresenta invertido na criação.
Acompanhamos uma luta milenar travada entre o  Cavaleiro da Estrela da Guia  junto aos Guardiões, contra Lúcifer-yê  e os caídos nas trevas humanas. Fica claro, no entanto, que tem uma importância maior a presença de Lúcifer-yê e seu mistério nas faixas negativas.
No  Guardião das Sete Encruzilhadas  podemos ler as palavras de  Lúcifer-yê, em desabafo dirigido ao Criador, a quem ele diz amar, adorar e venerar. Abaixo coloco apenas uma parte de seu “desabafo” de forma editada:
- Por que, meu Senhor? Por que tinhas de me enviar até este abismo da perdição humana?
Por que logo eu, que tanto vos amo, adoro e venero, tinha de ser o escolhido para ser o catalizador, absorvedor e acumulador das energias geradas por todos os espíritos humanos viciados? Por que, meu Senhor?
Não vedes que eles, os humanos, nunca vão aprender...
[...] Senhor meu, eu vos amo, respeito, adoro e venero, e, no entanto,  sou tão incompreendido pelos servos do meu irmão do alto! Eles não entendem que se sou como sou é porque assim são os semelhantes deles que não vos amam, veneram, adoram e respeitam, e que por vós são enviados ao meu reino sem luz com todos
os vícios humanos, os quais tornam meus domínios depósitos da escória humana. Eles não sabem que só odeio quem vos despreza; só persigo quem se afasta de voz...
[...] Por que vosso servo do alto não diz a eles como realmente sou, quem eu sou e por que sou como sou?
Logo esta representação de Lucifer-yê está distante da tradicional representação católica de “Lucifer” (“O Anjo Caído”, aquele que desafiou Deus, por vaidade, ego e orgulho).
E agora, quase dez anos depois, com a publicação do  recém-lançado  Cavaleiro do Arco Íris, temos uma conclusão com relação a este mistério na criação, que se revela num diálogo travado entre o Cavaleiro e o “Príncipe das Trevas”, como vemos abaixo:
- Descobriu quem sou eu, Mago da Vida?
- Se não estou enganado, é aquele que chamo de Príncipe das Trevas. Estou certo?
- É assim que me concebe, mago da Vida?
-  É assim que o idealizo e concebo,  já que reina absoluto nos domínios sóbrios da face escura do Senhor das Trevas.
- Não acha melhor uma concepção menos humana, Mago da Vida?
- Nem pense nisso, Príncipe das Trevas.
-  Por que não? Uns me concebem e idealizam como um cão infernal, outros me imaginam como uma hidra ou um dragão, ambos assustadores. Já me idealizaram e conceberam de tantas formas que só a criativa imaginação humana é capaz de tanto, sabe?
- Sei, sim. Por isso o idealizo e o concebo como príncipe, Príncipe das Trevas!
-  Tem certeza de que não me prefere como a tenebrosa, assustadora e maldita serpente das  trevas,  à qual você vinha combatendo desde que se humanizou e idealizou-me e concebeu-me como a traiçoeira e peçonhenta serpente das trevas?
- Nem pense nisso, príncipe! Já chega de combater serpentes.
- Mas foi você mesmo que semeou essa minha concepção no meio humano, Mago da Vida!
- Eu fiz isso?
- Fez, sim.
- Essa não! Deve ter sido por causa dos meus ancestrais irmãos venenosos e traiçoeiros, sabe?
- Eu sei?
- Não sabe?
-  Eu deveria saber, Mago da Vida? Afinal, venenosos e traiçoeiros são seus asquerosos irmãos ancestrais, não eu, que só tenho  os recolhido  em meus domínios e contido suas iras e fúrias com os tormentos que eles criaram para si mesmos.
- Essa não! Só agora você me revela isso, irmão Príncipe das Trevas?
- O que foi que eu revelei, irmão Mago da Vida?
-  Que você assume a condição com a qual o distinguimos em nossa imaginação, e depois plasma o tormento que é em si mesmo, já segundo nossa concepção e idealização. E  daí em diante se nos mostra tão tormentoso e assustador como imaginamos que deva ser, oras!
- Você não sabia que eu era, e sou assim?
- Agora sei, irmão Príncipe das Trevas.
- Que Mago da Vida estúpido que você era, não?
- Sem ofensas, príncipe. Não vamos baixar o nível de nossa conversa, certo?
-  Tudo bem, Mago. Mas que você foi um estúpido em comparar-me aos seus venenosos e traiçoeiros irmãos ancestrais, isso foi, certo?
-  Ponto para você, príncipe. Eu  realmente  fui um estúpido quando acreditei que aqueles safados eram você. Mas agora não me enganarão mais, sabe?
- Porque acha que eles não o enganarão, se são uns enganados enganadores?
-  Bom, eu já o idealizei e concebi como o Príncipe das Trevas, que aos meus olhos só se mostrará como escuridão, nunca como uma aparência desumana. Portanto, se alguma sombra mover-se no meio da escuridão, com certeza não será você porque é ela em si mesmo, e não o que se move dentro dela.
-  Que sábia descoberta, Mago da Vida. Já estou deixando de vê-lo como um estúpido e achando-o um sábio.
-  Eu, um sábio? Nem pense isso, príncipe. Sou só um modesto aprendiz dos vastos mistérios da Criação.
Agora, você sim, é um sábio que tem muito o que me ensinar sobre seus domínios ocultos pela escuridão do seu mistério, que é você em si mesmo.
- Você está me idealizando como um sábio, Mago da Vida?
-  Já o idealizei como sapientíssimo Príncipe das Trevas, que certamente me instruirá em como devo proceder com meus astutos, traiçoeiros e venenosos irmãos ancestrais que se ocultaram na sua escuridão. Com
certeza de agora em diante eles não ficarão invisíveis aos meus olhos porque os diferenciarei de você mesmo, já que você é a escuridão e eles são as sombras ou as formas desumanas que vivem, habitam e se movem em seus domínios. Com certeza caso eu venha a ser confundido por eles, você  imediatamente  me alertará e
instruirá sobre como proceder em seus domínios e como anular as ações intentadas por eles.
- Essa não, Mago da Vida!
- Esse sim, Príncipe das Trevas...
[...] Você disse que me ama e estima, respeita e confia e até me tem na conta de um nobre príncipe!
- É isso mesmo. Eu descobri sua razão de existir como parte do todo e encontro nobreza no seu modo de atuar, pois não atua de outro modo e forma que não a desejada por quem o idealiza, concebe e concretiza. Só um nobre é tão generoso, e só um concede o que dele desejam, ou estão aptos  a  adquirirem, assumirem e
sustentarem.  Um nobre não nega algo se o que lhe foi pedido é justo, e não impõe nada a ninguém se for violentar sua natureza ou contraria seus desejos mais íntimos, sabe?
-  Agora sei, Mago da Vida. Já estou me sentindo um nobre príncipe regente dos vastos domínios escuros do Senhor  das Trevas. E, para ser sincero, até estou me sentindo melhor nessa sua nova idealização e concepção humana do que eu me senti na concepção anterior, quando você me idealizou como uma asquerosa
e traiçoeira, venenosa e ardilosa serpente, sabe?
- Agora sei, Príncipe das Trevas!...
[...] - É isso, Mago esclarecido. Eu não tenho a iniciativa em nenhum campo. A mim compete unicamente a reação a todas as iniciativas incorretas. Se uma religião disser que um determinado procedimento é um pecado, quem proceder segundo ela indicou estará pecando e provocará uma reação de minha parte. E se a
reação é ir para o purgatório, o pecador irá para o purgatório. Se indicar que deve ir para o inferno, então irá para o inferno. E assim por diante.
Eu sou um mistério que só adquiro existência a partir das ações contrárias à vida. Mas, quando cessam as ações e as causas delas, cessa minha atuação na vida de quem me ativou em sua existência.
- Acho isso tudo de uma lógica e grandeza única, nobre e esclarecedor Príncipe das Trevas.
Este desfecho para as aparições do “Príncipe das Trevas” na obra de Rubens Saraceni  revela algo muito especial no que diz respeito à compreensão dos mistérios, no caso deste em específico e de outros que seguem
o mesmo modelo. Creio que algo semelhante se dá com o Mistério Exu, por exemplo, pois quando se concebe Exu como algo positivo ele se mostra de forma  positiva, ao concebê-lo de forma negativa ele se mostra de forma negativa. Muitos  creem  que Exu deve ser agressivo, falar impropérios e expor as pessoas ao ridículo, o resultado é que muitas entidades assumem esta carapaça para se enquadrar na expectativa  de quem o evoca.
É claro que nem sempre quem responde a este chamado são as entidades de Lei.
Pelo que entendemos aqui,  o “Príncipe das Trevas” está muito longe da concepção e idealização do “demônio” católico ou evangélico, portanto, que cada um fique com os “demônios” que criaram para si e para suas religiões. Pois o único e verdadeiro demônio em nossas vidas somos nós mesmos quando caminhamos movidos pelo Ego.
No Catolicismo,  “Lúcifer” é o Anjo Caído porque quis ser como Deus. No judaísmo não há um anjo com o nome “Lúcifer”, que é latino, uma tradução do romano “Phósforos”, uma  divindade, “O Portador da Luz”, no judaísmo Anjo não tem livre arbítrio,  ele cumpre a vontade de Deus, logo é inconcebível o mesmo se “revoltar”. No Velho Testamento vemos “O Opositor” (Satanás) dialogando com Deus, como velhos amigos a cerca de Jó e o “tentador” cria situações para desviar Jó, tão querido a Deus. Esta é uma das poucas passagens do Antigo Testamento em que aparece “o opositor”, pois nesta realidade pré-cristã Deus  faz o bem e faz o mal, se é para matar os Egípcios Ele mesmo mata... mas por meio do “Anjo da Morte” é claro, que não é nenhum demônio, apenas está a serviço de Deus.
E,  voltando ao Anjo Caído, enquanto umbandista,  me parece uma história bem mal contada, um Anjo, o mais belo, ter sua queda por vaidade? Difícil de crer, mais fácil entender que é mais um mito e tabu católico para evitar de explicar um mistério teológico. No islã “Shaitan”, segundo o Corão,  teve sua queda por se recusar a abaixar a cabeça para o homem feito de barro, já que ele era um anjo feito do fogo. No mesmo Islã há também os Gênios (djin) que podem ser bons, maus e neutros.
Afinal quem é o demônio em nossas vidas que não nossas vontades e vícios?
Quanto a espíritos obsessores, são o que são, apenas espíritos.
Já “Tronos Opostos” são outro mistério do Criador, não confundir  com Orixás Cósmicos, os quais se assentam  no embaixo exatamente nos  polos  opostos aos 14 Orixás exatamente para absorver nossos vícios nos sete sentidos da vida:
Fanatismo e Ilusão, Ciúmes e Ódio, Soberba e Ignorância, Preconceituosidade (Mediocridade) e Injustiça, Arrogância e Desordem, Imobilidade (acomodação) e Involução, Apatia e Morte.
Somos nós que geramos o vício e o oposto das virtudes (Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração),  e a função dos Tronos Opostos é atrair os seres “pesados” que carregam seus vícios e absorver os mesmos. São eles O Trono Oposto da Fé, do Amor... e claro Masculino e Feminino. No livro  Orixás Ancestrais,
Lúcifer e Lilith são Tronos Opostos a Oxalá e Logunan (Oyá-Tempo), o que deve ser interpretado também e não levado ao pé da letra, são opostos, mas não deixam de ser “Mistérios do Criador”.
Sei que não é fácil entender alguns conceitos, mas temos a eternidade para compreendê-los não é?

Quantos filhos sua casa tem?



Quantos filhos sua casa tem?

Um dia um jornalista ao entrevistar uma Mãe de san
to, perguntou:

Quantos filhos sua casa tem?

A senhora não lhe respondeu como ele esperava, disse que ele deveria acompanhar as atividades do terreiro na próxima semana que ele teria a resposta.

E assim foi no sábado pouco antes de se iniciarem os trabalhos lá estava ele sentado na assistência observando tudo. Viu que havia mais os menos 40 médiuns, quase todos estavam na corrente, prontos para a gira, e aproveitavam estes momentos que antecediam o inicio dos trabalhos para mostrarem uns aos outros suas roupas novas, ou pra colocar algum assunto em dia.

Mas notou também que um grupo de cinco médiuns estava em plena atividade arrumando as coisas para o inicio dos trabalhos. O trabalho foi muito bonito e alegre, quando terminou viu que a grande maioria dos médiuns se apressa em se retirar, uns por que queriam chegar logo em casa, outros por terem algum compromisso. Notou mais uma vez que aqueles mesmos cinco médiuns que antes do inicio arrumavam as coisas, agora eram os que começavam a limpar e organizar o terreiro depois dos trabalhos.

Na segunda feira haveria um momento de estudos no terreiro e ele foi convidado, ao chegar ao local, chovia muito e viu que menos da metade da corrente se fazia presente, novamente notou que aqueles cinco estavam lá. Na quinta-feira haveria um trabalho na linha do Oriente, e também passaria na TV um jogo da seleção, novamente bem menos da metade da corrente compareceu, mas aqueles cinco estavam entre eles.

Então o jornalista foi chamado pela Mãe de Santo, que lhe perguntou: Você conseguiu descobrir quantos filhos tem em nossa casa?

Contei 43, minha mãe – respondeu.

Não, filhos verdadeiros…tenho cinco. São aqueles que estavam presentes em todas as atividades da casa.

E os outros? Os outros são como se fossem "sobrinhos" de quem gosto muito e que também gostam da casa, mas só visitam a "tia" se não houver nenhum atrapalho ou programa "melhor", e mesmo vindo muitas vezes ficam contando os minutos para acabar os trabalhos.

O rapaz muito sério perguntou: E por que a senhora não impõe regras para mudar isto?

Meu filho a Umbanda não pode ser imposta a ninguém, tem de ser praticado com entrega, o amor à religião não pode ser uma obrigação, ele deve nascer no coração de cada um, e o mais importante a Umbanda respeita o livre-arbítrio de todos os seres…

E nós, somos "filhos" ou "sobrinhos" de Umbanda? Somos Umbandistas em todos os momentos de nossa vida, ou somos Umbandistas somente uma vez por semana durante os trabalhos no terreiro?

A oitava lágrima do Caboclo de Aruanda



A oitava lágrima do Caboclo de Aruanda

Mensagem transmitida na Casa de Caridade durante a Gira de Desenvolvimento Mediúnico em complemento ao já famoso texto "As Sete Lágrimas de Pai Preto".

“ - Ah... A Oitava Lágrima...

A oitava lágrima eu vi rolar dos olhos do Caboclo de Aruanda. E então, perguntei:

- E essa lágrima, meu pai, o que significa?

Ele então me respondeu com a voz embargada e cheia de pesar:

- Essa lágrima, meu filho, é a mesma que desceu dos olhos do Cristo quando encontrou o querido Lázaro no túmulo...

Ela desce queimando minha face, como o sangue que desceu lá no Calvário, da cabeça divina coroada de espinhos.

Essa lágrima representa a dor e a tristeza que invade os corações de todos os Caboclos de Aruanda.

A dor em ver tantos filhos de fé retribuindo com ingratidões todos os favores a eles dispensados. Em receber em troca do amor que lhes dou, muitas flechadas embebidas no fel da discórdia e da descrença.

Representa o sofrimento em receber nas mãos os cravos da injúria daqueles que, negando a mensagem de Jesus, levantam falsas palavras contra o meu carinho e afago.

É a lágrima que ofereço aos filhos que me abandonam na jornada e na difícil tarefa de apascentar as ovelhas perdidas do Senhor.

É a lágrima que jorra todos os dias em favor dos médiuns que não aplicam seus corações nos ensinamentos que o Pai determina que eu lhes dê.

Entrego em favor dos filhos que vêm para esse Pequeno Paraíso, a Tenda de Umbanda, com os corações e as mentes cheios de espinhos e abrolhos que a terra seca produz.

Aos que, cegos, não conseguem ver a beleza e a pureza que, dia após dia, permito que vejam dentro do Congá o qual purifico e perfumo com as essências da caridade e do perdão.

Desce, porque sinto o peso da cruz do Nazareno e não encontro nenhum Simão para me ajudar a levantar da terra e a continuar firme em direção ao alvo que Deus, nosso Pai, quer levar a todos.

Enxuga-me os olhos, filho...

E me presenteie com o seu amor”.

Socorrendo no Umbral, os atabaques tocaram


Nunca me esquecerei da primeira experiência mediúnica que tive com o espírito Ramatís. Na época, eu era médium de um centro espírita pertencente à Federação Espírita do Rio Grande do Sul e estava no terceiro ano da escola de médiuns. Certa noite, após o encontro de estudos, fui para casa pensando no que o instrutor havia falado sobre instrumentos de percus­são usados junto com a mediunidade. Disse que eram dispensá­veis, que tínhamos que nos livrar desse atavismo, que tal coisa era primitiva, arcaica e que não vivíamos mais em tribos e coisa e tal. Ao dormir, vi-me em pé no meio de um templo branco com duas grandes colunas romanas à porta de entrada. Parado entre essas colunas, como acontece com os maçons quando vão dar instruções, encontrava-se uma entidade de pele vermelha, cabe­los compridos e com vestes iniciáticas brancas. Ouvi ao fundo som de tambores - atabaques - e cânticos de umbanda. Então, o amigo espiritual Ramatís - era ele - me disse, sem mover os lábios astrais, como se o seu pensamento retumbasse sonora­mente na minha cabeça:
- Nesta noite, vamos socorrer o teu pai. No local onde ele se encontra, em zonas abissais de densidade vibratória muito pesadas, será necessária a movimentação de uma falange expressiva apoiada pelo som dos tambores e cânticos que desin­tegrarão e deslocarão os densos campos de força da poderosa organização trevosa que o mantém prisioneiro. Virás junto em desdobramento, mas para teu próprio bem-estar não te lembra­rás de nada após nosso encontro neste templo de umbanda no Astral, assim como não verás quantos espíritos aqui estão por ainda ter a mediunidade um tanto "embotada". Por afinidade, em decorrência de compromissos muitos antigos que nos unem, conduzirei eu mesmo a incursão ao Umbral, programada para hoje. Conduzirei-te em segurança; teu pai precisa te ver para despertar, e então conseguirmos tirá-lo de lá. Não digas nada no centro que frequentas, pois te julgarão desequilibrado e a mim, de teu obsessor por não seguirmos os métodos doutrinários desobsessivos que julgam superiores aos da umbanda. Confia, pois tudo transcorrerá conforme autorizado!

Ato contínuo, os atabaques ecoaram em meus ouvidos pe-rispirituais e adormeci completamente. Acordei no dia seguinte, sentindo-me muito bem e com uma sonolência agradável.

Cabe comentar aqui que o meu pai foi umbandista durante quase toda a vida. Num determinado momento de sua caminha­da mediúnica, acabou envolvendo-se com ritos de outros cultos, "deitando pró santo", "fazendo camarinha" e "colocando sangue na cabeça". Resumindo a história: seus dias acabaram em trá­gica situação, bastante desequilibrado e com um terreiro aberto sem nenhum médium ou consulente. Desencarnou abruptamen­te, vítima de um ataque cardíaco. Logo após o seu desencarne, passei por sérias dificuldades existenciais, o que me levou a bus­car ajuda para educar minha mediunidade. Somente após o ter­ceiro ano de educação mediúnica, tive essa experiência marcante e inesquecível, além de ter conhecido Ramatís (foi a primeira vivência mediúnica que tive com ele nesta encarnação, conforme me lembro). Como não poderia deixar de ser, pela peculiaridade de seus ensinamentos, nosso encontro inicial se deu em torno de um assunto polémico. Mal sabia eu que isso serviria para minhapreparação, para estar futuramente à frente de um congá, zelan­do por uma choupana de umbanda.

Voltando na semana seguinte ao grupo de educação medi­única do centro espírita que eu frequentava, não me contive e, reservadamente, confiei a experiência dos tambores no Astral à dirigente, e ela me mandou para a coordenação da escola de médiuns. Dito e feito: deram-me como obsediado e me enca­minharam para a desobsessão por seis semanas consecutivas. Naquele dia, aprendi o significado do segredo: certas coisas de­vemos escutar, ver e calar. Nunca mais deixei de seguir uma orientação dos guias, quando me pedem para silenciar.

Atualmente, temos na Choupana o atabaque,1 que é um tipo de tambor. Ele compõe o que chamamos de"curimba", que é o nome do grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um terreiro de umbanda. Os médiuns fazem parte da curimba e batem o atabaque que, para nós da umbanda, é um instrumento sagrado de percussão. Eles também cantam os pontos em conformidade com a sequência ritual da sessão.

A união dos pontos cantados com os toques do atabaque é de suma importância para a sustentação vibratória da sessão, e devem ser bem fundamentados e compreendidos por todos. Os cânticos servem de marcação para todo o ritual do terreiro, que se divide em partes: defumação, abertura, saudação, chamada, susten­tação, descarga e encerramento. A de­fumação se dá logo no início. Na aber­tura, é cantado o hino da umbanda e o ponto do exu da tranqueira da casa.





l O atabaque (imagem acima) chegou ao Brasil junto com os escravos africanos e é usado em quase todos os rituais afro-brasileiros e na umbanda. É empregado basicamente para invocar os orixás. Feito de madeira e aros de ferro que sustentam o couro, formam uma potente caixa de percussão. Os três tamanhos de atabaques utilizados são chamados de rum, rumpi e lê. O rum, o maior de todos, possui o registro grave. O rumpi, o do meio, possui o registro médio. E o lê, o menor, possui o registro agudo. O trio de atabaques executa, ao longo das sessões, uma série de toques que devem estar de acordo com os orixás e com os cânticos que vão sendo chamados em cada momento do ritual.


Na saudação, louvamos o orixá regente do congá e o guia-chefe, se for o caso. Nos pontos de chamada, são invocadas todas as entidades que se manifestam através dos médiuns. Durante a sustentação são cantados os pontos, enquanto os consulentes tomam os passes e fazem suas consultas. Nessa fase do ritual, a gira está correndo, como se diz. No instante da descarga, can­tamos para que as energias negativas não fiquem no terreiro e retornem à natureza, e então encerramos com os cânticos.

Obviamente, esse roteiro é básico e existem variações con­forme os trabalhos da noite e de casa para casa.

Os toques do atabaque também têm a função de auxiliar a concentração da corrente mediúnica, uniformizando os pen­samentos e não deixando a desatenção instalar-se. Associados aos cantos, envolvem a mente do médium, não deixando que se desvie do propósito do trabalho espiritual.

Desde as culturas xamânicas mais antigas, passando por praticamente todas as regiões planetárias ao longo da História, temos o registro do uso dos tambores com cunho espiritual. Os cantos bem entoados e vibrados atuam nos chacras superiores (notavelmente o cardíaco, o laríngeo e o frontal), ativando-os naturalmente e potencializando a sintonia com as entidades do Astral. As ondas sonoras emitidas pela curimba irradiam-se para todo o centro de umbanda, desagregam formas-pensamen-to negativas, morbos psíquicos e vibriões astrais "grudados" nas auras dos consulentes, diluindo miasmas, higienizando e lim­pando toda a atmosfera psíquica para que fique nas condições de assepsia e elevação que as práticas espirituais requerem.

Assim, a curimba transformou-se em um potente "pólo" ir­radiador de energia benfazeja dentro do terreiro, expandindo as vibrações dos orixás. Os cânticos são verdadeiras orações can­tadas, ora invocativas, ora de dispersão ou de esconjuras. Tam­bém são excepcionais ordens magísticas com altíssimo poder de impacto etéreo-astral que concretizam, no campo da forma coletiva, o que era abstrato individualmente por intermédio das

mentes unidas com o mesmo objetivo. É um fundamento sagra­do e divino chamado dentro da umbanda de "magia do som".

Há que se comentar que os guias não são chamados pelos atabaques, como muitos dizem por aí. Na verdade, eles já estão presentes no espaço astral do terreiro muito antes do início das atividades programadas. Os toques no atabaque, os cantos, as palmas, enfim, a curimba, por si sós não fazem a ligação com o plano espiritual e com os seus habitantes, servem apenas como sustentadores. O que realmente invoca os orixás e os mentores são os nossos sentimentos elevados e os pensamentos positivos emitidos. Se não houver harmonia no grupo, cumplicidade, con­fiança e amor em nossos corações, de nada servirão todos esses recursos sonoros. Eles só potencializarão a desarmonia, a des­confiança e o desamor. O elemento sustentador está em cada um de nós, o que está fora apenas potencializa o que temos dentro.
 
Tambor, tambor,

Vai buscar quem mora longe;

Tambor, tambor,

Vai buscar quem mora longe:

Vai buscar Oxóssi na mata,

Xangô na pedreira,

Ogum no humaitá,

Yemanjá na beira d'água,

e Oxum na cachoeira.

Texto retirado do livro: Mediunidade e Sacerdócio - Norberto Peixoto

Questionando um de nossos irmãos sobre as "mega" construções que tem por ai...


Seriam, aquelas construções em Dubai, feitas por novos engenheiros que estão vindo do plano espiritual??
por que assim, aquelas construções, são coisas de outro mundo..nao é?

Resposta recebida:
contruindo "ilhas" no alto mar?
uma coisa eh fato

a interação entre seres das estrelas, espiritualidade superior , nunca foi tao intensa como esta agora.

estao preparando o planeta, os seres-humanos, para a novo ser-humano.

pós expurgo

pos degredo.

ainda levarão muitos anos ate a mente humana tomar consciencia de que a Terra nao mais tolera o mal. haverá ainda muita violencia, mas nao como eh hoje.

é o bem sobressaindo ao mal.

E isso comeca a se refletir em muitos aspectos

é de dentro para fora.

mas o lance da tecnologia, vem mais dos seres das estrelas do que da "espiritualidade" em si.

trabalham em parceria.

e isso reflete no material para nós.

é um processo lento, visto que o ser-humano ainda nao esta totalmente alinhado com esses altos padroes de vibracao.


E vc o que acha disso tudo?? Dê a sua opinião.

Abraços Fraternais.

Por que os pretos velhos utilizam ervas?



PERGUNTA: - Por que os pretos velhos utilizam ervas?
VOVÓ MARIA  CONGA: - Os  filhos  sabem  da  grande  capacidade  curativa
das ervas e das plantas. Os princípios químicos emanados desses fitoterápicos são
utilizados na magia  para  a  cura  das  mais  diversas  moléstias.  De  maneira  mais  simples  possível,  podemos dizer que têm grande repercussão etérica, como fiéis potencializadores das energias vinculadas aos quatro elementos no plano físico, ou seja, o fogo, a água, o ar e a terra, que abundam em todo o planeta por meio de vibrações próprias, e que estão presentes na constituição energética de  todos  os  filhos  e  se  manifestam  especialmente  nos  corpos  físico  e  etérico.  Então,
manipulamos  as  ervas  que  contêm  as  energias  que estão  faltantes  nos  filhos, 
refazendo  o equilíbrio  do  corpo  etérico,  com  imediato  alívio  das  mazelas  que  os  afligem  no  campo fisiológico.
Texto retirado do livro: Evolução no Planeta Azul - Ramatis.

A Dedicação do Médium de Umbanda:


 A Umbanda apresenta como mensagem religiosa a prática da caridade pura, o amor fraternal, a paz e a humildade. Ela também se propõe a produzir, pela magia, modificações existenciais que permitam a melhoria de vida do ser humano.
Através do ato da caridade e dedicação espiritual é que o médiun de Umbanda vai adquirindo elevação e consciência do valor de seu dom mediúnico, que na verdade foi lhe dado por Zambi para que se aprimorasse aqui na terra.
As incorporações, os passes e descarregos feitos pelo médiun de Umbanda são todo o conjunto de afazeres espirituais que dia a dia fazem parte da vida do médiun. Portanto, o médiun é patrimônio maior desta maravilhosa religião que é a Umbanda.


As sete forças de um Médium
1 - O AMOR - É O Supremo Incriador, o Poder Absoluto que gerou a natureza e todas as outras coisas É a força eterna, fonte do tudo e do nada. O amor é a base de tudo, envolve a estrutura de todos os fatos no desenvolvimento.

2 - A PIEDADE - É o sentimento de devoção e de dar auxílio, ajudar, compadecer do sentimento alheio. Bondade para com o próximo, que causa para o médium um bem-estar no ato. É a força doada pelo Criador do Céu e da Terra, exemplificada na criação do Universo astral, como segunda via de evolução para voltar ás origens.

3 - A HUMILDADE - É o sentimento de simplicidade nas expressões a si mesmo; submissão á força superior; conhecimento de sua razão e respeito á do outro. Pedir com devoção conhecendo o seu valor e o da fonte superior. Conhecer o seu lugar, o seu eu, a sua missão, para seguir o seu caminho com resignação.

4 - A FÉ - É o sentimento da crença, do crédito, do valor recebido, a confiança, a graça alcançada vinda de "cima", das forças superiores. É também, complemento da força da humildade.

5 - A FIRMEZA - Esta é a força adquirida pela sabedoria. O equilíbrio de forças adquirido através da pesquisa, do interesse, na busca dos conhecimentos das Leis Sagradas. Conhecendo estas Leis, terá forças para saber como agir e porque agir. É saber pagar o que deve, para receber o que merece.

6 - A SEGURANÇA - Forca adquirida pelo conhecimento da origem das coisas. Só se sente seguro em determinado lugar quem conhece profundamente este lugar. Quando estamos numa ponte, só nos sentimos seguros quando vemos as suas estrutura, suas bases, o material de que é feita, quem a fez e com que finalidade. Conhecendo a origem da ponte, então nos sentimos seguros. E nós, o que somos?, Como nos sentimos seguros de nós mesmos sem conhecer a nossa origem!

7 - A FORÇA - É o conhecimento dos rituais e da magia. A força do médium depende de seus conhecimentos da mística espiritual. Estes conhecimentos são adquiridos á medida que são merecidos e dados ou autorizados pelo Pai de Coroa (guia de frente), seja ele de uma banda ou de outra. Se o médium conhece as Leis Sagradas, ele sabe a que caminho leva uma banda ou outra, se está na banda de Luz (quem conhece a Luz, também conhece as trevas e por isso prefere a Luz), seu caminho será conduzido pela Luz. Se a força do médium é adquirida pelas trevas (quem vive nas trevas é porque não conhece a Luz), seu caminho será conduzido pelas trevas. O símbolo da força de um médium é o próprio ponto de força de seu Pai de Coroa.

Catimbó



Catimbó é um conjunto específico de atividades mágico-religiosas, originárias da Região Nordeste do Brasil. Conhecido desde meados do século XVII, o catimbó resulta da fusão entre as práticas de magia provenientes da Europa e rituais indígenas de pajelança, que foram agregados ao contexto das crenças do catolicismo. Conforme a região de culto, influências africanas podem ser notadas, de forma limitada, entretanto.
A Stricto sensu, o catimbó não pode ser considerado uma religião, uma vez que não reúne em sua estrutura elementos doutrinários próprios, como dogmas ou liturgias. Assim, concebe-se o catimbó como um culto, um sistema mágico calcado sobre os preceitos do catolicismo popular. Nas sessões, cultuam-se os santos católicos, a Virgem Maria e Jesus Cristo, bem como as ervas sagradas e a árvore da Jurema, onde se apoia toda a organização do catimbó.
A Jurema (Mimosa hostilis), nativa do agreste e sertão nordestinos, é um arbusto Fabáceo, do qual se fabrica uma bebida psicoativa de mesmo nome. Tal bebida, também conhecida como Vinho da Jurema, é composto por uma variedade de ervas, ao qual se adiciona cachaça ou vinho branco. A ingestão da Jurema, em conjunto com os toques, as cantigas rituais do catimbó, provoca um estado de transe profundo, interpretado pelos Catimbozeiros, como a incorporação dos Mestres da Jurema. Estas entidades espirituais, que supostamente habitariam o Mundo Encantado ou Juremá, teriam sido adeptos do catimbó que, ao morrerem, se "encantaram", ou seja, foram milagrosamente transportados a este estamento espiritual, de onde poderiam atender os vivos pela realização de curas e aconselhamento, desde que para tal fossem requeridos através da incorporação.
Etimologia
A origem do termo catimbó é controversa, embora a maior parte dos pesquisadores afirme que deriva da língua tupi antiga, onde caa significa floresta e timbó refere-se a uma espécie de torpor que se assemelha à morte. Desta forma, catimbó seria a floresta que conduz ao torpor, numa clara referência ao estado de transe ocasionado pela ingestão do vinho da jurema, em sua diversidade de ervas. Outras teorias, porém, relacionam o vocábulo com a expressão cat, fogo, e imbó, árvore, neste mesmo idioma. Assim, fogo na árvore ou árvore que queima relataria a sensação de queimor momentâneo que o consumo da Jurema ocasiona. Em diversos estados do nordeste brasileiro, onde os rituais de catimbó são associados unicamente à prática de magia negra, a palavra ganha um significado pejorativo, podendo englobar qualquer atividade mágica realizada no intuito de prejudicar outrem.
Terminologia
O termo catimbozeiro é usado para designar os adeptos do catimbó, embora, ofensivamente, também possa referir-se a qualquer praticante de magia negra, Candomblé ou Quimbanda. O vocábulo Juremeiro, também pode, embora erroneamente, referir-se aos praticantes de catimbó; entretanto, em linhas gerais, o tratamento é destinado ao indivíduo que, além do culto a Jurema, é devoto dos orixás do panteão africano, integrando, assim, a nação Xambá ou Xangô. Ademais, diversos credos distintos fazem uso dos efeitos psicóticos da Jurema, embora nenhum deles possa, de fato, ser considerados Catimbó.
Origem do culto
O culto à árvore da Jurema remonta a tempos imemoriais, anteriores, inclusive à colonização portuguesa na América. A altura, diversas tribos indígenas da atual Região Nordeste do Brasil, reverenciavam a Jurema por suas propriedades psicoativas, inserido-a em diversos ritos de comunicação com as divindades de seu panteão através do transe, alguns dos quais ainda preservados pelas comunidades da região. O Toré, uma forma específica de culto à Jurema, é, por vezes a única forma de identificação cultural remanescente entre os ameríndios do Nordeste.
Esta variedade de cultos, entretanto, foi severamente reduzida por ocasião do contato europeu, de forma que a tradição da Jurema sagrada teve de ser adaptada aos preceitos católicos, devido à forte repressão colona aos cultos considerados pagãos. Assim, o vasto panteão aborígene foi gradualmente suprimido, sendo adotado, nos rituais da população cabocla, as mesmas deidades do catolicismo tradicional. O culto aos antepassados, porém, por sua grande influência, foi mantido e, ademais, adaptado à realidade dos Mestres da Jurema.
Entidades espirituais
O Catimbó, assim como a maior parte das religiões xamânicas, é considerado um culto de transe e possessão, no qual as entidades, conhecidas como Mestres, se apoderariam do corpo do Catimbozeiro e, momentameamente, tomariam todos os domínios básicos do organismo. Entretanto, diferentemente do que ocorre na Umbanda, onde os espíritos se organizam em direita e esquerda conforme a natureza positiva ou negativa que possuam, os Mestres são relativamente neutros, podendo operar tanto boas quanto más ações. Tais Mestres seriam figuras ilustres do Catimbó, que, quando vivos, teriam realizado diversos atos de caridade por intermédio do uso de ervas e propriedades xamânicas, de modo que por ventura de sua morte, teriam sido transportados a uma das Cidades místicas do Juremá, localizada nas imediações de um arbusto de Jurema plantado pelo Mestre anteriormente a seu falecimento.
Caboclos da Jurema
Subordinados aos mestres, encontram-se as entidades conhecidas como Caboclos da Jurema. Esta forma de espírito ancestral, representa os pajés e guerreiros indígenas falecidos, envidados ao Mundo Encantado de forma a auxiliarem os Mestres na realização de boas obras. Os Caboclos são sempre invocados no início do culto, antes mesmo da incorporação seus superiores. Estes seres espirituais, seriam os responsáveis pela prescrição de ervas medicinais, banhos e rezas que afastariam o mau-olhado e o infortúnio.
Estrutura do Juremá
O universo espiritual do catimbó segue o mesmo padrão estamental do catolicismo (de onde se origina as crenças de céu, inferno e purgatório bastante difundida entre os Catimbozeiros) diferindo, apenas, pela adição do Juremá, onde habitariam os Mestres da Jurema e seus subordinados. Segundo a crença, o Juremá seria composto de uma profusão de aldeias, cidades e estados, os quais trariam um rígida organização hierárquica, envolvendo todas as entidades Catimbozeiras, tais como caboclos da jurema e encantados, sob o comando de um ou até três Mestres.
Cada aldeia tem 3 Mestres. Doze aldeias fazem um estado com 36 Mestres. No Estado ha cidades, serras, florestas, rios. Quantos são os estados? 7 segundo uns: Vajucá, Tigre, Cadindé, Urubá, Juremal, Fundo do Mar e Josafá. Ou cinco ensinam outros: Vajucá, Juremal, Tanema, Urubá e Josafá.
Por Gero Maita

TUA RELIGIÃO - Emmanuell

 
 

Tua religião!
Em muitas ocasiões, perguntas se ela é, rea...lmente a melhor.
Não precisas, porém de largar comparações.

Faze o exame da própria fé:
Se nas crises da vida, quando suplicas concessões especiais, em teu benefício, a tua religião te ensina que todas as criaturas são filhas do Criador, sem que te seja lícito exigir qualquer privilégio na Criação...

Se, nas atribuições de merecimento, quando rogas favores particulares para aqueles que te desfrutam os caprichos do afeto, a tua religião te aconselha a respeitar o direito dos outros...

Se, nas invasões da mentira, diante das perturbações que se distendem por gases envenenados, quando te inclinas, naturalmente, para onde te predisponham os ventos da simpatia, a tua religião te confere a precisa força moral para aceitar a verdade...

Se, no jogo dos interesses materiais, quando tentações numerosas te induzem a trapacear, em nome da inteligência, com vantagens pessoais manifestas, a tua religião te mostra o caminho do dinheiro correto, sem afastar-se do suor no trabalho e da responsabilidade no esforço próprio...

Se, nos dias amargos de humilhações, quando o orgulho ferido te sugere desespero e revide, a tua religião te recomenda humildade e abnegação com a desculpa incondicional das ofensas e esquecimento de todo o mal...

Se, nas horas de angústia, perante a morte que paira, inevitável, sobre a fronte dos entes queridos, quando a separação temporária te impele ao desânimo e a rebeldia, a tua religião te assegura a certeza da imortalidade da alma, sustentando-te a paciência e iluminando-te as esperanças...

Se, tua religião considera a felicidade do próximo acima da tua felicidade, convertendo-se em serviço incessante no bem, sob a inspiração da justiça, a tua religião é e será sempre uma luz verdadeira para o caminho, conduzindo-te a alma, degrau de entendimento e trabalho para as Esferas Superiores.

Se te declaras em ação, na Doutrina Espírita, efetivamente, a tua religião não pode ser outra. E, se dúvidas te avassalam o pensamento em matéria de crença e conduta, preconceitos e tradições, entra no mundo de ti mesmo e indaga da própria consciência qual teria sido, entre os homens, a religião de Jesus.

(Do livro Mãos Marcadas, Emmanuel, Francisco Cândido Xavier)
Realização Instituto André Luiz
www.institutoandreluiz.org/