terça-feira, 25 de outubro de 2016

O Que te Fez Escolher a Umbanda?



Saravá os filhos da Nação Pindorama! 
Esse caboclo em terras brasileiras em minhas andanças nos trabalhos de Umbanda tem observado que ainda hoje aflige os filhos o não entendimento de terceiros pela sua opção religiosa.
Com toda certeza, muito dos filhos umbandistas servidores da Bandeira de Pai Oxalá já escutaram essa pergunta por parte de outras pessoas ou já ouviram ela mesma no silêncio da mente e da alma de cada um, principalmente nos momentos em que se apresentam batalhas quer no campo íntimo, quer na execução do compromisso umbandista, requerendo dos médiuns e dos sacerdotes, fundamentalmente desses, a postura assumida quando adentraram a corrente do terreiro ou quando foram consagrados para efetivarem na terra a mensagem dos Guias e Mentores da Umbanda.
Se há pessoas estranhas que não compreendem a Umbanda como uma Religião séria conforme sua proposta de trabalho denominada pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas, é porque os filhos de Umbanda não têm procurado mostrá-la de forma clara, transparente e cristalina como a mesma se propõe, trazendo para Ela fundamentos que não lhe pertencem. Por que será que alguns filhos acham que o fundamento da Umbanda está fora Dela e não Nela?
O Centenário da Umbanda, é fato trazido a todos pelo sábio irmão tempo que a tudo reajusta e regula. E o pós-Centenário como será vivido, observado e exemplificado por vocês? Já pararam para se perguntar que existirá uma nova contagem de tempo?
Meus filhos! Antes de tudo a Umbanda é harmonia.
Mais que verbalizar nos meios modernos que propicia uma ampla divulgação, é inadiável viver a Umbanda nos atos do dia-a-dia e não só nos momentos das giras nos terreiros. Umbanda se aprende no terreiro a cada gira e com cada entidade que vem em terra trazer a mensagem de Aruanda para seus médiuns e para os demais que buscam o socorro de cada Casa que auxilia em nome da Lei Maior e isso meus filhos não foi e jamais será escrito em nenhum compêndio literário por não comportar a singeleza e sutileza dos trabalhos da Umbanda.
Vocês já tentaram segurar o vento? Ou, por ventura, conter uma correnteza ou deter a cachoeira? Claro que não! Por ser impossível ir de encontro à natureza.
Ao invés de vocês se lembrarem de por que escolheram a Umbanda? Seria importante entender para que estejam Nela. Só encontrando essa resposta é que os filhos de Pindorama entenderão o porque da Umbanda está na vida de cada um.
Saravá o Caboclo das 7 Encruzilhadas!
Glória a Deus nas alturas,
Paz na Terra aos homens de boa vontade.

Paraguaçú, um caboclo em terras brasileiras - Em, 15 de outubro de 2008
Médium Mãe Luzia Nascimento - Extraído do Grupo DUEE - "Doutrina Umbandista e Estudos Espiritualistas.

A Importância do Saudar



O Umbandista respeitoso e religioso deve sempre que entrar em um Centro, Saudar respeitosamente as Forças que sustentam aquele Centro e o próprio médium.
Deve-se no primeiro momento Saudar as Forças dos Srs. Guardiões e das Sras. Guardiãs assentadas na Tronqueira agradecendo a permissão de sua entrada naquela Casa Santa, agradecendo o recolhimento e encaminhamento
de espíritos negativos que é realizado no ato da “simples” saudação, agradecendo a guarda, a força e a proteção que ELES realizam. Em segundo momento Saudar o Congá e o Altar, local Sagrado de um Centro que deve ser respeitado e é onde se
realiza a grande troca de energia, pois todas as Irradiações Divinas
estão sendo projetadas sobre todos aqueles que reconhecem o Poder Divino.
O ato de “Bater Cabeça” não deve ser um “costume”, mas sim uma atitude de reverência diante dos Sagrados Orixás, é nessa hora que comungamos com Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluayê e Iemanjá pedindo que mantenha nossos olhos fechados para o ciúme, para o egoísmo e para a inveja, que mantenha nossos ouvidos fechados para a intriga e para a curiosidade que alimenta a fofoca, que mantenha nossos corações
abertos para o amor, para a fé, para a compaixão e para a esperança, que mantenha nossa mente aberta para o discernimento, para a sabedoria e para a paciência, que mantenha nosso espírito purificado e iluminado para que assim possamos servir de “simples” instrumentos de Deus, da Lei e da Justiça. É o momento de agradecer, agradecer e agradecer por essa oportunidade única e excelsa que temos por estar diante do Poder
Divino.
Em terceiro lugar e não menos importante, o médium deve Saudar e tomar a Benção de seu Pai ou Mãe Espiritual. Quando isso ocorre, o “filho” está reconhecendo seu Pai Espiritual como o detentor dos conhecimentos da Lei de Umbanda e como seu orientador, que o conduzirá, sustentará e protegerá dentro da doutrina religiosa Umbandista.
“Tomar a Benção” é um procedimento de reconhecimento de Grau e de respeito à Hierarquia, pois o Pai Espiritual é a voz, é a força, é o representante e o intermediário dos Orixás aqui no plano material e ele é escolhido e preparado pelas próprias Forças Divinas, pois se assim não fosse, não conseguiria sustentar uma gira ou realizar um “simples” desenvolvimento.
Cada Centro tem a sua forma de saudar o Pai Espiritual, mas quando o médium toma entre suas mãos a mão de seu Pai Espiritual, a beija respeitosamente, leva-a até a sua testa e a beija
novamente, este ato representa o desejo de que aquelas mãos preparadas o conduza aos serviços de Deus ajudando-o a adquirir conhecimentos Sagrados.
Ao dizer: “Daí-me Pai, a sua benção” e o Pai Espiritual responder “Seja Oxalá quem lhe abençoe” ele está saudando acima de tudo a Trindade Divina e sendo abençoado por OLORUN ou ZAMBI, POR OXALÁ e pelo ESPÍRITO SANTO.  As mesmas
atitudes devem ser realizadas ao sair do Centro, pois o médium sai do Sagrado para o Profano.

Matéria retirada do Jornal de Umbanda Carismática – JUCA Edição Nº 003 – Outubro 2006

Hábito Antigo: Derramar Bebida no Chão

O AR DE SOBRIEDADE QUE ADOTAM OS APRECIADORES DA CACHAÇA ANTES DE BEBER PARECE ATÉ CONTRADITÓRIO. ANTES DE TOMAR, É OBRIGATÓRIO DESPEJAR UM POUCO DA BEBIDA NO CHÃO E ANUNCIAR: "PRO SANTO". MAS A CONTRADIÇÃO SE DESFAZ QUANDO SE INVESTIGA A FUNDO A ORIGEM DESSA TRADIÇÃO TÃO BRASILEIRA.

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(...) “Esta superstição ainda existe, usual e viva, no Brasil. O tempo vai passando, mas não leva todas as coisas. Muitas vão ficando dentro do cotidiano, vividas numa vitalidade surpreendente, manifestações sem conteúdo místico, mas reais no gesto notório que lhes denuncia a existência milenar”, diz Cascudo.
Considerado umas das maiores autoridades em folclore nacional, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) nasceu no Rio Grande do Norte, estudou Medicina na Bahia e no Rio, mas formou-se em Direito pela faculdade do Recife. Foi deputado estadual, jornalista, lecionou em escolas e na faculdade de Direito de Natal.
Dedicou-se às pesquisas de campo sobre as tradições, hábitos, crendices, superstições nas áreas rurais e urbanas. Não poupava esforços: freqüentava terreiros de macumba, deslocava-se até as praias e portos de jangadeiros e viajava sertão adentro. Seus inúmeros livros nasceram desse trabalho de campo e da pesquisa intensa sobre os mais diversos temas. Uma de suas mais importantes obras é Antologia do Folclore Brasileiro.
E como não podia deixar de ser, Cascudo escreveu sobre o hábito do brasileiro de “derramar bebida no chão” — rito este que na verdade, é muito mais antigo que o próprio Brasil e que não é somente para “o santo”, mas que antigamente foi muitas vezes oferecido aos deuses gregos e romanos.
Leia o documento:
Derramar Bebida no Chão
(Luís da Câmara Cascudo)
Pelo interior do Brasil ainda resiste o costume do bebedor derramar um pouco de bebida no chão. Antes ou depois de servir-se, joga aguardente no solo. É um gesto maquinal, mas alcançando todo o território nacional.
Outrora era mais comum o líquido ser atirado antes de beber-se. Presentemente o uso é lança-lo ao final, esgotando o copo. Este deve ficar limpo. Sem bebida. Identicamente em Portugal, Espanha, França, Itália etc.
Já tenho, desde 1941, publicado observações a respeito do rito da cachaça e seus respeitos no âmbito popular. Quando comecei a estudar o catimbó (Meleagro. Rio de Janeiro, Editora Agir, 1951) encontrei o mesmo complexo no mundo da magia branca e negra, entre os "mestres" do catimbó e os babalorixás do Xangô.
Quantas vezes nas minhas pesquisas em Natal ouvi o diálogo clássico entre os veteranos cachaceiros. Enchido o copo, o que paga diz a frase ritual: Vamos dar-lhe! O homenageado deverá responder: Venha de lá, valendo exigir que o outro beba em primeiro lugar. Este retruca: Venha de lá que eu vou de cá! Tradução: "Beberei depois de você"; O homenageado sacode uma porção de "branquinha" no chão, e ingere. Passa o copo ao outro que sorve sua parte. Atualmente é o ofertante que joga no solo o que sobrou da bebida.
É o comum, diariamente verificável, cerimonial antiqüíssimo porque é cumprido sem que mais se conheça sua significação. Desapareceu qualquer elemento compulsivo, mas continua obrigatório, indispensável no costume, fazendo parte integrante da etiqueta normal, da boa educação no plano da camaradagem.
No catimbó todo o cauim (aguardente) bebido foi preliminarmente defumado com a "marca" (cachimbo do mestre) e deve uma parte ser atirada no chão em homenagem aos mestres, os soberanos dos reinos invisíveis, doadores dos "bons saberes". Em certos catimbós a obrigação deve ser feita antes e depois de beber. Antes de tocar com os lábios e depois de haver sorvido a porção protocolar. Nos mais rústicos e antigos catimbós, o de mestre Dudu da Serrana, na margem esquerda do rio Potengi, diante da cidade do Natal, derramava-se um copo inteiro de cachaça antes de qualquer "trabalho", logo depois de aberta a sessão e cantada a "Linha de abertura".
Nos mais adiantados onde os "mestres" tinham lido e viajado (Pará, Bahia, Recife ou Rio de Janeiro) a oferta cingia-se às gotas jogadas ao solo, antes ou depois de beber-se.
Era fatal, com os "mestres" fiéis à tradição catimbozeira na legitimidade da expressão, o gesto para que o bebedor deixasse o copo inteiramente vazio. O copo com algum líquido, depois da bebida, era uma falta manifesta de respeito aos "mestres", invisíveis e poderosos.
Só existe uma explicação para este costume arraigado e natural no nosso povo. É a Libatio dos romanos e gregos, desaparecida há quase dois mil anos no uso religioso e mantida no costume inconsciente, pelos herdeiros da cultura que se dissolveu, no tempo, em Portugal e, decorrentemente, no Brasil colonial. E ficou resistindo até nossos dias.
O ato de Libaro era justamente derramar água, vinho ou óleo perfumado, no chão, no lume ou no altar, oferenda aos deuses.
Não se começava uma refeição grega ou romana sem a libação. Provava-se o líquido e despejava-se o restante no solo. Sem esta pequena cerimônia os deuses teriam inveja da alegria do banquete e vingar-se-iam. Para contentá-los ofereciam, antecipadamente, parte do simpósio, expresso no Libatio ritual. Era a participação sagrada no alimento terrestre.
Comumente faziam a Libatio como súplica. Homero (Ilíada, XVI, 221-233) descreve a libação de Aquiles, na tenda diante de Tróia, a Zeus, senhor do raio, oferecendo-lhe vinho em taça virgem. Devia ser o primeiro ato diário dos homens virtuosos aconselhava Hesíodo, no Trabalhos e os dias.
O apóstolo Paulo, I Filipenses 11, 17, fala em "derramar meu sangue à maneira de libação", mostrando a contemporaneidade da cerimônia. O Velho testamento abunda em citações comprovadoras, Números, XXVIII, 7-8, Reis, VII, 1-6 etc.
Em Burna o tamarineiro (Tamarindus Indica, L) é venerado e ofertam vinho e água às suas raízes. Entre os jeje-nagô, o Irôco, gameleira (Ficus religiosa), lôco dos bantu, recebe culto idêntico na África, e na Bahia, estudado por Nina Rodrigues, Artur Ramos, Edison Carneiro. Seabrook registrou semelhantemente no Haiti. Na Índia os "ficus", Banian (F. indica) e Pipal (F. religiosa, a nossa gameleira), têm direitos idênticos, despejando-se ghee, manteiga clarificada, no tronco. Igualmente o Tulusi, outro ficus, é sagrado, com manifestações da libação. Diga-se, de passagem, que o deus Crisna se casou com a árvore Tulusi.
Petrônio (Satiricon, LXXIV) conta no banquete de Trimalxião o arrepio de susto quando um galo inopinadamente cantou. Anunciava incêndio próximo ou a morte de alguém. O dono da casa passou o anel da mão esquerda para direita. Aspergiram o azeite das lâmpadas. Todo o vinho foi derramado sob a mesa. "Vinum sub mensa jussit effundi". Era uma libação, evitando o presságio para os alegres convivas.
Nos antigos povos caçadores o costume da libação aos troféus era elemento decisivo para felicidade e seqüência da fartura. Os crânios de certos animais eram molhados de vinho, como ainda hoje fazem os Ainos com as cabeças de ursos.
Lembro um episódio que presenciei no Recife durante o Carnaval de 1939, creio. Um popular mandou abrir uma garrafa de cerveja e derramou-a no chão, junto ao porta-bandeira de um clube barulhento e querido que vinha sendo acompanhado por uma multidão entusiástica. O porta-bandeira, sorridente e orgulhoso, molhou a extremidade da haste do estandarte, perfeitamente certo da alta significação simbólica que sua agremiação merecera. Era, irretorquivelmente, uma libação clássica.
Num romance recente de Nevil Shute (A Hora Final, Rio de Janeiro, 1958, p.1000) a libatio aparece como uma normalidade inglesa, norte-americana, australiana. Fala um general reformado, Sir Douglas Froude: "Ergueu o seu cálice de xerez: Bem. Agradeçamos à Providência por você ter voltado são e salvo. Creio que devíamos derramar um pouco no chão em sinal de júbilo".
Nos monitórios do Santo Ofício nos séculos XVI e XVII perguntava-se cuidadosamente se na residência suspeita de judaísmo, em caso de falecimento, esvaziavam toda água existente, despejando-a fora, como fizeram com o vinho no banquete de Trimalxião. A explicação do monitório era bem diversa mas, com a libação com água pura existiu entre os israelitas (Reis I, VII, 1-6), bem podia tratar-se de uma representação típica aos manes funerários.
Esta superstição ainda existe, usual e viva, no Brasil.
O tempo vai passando, mas não leva todas as coisas. Muitas vão ficando dentro do cotidiano, vividas numa vitalidade surpreendente, manifestações sem conteúdo místico, mas reais no gesto notório que lhes denuncia a existência milenar.

(Cascudo, Luís da Câmara. "Derramar bebida no chão")

A Lei do Progresso Aplica-se a toda Criação Humana



A Terra – compreendendo também as esferas espirituais que lhe pertencem –, como mundo de regeneração será habitada por Espíritos encarnados e desencarnados que já superaram as inclinações para o mal.
         As gerações atuais serão sucedidas por outras constituídas de seres propensos ao bem, enquanto os rebeldes, inclinados ao mal, serão encaminhados para outros mundos.
Tudo ocorrerá de forma natural, com a diferença de que uma parte dos Espíritos, sujeitos às reencarnações na Terra, transmigrarão para outros mundos, nos quais continuarão suas experiências vivenciais, sujeitas às mesmas leis divinas, justas e perfeitas.
Segundo as revelações dos Espíritos Superiores, já estamos vivendo a época de transição da Terra, de mundo de expiação e provas para mundo de regeneração.
Esse período estender-se-á pelo tempo necessário ao cumprimento das leis divinas, sem prejuízo para os Espíritos de diferentes condições evolutivas.
Pode ocorrer, por exemplo, que determinado Espírito, que se mostrou rebelde até a atual reencarnação, desperte agora para o bem, movido por novas experiências, ou por um conhecimento que ignorava.
Nesse caso, deixa de ser um elemento de perturbação para incorporar-se ao contingente dos que merecem a oportunidade de viver e progredir em um mundo melhor, e então não necessitará transferir-se para um plano de sofrimentos e provas.
Esse e outros exemplos, que podem ocorrer com muitos Espíritos, mostram a previsão e a sabedoria das leis divinas e a razão da longa duração dos períodos de transição.
O progresso intelectual realizado pelos habitantes deste orbe, até a atualidade, é inegável e está evidente. Passaram-se milhares de anos nos quais as buscas de conhecimento foram compensadas por descobertas de várias naturezas: científicas, tecnológicas, de melhorias nos usos e costumes, na saúde e no bem-estar das criaturas.
Mas todo esse acervo de conhecimentos aplicados à vida humana não evitou que o homem fosse dominado pelo egoísmo, pelo orgulho e pela indiferença com relação aos sofrimentos alheios. A violência e os bolsões de misérias, para só citar dois flagelos espalhados por todo o mundo, comprovam que o progresso intelectual, dirigido e aplicado à vida material, não traz a verdadeira felicidade nem para os indivíduos, nem para as coletividades.
Para a conquista da felicidade faz-se necessário e indispensável o progresso moral da Humanidade, porque é através dele que o homem refreia suas paixões mais variadas, para partilhar com seus semelhantes a paz, a fraternidade, a solidariedade, o amor.
Só com o progresso moral, que o Cristo sintetizou no amor a Deus e ao próximo, os indivíduos e os povos anularão seus preconceitos de raças, de castas, de superioridade, de seitas e de religiões, proscrevendo as guerras e as violências e substituindo-as pelo entendimento, pela compreensão e pela cooperação, na solução dos problemas.
O progresso moral, ao lado das conquistas intelectuais, beneficiará toda a Humanidade, que não mais se dividirá por raças e por crenças variadas que impõem seus interesses, mas se voltará para as verdades eternas, patrimônio que será cultivado e aceito por todos como base e fundamento da fraternidade, sem oposições incentivadas pela ignorância e pela presunção de superioridade.
Para atingir esse ideal, que nos dias atuais parece distante, impossível, já que ele pressupõe uma mudança essencial nos sentimentos das massas humanas, apegadas às mais diferentes religiões, crenças e filosofias de vida, inconciliáveis por tradição, torna-se evidente que há de desaparecer o radicalismo inconseqüente e injustificável.
As gerações que se apegam aos extremismos serão as que deixarão o nosso mundo, para possibilitar o entendimento dos que aspiram ao progresso moral, ao cultivo de idéias e ideais mais justos e à aceitação das verdades eternas.
Deixando a Terra, os radicais levarão consigo seus apegos e erros concepcionais, possibilitando assim a regeneração do nosso mundo pelo trabalho útil e pelo idealismo calcado nos valores verdadeiros derivados do amor fraternal, que possibilitarão a ascensão da Humanidade a uma nova fase, mais feliz.
Quanto mais nos aproximarmos dos novos tempos, maior entendimento e compreensão haverá entre as raças e os povos, como também entre as religiões.
A incredulidade e o materialismo, deparando-se com a realidade do Espírito eterno, com a vida que se desdobra para além da morte do corpo físico, com a prática da caridade e da tolerância por toda parte, terão amplas oportunidades de rever suas idéias e posicionamentos, para se renderem à realidade dos fatos.
As novas gerações vão se deparar cada vez mais com os novos ensinamentos. O Espiritismo, como o Consolador, representando idéias novas em perfeita consonância com a realidade ainda não percebida pela maior parte da Humanidade, encontrará nos tempos novos e nos homens do futuro aqueles Espíritos que estão à procura da verdade.

Por: Juvanir Borges de Souza.

Sobre a Umbanda




A Umbanda é uma religião nova, com cerca de um século de existência.
Ela é sincrética e absorveu conceitos, posturas e preceitos cristãos, indígenas e afros, pois estas três culturas religiosas estão na sua base teológica e são visíveis ao bom observador.
Uma data é o marco inicial da Umbanda: a manifestação do Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio Fernandino de Morais ocorrida no ano de 1908, diferenciando-a do espiritismo e dos cultos de nação Candomblé de então.
A Umbanda tem suas raízes nas religiões indígenas, africanas e cristã, mas incorporou conhecimentos religiosos universais pertencentes a muitas outras religiões.
Umbanda é o sinônimo de prática religiosa e magística caritativa e não tem a cobrança pecuniária como uma de suas práticas usuais. Porém, é licito o chamamento dos médiuns e das pessoas que freqüentam seus templos no sentido de contribuírem para a manutenção deles ou para a realização de eventos de cunho religioso ou assistencial aos mais necessitados.
A Umbanda não recorre aos sacrifícios de animais para assentamento de orixás e não tem nessa prática legitima e tradicional do Candomblé um dos seus recursos ofertatórios às divindades, pois recorre às oferendas de flores, frutos, alimentos e velas quando as reverencia.
A Umbanda não aceita a tese defendida por alguns adeptos dos cultos de nação que diz que só com a catulagem de cabeça e só com o sacrifício de animais é possível as feituras de cabeça (coroação do médium) e o assentamento dos orixás, pois, para a Umbanda, a fé é o mecanismo íntimo que ativa Deus, suas divindades e os guias espirituais em beneficio dos médiuns e dos freqüentadores dos seus templos.
A fé é o principal fundamento religioso da Umbanda e suas práticas ofertatórias isentas de sacrifícios de animais são uma reverencia aos orixás e aos guias espirituais, recomendando-as aos seus fiéis, pois são mecanismos estimuladores do respeito e da união religiosa com as divindades e os espíritos da natureza ou que se servem dela para auxiliarem os encarnados.
A Umbanda não é uma seita, e sim um religião, ainda meio difusa devido à aceitação maciça de médiuns cujas formações religiosas se processaram em outras religiões e cujo usos e costumes vão sendo diluídos muito lentamente para não melindrar os conceitos e as posturas religiosas dos seus novos adeptos, adquiridos fora da Umbanda, mas respeitados por ela.
A Umbanda não apressa o desenvolvimento doutrinário dos seus fiéis, pois tem no tempo e na espiritualidade dois ótimos recursos para conquistar o coração e a mente dos seus fiéis.
A Umbanda tem na mediunidade de incorporação a sua maior fonte de adeptos, pois a mediunidade independe da crença religiosa das pessoas e, como a maioria das religiões, condena os médiuns ou segrega-os, taxando-os de pessoas possessas ou desequilibradas, então a Umbanda não tem que se preocupar, pois sempre será procurada pelas pessoas possuidoras de faculdades mediúnicas, principalmente a de incorporação.
A Umbanda tem de preparar muito bem os seus sacerdotes para que estes acolham em seus templos todas as pessoas possuidoras de faculdades mediúnicas e as auxiliem no desenvolvimento delas, preparando-as para que futuramente se tornem, também elas os seus futuros sacerdotes.
A Umbanda tem na mediunidade de incorporação o seu principal mecanismo de prática religiosa, pois, com seus médiuns bem preparados, assiste seus fiéis, auxilia na resolução de problemas graves ou corriqueiros, todos tratados com a mesma preocupação e dedicação espiritual e sacerdotal.
A Umbanda é uma religião espírita e espiritualista. Espírita porque está, em parte, fundamentada na manifestação dos espíritos guias. E espiritualista porque incorporou conceitos e práticas espiritualistas (referentes ao mundo espiritual), tais como magias espirituais e religiosas, culto aos ancestrais Divinos, culto religioso aos espíritos superiores da natureza, culto aos espíritos elevados ou ascencionados e que retornam como guias-chefes, para auxiliar a evolução das pessoas que freqüentam os templos de Umbanda.
A Umbanda, por ser sincrética, não alimenta em seu seio segregacionismo religioso de nenhuma espécie e vê as outras religiões como legitimas representantes de Deus. E vê todas como ótimas vias evolutivas criadas por Ele para acelerarem a evolução da humanidade.
A Umbanda não adota práticas agressivas de conversão religiosa, pois acha estes procedimentos uma violência consciencial contra as pessoas, preferindo somente auxiliar quem adentrar em seus templos. O tempo e o auxílio espiritual desinteressado ou livre de segundas intenções tem sido os maiores atrativos dos fiéis umbandistas.
A Umbanda crê que sacerdotes que exigem a conversão ou batismo obrigatório de quem os procura (pois só assim poderão ser auxiliados por eles e por Deus) com certeza são movidos por segundas intenções e, mais dia menos dia, as colocarão para quem se converteu para serem auxiliados por eles. (Veja famosos pastores mercantilistas eletrônicos ou alguns supostos sacerdotes de cultos que vivem dos boris e dos ebós que recomendam incisivamente aos seus fiéis, tornando-os totalmente dependentes dessas práticas caso queiram algum auxílio espiritual ou religioso).
A Umbanda prega que os espíritos elevados (os seus espíritos guias) são dotados de faculdades e poderes superiores ao senso comum dos encarnados e tem neles um dos seus recursos religiosos e magísticos, recorrendo a eles em suas sessões de trabalho e tendo neles um dos seus fundamentos religiosos.
A Umbanda prega que as divindades de Deus (os orixás) são seres Divinos dotados de faculdades e poderes superiores aos dos espíritos e tem nelas um dos seus fundamentos religiosos, recomendando o culto a elas e a prática de oferendas como uma das formas de reverenciá-las, já que são indissociadas da natureza terrestre ou Divina de tudo o que Deus criou.
A Umbanda prega a existência de um Deus único e tem nessa sua crença o seu maior fundamento religioso, ao qual não dispensa em nenhum momento nos seus cultos religiosos e, mesmo que reverencie as divindades, os espíritos da natureza e os espíritos ascencionados (os guias-chefes), não os dissocia D'Ele, o nosso Pai Maior e nosso Divino Criador.
Texto extraído do livro "Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada" de Rubens Saraceni.

Mensagem de Um Espírito Protetor



         Que a paz reine entre vós!
Filhos, procuramos atendê-los no que nos é possível, permitido... Procuramos orientá-los com conselhos, intuição, levando-os ao caminho da prece, da fé, da resignação, do amor ao próximo... Porém, é preciso que vos conscientizem da importância de vossa vontade, determinação, perseverança, da importância vital de vossa fé e vontade íntima de se melhorar. Portanto, queremos pedir a vós que procurem se questionar, se analisar a cada dia: “Será que eu fiz hoje tudo aquilo de bom que poderia ter feito? Será que eu deixei de ajudar quando deveria ou fiz mal a alguém? E meus defeitos, os reconheci hoje? Ou banquei o orgulhoso mais uma vez? Perdoei o meu próximo se houve oportunidade? Agradeci a meu Pai? Fui paciente com meu semelhante, tolerante com meu irmão? Meus pensamentos, por onde andaram? Meus sentimentos, como se portaram hoje?”
Façam filhos, façam  todos os dias essas perguntas a vós mesmos e verão o quanto nos ajudam a crescer!
Que Jesus amado possa iluminá-los e abençoá-los hoje e sempre, trazendo muita paz, muita luz, muita força e muita fé a todos vós!     

O Filósofo e o Preto Velho


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Certo dia, um filósofo adentra a uma tenda de Umbanda e senta-se no banquinho de um Preto Velho. Sua intenção era questionar, investigar; enfim, experimentar.
Ao se sentar, o Preto Velho já sabia o que ele queria, mas mesmo assim saudou-o gentilmente e perguntou em que poderia ajudar. O filósofo respondeu:
- Meu Preto Velho, na era da biotecnologia vemos os cientistas avançarem cada vez mais nas pesquisas referentes à manipulação do material genético humano. Além disso, estamos na era do multiculturalismo, de forma tal que a diversidade, inclusive no sentido intelectual, se faz cada vez mais presente. Pergunto eu: - O que pode um Preto Velho dizer sobre assuntos de tamanha complexidade?
Preto Velho, com toda sua calma, respondeu gentilmente ao filósofo:
Misin fiovós suncê (Sic) tem palavra bonita na boca, por causa de que tu és homem letrado (Sic). Nego véio cá, num estudou nem escrevinhou essas coisa. Mas daqui do meu cantinho, aonde os ventos de Aruanda tocam em meus ouvidos, recebo as notícias que vem da Terra. Vejo também com meus próprios olhos e presencio as lágrimas e sorrisos que brotam como flores e espinhos no âmago de meus filhos.
Vou dizer a vós suncê uma coisa. Esse bicho chamado “biotecnologia”, eu sei muito bem como funciona. Misin fio, [bio] vem do grego “bios” = vida. “Téchne” e “Logos” também vem do grego, fio. Logo, biotecnologia é o conhecimento sobre as práticas (manipulação) referentes à vida.
Assim sendo, nego véio é a favor de tudo que respeita a vida e que é usado para o bem. O bem, não só de si mesmo, mas da humanidade. Uma faca pode ser uma ferramenta de cozinha e ajudar a preparar um alimento. No entanto, a mesma faca pode ser uma arma a machucar alguém. Não é a ferramenta, mas sim o que se faz com ela que torna perigosa a humanidade.
Pasmo, o intelectual não sabia o que dizer, tamanha sua surpresa sobre tão sábias palavras. E não só isto, o conhecimento até sobre a origem das expressões que vem do grego, aquela humilde entidade possuía.
Por alguns segundos sentiu um misto de inveja e indignação, uma vez que pensou ser mais conhecedor sobre as coisas da vida que o Preto Velho. Daí então indagou:
- Você acha que suas opiniões podem superar a luz da ciência? Este, respondeu:
Fio, o que nego véio fala, nego véio comprova, pois este nego vivenciou. Caminhou na terra que vós suncê pisa hoje. Sorriu, chorou, se emocionou, amou. Conviveu com homens de bem e também com homens do mal. Fez suas escolhas e por isso é hoje um espírito guia. E só pude aqui chegar porque acertei na maioria das escolhas que fiz. Naquelas em que não acertei, tive que vivenciar novamente, até aprender. Assim como vós, na Terra.
Quanto aos estudos (risos), esse nego véio aqui não frequentou escola na última encarnação. Mas, das muitas encarnações que tive, eu estudei, me formei e, em algumas delas me doutorei. A medicina chinesa, a filosofia grega, a sabedoria hindu; tudo isso fez parte da minha evolução. Da matemática egípcia até os estudos astronômicos de Galileu pude aprender.
         E depois de aprender tudo isso, sabe qual o maior ensinamento que obtive misin fio?!
A ter HU-MIL-DA-DE!
        Por isto, doutor, vós me vês na aparência de um velho escravo brasileiro, semeador das raízes deste lindo país chamado Brasil, terra da diversidade, da multi culturalidade.

Que cada um formule a sua moral da história.
Porém, questione seus conhecimentos e veja se estão alinhados com os propósitos de simplicidade.
Pois sem ela, não se faz jus a benção do saber.

Fonte: Texto do Jornal Nacional de Umbanda