segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Umbanda


        Ao falarmos de Umbanda, devemos antes alertar ao leitor que não se trata de uma sessão de bruxaria ou sascrifícios animais conforme muitos pensam ou já ouviram falar.

Nascida com o propósito dirimir os confrontamentos religiosos e praticar o bem sobre todas as coisas, dando a todos sem distinção de classe social a chance de resgatar suas faltas nesta vida, a Umbanda nasceu sobre a luz dos princípios cristãos, utilizando as forças da natureza, chamadas de Orixás e Guias para nos ajudar. Nela trabalhamos com os elementos da Natureza:

.: Fogo - através das luzes das velas
.: Ar - através dos defumadores, charutos e cigarrilhas
.: Água - através dos rios, igarapés e do mar
.: Terra - através das matas, plantas, flores e frutas.

Os irmãozinhos menos avisados, costumam chamar de Casa, Templo ou Terreiro de Umbanda um local onde há sacrifícios de animais. Isto é um equívoco (vide a história da criação abaixo). Este é o ponto forte de discórdia, pois muitos presidentes de centros espíritas ou chefes de terreiro que advém de outras formações religiosas misturam aos rituais sagrados da Umbanda práticas proibidas em nossa religião. Para amenizarem o problema, muitos passam a "colorir" a religião, chamando-a de Umbanda Branca, Umbanda isso ou aquilo. Queridos irmãos a feijoada deve ser com feijão preto, se assim não for não poderá ser chamada de feijoada, deu para entender?

Cabe-nos salientar, mais uma vez, que você, leitor, não precisa concordar com nada que falo, pois sou apenas o assistente de pedreiro nesta obra do Pai.

Tentarei mostrar como uma religião que pratica o bem, pode ajudar aqueles que necessitam. Digo sempre a todos, que não importa a sua religião, pois religião é como um time de futebol, cada um de nós tem o seu. Todos os caminhos levam a Deus. O atalho é a Caridade.

Mas vem a pergunta, por que motivo usam o nome da Umbanda para simbolizar os cultos africanos, chamados afro-brasileiros se estes não são Umbanda? A Umbanda não é afro-brasileira, é brasileira, nascida em Niterói! (vide a história da criação abaixo)

Por conta de muitos irmãos, espíritas preconceituosos, que não davam oportunidade de fazer a caridade aos espíritos dos índios, escravos e demais trabalhadores do além, em suas religiões é que os irmãozinhos, para serem aceitos em casas espíritas de caridade, tinham que se transfigurar em médicos ou importantes figuras intelectuais, que verdadeiramente foram, para poderem fazer a caridade nestas casas. Não confunda isso com camuflagem ou má fé. Todos devemos fazer a caridade para evoluirmos, pois é através dela que iremos conhecer o verdadeiro amor ao próximo.

Jesus foi o mais humilde de todos os espíritos e tinha como profissão carpinteiro. José idem e Maria, dona de casa. E os menos afortunados intelectualmente? Não devemos confundir, banco de escola com experiência de vida. É mais fácil conhecermos uma pessoa que não sabe assinar o próprio nome e é sábia que aqueles irmãos cheios de bolor moral que nada fazem para ajudar o próximo, mas são cheios de títulos, fazendo questão de serem apresentados pelo seu pedigree profissional ou familiar. Jesus não nos ensinou isto, pelo contrário: expulsou os vendilhões do templo e discutiu diversas vezes com os farizeus.

E a caridade cristã, a humildade e o amor incondicional? A vaidade comeu estas virtudes nos irmãos de pouca fé!

Como o Brasil é a pátria do Evangelho, psicografado em muitos livros por diversos espíritos, não caberia aqui a segregação espiritual, haja vista os tempos da escravidão.

Antes de iniciarmos a linda história da Umbanda, gostaria de deixar claro que a denominação Macumba, muitas vezes associada a Umbanda, foi associada as práticas religiosas praticadas pelos homens e mulheres da etnia Bantu (África), que evocavam os mortos e os antepassados de suas tribos aqui no Rio de Janeiro. Até hoje, este termo é usado pejorativamente pelos irmãozinhos de outras religiões para classificar as práticas religiosas espíritas ditas não apoiadas sobre uma doutrina cristã. Contudo, cabe ressaltar que as bases crísticas e morais são a fundação da Umbanda.

Não sei quanto as outras religiões, mas nós da Umbanda não ficamos chateados com este termo, é apenas prova do desconhecimento de alguns irmãos, que como papagaios, imitam uns aos outros sem ao menos saber onde o galo cantou.

Quando o caboclo Sete Encruzilhadas veio a Terra orientar ostrabalhos utilizando estes elementos e as forças da Natureza trouxenos a luz o contexto de nossa Terra:

".... Torna-se imperioso, antes de ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o surgimento, na 1ª década do século XX , da única e genuína Religião Brasileira.

Em 1500, quando os portugueses avistaram o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma terra de belezas deslumbrantes, e já habitada por nativos. A estes aborígenes os lusitanos, por imaginarem estar nas Índias, denominaram de índios.

Os primeiros contatos entre os dois povos foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam alí por motivos pouco nobres. O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar como um castelo de areia.

São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na nóvel lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida.

Desta forma, índios e negros, unidos pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras de Santa Cruz.

Ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus irmãos de raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos.

De outra parte, a igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso, investe covardemente para eliminar as religiosidades negra e índia. Muitas comitivas sacerdotais são enviadas, com o intuito "nobre" de "salvar" a alma dos nativos e dos africanos.

Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-escravos é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, a vingança e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata.

No campo astral, os espíritos que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros , não tinham campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes.

O catolicismo, religião de predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o rótulo de "doutores".

Os Senhores da Luz (Araxás, Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a todos os espíritos de boa vontade, que quizessem praticar a caridade, independentemente das origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso existente no Brasil.

Começa a se plasmar, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda, com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades.

Enquanto isto, no plano terreno surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras.

No livro, o autor faz um estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época, capital federal e centro socio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas, sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos.

Não obstante tal obra ter sido pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida.

Foi então que em fins de 1908, uma família tradicional de Neves, Niterói -RJ, foi surpreendida por uma ocorrência que tomou aspectos sobrenaturais: o jovem Zélio Fernandino de Moraes, que fora acometido de estranha paralisia, que os médicos não conseguiam debelar, certo dia ergueu-se do leito e declarou: "amanhã estarei curado".

No dia seguinte, levantou-se normalmente e começou a andar, como se nada lhe houvesse tolhido os movimentos. Contava 17 anos de idade e preparava-se para ingressar na carreira militar na Marinha.

A medicina não soube explicar o que acontecera.

Os tios, sacerdotes católicos, colhidos de surpresa, nada esclareceram. Um amigo da família sugeriu então uma visita à Federação Espírita de Niterói, presidida na época por José de Souza. No dia 15 de novembro, o jovem Zélio foi convidado a participar da sessão, tomando um lugar à mesa. Tomado por uma força estranha e superior a sua vontade, e contrariando as normas que impediam o afastamento de qualquer dos componentes da mesa, o jovem levantou-se, dizendo:"aqui está faltando um flor", e saiu da sala indo ao jardim, voltando logo após com uma flor, que depositou no centro da mesa.

Esta atitude insólita causou quase que um tumulto. Restabelecidos ostrabalhos, manifestaram-se nos médiuns kardecistas espíritos que se diziam pretos escravos e índios. Foram convidados a se retirarem, advertidos de seu estado de atraso espiritual.

Novamente uma força estranha dominou o jovem Zélio e ele falou, sem saber o que dizia. Ouvia apenas a sua própria voz perguntar o motivo que levava os dirigentes dostrabalhos a não aceitarem a comunicação daqueles espíritos e do porquê em serem considerados atrasados apenas por encarnações passadas que revelavam. Seguiu-se um diálogo acalorado, e os responsáveis pela sessão procuravam doutrinar e afastar o espírito desconhecido, que desenvolvia uma argumentação segura. Um médium vidente perguntou:

"Por quê o irmão fala nestes termos, pretendendo que a direção aceite a manifestação de espíritos que, pelo grau de cultura que tiveram, quando encarnados, são claramente atrasados ? Por quê fala deste modo, se estou vendo que me dirijo neste momento a um jesuíta e a sua veste branca reflete uma aura de luz ? E qual o seu nome irmão ?

E o espírito desconhecido falou: "Se julgam atrasados os espíritos de pretos e índios, devo dizer que amanhã (16 de novembro) estarei na casa de meu aparelho, para dar início a um culto em que estes irmãos poderão dar suas mensagens e, assim, cumprir missão que o Plano Espiritual lhes confiou. Será uma religião que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem saber meu nome, que seja este: Caboclo das Sete Encruzilhadas, porque para mim não haverá caminhos fechados. O vidente retrucou: "Julga o irmão que alguém irá assistir a seu culto" ? perguntou com ironia. E o espírito já identificado disse: "cada colina de Niterói atuará como porta-voz, anunciando o culto que amanhã iniciarei".

No dia seguinte, na casa da família Moraes, na rua Floriano Peixoto, número 30, ao se aproximar a hora marcada, 20:00 h, lá já estavam reunidos os membros da Federação Espírita para comprovarem a veracidade do que fora declarado na véspera; estavam os parentes mais próximos, amigos, vizinhos e, do lado de fora, uma multidão de desconhecidos.

Às 20:00 h, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas. Declarou que naquele momento se iniciava um novo culto, em que os espíritos de velhos africanos que haviam servido como escravos e que, desencarnados, não encontravam campo de atuação nos remanescentes das seitas negras, já deturpadas e dirigidas em sua totalidade para os trabalhos de feitiçaria; e os índios nativos de nossa terra , poderiam trabalhar em benefício de seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social. A prática da caridade, no sentido do amor fraterno, seria a característica principal deste culto, que teria por base o Evangelho de Jesus.

O Caboclo estabeleceu as normas em que se processaria o culto. Sessões, assim seriam chamados os períodos de trabalho espiritual, diárias, das 20:00h às 22:00h; os participantes estariam uniformizados de branco e o atendimento seria gratuito. Deu, também, o nome do Movimento Religioso que se iniciava: UMBANDA - Manifestação do Espírito para a Caridade.

A Casa de trabalhos espirituais que ora se fundava, recebeu o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como Maria acolheu o filho nos braços, também seriam acolhidos como filhos todos os que necessitassem de ajuda ou de conforto. Ditadas as bases do culto, após responder em latim e alemão às perguntas dos sacerdotes alí presentes, o Caboclo das Sete Encruzilhadas passou a parte prática dos trabalhos, curando enfermos, fazendo andar paralíticos. Antes do término da sessão, manifestou-se um preto-velho, Pai Antônio, que vinha completar as curas. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na rua Floriano Peixoto. Enfermos, cegos etc. vinham em busca de cura e ali a encontravam, em nome de Jesus. Médiuns, cuja manifestação mediúnica fora considerada loucura, deixaram os sanatórios e deram provas de suas qualidades excepcionais.

A partir daí, o Caboclo das Sete Encruzilhadas começou a trabalhar incessantemente para o esclarecimento, difusão e sedimentação da religião de Umbanda. Além de Pai Antônio, tinha como auxiliar o Caboclo Orixá Malé, entidade com grande experiência no desmanche de trabalhos de baixa magia.

Em 1918, o Caboclo das Sete Encruzilhadas recebeu ordens do Astral Superior para fundar sete tendas para a propagação da Umbanda. As agremiações ganharam os seguintes nomes: Tenda Espírita Nossa Senhora da Guia; Tenda Espírita Nossa Senhora da Conceição; Tenda Espírita Santa Bárbara; Tenda Espírita São Pedro; Tenda Espírita Oxalá, Tenda Espírita São Jorge; e Tenda Espírita São Gerônimo.

Embora não seguindo a carreira militar para a qual se preparava, pois sua missão mediúnica não o permitiu, Zélio Fernandino de Moraes nunca fez da religião sua profissão.Trabalhava para o sustento de sua família e diversas vezes contribuiu financeiramente para manter os templos que o Caboclo das Sete Encruzilhadas fundou.

Ministros, industriais, e militares que recorriam ao poder mediúnico de Zélio para a cura de parentes enfermos e os vendo recuperados, procuravam retribuir o benefício através de presentes, ou preenchendo cheques vultosos. "Não os aceite. Devolva-os", ordenava sempre o Caboclo.

A respeito do uso do termo espírita e de nomes de santos católicos nas tendas fundadas, o mesmo teve como causa o fato de naquela época não se poder registrar o nome Umbanda, e quanto aos nomes de santos, era uma maneira de estabelecer um ponto de referência para fiéis da religião católica que procuravam os préstimos da Umbanda.

O ritual estabelecido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas era bem simples, com cânticos baixos e harmoniosos, vestimenta branca, proibição de sacrifícios de animais. Dispensou os atabaques e as palmas. Capacetes, espadas, cocares, vestimentas de cor, rendas e lamês não seriam aceitos. As guias usadas são apenas as que determinam a entidade que se manifesta. Os banhos de ervas, os amacis, a concentração nos ambientes vibratórios da natureza, a par do ensinamento doutrinário, na base do Evangelho, constituiriam os principais elementos de preparação do médium.

Após 55 anos de atividades à frente da Tenda Nossa Senhora da Piedade (1º templo de Umbanda), Zélio entregou a direção dostrabalhos as suas filhas Zélia e Zilméa, continuando , ao lado de sua esposa Isabel, médium do Caboclo Roxo, a trabalhar na Cabana de Pai Antônio, em Boca do Mato, distrito de Cachoeiras de Macacu - RJ, dedicando a maior parte das horas de seu dia ao atendimento de portadores de enfermidades psíquicas e de todos os que o procuravam.

Em 1971, a senhora Lilia Ribeiro, diretora da TULEF (Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade - RJ) gravou uma mensagem do Caboclo das Sete Encruzilhadas, e que bem espelha a humildade e o alto grau de evolução desta entidade de muita luz. Ei-la:

        "A Umbanda tem progredido e vai progredir.

É preciso haver sinceridade, honestidade e eu previno sempre aos companheiros de muitos anos: a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo.

O perigo do médium homem é a consulente mulher; do médium mulher é o consulente homem. É preciso estar sempre de prevenção, porque os próprios obsessores que procuram atacar as nossas casas fazem com que toque alguma coisa no coração da mulher que fala ao pai de terreiro, como no coração do homem que fala à mãe de terreiro. É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa.

Umbanda é humildade, amor e caridade - esta a nossa bandeira. Neste momento, meus irmãos, me rodeiam diversos espíritos que trabalham na Umbanda do Brasil: Caboclos de Oxósse, de Ogum, de Xangô. Eu, porém, sou da falange de Oxósse, meu pai, e não vim por acaso, trouxe uma ordem, uma missão.

Meus irmãos: sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós ; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda.

Meus irmãos: meu aparelho já está velho, com 80 anos a fazer, mas começou antes dos 18. Posso dizer que o ajudei a casar, para que não estivesse a dar cabeçadas, para que fosse um médium aproveitável e que, pela sua mediunidade, eu pudesse implantar a nossa Umbanda. A maior parte dos que trabalham na Umbanda, se não passaram por esta Tenda, passaram pelas que safram desta Casa.

Tenho uma coisa a vos pedir: se Jesus veio ao planeta Terra na humildade de uma manjedoura , não foi por acaso. Asssim o Pai determinou. Podia ter procurado a casa de um potentado da época, mas foi escolher aquela que havia de ser sua mãe, este espírito que viria traçar à humanidade os passos para obter paz, saúde e felicidade.

Que o nascimento de Jesus, a humildade que Ele baixou à Terra, sirvam de exemplos, iluminando os vossos espíritos, tirando os escuros de maldade por pensamento ou práticas; que Deus perdoe as maldades que possam ter sido pensadas, para que a paz possa reinar em vossos corações e nos vossos lares.

Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar. É dos Evangelhos.

Eu, meus irmãos, como o menor espírito que baixou à Terra, mas amigo de todos , numa concentração perfeita dos companheiros que me rodeiam neste momento, peço que eles sintam a necessidade de cada um de vós e que, ao sairdes deste templo de caridade, encontreis os caminhos abertos, vossos enfermos melhorados e curados, e a saúde para sempre em vossa matéria.

Com um voto de paz, saúde e felicidade, com humildade, amor e caridade, sou e sempre serei o humilde Caboclo das Sete Encruzilhadas".

Zélio Fernandino de Moraes dedicou 66 anos de sua vida à Umbanda, tendo retornado ao plano espiritual em 03 de outubro de 1975.

Saravá Umbanda. Deus Seja Louvado!


Umbanda é prática da caridade. Mas caridade não é colocar as pessoas no colo e resolver os problemas delas. Caridade não é apenas consolar, mas também esclarecer. É necessário que o movimento umbandista se conscientize disso. A Umbanda coloca inúmeras ferramentas energéticas, magísticas, espirituais e conscienciais a vossa disposição. Repassem essas ferramentas. Façam com que não apenas os médiuns e integrantes da corrente conheçam as "mirongas de umbanda", mas as ensine, de forma simples e prática, para que a assistência também se beneficie, quebrando a dependência dela em relação aos guias. Umbanda é esclarecer...
 
Esclarecer também em relação ao mundo espiritual, as leis cármicas, de afinidades, etc. Esclarecer a respeito dos Orixás, da família espiritual de cada um. Tantos são os assuntos que poderiam ser ventilados dentro dos terreiros para melhor desenvolvimento das pessoas. Mas os umbandistas estão mais preocupados com os fenômenos, com a manifestação, esquecendo de se voltar para a filosofia espiritualista que está no âmago e na sustentação da religião de Umbanda.

Lembre-se: Tem coisa que nenhum passe, nenhuma magia, nenhum banho ou defumação irá resolver. Mas talvez uma boa conversa, um bom livro ou apenas uma nova visão em relação à vida possa mudar. Umbanda está cheia de milagres e encantos. Mas esses milagres e encantos são simples, acontecem a todo momento. Uma pena que a maioria dos homens e mulheres não têm olhos para ver...

Avante, Filhos de Fé...



Ativismo na Umbanda

1.    Ser ativo ou passivo na Umbanda
AUmbanda é uma religião onde todos são tratados e reconhecidos como iguais,independente da raça, sexo, condição social, espécie, entre outros, eprincipalmente, é formada por pessoas “ativas”, que se dispõem comovoluntários, sem medir esforços para o desenvolvimento espiritual e ajuda aopróximo.

Sercomposta por membros ativos permite que a Umbanda seja feita por todos osinteressados da comunidade onde ela está inserida, quebrando ainda mais asbarreiras de preconceitos e exclusão da sociedade.

Porém,passado certo tempo na religião, algumas pessoas questionam que “se sempre foi assim, o que é que eu possofazer?”. Nesse caso há uma inversão nos papéis dessas pessoas onde deixamde ser ativas para se tornarem passivas, ou seja, aceitam tudo o que outrosdizem ou se tomam a base que está formada no terreiro como verdadeira eimutável, perdendo o interesse na busca por novas informações e bloqueiam odesenvolvimento da Umbanda local.

Afinal,o que “posso fazer?”.

Estudarmais, procurar respostas, questionar os guias, questionar outros sacerdotes etentar encontrar meios que respondam as perguntas que eliminariam essaconformidade!

Outrofator importante da Umbanda é que não há heresia na religião! Questionar tudoleva ao conhecimento e à evolução, e a Umbanda permite e deve evoluirjuntamente com todos os seus membros, pois só assim caminhará lado a lado com asociedade. 

2. Macumba
Entãoos verdadeiros umbandistas são ativos, questionadores e pesquisadores. E sãomacumbeiros?

Dependedo que definimos como “macumba”.

Hávárias explicações de muitos estudiosos e escritores de religiões sobre aorigem da palavra macumba, mas a que é mais aceita por muitos é de que macumbaé um instrumento musical de uma tribo africana.

Mascerta igreja, vendo que muitos de seus adeptos começavam a se interessar pelosbatuques das senzalas, e com medo de diminuir seu séquito, resolveu criar aideologia de que aquilo que era praticado pelos negros era diabólico, eassociou as palavras africanas mais fortes com satanás, como por exemplo, apalavra Exu passou a ser o próprio anjo do mau, e macumba, que substituía apalavra ebó, que era a oferenda aos Orixás.

Oque mais chocava, e ainda choca, as pessoas em um ebó, ou “macumba”, é quandohá animais mortos. Há sempre a impressão de que houve tortura para com oanimal. Se tiver tortura e cadáver, faz parte do demônio, como pensam amaioria.

Poroutro lado, essa mesma igreja pegou as palavras Umbanda, Candomblé e Quimbandae colocou-as em um liquidificador, misturou tudo, e jogou aos quatro ventos deque era a mesma coisa. Outras igrejas desprovidas de dogmas e por não ter o quedizer, assumiram isso como verdade e adotaram a idéia, chegando escrever atélivros sobre o assunto.

Encontramosumbandistas que acham que isso é verdade, de tão boa que a propaganda foifeita.

Paradeixar claro, teoricamente a Umbanda não faz o sacrifício animal em seusrituais, mas assim como há muitos candomblés que também não o praticam em seusrituais, há umbandistas que o praticam.

Logo,o umbandista não é macumbeiro que faz um ebó com animal. Mas é macumbeiroquando utiliza vários instrumentos musicais em seus rituais, incluindo averdadeira macumba, instrumento parecido com um reco-reco.

3.    Ser ou não ser afro
Sea igreja juntou a Umbanda, o candomblé e a Quimbanda como se fosse uma religiãosó, há algo que as interliga?

Háquem diga que o fato dessas três religiões utilizarem nomes de Orixás africanoselas podem ser chamadas de “afro-brasileiras”, daí a ligação.

Vejamosbem, no caso da Umbanda, que é uma religião originada de uma mistura entrealguns rituais de povos africanos, da igreja católica romana, do espiritismokardecista francês e ritual indígena brasileiro, e principalmente sobre aorientação dos guias espirituais, tornando-a a mais brasileira de todas asreligiões, é mais conveniente intitulá-la de brasileirado que afro-brasileira.

Oprefixo afro remete a toda África, continente que possui milhares depovos e tribos com vários rituais e deuses, muito diferente do que é seguido epraticado na Umbanda.

Parareforçar a idéia de que a Umbanda não é afro, notemos que os nomes dos Orixásvieram de várias tribos de regiões diferentes do continente africano, nomes queforam somados ao conhecimento e união de escravos de várias tribos numa mesmasenzala, ou posteriormente com a união de escravos de várias senzalas. Muitastribos adoravam apenas um ou outro desses Orixás e nenhuma adorava a mesmasequência que a Umbanda ou o Candomblé, por exemplo. Há outras tribos quedesconheciam por completo esses Orixás e usavam outros nomes ou deuses. Algumastribos praticavam ritual onde envolvia humanos em sacrifícios. Havia ainda, emuma tribo ou outra, ritual onde era feito sacrifício animal toda vez queocorria uma sessão religiosa.

Dizerque a Umbanda é afro é aceitar que ela permita em seu dogma um pouco de tudo oque há na África, o que não é verdade, pois apenas uma pequena parcela deritual africano é que é utilizado.

Maspara muitos, a Umbanda é afro-brasileira, e neste caso é desconsiderado orestante dos rituais da África. As parcelas do ritual católico, francês,indígena brasileiro e espiritual são ignoradas nessa definição, senãopoderíamos definir como religião afro-ítalo-franco-ameríndia-brasileira.

Etem mais. Por ser considerada afro-brasileira, dizem que a Umbanda é irmã deoutras religiões afro-brasileiras, como o Candomblé, por exemplo, e por isso,deve haver uma parceria de uma para com a outra.

4.  Respeito eapoio
Porser religião, a Umbanda deve ter e manter respeito por todas as religiões.Todas sem exceção. Independente de ser ou não afro, a questão deirmandade pode ou não ser considerada, mas o que devemos ter em mente é:respeito é diferente de apoio.

Apoiaralgo é aprovar o mesmo, e desde que não fira os dogmas da religião é louvávelse, além da parceria, há o apoio por outra religião.

Parailustrar a diferença entre respeito e apoio, tomemos como exemplo um casorecente (novembro/2010) onde o prefeito Barjas Negri de Piracicaba, vetou a leiproposta pelo vereador Laércio Trevisan Jr., de proibição do uso de animais emrituais religiosos. (veja mais em: http://www.tribunatp.com.br/modules/news/article.php?storyid=7405).

Sea lei fosse sancionada pelo prefeito, abrir-se-ia precedente para que outrascidades proibissem o uso de animais em rituais religiosos, prejudicandodiretamente o Candomblé, que é quem utiliza os mesmos em seus rituais.

Sea Umbanda é preservação da natureza, é paz e amor, é respeito por todas asformas de vida, e não utiliza animais em seus rituais, não faz sentido aUmbanda apoiar o Candomblé nesta suposta vitória com o veto do prefeito dePiracicaba.

Apoiar,neste caso, remete a Umbanda a aceitar que animais sejam imolados por outrasreligiões, quebrando assim as bases que contradizem o mesmo.

Nestecaso, a posição que deveria ser assumida pelos umbandistas seria: respeitamos oCandomblé com seus rituais, mas não apoiamos o veto do prefeito de Piracicaba enão vemos motivos para comemoração, pois quem sai perdendo são os animais, quesão sagrados para a Umbanda.

Simplesmenteapoiar o veto e dizer que isso é uma vitória das religiões afro-brasileirasé assumir a posição passiva da Umbanda, e se conformar: se sempre foi assim, oque eu posso fazer?

5.  Porque aUmbanda respeita os animais
Segundoo filósofo Mário Sérgio Cortella “nós somos mortais e todos os outrosanimais são imortais, pois os seres humanos são os únicos que tem a consciênciade que vai morrer, pois quando não há a consciência não existe o fato paraaquele que não o sabe. O animal vive cada dia como se fosse o único e o serhumano vive cada dia como se fosse o último”.

Infelizmente,por se achar o ser mais inteligente do nosso planeta, o ser humano acredita sero único que possui espírito, e o resto é criação divina para servir ao bemestar do homem.

Tendoou não consciência de sua existência, sabendo ou não reconhecer-se em umespelho, tendo ou não inteligência para solucionar problemas complexos, osanimais sentem dor, medo, fome, frio, alegria, ansiedade, entre tantossentimentos iguais aos sentimentos humanos. Se há sentimento, há espírito. Sehá espirito, neste caso temos a irmandade entre humanos e animais.

Seo espírito humano é mais ou menos evoluído que o espírito do animal não cabeneste texto.

Seos animais possuem espírito eles merecem o mesmo respeito que os humanos.

AUmbanda respeita toda a criação divina. Sejam humanos, animais, plantas, água,ar, etc., tudo merece respeito.

Acreditarque o ser humano é o centro da criação divina vai contra os ensinamentos dosguias espirituais que dizem que todos os seres são iguais. Os animais não foramcriados para a subserviência do homem.

Sesomos iguais, se possuímos espíritos, se temos a mesma importância na criaçãodivina, qual é a diferença do sacrifício animal do sacrifício humano?

Nãohá.

Matarum bode para utilizar seu sangue pode ser considerado o mesmo que matar umacriança para o mesmo objetivo.

Oque alegam os responsáveis pelo sacrifício é a dificuldade em conseguir osangue para o ritual, aparentemente necessário para se conseguir axé eenergias.

Oque a Umbanda faz é substituir o sangue animal pelo sangue vegetal em seusrituais sem perder o axé e poder. O sangue vegetal pode ser o sumo de plantasou o mel, por exemplo.

Assimcomo há várias “umbandas”, onde uma ou outra faz o uso do sangue animal, hácandomblés que não fazem o uso do mesmo, como exemplo, há o Candomblé Verde http://verdesfolhas.blogspot.com/.

6.    Mudanças na Umbanda
AUmbanda é uma grande religião formada por vários segmentos e vários pensadorese estudiosos que delineiam seus caminhos, sem um órgão centralizador, e porisso não possuem heresias em seus fundamentos.

Questionaros dogmas da religião pode levar a evolução, o que trás melhorias, axé e forçaspara todos.

Aotrocar o axé animal pelo axé vegetal, não houve perda de axé no ritualumbandista, houve aumento de axé, pois foi substituído a dor e sofrimento de umanimal pela força e energia contidas nas plantas e ervas.

Háterreiros que estão substituindo o marafo dos Exus por água de coco.

Substituiu-seo fumo industrializado com substancias tóxicas, por mistura de ervas naturais.

Sãopessoas ativas que buscam soluções e melhorias. São essas pessoas quequestionam os porquês de cada coisa, buscam respostas e ajudam na evolução daUmbanda.

Umbandarepensada, questionada e estudada, é uma Umbanda que evolui e respeita acriação divina, respeita os seres humanos, os animais e as plantas.

Sesempre foi assim, quero saber por que, se puder irei mudar, melhorar e ajudar.


Por:Newton Carlos Marcellino



Umbanda é... Religião, Brasileira, Caridade, Caminho, Fé, Respeito, Cristã, Viva, Salve, Saravá... Umbanda é Amor!

Dia de Gira de Pretos Velhos


Era dia de "Gira de Preto Velho" noterreiro. Enquanto os consulentes chegavam ansiosos e esperançosos em levar devolta a "solução" daqueles problemas que atrapalhavam suas vidas, nafrente do congá os médiuns vestidos de branco e de pés descalços concentravam,ligando-se aos seus protetores e guias.

O ambiente denotava simplicidade e era mobiliado apenas por ama cadeiras para acomodar os consulentes, banquetas para os médiuns que serviriam de "aparelhos" às entidades espirituais e o congá onde um vaso de flores, outro de ervas e os elementos ar, fogo, água e terra se faziam presentes. Acima, uma imagem de Jesus resplandecente de luz.

Iniciando-se a sessão através de pontos cantados e orações, após uma leitura espiritualista elucidativa, iniciavam-se as incorporações de maneira moderada. Do lado astral, as falanges de trabalhadores já haviam chegado muito tempo antes dos médiuns e ali já haviam preparado o ambiente fluidicamente. Uma varredura energética havia sido feito pelos elementais onde primeiramente atuaram as salamandras e após as sereias e ondinas, fazendo com que toda a matéria astralina densa que ali se encontrava,fosse transmutada permitindo a chegada dos espíritos trabalhadores.

Na porta do ambiente, junto à firmeza, a vela e acachaça eram dados ao exú tronqueira, e seus comandados, impondo respeito e segurança formavam verdadeira muralha armada, impedindo a invasão de seres indesejáveis ao bom andamento do trabalho da noite.

Cada um dos consulentes que adentrava ao ambiente passava agora primeiro pela defumação que queimava junto à porta, em cumbuca de barro, exalando o cheiro das ervas perfumadas sendo incineradas pelo carvão vegetal. Equipes de limpeza se movimentavam no lado espiritual, recolhendo as larvas astrais e outras espécies de energias deletéreas que ali eram desagregadas dos corpos dos consulentes, as quais não eram totalmente absorvidas pelo carvão ou transmutadas pelo elemento fogo.

Em alvíssimas vestes, os amados Pais e Mães, na sua roupagem fluídica de Pretos Velhos, trazendo a alegria estampada em sua energia, tomavam conta de seus "aparelhos" médiuns, atuando no chácra básico dos mesmos, obrigando-os a dobrar as suas costas à semelhança de velhos arqueados, incentivando-os ao trabalho fraterno.

E assim, de consulente em consulente, de caso em caso, com a paciência e sabedoria que lhes é peculiar, entre uma baforada e outra de palheiro ou de alguma espanada com o galho de ervas na aura daqueles filhos, os bondosos espíritos cumpriam sua missão. Eram conselhos, corrigendas,desmanche de magia negra, de elementares artificiais negativos, limpeza e equilíbrio dos corpos sutis, retirada de aparelhos parasitas e às vezes, alguns puxões de orelha necessários, em forma de alerta. Tudo de acordo com o merecimento do consulente, pois cada um trazia consigo a mostragem de sua"ficha cármica" onde estavam impressos o que a lei permitia ser mudado, bem como o que ainda era necessário que com eles permanecesse.

Vó Benta, espírito portador de grande sabedoria e humildade, apresentando-se naquele local com o corpo astral de negra velha de pequena estatura, com roupas simples e alvas, cuja saia comprida e larga era coberta por um avental onde um bolso era recheado de ervas e patuás, tinha uma maneira simplista e diplomática de fazer com que os filhos entendessem que eles próprios eram seus médicos curadores:

- Minha mãe, acho que estou sendo vítima de"trabalho feito" pela minha ex-mulher...

Sorrindo e com linguagem peculiar, segurava com firmeza as mãos do moço passando-lhe com isso confiança e com a voz recheada de afeto respondia:

- Negra Velha vai explicar para que o filho entenda: -Quando sua casa está totalmente fechada, fica escura e nada pode entrar, às vezes nem a poeira. Não é isso? Quando o filho abre as janelas e portas, a luz do sol entra invadindo todos os cantos, mas podem entrar também as moscas, baratas, formigas e até os ladrões, não é? Para a sujeira e os bichos, o filho pode usar a vassoura, para os ladrões a lei, a segurança. E para a luz do sol? Ah, essa filho, fica ali iluminando até que o filho feche toda acasa outra vez. Assim também é a nossa casa interna; quando nos fechamos para avida, para o trabalho, ficamos no escuro e ao nos abrirmos, deixamos a luz entrar, mas ficamos sujeitos a todas as outras energias que puluam ao nosso redor. Mas como acontece na casa material, onde não houverem os atrativos da sujeira e do lixo, os insetos não se aproximam. Se estivermos equilibrados, sem raiva, mágoa, ciúmes, vícios e todos esses lixos que os filhos buscam na matéria, nada nem ninguém consegue afetar nossa energia, nossa vida. Só o sol permanece no coração de quem procura manter-se limpo.

Negra Velha sabe que esse mundão está de cabeça para baixo. No lado material os filhos andam desarvorados pela dificuldade de sustento de suas famílias, quando não, em busca de supérfluos. Mas mesmo assim,é preciso lembrar aos filhos, que embora estejam na matéria e sujeitos à ela, avida real está no espírito imortal. É preciso dar mais atenção, senão prioridade, à essência em detrimento do restante, para que possa haver o equilíbrio dos elementos inerentes à vida, na sua totalidade.

O mal que é enviado aos filhos, só vai instalar-se se encontrar no endereço vibratório, ambiente adequado. Sem contar que, o medo é porta aberta e atrativo para a entrada do desequilíbrio. O medo é sentimento muito usado pelas energias da esquerda, uma vez que fragiliza o corpo emocional facilitando sua atuação mórbida. Por outro lado, Negra Velha pergunta para o filho: - se a desordem não houvesse se instalado, por acaso o filho estaria aqui, sentado no chão, em frente à Preta Velha, buscando humildemente ajuda espiritual? Nem sempre o que nos parece mal, é tão prejudicial assim. Pode ser o remédio adequado para o momento, ou talvez a estremecida necessária no corpo astral dos filhos, para que a ordem possa reinstalar-se.

As trevas, meu filho, estão vinte e quatro horas de plantão. E os filhos, acaso estão? Não adianta orar e não vigiar, pois o pensamento é energia e com ele nos adequamos ao campo energético que quisermos.

Antes da hora grande as falanges da agrégora dos Pretos Velhos, despediram-se de seus aparelhos, alguns precisando largar e desfazer a vestimenta astral usada para que pudessem chegar até os aparelhos mediúnicos e voltavam agora para as bandas de aruanda, onde continuariam suas atividades no mundo astral. Pois como diz a Vó Benta, "se pensam que morrer é dormir e descansar, os filhos estão muito enganados...desse lado tem muito trabalho e como nem o Pai está imóvel, quem somos nós cuja ficha cármica demonstra um vasto débito, para nos aposentarmos?".

Agora as velas apagam-se, os elementos voltam aintegrar a natureza, os elementais após limparem o ambiente retornam aos seus devidos reinos, os elementares foram desagregados pela força e sabedoria dos pretos velhos e os médiuns voltam aos seus lares com a sensação de paz que só é sentida por aqueles que cumprem com seus deveres.

Preto Velho já foi,
já foi prá Aruanda,
a benção meu Pai
Saravá prá sua banda...


Saravá todo Preto Velho e toda Preta Velha na Umbanda
Adorei as Almas!!!

Ser Espiritualista



Como alguémpode se dizer espiritualista se ele não pensa no espiritual? Como alguém podese dizer espiritualista se toda a sua atenção está voltada para a matéria? Éesta pergunta que eu faço aos espiritualistas de hoje.
Serespiritualista é premiar a existência eterna antes da existência material. Issoencontra respaldo no que Cristo disse: não se serve dois senhores ao mesmotempo...
Se alguém éespiritualista e acredita em espírito. Se alguém é espiritualista e acredita emencarnação. Se alguém é espiritualista e acredita em espírito e encarnação temque acreditar em processo de evolução. Agora, adianta acreditar em tudo isso seesta pessoa está preocupada com a evolução nesta vida? Está preocupado comoganhar nesta vida, com o gozar nesta vida?
É isso queestou querendo deixar bem claro. Que adianta você ir ao centro espírita rezar efreqüentar todas as reuniões e palestras se no momento que sai do centroesquece o que Cristo falou?
Há muitotempo tenho dito isso: ser espiritualista, buscar a evolução espiritual é umtrabalho de vinte e quatro horas por dia. Isso é assim porque buscar a evoluçãoespiritual tem que ser o objetivo de vida daquele que se diz espiritualista. Nãodá para querer se dizer espiritualista e premiar a vida humana.
Quandoacontecer alguma coisa na sua vida antes de reagir a isso pense como Cristovivenciaria este momento. Quem age assim é o cristão.
Cristão nãoé aquele que usa a cruz no pescoço pendurada no cordão de ouro. Cristão éaquele que ao vivenciar qualquer momento da vida humana procura se lembrar daforma como Cristo vivenciaria aquilo, se espelharia nele para vivenciar oacontecimento.
Desculpem-me,mas espiritualista não é aquele que diz que conhece as coisas do outro mundo efala delas. Espiritualista é aquele que pensa em cada momento da sua existênciasobre o que é mais importante para a existência eterna dele.
Será que émais importante para a existência eterna de um ser comprar um determinadocarro? Será que para a existência eterna do ser é importante endividar-se epassar muito tempo preocupado em como vai pagar aquilo apenas para ter o carrodos sonhos? Isso é ser espiritualista? Será que aquele que se sujeita a perdera sua paz de espírito para conquistar – podem tirar o objeto carro, que éreconhecido como elemento material, e colocar qualquer benefício humano – algomaterial (o amor do outro, o reconhecimento e a aprovação do mundo) pode sedizer espiritualista?
Viver a vidamaterial estando constantemente preocupado com a sua existência eterna; isso éser espiritualista. Apenas auto nomear-se como espiritualista por causa detodos os estudos que já fez (ensinamentos de Buda, ensinamentos da Biblia e dosevangelhos, porque participa de trabalho em centros ou igrejas, etc.) é umafalsidade. Quem conhece os ensinamentos e/ou participa de cultos não éespiritualista: é religioso, é aquele que conhece ou vai aos cultos dareligião.
Serespiritualista é simples: basta pensar a cada momento no que é mais importantepara você. Se o resultado desta análise mostrar que o mais importante são ascoisas da vida, a felicidade baseada em conquistas humanas, você ématerialista, por mais que conheça os ensinamentos ou freqüente os cultos. Issoporque para você o mais importante é conseguir algo nesta vida. Se isso é omais importante, viva isso, mas não se imagine um espiritualista, pois dissovocê não tem nada.
Sermaterialista não tem problema; trata-se apenas de uma forma de vivenciar a suavida. O problema é você se enganar dizendo que está buscando o espiritualquando na verdade não está. Isso porque para se buscar o espiritual é precisosempre dar mais valor às coisas do outro mundo do que as deste.

Irmãos vamosnos Espiritualizar... Sejamos Espiritualistas... Muita Paz e Luz a todos osIrmãos de Umbanda! Saravá!!!