terça-feira, 24 de janeiro de 2017

               Umbandista em extinção 





UMBANDISTA EM EXTINÇÃO


"Se você, ao entrar em um terreiro, pede licença e saúda os assentamentos e firmezas da casa;
*Se você, ao ficar diante de um Preto Velho se ajoelha e pede sua benção;
*Se você, ao se afastar de um guia ou do altar, sai de costas e permanece de frente para o altar;
*Se Você, ao conversar com uma entidade, se curva e abaixa o olhar em sinal de respeito;
*Se você, ao tomar um passe, agradece de coração a entidade que o atendeu;
*Se você, ao ganhar de um guia um gole de sua bebida, pega sempre o copo com as duas mãos;
*Se você, ao ser convocado para um trabalho difícil, não se envaidece e se prepara com amor;
*Se você, ao ser corrigido por seu Pai/Mãe de santo não se enfurece, mas entende que é para sua evolução;
*Se você, ao encontrar seu Pai/Mãe de santo, toma sua benção, seja onde for;
*Se você, ao cantar determinados pontos de umbanda ainda se emociona como no início;
*Se você, ao perceber um erro de alguém, não critica, mas procura orientar da forma adequada;
*Se você, ao não entender um ensinamento ou doutrina, questiona,pergunta,ao invés de fingir que entendeu;
*Se você, ao ouvir comentários desnecessários dentro do terreiro os ignora e não se envolve;
*Se você, ao faltar ao gira ou em algum trabalho, pede desculpas aos seus guias por sua falta;
*Se você, ao fim de um culto ou trabalho fica feliz e ansioso pelos próximos compromissos;
*Se você, ao invés de priorizar as amizades com irmãos de santo, prioriza a casa que o desenvolve;
*Se você, ao se sentir fraco, busca a ajuda de sua casa ao invés de se afastar dela;
*Se você, ao presenciar algum problema em sua casa, não se omite e toma as devidas providências,mostrando-se atuante;
*Se você, preocupa-se tanto com o seu próprio desenvolvimento quanto com o dos outros;
*Se você, tem respeito e amor verdadeiro por sua casa e entende o quão é difícil em vários momentos mantê-la...


PARABÉNS POR SUA POSTURA, MAS CUIDADO, VOCÊ É UM UMBANDISTA EM EXTINÇÃO..."


Por Robson Andreani

Malditos sacerdotes!



MALDITOS SACERDOTES!!!

Se um Sacerdote cobra o serviço que faz é um vigarista,
Se ele não cobra, não sabe nada.
Se não ensina é um ignorante,
Se ensina, exige muito, demasiadamente.
Se pede uma contribuição aos membros do Templo é um “bon vivant”,
Se não pede, reclamam que no Templo nunca há nada.
Se as sessões são curtas, sua incorporação é débil ou está cansado,
Se as sessões são longas é um charlatão, só quer se mostrar.
Se não dá aulas descuida dos seus, quer todos ignorantes,
Se dá aulas, não assistem, não acompanham, reclamam que o nível é muito alto.
Se não faz uma visita, não liga para os seus,
Se o faz é porque quer se meter na vida dos outros.
Se diariamente os procura, não para de encher o saco,
Se não o faz, não “dá bola” para ninguém.
Se faz muitas cerimônias, rituais e reuniões é porque não tem vida social e não quer que ninguém tenha,
Se não faz, não está nem aí com a religião e com as pessoas.
Se tem personalidade e temperamento fortes é um arrogante exibido,
Se for ao contrário não se impõe, é um fraco!
Malditos Sacerdotes!!
Que nos escutam
Que nos dão atenção
Que nos consolam
Que nos recebem em suas casas
Que nos dão seu tempo
Que nos abrem suas portas
Que nos dão conselhos
Que nos dão consolo
Que toleram e perdoam nossos erros
Malditos Sacerdotes !!!!
(Awo Korede Odupawo)

Sou eu ou a entidade que está falando?



“Sou eu ou a entidade que está falando?” Como se livrar da eterna dúvida?

Esta é talvez a dúvida mais comuns aos médiuns iniciantes. E se sua resposta fosse simples, não seria mais dúvida alguma. Na verdade, a interferência de médiuns no contexto da incorporação é muito comum no princípio do desenvolvimento e deve ser encarado como algo normal. Somente com o exercício, o médium diminui sua ansiedade e cede espaço para que a entidade se manifeste com liberdade e clareza. Durante este período o médium precisa de entrega absoluta esta experiência. Ignorar o julgamento alheio e recorrer sempre aos dirigentes do terreiro para ajustar o que for preciso.

Não há regras absolutas. Contudo, há alguns indicadores típicos de interferência dos médiuns seja na comunicação, seja na movimentação do corpo. O médium está comumente travado, restringindo a ação da entidade, quando:

A entidade incorporada não fala nada, mal se move nem sai do lugar;
O médium tropeça, se desequilibra ou cai com frequência no processo de aproximação;
O médium inicia o processo de incorporação mas ele se rompe “no meio do caminho”.
Por outro lado, são indicadores de animismo, de exacerbação da ação do espírito, quando:

A entidade grita muito, fala muito alto ou se movimenta exageradamente;
Quando há um excesso de tiques nervosos, sotaques ou ações incompreensíveis;
Quando o que ele diz não corresponde com a realidade ocorrida;
Quando o espírito manifesta opiniões que na verdade são do médium e não dele.

Este último caso é sempre uma questão delicada de se analisar. Contudo há uma dica que pode ajudar: A palavra de um espírito de luz possui um tipo de sabedoria claramente identificada em seu discurso, mas que dificilmente pode ser vista no discurso do encarnado. Eles não tomam partido em conflitos terrenos.
Guardam uma imparcialidade ímpar nestes conflitos, mesmo quando seus aparelhos estão envolvidos, pois reconhecem todos como filhos de Deus carentes de esclarecimento e auxílio nesta terra. Esteja atento a este tipo de sabedoria. Onde você encontrá-la, estará falando com um guia autêntico.

Umbandista de internet 


Internet é terra de ninguém, isso é fato.

Posso escrever aqui o que eu quiser sem que se comprove a veracidade.  Qualquer um pode publicar os maiores absurdos em blogs, sites pessoas, facebook, sem que ninguém fiscalize e comprove se as informações ali contidas são fidedignas.  Essas informações podem se espalhar livremente (ou viralizar, como se diz em linguagem de internet) e muitos podem tomá-las como autênticas.  Alguns passam até a defender esses impropérios como verdades absolutas e questionáveis.

Quando se trata da nossa religião, a Umbanda, a situação fica ainda mais perigosa.
Muitos caem na ilusão de buscar informações via internet.  Em primeiro lugar se esquecem do que foi dito logo acima: que a internet é livre, é terra de ninguém e cada um publica nela o que bem entender, inclusive informações falsas.  Esquecem também que já que a Umbanda não possui uma "Bíblia" ou um código de conduta, cada casa possui suas particularidades.  Então, se você busca informações na internet, pode até encontrar algumas que sejam sérias e verdadeiras, mas que não se adaptam à liturgia da casa que você frequenta.

A situação fica pior quando a pessoa passa a buscar informações sobre a "sua" entidade na internet.  Experimentem encontrar a história do Exu Caveira, do baiano Zé do Coco ou de qualquer outra entidade.  Encontrarão pelo menos três histórias diferentes para cada uma delas (lembre-se que as entidades trabalham em falanges e cada uma delas que pertence a essa falange possui sua própria individualidade e história).

Só é possível piorar a situação se você tentar descobrir o ponto riscado da sua entidade via internet. Aí o caldo entorna de vez...   Pontos riscados, além de serem a assinatura das entidades, são os portais abertos por elas.  Aí você "estuda" (sim, entre aspas mesmo) pela internet e passa a reproduzir o ponto que viu em um site, mas esse site não é confiável e aquele ponto não corresponde à realidade.
Lascou...  você sabe para quem abriu um portal?
Nem eu. E prefiro não saber.  Deixe que a própria entidade risque seu ponto, jamais tente passar à frente dela para isso.

Esses foram apenas alguns exemplos dos perigos que se corre quando se fala em estudar a Umbanda pela internet.  Claro que não podemos descartar totalmente esse instrumento tecnológico, mas jamais o substitua pela experiência.

Então se você quer estudar a Umbanda, o faça  em seu terreiro.  Sente-se aos pés de alguma entidade e converse com ela.  Observe a forma de agir e trabalhar quando elas estiverem em terra.  Camboneie bastante (esse deveria ser o estágio obrigatório dessa faculdade chamada Umbanda), pergunte aos mais velhos e experientes.  Mas jamais pense que você sabe muito por ter pesquisado na internet, pois você ter perdido seu tempo e pior, pode estar reproduzindo rituais e comportamentos que não condizem com a realidade da nossa religião.

Douglas Fersan

No vale da sombra e da morte - por Douglas Fersan


Ainda que eu ande pelo vale das sombras e da morte terei meu guardião a me cuidar.

Essa afirmação refere-se claramente aos nossos guardiões Exus e Pombogiras, ou como são chamados mais comumente, ao povo da esquerda, e certamente pode soar como blasfêmia, já que é uma nítida referência ao Salmo 23:4, bíblico. Trata-se, na realidade de uma questão de interpretação.

Ao contrário do que se propaga (irresponsavelmente) por aí, os nossos guardiões "da esquerda" não são anjos decaídos subordinados aos demônios e suas leis. Os verdadeiros exus trabalham dentro da Lei Divina, sendo responsáveis inclusive pela sua aplicação. Portanto, não são cruéis, são justos, e assim sendo, estarão sempre prontos a cuidar daqueles que procuram caminhar na estrada da retidão.

Nos momentos e nos locais de sombras e escuridão serão eles a nos proteger, desde que sejamos merecedores. Portanto, a analogia com o texto bíblico não se trata de blasfêmia e sim da consciência de que Deus, sendo onipresente, tem seus trabalhadores espalhados em todos os cantos do Universo, inclusive no "vale das sombras e da morte". Ali, os merecedores serão protegidos pela capa e pela lança de exu, pois como trabalhadores do Astral, estarão atentos para que aqueles que se esforçam para cumprir os princípios morais das leis divinas não sejam vítimas dos seres das sombras.

Douglas Fersan

Vivemos os problemas do mundo, mas nossa fé nos ampara - Douglas Fersan


O fato de sermos umbandistas não nos torna imunes de nada que acontece no mundo, sejam coisas positivas ou negativas. Estamos todos sujeitos a momentos de alegria e de dissabores, pois o fato de sermos - ou pelo menos devermos ser - espiritualizados não nos livra daquilo que acontece em sociedade, pois o espírito é luz, mas o corpo é do mundo e a sociedade nos influencia diretamente.

Estamos sempre sujeitos a fatos que podem nos causar dissabores, tristezas, traumas, rancores e desgostos. A violência é um problema social crônico e pode sim nos atingir. Manter a fé em Deus, em nossos orixás e guardiões pode nos ajudar a evitar essas situações, mas muitas vezes a densidade negativa que existe sobre o planeta é tão grande que acaba nos atingindo.

Como todo cidadão consciente, devemos - apesar de ser difícil - manter a calma nesses momentos e lembrar que o importante é a nossa existência nesse plano, pois se ainda aqui estamos encarnados, é porque temos muito o que cumprir e aprender ainda. Bens materiais se vão, assim como um dia vieram e podem voltar seja através da justiça ou de nosso trabalho. Mas lembremos sempre de agradecer ao fato de estarmos vivos e seguros após passar pelo trauma de uma violência social.

Nessa semana um filho de nossa casa passou por um momento assim. Felizmente manteve a calma e apesar de ter uma arma apontada para si, saiu ileso. Os bens materiais (automóvel e celular se foram), mas o mais o mais importante é que ele continua inteiro e saudável entre nós.

Talvez os críticos da nossa fé digam: "ora, mas onde estavam os orixás que não os protegeram?"
Os orixás estavam bem ali, fazendo com ele mantivesse a calma e impedindo que o marginal por nervosismo, maldade ou desprezo pela vida humana disparasse o gatilho. Os orixás trabalharam como nunca.

Da mesma forma que Deus estava presente quando tentaram matar o pastor Valdemiro Santiago. Muitos zombaram do fato dizendo que pelo fato dele ser pastor Deus deveria tê-lo livrado do criminoso. Essa "brincadeira" é no mínimo maledicente. Resguardados os juízos de valores, ele também está sujeito à violência do mundo, assim como qualquer pastor, pai-de-santo, rabino, padre, bezedeira, etc. Somos humanos encarnados que vivemos numa sociedade doente.

Mas como Deus é grande, Ogum é guerreiro, Xangô é justiça, os exus não nos desamparam e os malandros gostam de uma farra mas detestam a maldade, por um desses acasos, a polícia em uma de suas operações localizou o carro roubado. Que bom, mais uma prova de que os orixás estão trabalhando. Mas vale dizer novamente que apesar dos bens recuperados, o mais importante ainda é a integridade desse filho da nossa casa.

Abençoados sejam os orixás, os guardiões e os homens da lei que fizeram seu trabalho. Que fique o exemplo deixado por esse filho: por maior que seja o valor do seu bem material, sua vida e tudo que foi planejado para ela vale muito mais.

Obrigado aos nossos amigos espirituais por não nos desampararem mais uma vez.

Douglas Fersan.