segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A História do Erê Cosmezinho de Oxum

           




    Cosmezinho chegou na Umbanda,
ele veio pra trabalhar,
traz a alegria pra nossa banda,
traz a luz a nosso Gongá.

    De sorriso aberto ele vem,
pulando aqui pulando pra lá,
com a benção de Oxum ele tem,
a luz de nosso Pai Oxalá.

    Cosmezinho de Oxum é uma Entidade de Luz da nossa Umbanda, que vem
na linha das Ibeijadas (crianças), para alegrar as Giras, trazendo
bençãos, ajudando na caminhada rumo a nossa evolução.

    Ele tem a predominância da Orixá Oxum, e por esse motivo tem uma
afeição pela cor azul.

    Está sempre pulando e se mexendo, cantando e dançando, brincando e
sorrindo como uma boa criança muito levada. Mas quando tem que fazer os
trabalhinhos espirituais, o faz com imenso carinho e muita dedicação.

    A história encarnada desse menino de Oxum teve seu acontecimento
pelo final do século XIX, na região Sul do Brasil.

    Ele nasceu em uma família de colonos imigrantes italianos, que
vieram para o Brasil em busca de trabalho a muitas décadas antes do
nascimento do menino, que teria o nome de Fabrizio.

     Fabrizio já estava com seus 5 anos quando um dia andando pelas
terras de um grande fazendeiro que tinha enormes vinheiras e grandiosa
quantidade de gado, observou o coronel expulsando de suas terras uma
família de negros, que ali passava em busca de trabalho e de comida.

    Esse dito coronel vinheiro, tinha ainda na mente a essência da
escravatura que tinha sido abolida a pouco tempo. E no seu sangue e na
sua mente corria as maldades que tanto fez durante toda sua vida
contra os negros escravizados.

    Ao observar isso o menino Fabrizio, foi até o coronel e na
simplicidade da infância perguntou o que aquelas pessoas tinham feito
para serem tratadas de um modo tão hostil.

    O fazendeiro olha o menino com os olhos enraivecidos, e num tom
áspero lhe pergunta: "VoCê não viu que são apenas negros?"

    E com isso o fazendeiro sai esbravejando, deixando o pequeno
Fabrizio sem nada entender o porque daquele acontecimento.

    O menino corre para a choupana onde residia com seus familiares,
chega a seu pai e conta a história tentando  buscar uma resposta pelo
acontecimento. Mas o pai apenas disse: "Se afaste dessas pessoas, o
coronel não gosta delas, então é melhor ficarmos distantes."

    Os dias foram passando, mas  o acontecimento com a família de
negros não deixava o menino em paz. Quando menos se esperava, lá
estava ele pensando no fato.

    Certa manhã, Fabrizio andando pela fazenda com um grande
recipiente de leite que fora buscar no curral, a mando de seu pai, vê
um menino negro ao longe, tentando se esconder por entre as árvores.
Ele corre ao encontro do menino e tenta um diálogo, mas em vão, pois o
menino se assusta e corre por entre as matas.

    Fabrizio não se faz de rogado e corre também, tanto que alcança o
menino. Chegando até ele, após uns minutos de conversa o menino diz
que estava tentando encontrar um pouco de comida, pois ele estava
escondido em uma caverna junto com sua família e outros vários negros,
e nessa caverna se encontrava muitas pessoas doentes e famintas,
dentre essas pessoas estaria o pai dele que, por estar muito fraco
não conseguiu nada para ele, seus irmãos e sua mãe comerem.

    Fabrizio pede que o menino negro o leve até a caverna, mas antes
ele iria buscar o recipiente de leite que ele tinha deixado ao sair
correndo.

    E assim fizeram. Ao chegarem na caverna, muitos negros ficaram
assustados ao verem ali um menino branco, mas logo se acalmaram quando
o menino ofereceu-lhes o leite para beberem.

    Fabrizio sentou-se em uma pedra, olhou com seu olhar de criança
aquelas pessoas famintas, doentes e machucadas. Seus olhos
lacrimejaram, e ele entendeu enfim, o que era o fato acontecido entre
o coronel fazendeiro e os negros, que hoje tinham uma falsa
liberdade, tudo aquilo não passava de crueldade dos brancos.

    Ele se levantou, saiu da caverna, andou por alguns minutos dentro
da mata, até chegar nas margens de um rio, no qual se encontrava uma
linda cachoeira de águas límpidas. Sentou-se bem próximo a ela,
colocou suas mãos no rosto e chorou copiosamente, fazendo com que suas
lágrimas de criança se misturassem com as gotas de água vindo da
cachoeira.

    Sem entender muito bem o porque daquela dor, sem saber o porque
daquele sofrimento todo. Ele apenas chorava, até que em um momento se
lembrou de sua avó, uma velha de sotaque forte italiano, que lhe
dizia que quando as coisas estavam sem resposta, a melhor resposta é
falar com Deus através de uma oração vinda do coração. E foi isso que
o menino fez. Se pôs de joelhos de frente a cachoeira e conversou com
Deus.

    Em meio de suas orações, ele percebe uma linda imagem de mulher
que saía como de dentro da linda cachoeira. Essa imagem foi tomando
uma forma monumental, um lindo manto azul, uma mulher de sorriso largo
e de olhos meigos. A mulher chegou até o menino e disse para que ele
não tivesse medo, pois ela era um Anjo de Deus, e veio ali por causa
de sua oração.

    O menino, encantado ficou, e sem o menor receio começou a falar, a
falar e a falar sem parar. Tropeçava nas próprias palavras, saltitava,
pulava, se mexia, fazia sinais com as mãos, enfim, ficou muito
eufórico com a resposta de suas orações.

    A linda mulher se apresentou com o nome de Oxum, ela dizia ser a
deusa da cachoeira, e estava ali para ajudá-lo a ajudar aquelas
pessoas que tanto sofriam.

    Ele com os olhos brilhando de felicidade por um instante teve
receio, pois sabia que era apenas uma criança e não sabia como fazer
para ajudar seus novos amigos.

    Ele cerra os olhos grandes e azuis e pergunta a Oxum o que fazer.
Como poderia fazer algo para ajudar sendo ele tão pequenino.

    Mas Oxum com seu jeito maternal lhe disse:

"Sua fé me trouxe até aqui, sua fé vai lhe mostrar o que fazer, como
ajudar. Você é um pequeno menino, mas tem dentro de si um grande
coração amoroso e uma coragem de gigante. Não se aflija que estarei
sempre com você, mesmo na hora que você achar que não estarei. Você
em pouco tempo vai se encontrar comigo, em outro lugar, em outro
plano. Cumpra sua missão aqui, resta só ela. E após isso sua missão
será de uma forma diferente, em outro lugar e sempre elevado a Zambi,
que você conhece como Deus.

    Só não esqueça de fazer tudo com amor, sem medo, mesmo que você
não entenda os acontecimentos momentâneos, pois assim como você passou
a entender o ódio de um homem branco sobre os negros, você vai
entender tudo que poderá acontecer a partir de agora, até seu encontro
novamente comigo."

    O pequeno Fabrizio naquele momento se sentiu mais forte, mais
feliz, e cheio de planos para ajudar seus amigos negros. Saiu
saltitando como se em uma festa se encontrasse, balançava seus cabelos
loiros encaracolados como se inventasse um novo modo de dançar. Seu
sorriso estava  grandioso, sua mente não parava um só instante, sabia
que ele poderia ajudar. Ele confiava nele, confiava na sua nova
protetora, a linda Oxum, e confiava em Deus acima de tudo.

    Era apenas uma pequena criança, que agora tinha uma grande
responsabilidade adulta, salvar a vida de pessoas inocentes.

    Correndo por entre a mata ele chegou até a caverna, foi direto ao
negrinho de olhos esbugalhados que com ele estivera antes. O negrinho
ao vê-lo sorriu, um sorriso largo de dentes muito claros e olhos
brilhantes como as estrelas.

    Fabrizio lhe da um abraço e diz que agora ele tem como ajudar a
todos ali. Os dois sorriam e saem pulando e correndo atrás das
borboletas e pássaros numa brincadeira infantil.

    O plano de Fabrizio começa a ser executado, todos os dias ele ao
buscar o leite, pegava não só para a sua família, mas também pegava,
de uma forma escondida, para os negros que estavam na caverna. E não
só o leite o menino levava, passou a levar milho, café, ovos, peixes,
carnes e tudo mais o que podia levar sem que ninguém percebesse.

    Se demonstrou interessado em ajudar na casa grande onde residia o
coronel e a família, e de lá levava algumas roupas, e agasalhos,
também levava alguns xaropes que uma negra velha que ainda residia na
casa fazia para curar o peito cansado dos mais fracos.

    E assim fez por algum tempo, dia após dia, era aquela rotina de
ir em busca de comida, remédios e tudo mais que pudesse conseguir para
auxiliar seus amigos.

    Um dos jagunços do coronel percebeu a ação do menino, e logo
passou a vigiá-lo. Quando teve certeza dos atos do pequeno Fabrizio,
ele, o jagunço mesquinho, falou tudo que descobriu ao coronel.

    O coronel não teve dúvidas, sabia que o menino estava ajudando os
negros que ele tanto odiava. E com isso mandou então o jagunço com
mais outros homens começarem uma caçada implacável em busca do local
onde se encontravam os refugiados, aqueles que na visão do coronel não
mereciam viver sobre a mesma terra que ele habitava.

    As matas eram fechadas e perigosas, a caverna onde se encontravam
os negros era distante e bem escondida, fazendo assim com que os
jagunços não a encontrassem. E isso deixou o coronel ainda mais
irritado e tomado pelo ódio, pois mesmo que os jagunços tentassem
seguir o pequeno menino, ele, mesmo sem saber que estava sendo
seguido, tomava caminhos diferentes, corria por entre os grandiosos
troncos como se estivesse brincando, com uma grande agilidade se
colocava em cima das árvores, subia e descia como os esquilos que ele
por muitas vezes acompanhava. E mesmo correndo em zigue-zague, por um
caminho ou por outro, de uma forma milagrosa ele chegava a caverna.
Coisa que os jagunços não conseguiam, pois sempre perdiam o pequeno
Fabrizio por entre as sombras da grande floresta.

    O coronel, após o relato de seus capangas, fica irritadíssimo, e
manda expulsarem a familia de Fabrizio de suas terras, que são
obrigados a sair sem poder levar nada.

    Fabrizio ao entender o que se passou, foi até seu pai e contou
toda a história. Disse a ele sobre a caverna e os negros que lá
viviam, e fez questão de levar o pai e a família até a caverna.
Chegando lá, vendo a situação que muitos negros se encontravam, soube
do bem que o filho fez, vendo que sem aquela ajuda do menino muitos
dos negros teriam desencarnado, o pai de Fabrizio o abraçou e chorou,
se orgulhando de seu filho.

     A família de Fabrizio permaneceu na caverna, buscavam abrigo
enquanto o pai tentava buscar outra fazenda para trabalhar. E Fabrizio
não descansou, continuou indo a fazenda as escondidas para pegar
alimentos juntamente com outras crianças negras.

    Certo dia em uma dessas idas e vindas da caverna para a fazenda,
Fabrizio para e observa uma jovem a beira do rio trazendo pela mão uma
menina que aparentava a sua idade ou pouco menos. Ele se senta próximo
de uma árvore, onde também estaria seu amigo, o negrinho de olhos
esbugalhados. Os dois atônitos com olhos parados, observavam a menina
brincando com a água junto a sua cuidadora. Fabrizio sabia que a
menina era filha do coronel, já tinha a visto algumas vezes nos
arredores da fazenda. Seu espanto foi ver ela ali tão distante de sua
casa, longe dos olhos do coronel ou de sua esposa.

    A cuidadora da menina era uma jovem ainda, que parecia estar a
procura de alguém ou alguma coisa pelos arredores. Ficava olhando para
todos os lados, sem prestar muita atenção ao que a menina fazia.

    Em dado momento aparece um dos jagunços do coronel, que ao longe
observa os meninos nos galhos das árvores. De imediato ele retorna do
caminho de onde viera para ao encontro com o coronel ao modo de
chamar-lhe atenção sobre a presença dos meninos em suas terras.

    O coronel tomado por um ódio descomunal cavalga em direção ao rio
onde se encontrava os meninos, sem saber que sua filha por lá também
se encontrava.


    Nesse mesmo momento a cuidadora displicente segui para um lado do
rio onde se encontrava alguns lírios brancos que chamaram sua atenção
deixando a menina só.

    Fabrizio e seu amiguinho descem dos galhos das árvores indo ao
encontro da menina, que aos vê-los sorri, com um sorriso amigável e
meigo. Se aproximam e conversam, brincam, fazendo assim uma nova
amizade. Uma amizade infantil, verdadeira e pura.

    Mas toda essa alegria duraria pouco. Aos galopes o coronel chega
em seu cavalo, desce do animal já com o açoite na mão deferindo contra
o pequeno menino negro, que cai. O coronel continua a bater na criança
com uma violência descomunal. A menina grita, chora. Fabrizio corre
tentando fazer o coronel parar, ele empurra e derruba o menino, e
volta a atacar o menino negro, que já tem o corpo sangrando e inerte.

    A menina desesperada corre em direção contrária de seu pai, chega
a beira do rio, escorrega e cai na água, e é tomada pela força da
natureza que a leva arrastada.

    O coronel se desespera ao ver a menina ser sugada pelos
redemoinhos de águas bravas do rio, da mesma forma o menino Fabrizio,
que corre pelo leito tentando salvá-la.

    Em dado momento o menino em um gesto de desespero mas ao mesmo
tempo de nervosismo se atira nas águas do rio, e com uma força
descomunal consegue alcançar a mão da pequena menina a puxando para
si.

    Como em um milagre a traz para uma parte mais branda da margem,
onde o coronel estendia as mãos para salvar sua filha. Fabrizio a
empurra com toda sua força, o coronel a alcança, retira a menina
puxando-a para fora das águas revoltosas.
    O menino Fabrizio pede ajuda esticando suas pequenas mãos para o
coronel e para o jagunço que está a seu lado. O fazendeiro olha com
olhar de desdém para o menino, se virando com sua filha nos braços. O
jagunço entende o recado do coronel, e com os pés empurra o menino
para o fundo do rio, que novamente foi pego pelo poderoso redemoinho.

    O menino desaparece por entre as águas de Oxum, enquanto a menina
recupera a consciência, e ainda atordoada não entende muito bem o
acontecido.

    Ela firma os olhos, vê seu pai, começa a vir as cenas do fato em
sua mente, ela chama pelo garoto, no mesmo instante que vê o corpo,
já sem vida, do menino negro ser atirado nas águas do rio pelo
jagunço do coronel fazendeiro.

    Ela chora copiosamente, enquanto o pequeno corpo do menino afunda
no rio. Nesse instante aparece sobre as águas uma luz forte e
ofuscante, dessa luz se nota a imagem de uma linda mulher, a mesma
imagem que Fabrizio viu na cachoeira. No centro dessa luz, ao lado da
mulher, a imagem do pequeno Fabrizio, sorridente, pulando e
balançando seus cachos dourados como sempre. Ele estende as mãos como
se pegasse algo, e do centro do rio, a imagem do pequeno menino negro
de olhos grandes e arredondados aparece indo ao encontro de seu
amigo, e sendo abraçado carinhosamente pela linda Oxum, como
demonstração de proteção eterna.

    A menina ao ver isso saiu correndo de encontro ao trio, se jogando
nas águas revoltosas do rio. E novamente fora levada pelos grandes
redemoinhos assassinos que ali reinavam.

    A menina nunca mais fora vista, seu corpo tomado pelas forças das
águas desapareceu como por encanto. O coronel em desespero profundo,
após muitas buscas, desistiu da própria vida, e diante do rio se matou
para tentar acabar com seu sofrimento.

    Sete dias após a morte do coronel, a sua esposa tem uma visão da
sua filha, que de mãos dadas com Fabrizio e Juca, o menino negro, lhe
diz para abrir as porteiras da fazenda, trazendo não só os negros que
estavam na caverna, mas também a família de Fabrizio para ajudá-la no
plantio das vinheiras e nos cuidados com o gado, para que assim  não
só ela desfrutasse das dádivas da natureza, mas todos aqueles que
necessitavam de matar a fome. E assim foi feito, a fazenda foi
transformada em um grande local para auxiliar a quem necessitava, com
auxilio de colonos e negros trabalhando junto em prol da caridade,
sobre o comando da esposa do falecido coronel.

    As crianças felizes ficaram por saberem e entenderem que fizeram o
bem a muitos que necessitavam.

    A menina filha do coronel, ainda reencarna em busca de maiores
evoluções para chegar a seu objetivo que é ter a benção de Deus e um
dia ser uma Entidade de Luz trabalhadora para a espiritualidade.

    Juca, que hoje é conhecido como "Juquinha das Almas", está no
caminho da evolução final para a espiritualidade. Se encontra em
terreiros de Umbanda, ainda não em incorporação em médiuns, mas com
grande vontade de trabalhar para a caridade.

    Hoje Fabrizio é conhecido como Cosmezinho de Oxum nos terreiros de
Umbanda. Ele com o mesmo jeitinho de criança levada, faz a caridade,
espalha alegria, ensina o amor, demonstra a paz, dançando,
pulando e sorrindo, sempre de um modo infantil e carinhoso. Porém
muito  travesso e brincalhão.


    Salve as Crianças de Umbanda!

    Salve Cosmezinho de Oxum!


    Salve toda a Ibeijada
!

POEMA A MÃE IANSÃ - POR CARLOS DE OGUM


Guerreira suprema que peço proteção,
sublime rainha dona da beleza,
a ti entrego minha alma e meu coração,
senhora divina deusa da natureza.

Mãe amável de grande poder,
abençoa sempre os filhos teus,
peço minha guerreira venha me valer,
me abençoando em nome de Deus.

Iansã é o nome dessa bela Orixá,
que reina e domina a morte e a vida,
enviada do céu por Pai Oxalá,
Santa Bárbara minha protetora querida.

Iansã sempre me abençoando com sua luz,
chuvas para lavar a terra ela nos trás,
linda bela Oiá enviada por Jesus,
com seus ventos ela vem semeando a paz.

Menina bela de cabelos cor de ouro,
dominadora de raios que corta o céu de Oxalá,
é Iansã mãe divina meu grande tesouro.
poderosa guerreira linda Orixá.

Deusa bela da tempestade, fogo e sensualidade,
Mãe linda que protege todas as mulheres lutadoras e guerreiras,
nunca estaremos só se com ela tivermos cumplicidade,
Iansã a Orixá, que com Xangô reina nas pedreiras.

Iansã rainha do fogo, da faísca e do trovão,
tem força suprema no reino de Aruanda,
verdadeira guerreira lutando com a espada na mão,
retirando obsessores de nossas giras de Umbanda.

Pedimos a ti Santa Sagrada,
respostas para nossas orações,
secando nossas lágrimas minha Orixá amada,
abençoando e deixando em paz nossos corações.

A ti  pedimos ensinamentos para guerreiros nos tornar,,
para que nessa caminhada lutemos com amor e caridade,
e todas as dificuldades dessa vida possamos enfrentar,
e junto a ti levarmos amor, carinho e fraternidade.

Iansã divina Orixá da Umbanda,
a bela rainha de nosso Gongá,
saravá Oiá e toda sua linda banda,
trazendo luz suprema de nosso Pai Oxalá.

Dos raios, vento e tempestade,
essa linda Orixá é a Deusa suprema,
espalhando luz, amor e caridade,
mostrando sempre sua força extrema.

A ti amada e maravilhosa Iansã,
pedirei sempre proteção,
como raios do Sol pela manhã,
a divina Oiá sempre vai me estender a mão.

Não receie os ventos dessa guerreira bela,
pois são ventos para colocarem as coisas no lugar,
nos protegendo e guardando de uma maneira singela,
então deixe os ventos de Iansã, deixe os ventos ventar.

Com amor e grandioso carinho,
rogarei a ti minha amada Orixá,
tire sempre as pedras de meu caminho,
rezarei assim a minha sagrada e bela Oiá.

Com a força de Ogum, Oxum, Xangô, Iemanjá ou Nanã,
também de Obaluaiê, Oxossi, Omulú e de todos Orixás,
vencedora de mazelas, lutadora sem tréguas é minha Mãe Iansã,
aquela que reina pelo comando de meu Pai Oxalá.

Divindade tão linda do meu coração,
a teus pés me ajoelho em teu Jacutá,
rainha tão bela faço a saudação,
falando a todos Eparrei, oh Eparrei bela Oiá.

E com grande amor que temos por Iansã,
a saudamos pedindo proteção a mim e a você,
que esteja e nossos caminhos pela noite e pela manhã,
esse é o desejo dos filhos do Terreiro Pai Ogum Megê.

Saravá Iansã!

Eparrei Oiá!


Carlos de Ogum.

                                   DIÁLOGO ENTRE UM EXÚ E UM PRETO VELHO

        
    Na Umbanda temos maravilhosas Entidades de Luz. Entidades essas
que evoluíram de tal forma em suas vidas encarnadas que foram
abençoadas por Zambi (Deus) para se tornarem seres iluminados que
trazem a caridade, a paz, o amor, a saúde, aconselhamentos, aberturas
de caminhos e evolução a nós, simples seres humanos, repletos de
defeitos, mesquinharias, sentimentos de ódio, inveja, desamor.

    Essas Entidades de Luz vem de diversas formas, linhas e
irradiações. São determinadas a esses trabalhos árduos, de fazer
chegar a compreensão a nós, seres inacabados, pelos poderosos Orixás
de Deus, fazendo assim que essas Entidades divinas fiquem entre a
força divina da natureza do Pai Maior, que são os Orixás, e entre nós,
humanos repletos de erros e sentimentos ruins.

Essas Entidades maravilhosas vem como Pretos Velhos, Caboclos,
Boiadeiros, Ciganos, Erês (Ibeijadas, Crianças), Malandros, as Pombo
Giras e nossos amados Exús.

    E vamos falar justamente dos Exús, claro englobando também as
Pombo Giras.

    Essas Entidades são extremamente dedicadas as causas que são
determinadas a elas. Tem uma segurança incrível, uma determinação
maravilhosa, uma luz sem igual, um apego divino a seus protegidos,
enfim, são Entidades de Luz, voltadas para a pura caridade, sempre
mostrando o caminho correto, sempre pregando que o mal nunca deve ser
pedido, sempre ensinando a nós, seres não evoluídos e egoístas, que
temos livre arbítrio, que amarração é algo de pessoas sem amor
próprio, que desejar o mal a seu semelhante e algo que só vai servir
para trazer o retrocesso da evolução espiritual.

    Mas se essas Entidades agem assim, se elas pregam essas palavras,
se elas fazem de tudo para nos ensinar fazer o bem, porque são
temidas, porque usam o nome delas para fazer o mal, porque é pregado
que nossos amados Exús tem ligação com seres das trevas?

    A verdade disso tudo é a falta de informação, a pregação dada por
pessoas que se fiam no dinheiro, a mistificação e a falsidade de
alguns líderes de algumas religiões, principalmente algumas ditas
evangélicas, que necessitavam arrumar algo para demonizar, e assim
fazer seus fiéis temerem algo que não conheciam, obrigando-os a se
entregarem as falsas pregações desses líderes, e claro pagando seus
dízimos, ofertas, obrigações, entre outros vários tipos de cobranças
feitas por esses líderes mal intencionados.

    Também vemos dentro da própria religião umbandista, alguns líderes
com essa mesma intenção, a de surrupiar bens de consulentes mal
informados. Só que nesses casos não pregam que os Exús seriam ligados
as trevas demoníacas, e sim que eles faziam magias para levar o mal a
um semelhante, eles traziam e amarrariam pessoas em um amor falso,
trancariam caminhos, levariam doenças e infortúnios. E tudo isso.

    E os pobres Exús, o quão tristes ficam com toda essas mentiras,
todas essas falsidades, todas essas hipocrisias usando seus nomes.

    Alguém já pensou nisso?

    Alguém já parou para refletir, como uma Entidade de Luz, que foi
acolhido pelo amor e pelos braços de Deus, que foi abençoado e
presenteado em virar uma Entidade trabalhadora em prol da caridade,
fica quando um consulente chega frente a frente com essa Entidade e
pede para trancar a vida de um irmão, ou amarrar uma pessoa que tenha
seu livre arbítrio de amar ou não amar alguém, ou de destruir uma
família unida pela paz e o amor?

    Acredito que muitas pessoas nunca pensaram nisso, nessa
mediocridade, nessa injustiça, nessa falta de respeito com a Entidade
de Luz, quando chega para pedir absurdos assim.

    E nessa visão vamos ver um diálogo de um Exú e um Preto Velho que
nos demonstra que as Entidades são luz, são divinas, são caminhos, mas
sentem uma tristeza em ver seus filhos, consulentes e protegidos
tentando fazer deles escravos espirituais.

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    Em um certo dia na beleza das terras espirituais de Aruanda,
cidade de luz onde encontramos nossas amadas Entidades, um Exú que
acabara de retornar de um trabalho espiritual de incorporação em um
médium trabalhador de uma casa umbandista, vai até um Preto Velho,
que se encontrava sentado em seu toco de madeira, pitando calmamente
seu cachimbo, soltando a fumaça no ar e observando toda a bela
natureza da cidade espiritual. O Exú chega olhando firme para o velho
negro, e assim se inicia o diálogo:

Exú: Sua benção meu velho.

Preto Velho: Que Pai Oxalá te abençoe meu fio.

Exú: Será que posso ficar um pouco com o senhor meu velho?

Preto Velho: Claro meu fio. Mas porque esse semblante tão
entristecido?

Exú: Acabei de chegar de uma Gira em um Terreiro de Umbanda, no qual
trabalhei com um médium muito honesto, que me deixa a vontade em me
expressar, sem que ele tente interferir ou mistificar.

Preto Velho: Mas isso não é para nos deixar feliz fio? Tantos médiuns
que são tomados pela vaidade, arrogância, falta de humildade. Esse fio
que vosmicê trabaia, sendo um exemplo na religião, e vosmicê chega
tristonho?

Exú: Sim meu velho, eu tenho muito carinho e respeito por esse médium
caridoso, trabalhador da honestidade. Mas, essa tristeza que está
apertando em meu peito meu pai, não é pelo meu amado aparelho. São
pelas pessoas que foram ao terreiro, pessoas que se consultaram
comigo, com meus irmãos e minhas irmãs.

Preto Velho: Sim meu fio, estou começando a entender essa sua
tristeza. Mas vamos tirar ela de seu peito, encoste sua cabeça no
ombro desse veio, deixe seu coração falar, deixe sua luz se acender,
desabafe tudo aquilo que você trouxe la da terra, dos sentimentos dos
homens sem sentimentos.

    O Exú encostando a cabeça no ombro do Preto Velho, como se
pedisse um afago, fez uns segundos de silencio, e logo após se pôs a
falar, num tom baixo, um tanto desanimado, cabisbaixo, parecendo
tentar esconder algumas lágrimas que teimavam em cair de seus olhos.

Exú: Sabe meu pai, nessa gira de hoje tive muitos atendimentos. Homens
que desejavam que seu semelhante perdesse a vida, para que assim
pudesse se apropriar de cargo superior em local de trabalho de ambos.
Mulheres que traziam ódio no coração por um suposto amor, que só ela
entendia que existia, entre ela e um homem, que por seu livre
arbítrio, achou por bem que deveria tomar outro caminho. Tantas
maldades pedidas, tantos desamores, tantas angústias, tanto ódio
espalhados em palavras, tantas cobranças, tantas aberturas dadas a
obsessores, que invadiam os corações e mentes dessas pessoas, fazendo
delas fantoches do espírito do mal.

Preto Velho: Sim meu fio. Entendo o que deseja dizer. Já vi muita
dessas pessoas nas casas de Umbanda, e isso sempre nos traz essa
tristeza que você tem em seu peito.

Exú: Meu velho, tive que lutar muito no dia de hoje, ´para tentar
salvar as almas dessas pessoas. A cada pedido para que seja feito o
mal, novos obsessores chegavam. Meus irmãos que tomavam conta da
tronqueira, lutavam firmemente e arduamente para que nossa gira
não fosse dominada por Kiumbas e Zombeteiros. Minhas irmãs, Pombo
Giras, tentavam se fazer entender, falando as pessoas de coração
sombrio e cheio de ódio, que o amor não se amarra, se conquista. Eu
via por todos os cantos da casa grandes obsessores tragos pelos
filhos que ali estavam simplesmente para pedir o mal, e 
 E achando tudo isso a coisa mais natural do mundo.

Preto Velho: E alguns de vosmicês aceitaram essas trocas meu fio?

Exú: Não meu Pai. Estamos acima dessas vontades materiais e orgânicas.
Mas infelizmente temos alguns médiuns mistificadores que usam nossos
nomes para tal recebimento. Dizendo fazerem amarrações, trancamentos,
maldades, fechamentos de caminhos, e muitas outras coisas sujas.

Preto Velho: E vosmicês alertaram o Babalorixá da casa, do acontecido?

Exú: Mas meu velho, era o próprio Babalorixá que se prestava a essas
cobranças, usando o nome de um de nossos irmãos.

Preto Velho: Cada vez mais entendo sua tristeza meu fio. Mas diria a
ti para não se deixar ser levado por esses medíocres da religião, pois
meu fio, a Umbanda está muito acima disso, está muito além dessa falta
de compreensão, muito acima dessa ganância, muito acima desses
obsessores encarnados e desencarnados.

Exú: Sim meu pai. Eu creio nisso também.

Preto Velho: Creia sempre meu fio. Pois Deus espera de nós, Entidades,
essa grandeza de fazer o bem, lutar contra o mal, ensinar os
incompreensíveis a compreender, mostrar o caminhos de luz a quem
teima em buscar escuridão.

Exú: Sabe meu pai, no meu caminho de volta para Aruanda, para não
chegar aqui com tantas cargas negativas, tantos obsessores trancados,
tantos sentimentos humanos ruins, fui até aos irmãos da Calunga
Pequena, para que me auxiliassem a me livrar de tantos pesos deixados
pelos consulentes e seus pedidos incoerentes. Vi muitas moradas de
corpos inertes, corpos esses que as almas estavam presas nas
profundezas clamando por ajuda. Um desses corpos me chamou a atenção
meu velho. Era de um antigo consulente que hora ou outra vinha até mim
pedir para que seus caminhos abrissem, e para isso ele deveria então
passar por cima de um semelhante.
    Esse homem, certa vez me disse que ali onde nos encontrávamos não
teria o "trabalho forte" que ele tanto buscava. Que ali só se falava
em Deus, que ali não abria caminhos que ele desejava abrir, do modo
que ele pretendia. Escutei calmamente aquelas palavras, olhei em seus
olhos e disse, que o caminho dele era ele mesmo que fazia, seu livre
arbítrio era respeitado, assim como ele deveria respeitar o livre
arbítrio de todos.

Preto Velho: Fez muito bem meu fio.

Exú: Lhe disse também, que ele poderia partir, que levasse Deus no
coração, e refletisse sobre aqueles pedidos. E certamente um dia nos
veríamos de novo, e dependendo de seu modo de agir e pensar dentro da
religião, nosso encontro seria ou em um caminho de luz, ou em um
caminho da escuridão, onde eu certamente teria que resgatá-lo.

Preto Velho: Belas palavras meu fio. Vosmicê sabe muito bem como é o
caminho dessa escuridão, esteve lá milhares de vezes resgatando almas
perdidas, buscando seres sem humildade, sem amor, entregues ao ódio,
que muito se arrependeram após conhecer a verdadeira desgraça da
maldade criada em seus próprios corações.

Exú: Isso mesmo meu pai. Um lugar dominado pelo mal, por obsessores,
kiumbas, eguns e Zombeteiros, tomados pela enorme vontade de sugar
todas as energias, todas as formas orgânicas, todos os sentimentos de
ódio que os seres humanos possam espalhar uns para os outros, fazendo
assim que esses espíritos do mal possam ser fortalecidos dia após dia.

Preto Velho: Sim meu fio. Muito triste que os encarnados não
compreendam isso. Esse fortalecimento do mal. Fortalecimento esse
feito pela ganância, por esses pedidos de prejudicação a semelhantes,
Muito triste isso meu fio.

Exú: Sim meu velho, muito triste mesmo.

Preto Velho: Mas fio amado, continue me falando desse consulente.
O que aconteceu? Você o encontrou novamente?

Exú: Sim meu velho. Ao ver aquele corpo inerte na Calunga Pequena, e
ao reconhecê-lo, fiquei imaginando onde estaria o seu espírito. E foi
ai que decidi ir até abaixo da linha da luz divina para tentar
encontrá-lo.

Preto Velho: E o encontrou meu fio?

Exú: Sim meu velho. Ele estava nas profundezas, quase sem energia
nenhuma, tomado por obsessores de todos os lados, 



Exú: Isso mesmo meu pai. Foi ai que eu cheguei perto dele, chamei-lhe
a sua atenção para mim, ergui minha mão em sua direção e lhe disse,
"Venha comigo meu filho. 
Ele me olhou firmemente,  "Quem é você? O que quer de mim?"

    Eu respondi tentando ser o mais sereno e convincente possível:
"Sou o Exú que você um dia foi procurar. O Exú que você não aceitou
como protetor. O Exú que lhe disse que um dia íamos nos encontrar
novamente. O Exú no qual você deu as costas e partiu. O Exú que você
afirma que precisa dessas coisas materiais e orgânicas como oferendas.
O Exú que está aqui para tentar lhe mostrar que seu livre arbítrio
ainda tem um poder para te salvar da escuridão eterna e dos obsessores
que tomam toda sua energia para que não tenhas forças para vencer. O
Exú que está lhe dando a mão para sua evolução verdadeira. Deseja vir
comigo?

Preto Velho: E ele aceitou meu fio?

Exú: Infelizmente não meu velho. Ele me olhou de modo desconfiado, de
cima a baixo, e disse: "Você não é um Exú. Onde está seus pés de bode,
seus chifres e cauda. Onde está seus olhos flamejantes, seu odor de
enxofre? Você deseja me enganar, e assim
eu nunca vou conseguir fazer com que meus inimigos caiam para que eu
consiga o lugar deles, eu nunca vou conseguir fazer os males da doença
seja espalhada a quem um dia me ignorou, eu nunca vou conseguir aquele
amor que deveria ser meu. Preciso amarrar aquela mulher. E você
desejando tudo que tenho para comprar a magia dos Exús de verdade."
Saia daqui, afaste-se de mim."

Preto Velho: Sim meu fio, ele ainda não tinha aprendido a usar o livre
arbítrio para fazer o bem.

Exú: Não meu velho. Ele só via o próprio ódio que estava em seu
coração. Infelizmente não pude fazer nada, além de insistir mais um
pouco, tentar mostrar que eu era um Exú, e que somos Entidades de
Luz, Entidades enviadas por Deus,  Tentei mostrar
que minha imagem humanizada, que minha voz serena, que minha face
tranquila era exatamente a de um Exú, uma Entidade evoluída que tenta
auxiliar todos os filhos que ainda se prendem aos erros impostos por
alguns médiuns mistificadores ou interesseiros. E deixei bem claro que
só poderia resgatá-lo pela menção de sua vontade, pois respeitaria
seu livre arbítrio eternamente.

Preto Velho: E isso deixou vosmicê bastante tristonho não é meu fio?

Exú: Sim meu Pai. Não conseguir resgatar uma alma da obsessão, dos
espíritos caídos, das trevas eternas, é de maltratar muito os
sentimentos de protetores que nós, Exús e Pombo Giras temos. Mas ainda
ficamos mais tristes quando são colocados nossos nomes como autores
das crueldades, das más intenções, das amarrações, e de tantas coisas
ruins, criadas pelos encarnados, feitos pelos Eguns, pelos
Zombeteiros, pelos Kiumbas e depois cobrados a quem fez esses pedidos
por dezenas e dezenas de obsessores, que vão sugar todas as energias
desses encarnados até eles entregarem seus espíritos as trevas
eternas. E depois nós, Exús e Pombo Giras, temos ainda a missão de
tentar resgatar essas almas, dentro do livre arbítrio delas, as vezes
não conseguimos, e muitas vezes conseguimos. E temos que ouvir alguns
líderes de algumas religiões nos taxando de demônios, senhores das
trevas, vagabundos, prostitutas e amaldiçoados.
Ah meu velho, como é difícil esse trabalho.

Preto Velho: Sim meu fio. Mas vosmicê acredita se fosse fácil seria
uma missão divina?

    Será fio meu, que se ocês, Exús e Pombo Giras, não tivessem essa
missão tão árdua, vosmicês estariam nesse grau tão maravilhoso de
evolução?


    Será meu fio que quando um encarnado vem com a arrogância pedindo
que faças uma amarração amorosa ou espiritual a um semelhante, e ocês
com toda a humildade, mostram que o amor não pode ser amarrado, que o espírito é livre até
que ele seja entregue aos obsessores através das maldades feitas pelo
próprio encarnado. Mesmo que esse encarnado menosprezem seus
trabalhos, chamando de "trabalho fraco", "trabalho sem força". Mesmo
assim, ocês continuam tentando demonstrar que o bem não pode ser
trocado pelo mal, que a luz não pode ser trocado pela escuridão, que o
amor não pode ser trocado pela amarração. E se mesmo assim esse
encarnado lhe der as costas, ocês o acompanham e o protege, mesmo
sendo vistos ou como Exús fracos, ou como seres do demônio, mas sempre
ali levando a luz.

Exú: Sim meu velho, é assim nosso trabalho. É assim que agimos.
É assim que somos.

Preto Velho: Sabe meu fio, eu enquanto encarnado, nas fazendas de
café, no cativeiro das senzalas sujas e frias, acorrentado nas
correntes da ignorância do homem branco, sendo açoitado nos troncos da
morte, já tive a mesma tristeza que ocês, exús e Pombo Giras trazem
no coração. Então eu elevava minha fé a Zambi, rezava uma oração,
pedia a nosso Deus poderoso para perdoar aqueles feitores que nos
castigavam cruelmente, aqueles coronéis sedentos da ganância que nos
vendiam como animais, aqueles homens e mulheres de peles branca como a
nuvem que nos açoitavam, nos humilhavam, nos matavam friamente, apenas
para demonstrar poder, apenas porque éramos negros na pele, esquecendo
que tínhamos um coração que batia e chorava igualmente a todos, que
tínhamos o sangue vermelho correndo nas veias como todos os seres de
Deus, que amávamos, sentíamos dor, fome, sede, e tudo mais como os
brancos. Mas mesmo assim éramos vistos como fracos, diferentes,
escória, feiticeiros, endemoninhados.
Então meu fio, talvez seja melhor fazermos uma prece para essas almas
perdidas, para esses mistificadores que tentam se passar por ocês,
para esses falsos líderes religiosos que necessitam de criar um
inimigo que venha das trevas para induzir aos pobres fiéis sem
conhecimento, e assim tirar todo seu ouro e prata, para todos que por
ignorância imagina que a linha "docês" traz o mal, faz feitiçarias,
amarra almas e sentimentos,
A prece acalma, traz luz a esses seres, afasta obsessores, encaminha
almas, traz alegria. Vamos fazer essa prece meu fio?

Exú: Meu velho, o senhor tem uma sabedoria grandiosa. suas palavras já
acalmaram meu coração. Vamos meu velho, vamos fazer nossa prece.

Preto Velho: Antes meu fio, dá cá um abraço nesse veio, que já está
com lágrimas no zoio.

Preto Velho/Exú: Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade...

... Que assim seja!
**********************************************************************

    Respeitem as Entidades de Luz. Amem essas Entidades assim como
elas amam a todos.

    Ao se consultarem com uma Entidade de Luz, reflita muito bem sobre
o que vai pedir. As Entidades nunca fazem o mal, elas agem dentro da
caridade suprema, elas não são escravas que trabalham em troca de
migalhas e nem em troca de todo ouro do mundo. As Entidades tem como
lema, fazer sempre o bem, nunca vai contra o livre arbítrio das
pessoas, nunca iria fechar caminhos de alguém simplesmente porque
outro alguém pediu, nunca iria amarrar um amor ou um espírito, pela
falta de amor próprio ou prepotência de um consulente desavisado,
nunca fariam parte das trevas do demônio, tendo a luz divina de Deus
iluminando sua caminhada e sua evolução.

    As Entidades da Umbanda, nossos amados Pretos Velhos, Caboclos,
Boiadeiros, Ibeijadas, Malandros, Ciganos, Pombo Giras e os nossos
mais que amigos e guardiões Exús, são anjos enviados pelo Pai Maior
para nos salvar de nós mesmos.

Reflita muito bem sobre isso, antes de levarem seus supostos problemas
a um terreiro de Umbanda.

Salve a Umbanda!

Salve os Orixás!

Salve todas as Entidades de Luz!

Carlos de Ogum.

O Uso das Flores na Umbanda

                    


    Uma das coisas mais lindas de nosso planeta azul são as flores que
nascem de nossa terra sagrada, que nos foi presenteada por Deus.

    As flores além de serem algo magnífico de se observar, pois sua
plenitude de cores vivas e brilhantes nos torna seres capazes de
demonstrar o quanto somos felizes por termos algo tão maravilhoso
assim, também nos entrega para nosso deleite um divino odor perfumado
que por muitas vezes nos embriaga numa sensação prazerosa sem igual.

    Flores é a prova viva da presença de Deus em nossas vidas, a
demonstração do quanto é espetacular a natureza, a percepção de quanto
nós dependemos dessa beleza para vivermos melhor e termos uma
felicidade extra nesse mundo moderno tão cinzento e sem vida.

    Dentro de nossa religião Umbandista fazemos o uso das flores quase
que diariamente, seja para homenagear um Orixá, seja para banhos de
limpeza espiritual, seja para enfeitar nosso Gongá, seja para ofertar
as nossas amadas Entidades de Luz.

    Cada Orixá tem as flores de sua preferência, seja para
recebimento, seja para serem aplicadas em "trabalhos", ou seja apenas
para fazer que a vida fique mais colorida.

    Abaixo colocaremos as flores de cada Orixá, e de cada linha de
Entidade de Luz e algumas utilidades delas, para que possamos entender
a sua importância.


OXALÁ



As flores de Oxalá são os lírios brancos e todas as flores que sejam
dessa cor. As rosas devem ter seus espinhos aparados.

    Os filhos de Oxalá ao serem batizados devem ser banhados com água
de cachoeira com pétalas de rosa branca e as ervas manjericão branco e
folha de laranjeira. Para que assim sua coroa seja pura para o
recebimento da vibração desse Orixá.

    Como as flores foram responsáveis por Oxalá se Tornar o Pai da
Criação?

     Iemanjá, a filha de Olokum, foi escolhida por Olorum para ser a
mãe dos orixás. como ela era muito bonita, todos a queriam para
esposa; então, o pai foi perguntar a Orumilá com quem ela deveria
casar. Orumilá mandou que ele entregasse um cajado de madeira a cada
pretendente; depois, eles deveriam passar a noite dormindo sobre uma
pedra, segurando o cajado para que ninguém pudesse pegá-lo. na manhã
seguinte, o homem cujo cajado estivesse florido seria o escolhido por
Orumilá para marido de iemanjá. os candidatos assim fizeram; no dia
seguinte, o cajado de oxalá estava coberto de flores brancas, e assim
ele se tornou pai dos orixás.

Trova:

"No jardim de flores tão belas,
chamado de reino de Orixá,
cores lindas de aquarelas,
essas flores abençoadas por Oxalá."


IEMANJÁ



As flores de Iemanjá são as rosas brancas, palmas brancas, angélicas,
orquídeas e crisântemos brancos.

    É muito comum que na virada de um ano para o outro, ou no dia 2 de
fevereiro, que é o dia de Mãe Iemanjá, fiéis joguem flores brancas no
mar pedindo proteção, saúde, paz e vitória em objetivos. Essas flores
podem ser todas as flores brancas, mas o mais comum são as palmas.

    Ao serem batizados, os filhos de Iemanjá podem tomar um banho de
pétalas de rosas brancas, pétalas de palmas brancas e alfazema. Todas
colocadas em água de mina ou cachoeira.

    O banho de pétalas  de rosa branca também pode ser feito para
mulheres que desejam proteção contra inveja em seus cabelos. E também
para serem lavados antes de cortarem. Só frisando que as filhas de
Iemanjá só devem aparar as pontas dos cabelos, jamais cortarem na
altura dos ombros.

Trova:

"Flores brancas e brilhantes,
irei jogar nas ondas do mar,
pedindo paz e felicidade constante,
rogando a Iemanjá para me abençoar."


NANÃ BURUQUÊ



    As flores de Nanã Buruquê são todas as flores na cor roxa
(lilás), entre elas se destacam o amor perfeito, as hortênsias, flor
de lis e a flor de maio.

    O significado dessas flores tem muito a ver com Nanã, pois o
simbolismo delas são a ligação com a calma, o amor e os sentimentos
bons.

    Os filhos de Nanã Buruquê em seus batizados podem tomar um banho
de limpeza de espírito com a flor de maio, hortênsias e a erva
manjericão roxo, feitos com água de poço, para fazer a vibração da
coroa se aproximar a vibração da Orixá.

Trova:

"Uma flor linda ofertei a minha Orixá,
flor perfumada lhe entrego toda a manhã,
aos seus pés dou meu axé e meu saravá,
minha doce buruquê minha amada Nanã."


OXUM



    As flores de Oxum são os lírios e as rosas amarelas.

    Os filhos de Oxum ao serem batizados podem tomar um banho de
pétalas de rosas amarelas e lírios, juntamente com as ervas manjericão
branco e jasmim, feitos em água de cachoeira, para que assim seja
feita a vibração da coroa junto com a Orixá.

    Também é utilizado muito o banho de limpeza espiritual em moças
que estão para se casar, esse banho em algumas tradições é feito um
dia antes do entrelace matrimonial para demonstrar a pureza, pois o
lírio é uma flor que simboliza a brancura, a inocência e virgindade.

    O lírio é também a flor do amor, que carrega ambiguidades e pode
ser tanto irrealizável, reprimido ou sublimado. Quando o amor é
sublimado, o lírio simboliza a glória do amor. E por ser Oxum uma
Orixá sedutora mas de ar jovial, o lírio é a principal flor que
devemos apresentar a todos os trabalhos e banhos a seus filhos.

Trova:

"Minhas flores lindas e sagradas,
que perfumam e encantam o meu ser,
mamãe Oxum Orixá tão amada,
com seus lírios brancos venha agora me valer."


IANSÃ



    Flores de Iansã são os corais, ou todas as flores amarelas
(tulipas, rosas, lírios, acácias, cravos, crisântemos, dália, etc.).

    Os filhos de Iansã, ao serem batizados, devem tomar um banho de
aproximação de coroa com a Orixá, das seguintes flores: Rosas amarelas
e corais, juntamente com uma espada de Iansã, esse banho deve ser
feito com a água recolhida da chuva, e se deve deixar as flores nessa
água por uma noite inteira ao sereno. Após isso, se pode fazer o banho
fervendo a água e deixando em infusão até a temperatura ser agradável
ao corpo.

Trova:

"As flores de minha bela mãe Iansã,
que perfumam o meu andar,
tem o brilho do Sol pela manhã,
iluminando minha vida e meu caminhar."


OGUM



    As flores de Pai Ogum são os cravos, as cristas de galo e as
palmas vermelhas.

    Os filhos de Ogum ao se batizarem devem tomar um banho com palmas
vermelhas e espada de Ogum, sendo feito em água de mina, para vibrarem
a coroa junto a esse Orixá.

    As palmas vermelhas também são muito usadas para enfeitar o Gongá
na Gira da festa de Ogum, no dia 23 de abril.

Trova:

"Vermelhas são as flores de meu Orixá,
Orixá guerreiro vencendo inimigo um a um.
na Umbanda vibra e ilumina nosso Gongá,
esse Orixá divino é meu Pai Ogum.


XANGÔ



    As flores do poderoso Orixá Xangô são os cravos vermelhos e
brancos.

    Como os cravos são conhecidos como as flores masculinas, é dito
que os Orixás de muita força, personalidade forte, justiceiro e
dominador, tem como ritual o uso dessas flores.

    Os filhos de Xangô ao serem batizados, poderão ser banhados com a
infusão de cravo branco e da erva de São João, feitos em água de
cachoeira. Fazendo assim estaria interligando a coroa do filho a
vibração do Pai.

Trova:

"A justiça predomina meu ser,
a Pai Xangô flores brancas levarei,
uma homenagem ao senhor desejo fazer,
meu Orixá poderoso Xangô divino rei."

OXOSSI



    As flores do campo são as flores de Oxossi. E como o Orixá, as
flores do campo podem nos transmitir sentimentos e sensações como:
equilíbrio, calma, energia e felicidade.

    As flores do campo também demonstra vitalidade, juventude, e tem
muita facilidade de nascerem por entre as florestas, matas,
espalhando-se espontaneamente pelo solo.

    Dentre várias espécies de flores do campo podemos demonstrar as
violetas, as margaridas, as azaleias, as hortênsias, os girassóis,
tulipas, dente de leão, entre outras.

    Os filhos de Oxossi podem fazer o seguinte banho para aproximação
do Orixá na coroa ao se batizarem: Pode escolher qualquer uma das
espécies das flores do campo dita acima, e fazer juntamente com
alecrim, guiné, erva de Oxossi e água de cachoeira ou de lagoa,
fervendo a água e deixando as flores e as ervas em infusão até a
temperatura ficar agradável ao corpo.

Trova:

"Flores lindas nasceram em meu jardim,
flores essas que busquei na mata sagrada,
flores tão belas que Pai Oxossi mandou para mim,
deixando minha vida mais feliz e perfumada."

OBALUAIÊ/OMULÚ



    As flores de Obaluaiê/Omulú é o monsenhor branco, também conhecido
com o nome de crisântemo.

    Essa flor é vista como a flor da verdade e da sinceridade. Assim
como é visto Obaluaiê/Omulú.

    Ela também é dada as pessoas adoentadas como símbolo de desejo de
cura e reabilitação.

    Tanto os filhos de Obaluaiê/Omulú quanto os que vem ao contrário,
Omulú/Obaluaiê, devem ser banhados ao se batizarem com água de poço
fervida, e tendo a infusão da flor monsenhor branco e as ervas canela
de velho e erva de passarinho, para a vibração do Orixá se aproximar
da vibração da coroa do filho.

Trova:

"Flores ao meu Pai ofertei,
que com carinho me agradeceu,
sabendo que esse Orixá é meu grande rei,
Obaluaiê/Omulú Orixá que sempre me protegeu."


IBEIJADA



    As nossas crianças amadas todas as flores dos jardins são aceitas,
mas prestemos atenção nas flores que tenham espinhos, devemos retirar
todos ao ofertarmos as Ibeijadas.

    Em especial, as crianças gostam muito das margaridas e das rosas
mariquinhas.

    Quando for desejado dar um banho de descarrego nos pequenos,
normalmente é de rosa mariquinha, alecrim, jasmim. Podendo escolher
entre eles. A preferência que seja no dia de domingo, e feito com água
de mina ou cachoeira.

    Sempre que pedimos algo as Ibeijadas, normalmente prometemos
balas, doces, guaraná, pipoca, mas também podemos prometer flores,
principalmente as meninas, que adoram se enfeitar com essas belezas da
natureza.

    A cada criança se pode dar uma flor diferente, claro que isso vai
conforme a vontade de cada uma delas. Mas só pra frisar, cada criança
vem na vibração de um Orixá, é um tanto natural, no caso das flores,
que elas desejam as flores semelhantes com a linha que segue, por
exemplo, se é de Oxum, flores de Oxum, se de Iemanjá, flores de
Iemanjá, e assim por diante.

Trova:

"Flores tão belas plantei em meu jardim,
lindas e deslumbrantes todas ficaram,
rosas, margaridas, violetas e jasmim,
flores tão belas nesse jardim as crianças pegaram."


PRETOS VELHOS



    Como todos os Pretos Velhos vem na irradiação de Omulú/Obaluaiê, a
principal flor dessa Entidade é o crisântemo branco, assim como é do
Orixá.

    Mas também são bem aceitas, e claro apreciadas pelos nossos
velhinhos e velhinhas, o lírio branco, rosa branca e a margarida.

    Muitas vezes quando pedimos um banho de descarrego a um Preto
Velho, e se nesse banho houver o pedido de flores, é normal ser
passado com pétalas de rosas brancas ou margaridas, com guiné, arruda
e folhas de lágrima de Nossa Senhora.

Trova:

"Apanhei galhos de arruda e guiné,
levei flores para meus velhos enfeitar,
sou filho de Umbanda e tenho fé,
que vovôs e vovós minhas flores vão aceitar."


CABOCLOS



    Os Caboclos vem da irradiação de Oxossi, portanto as flores dessas
Entidades de Luz podem ser as mesmas do Orixá, ou seja, as violetas,
as margaridas, as azaleias, as hortênsias, os girassóis, tulipas,
dente de leão, entre outras.

    No entanto os Caboclos podem vir de linhas de outros Orixás, mesmo
sendo da irradiação de Oxossi, sendo assim se pode ofertar flores de
acordo com o Orixá de linha do Caboclo ou Cabocla.

    Quando se é pedido algum banho de descarrego ou de aproximação de
Entidade na linha dos Caboclos, e esse banho contém flores, é feito
com cravos brancos,lírios brancos, juntamente com ervas como guiné,
alecrim, manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro,
café (alfavaca, coco de dendê, folha do juízo, hortelã, jenipapo,
lágrimas de nossa senhora, narciso de jardim, vassourinha, verbena).
Isso dependendo de cada caso e de cada linha de Caboclo ou Cabocla.
Esses banhos devem ser feitos com água de cachoeira, ou de lagoa,
ou colhida da chuva.

Trova:

"Nas  florestas e matas tão sagradas,
lindas flores fui apanhar,
para ofertar meus Caboclos e Caboclas amadas,
que com carinho luz deram ao meu caminhar."


BOIADEIROS



    As flores dos Boiadeiros são as flores dos Cactos, os cravos
amarelos, crisântemos amarelos e tulipas amarelas.

    Para um banho de aproximação dessa Entidade a coroa do filho, se
deve usar qualquer uma das flores descritas acima, com ervas de guiné
e arruda. A preferência que seja utilizado a água colhida da chuva,
principalmente de tempestade, ou de poço profundo, ou de rio de água
corrente forte.

Trova:

"Na caminhada no meu sertão,
flores belas eu avistei,
cactos, violetas e tulipas de perfeição,
ofertei a senhor Boiadeiro que do sertão é rei."


MALANDROS



    As flores ofertadas aos Malandros são os cravos vermelhos e
também os brancos, assim como as rosas da mesma cor. Também pode ser
ofertadas outros tipos de flores sendo elas nas cores vermelhas,
brancas ou amarelas, mas a preferência que seja cravos e rosas.

    Para um banho de vibração da coroa do médium com a coroa de um
Malandro, é recomendado usar pétalas de rosas brancas e vermelhas,
com sete cravos brancos e sete vermelhos. Tudo isso feito em água de
mina ou cachoeira, juntamente com guiné, vence demanda, abre caminho e
sete pauzinhos de canela.

Trova:

"Flores brancas e vermelhas ofertei,
e na Lapa fui entregar,
de Zé Pilintra e dos Malandros me aproximei,
e meus caminhos eles fizeram iluminar."


CIGANOS



    Os Ciganos tem uma adoração e um respeito grandioso pelas flores.
Para Ciganos devemos ofertar cravos brancos ou amarelos, podendo ser
ofertados também o lírio amarelo, o girassol, ou o dinheiro em penca.

    Para as Ciganas se deve ser ofertado as rosas de todas as cores,
os lírios, dálias, violetas ou tulipas, independente de cor.

    Banho de vibração dessas Entidades de Luz para vibrarem juntamente
com a coroa dos Médiuns, deve-se fazer com cravos brancos ou amarelos,
juntamente com uma maçã cortada em sete partes, feitos em água de rio,
cachoeira ou de mina, isso para vibrarem os Ciganos. Já para as
Ciganas deve-se trocar os cravos pelas rosas. Sendo que os Ciganos
deverá ser feito esse banho a noite, enquanto para as Ciganas deverá
ser ao raiar do Sol.

Trova:

"No jardim da vida plantei flores tão belas,
nas paradas ou nas viagens, seja aqui ou ali,
de cores vivas lindas como aquarelas,
flores darei aos Ciganos ou a Santa Sara Kali."

POMBO GIRAS



    As lindas moças de Umbanda, as nossas amadas Pombo Giras, amam
receber Rosas vermelhas, mas também se fascinam com as rosas de outras
cores. Ao ofertarmos flores como agrado a essas Entidades de Luz,,
elas logo pegam essas rosas e colocam nos cabelos, ou aspiram
longamente o perfume dessas adoráveis flores, se inebriando de prazer
pelo odor maravilhoso, e desse prazer soltam gostosas gargalhadas,
demonstrando sua felicidade por terem recebido algo tão especial para
elas.

    Como as rosas vermelhas demonstram o amor e a paixão intensa,
assim é vista também as Pombo Giras, quando se enfeitam com essas
preciosidades da natureza.

    É feito um banho de aproximação da vibração dessa linda Entidade
com a coroa do Médium, de pétalas de sete rosas vermelhas, juntamente
com alfazema e jasmim, feitos em água de mina, cachoeira ou de rio.

Trova:

"Rosas vermelhas de perfume que enobrece,
as lindas moças de Umbanda vou presentear,
os brilhos das pétalas meu coração aquece,
com rosas vermelhas Pombo Giras vão me abençoar."


EXÚS



    Os nossos compadres Exús, são Entidades de Luz que reinam a noite,
por isso as flores de cores nos tons mais escuros são as preferidas.
Mas se desejarmos oferecer flores a nossos Guardiões, deem preferência
aos cravos vermelhos e os antúrios vermelhos.

    Para que a vibração espiritual dessa Entidade maravilhosa chegue
fortemente a coroa do Médium que está em desenvolvimento mediúnico
para recebê-lo poderá fazer um banho de vibração de sete cravos
vermelhos com as ervas casca de alho, folhas de pitanga e garra de
Exú, feitos em água de poço, ou de mina, ou de rio que tenha
correnteza.

Trova:

"Cravos vermelhos levei a Exú,
que nos jardins de Aruanda cresceram,
flores nos mares, matas e até na Calunga de Omulú,
essas flores todas as bençãos colheram."

    Para finalizar, gostaria de frisar que nas festas de cada Orixá,
ou nas Giras dedicadas a cada Entidade de Luz, podemos enfeitar nosso
Gongá com muitas palmas brancas, dálias brancas e com as flores de
cada Orixá ou Entidade de Luz, para que assim a nossa Gira se complete
com a beleza e o perfume dessas bençãos que nos foi presenteadas por
Deus, nosso Pai Maior.

    Que as flores do céu enfeite nossos caminhos com suas pétalas sagradas, sempre retirando todos os espinhos, para que possamos caminhar com mais suavidade até a evolução espiritual.

Saravá Umbanda!