quarta-feira, 5 de outubro de 2016

05 de Outubro dia de São Benedito

São Benedito

São Benedito nasceu perto de Messina, na ilha da Sicília, Itália, no ano de 1526. Benedito significa abençoado. Seus pais foram escravos vindos da Etiópia para a Sicília. Era filho de Cristovão Manasceri e de Diana Larcan. O casal não queria ter filhos para não gerarem mais escravos. O senhor deles, sabendo disso, prometeu que, se eles tivessem um filho, daria a ele a liberdade. Assim, eles tiveram Benedito. E, como prometido, ele foi libertado pelo seu senhor ainda menino.
Benedito foi educado por seus pais na fé cristã. Quando menino, cuidava das ovelhas e sempre aproveitava para rezar o Rosário, ensinado por sua mãe.

A vida de São Benedito

Quando tinha 20 anos foi insultado por causa de sua raça. Porém, com muita calma e paciência suportou tudo. Vendo isso, o líder dos eremitas franciscanos, Frei Jerônimo Lanza, convidou-o para fazer parte da congregação. São Benedito aceitou prontamente, vendeu tudo o que tinha e se tornou um eremita franciscano, ficando com eles por volta de 5 anos.
Papa Pio IV, desejando unificar a ordem franciscana, ordenou aos eremitas que se juntassem a qualquer ordem religiosa. Benedito foi para o mosteiro da Sicília, um convento em Santa Maria de Jesus. Era o convento dos franciscanos capuchinhos. Benedito entrou como irmão leigo, assumindo uma função tida como secundária: a de cozinheiro. Benedito, porém, fez da cozinha um santuário de oração e fervor. Vivia sempre alegre e com muita mansidão, conquistando a todos com sua comida saborosa e sua simpatia.
Foi transferido depois para o convento de Sant’Ana di Giuliana, ficando por 4 anos. Depois retornou para o convento de Santa Maria de Jesus, permanecendo ali até sua morte.

Superior do mosteiro

Por causa de sua vida exemplar, trabalho, oração e ajuda a todos, Frei Benedito tornou-se um líder natural. Em 1578 foi convidado para ser o Guardião, (superior) do mosteiro, cargo que aceitou depois de muita relutância. Apesar de ser analfabeto, administrou o mosteiro com grande sucesso, seguindo com rigor os preceitos de São Francisco. Organizou os noviços, foi caridoso os padres, era o primeiro a dar exemplo nas orações e no trabalho.

São Bernedito, um analfabeto procurado pelos teólogos

Os teólogos vinham de longe para conversar com São Benedito e aprender com ele. Frei Benedito tinha o dom da sabedoria e o dom da ciência. E, apesar de sua condição de analfabeto, ensinava a todos.
Mandava os porteiros não dispensarem nenhum pobre sem antes dar-lhes alimento e ajuda, mesmo na dificuldade do mosteiro. Quando termina seu mandato como superior, ele volta com alegria para o seu ofício de cozinheiro.

A fama de São Benedito

Todos queriam ver e tocar em São Benedito, por causa de sua fama de santidade, palavras, milagres e orações. Os escravos simpatizavam muito com ele, por ser negro, pobre e com grandes virtudes. Em torno do seu nome surgiram numerosas irmandades. São Benedito é um dos Santos mais populares no Brasil, com inúmeras paróquias por todos os lugares inspiradas em seu modelo de humildade e caridade.

Os Milagres de São Benedito

Grande é o numero de milagres de São Benedito, inclusive a ressurreição de dois meninos, a cura de vários cegos e surdos, a multiplicação de peixes e pães, e vários outros milagres. Alguns milagres de multiplicação de alimentos aconteceram na cozinha de São Benedito. Por isso, ele é tido carinhosamente pelo povo como o Santo Protetor da cozinha, dos cozinheiros, contra a fome e a falta de alimentos.

Falecimento

Um dia Frei Benedito profetizou que quando morresse teria que ser enterrado às pressas para evitar problemas para seus irmãos. Depois disso, ficou gravemente doente e faleceu no dia 4 de abril de 1589, aos 65 anos de idade. E a profecia se cumpriu: quando ele faleceu uma multidão invadiu o mosteiro para vê-lo, conseguir algum objeto seu ou um pedaço de sua roupa de monge para terem como relíquia do santo pobre e humilde, causando problemas para o convento.
Na hora de sua morte ele disse com muita alegria: Jesus! Jesus! Minha mãe, doce Maria! Meu Pai São Francisco! E morreu em paz. Seu corpo foi transladado para a igreja e exalava suave perfume. Exumado posteriormente, estava intacto, (incorrupto). Em 1611 seu corpo foi colocado em uma urna de cristal na igreja de Santa Maria em Palermo para visitação e permanece até os dias de hoje.

Imagem de São Benedito

São Benedito foi canonizado em 24 de maio de 1807, pelo Papa Pio Vll. É representado com o menino Jesus nos braços por que fora visto várias vezes com um lindo bebê nos braços quando estava em profunda oração. Por orientação da CNBB, no Brasil a festa de São Bendito é comemorada no dia 5 de outubro.

Oração a São Benedito

Glorioso São Benedito, grande confessor da fé, com toda a confiança venho implorar a vossa valiosa proteção. Vós, a quem Deus enriqueceu com dons celestes, consegui-me as graças que ardentemente desejo, para maior glória de Deus. Confortai o meu coração nos desalentos.
Fortificai minha vontade para cumprir bem os meus deveres. Sede o meu companheiro nas horas de solidão e desconforto. Assisti-me e guiai-me na vida e na hora da minha morte, para que eu possa bendizer a Deus nesse mundo e gozá-lo na eternidade. Com Jesus Cristo, a quem tanto amastes. Assim seja, amém.

SIGNIFICADO E SIMBOLISMO DE SÃO BENEDITO

A imagem de São Benedito apresenta vários aspectos importantes da vida deste santo tão querido e venerado em todo o mundo. Filho de escravos oriundos da Eitópia, ele nasceu na Itália com a promessa de ser liberto da escravidão assim que nascesse, que, de fato, aconteceu. Homem livre, porém, analfabeto, Benedito recebeu uma sólida educação cristã de seus pais e se tornou o grande São Benedito. Vamos conhecer os sinais de sua imagem.

A tonsura de São Benedito

A tonsura era o corte de cabelo usado pelos religiosos para simbolizar a consagração que tinham feito a Deus e o voto de castidade. Assim, a tonsura de São Benedito nos revela que ele era um consagrado a Deus e tinha feito voto de castidade.

O hábito marrom de São Benedito - 1

O hábito marrom de São Benedito conta-nos a história da vida religiosa deste grande santo. Aos 19 anos, o jovem Benedito reagiu com paciência e misericórdia a um insulto por causa da cor de sua pele. O ato foi visto e admirado por um eremita franciscano, que o convidou para ser também eremita, vendo em Benedito a vocação religiosa. Benedito aceitou e viveu alguns anos como eremita franciscano, dedicando-se inteiramente à oração, à caridade e à penitência. Depois, os eremitas foram anexados aos Franciscanos Capuchinhos. Frei Benedito acompanhou, passando a ser o cozinheiro da congregação.

O hábito marrom de São Benedito - 2

O hábito marrom de São Benedito simboliza também a humildade e a simplicidade deste grande santo. Marrom é a cor da terra, a cor do 'húmus', de onde vem a palavra humildade. Marrom também é a cor da simplicidade. Essas virtudes humildade e simplicidade foram as granes marcas da vida de São Benedito. Cozinheiro do convento durante a maior parte de sua vida, exerceu este serviço considerado 'inferior' com grande alegria e gratidão a Deus. Por isso, conquistou a todos os seus confrades. Vendo a santidade de Frei Benedito, seus confrades elegeram-no superior do convento. Depois de muito relutar, aceitou a missão e exerceu-a com grande competência, levando grandes benefícios para o convento. Terminada sua missão como superior, voltou a ser o cozinheiro com toda a alegria.

O Menino Jesus no colo de São Benedito

O Menino Jesus no colo de São Benedito tem dois significados. O primeiro é uma referência à experiência sobrenatural que São Benedito viveu várias vezes com Menino Jesus. Muitas testemunhas viram o santo em profunda oração, tendo em seus braços o Menino Jesus. O segundo significado é a presença de Deus na vida de São Benedito. Isso transpareceu através da humildade, da alegria, da santidade e dos milagres operados através do santo. Dentre eles destacam-se ressurreições de dois meninos, curas de cegos e surdos e a multiplicação de pães e peixes. Por isso ele é o santo protetor dos cozinheiros.

O terço nas mãos de São Benedito

O terço nas mãos de São Benedito simboliza seu espírito de oração profunda e sua devoção a Nossa Senhora. Como todo bom franciscano, São Benedito era um homem de profundo amor e devoção à Virgem Maria, dedicando-se todos os dias à oração do santo rosário.

Oração

'Glorioso São Benedito, grande confessor da fé, com toda a confiança venho implorar a vossa valiosa proteção. Vós, a quem Deus enriqueceu com dons celestes, consegui-me as graças que ardentemente desejo, para maior glória de Deus. Confortai o meu coração nos desalentos.Fortificai minha vontade para cumprir bem os meus deveres. Sede o meu companheiro nas horas de solidão e desconforto. Assisti-me e guiai-me na vida e na hora da minha morte, para que eu possa bendizer a Deus nesse mundo e gozá-lo na eternidade. Com Jesus Cristo, a quem tanto amastes. Assim seja, amém.'

Dia de Ossaim na Umbanda

05 de outubro, Dia de São Benedito e Ossaim
Tamanho é seu poder dentro da Umbanda que nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua interferência e assistência – sem Ossaim não existeorixá ou Umbanda!
É conhecida a máxima na Umbanda que “sem folha não existe orixá”, eOssaym é detentor do axé das folhas e todos os orixás da Umbanda devem a Ossaim reverência por isso.
O encanto das folhas, o axé das ervas é o presente de Ossaim a nós humanos. Através das folhas de Ossayn nos curamos, banhamos, alimentamos e entramos em contato íntimo com nossas raízes espirituais, com nossos orixás.

Participação de Ossaim na Umbanda

Ossaim traz também a influência das folhas para as operações da adivinhação, acompanhando sempre Ifá, ajuda também nas consultas ao Jogo de Búzios.
O culto deste orixá é tão importante que existe um cargo só para ele: oBabalossain, mas no Brasil, poucas casas tem seu próprio Babalossain ouOlossain. Normalmente essa função é dada a um filho de Ossain, a um Ogã ou o próprio Babalorixá ou Yalorixá (Mãe de Santo) a executa.

Dia 05 de outubro é “Dia de Ossaim”

Homenageados em 05 de outubro
A comemoração vem do dia do santo católico ligado a Ossaim pelo sincretismo religioso, associado a São Benedito, o mouro, santo                                                                               protetor dos negros.
Neste dia é realizada a Sassayin ou Sasanha, nome que se dá ao ritual da Umbanda para retirar a energia vital das folhas e extrair o seu sangue (sumo da planta), que é chamado “sangue de origem vegetal”, no sentido de purificar e alimentar os objetos sagrados e o corpo dos iniciados, possibilitando o equilíbrio e a renovação das energias da Casa de Umbanda.
orixá Ossaim, dono dos segredos de todas as folhas é saudado em todas as cantigas deste ritual.
O ato de cantar as folhas sagradas ou rezar as folhas, com cantigas específicas para cada folha (ewe), e seu conteúdo que é o atributo da folha, é utilizado principalmente na preparação do abô, chamada de água sagrada na feitura de santo.

Saiba mais sobre Ossaim em nosso site

Sem folha não existe orixá – Ossaim é o orixá feiticeiro comemorado em 05 de outubro. Ele que encanta as folhas, pois sem folha não existe orixá, como afirma o povo de santo.






Benedito nasceu na Sicília por volta de 1526, filho de negros que haviam sido escravos vindos da Etiópia, mais tarde libertos por seus senhores. Sua família era pobre, e Benedito foi pastor de ovelhas e
lavrador. Ingressou num convento franciscano de Palermo, capital da Sicília, e foi religioso exemplar, primando pelo espírito de oração, pela humildade e pela obediência. Andava descalço,
dormia no chão sem cobertas e fazia muitos outros sacrifícios.
Muitos eram os que o procuravam em busca de conselhos e orações e alcançavam muitas curas.

Depois de 17 anos, mudou-se para o Convento dos Capuchinhos, onde foi escalado como cozinheiro, permanecendo nesse serviço até ser eleito por seus irmãos de comunidade como superior do Mosteiro. Era
leigo e analfabeto, mas foi eleito por sua santidade, prudência e sabedoria. Considerado iluminado pelo Espírito Santo, profetizou muitas vezes com incrível acerto. Foi favorecido por Deus com o dom
dos milagres.

Tendo concluído seu período como superior, retornou com humildade e naturalidade para a cozinha do convento, reassumindo com alegria as funções modestas que antes desempenhara.

Sempre que podia, São Benedito apanhava alguns alimentos do convento e, disfarçadamente, os levava aos necessitados. Conta-se que numa dessas ocasiões, Benedito foi surpreendido pelo superior do convento, que perguntou: "Que levas aí, na dobra do teu manto irmão Benedito ?" E Benedito respondeu: "Rosas, meu senhor !".
Benedito desdobrou o manto franciscano e, em lugar dos alimentos suspeitados, apresentou aos olhos pasmos do superior uma braçada de rosas vermelhas, e as pétalas espalharam-se pelo chão. Assim, o
negro que se tornaria santo se livrou de um castigo ao transformar pães em flores, milagre que fez dele um dos exemplos mais inspiradores do Cristianismo.

Amado de Norte a Sul do Brasil, São Benedito, por estar sempre preocupado com o bem-estar dos mais necessitados, é considerado o Protetor dos Pobres. Morreu em 4 de Abril de 1589 em Palermo, na
Itália..

O culto de São Benedito, um dos mais populares no Brasil, é associado aos padecimentos do negro brasileiro, tendo sido muito difundida sua devoção entre os escravos. Por isso, é também
considerado o Protetor dos Negros. Em São Paulo, São Benedito é intensamente festejado. A devoção a São Benedito é muito forte e difundida por todo o estado, motivando grandes festas e a atuação
dos congos, moçambiques e batuques, danças e festejos tipicamente afro-brasileiros. Suas festas se estendem por todo o ano, estabelecendo um verdadeiro Ciclo de São Benedito.

NA IMAGEM DE SÃO BENEDITO, a coroa e a auréola simbolizam o resplendor do santo; o manto identifica São Benedito como um fiel franciscano e o bebê em seu colo é um simbolismo do amor à
pobreza, representado no Menino Jesus.





SÃO BENEDITO NA UMBANDA

A divisão das Linhas de Umbanda e seus respectivos chefes de Legiões é um assunto que tem diversas interpretações, mas existem as mais usadas e aceitas. Cada Linha corresponde a um grande exército de Espíritos, os chamados " Falangeiros " da Umbanda. Cada Linha é composta por sete Legiões, e cada uma dessas Legiões tem os seus respectivos chefes.

São Benedito é Chefe de Legião da Linha de Oxalá, a primeira Linha de Umbanda, que é uma Legião que agrega Espíritos que naTerra tiveram grande sentimento religioso.

ORAÇÃO À SÃO BENEDITO

Glorioso São Benedito, grande confessor da fé. Com toda a confiança, venho implorar a sua valiosa proteção. Vós, a quem Deus enriqueceu com os dons celestes, concedei-me as graças que
ardentemente desejo para a maior glória de Deus. Confortai meu coração nos desalentos, fortificai minha vontade para cumprir bem os meus deveres ! Vinde orientar-me nas horas decisivas de minha vida e na hora da minha morte, para que eu possa bendizer a Deus nesse mundo e gozar na eternidade com Jesus Cristo, a quem tanto amastes.

Assim Seja, amém.

Fonte: Revista Espiritual de Umbanda



Na Umbanda, o culto é feito a Obaluaiê, que se desdobra com o nome de Omulu. Orixá originário do Daomé. É um Orixá sombrio, tido entre os iorubanos como severo e terrível, caso não seja devidamente cultuado, porém Pai bondoso e fraternal para aqueles que se tornam merecedores, através de gestos humildes, honestos e leais.

Nanã decanta os espíritos que irão reencarnar e Obaluaiê estabelece o cordão energético que une o espírito ao corpo (feto), que será recebido no útero materno assim que alcançar o desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).

Ambos os nomes surgem quando nos referimos à esta figura, seja Omulu seja Obaluaiê. Para a maior parte dos devotos do Candomblé e da Umbanda, os nomes são praticamente intercambiáveis, referentes a um mesmo arquétipo e, correspondentemente, uma mesma divindade. Já para alguns babalorixás, porém, há de se manter certa distância entre os dois termos, uma vez que representam tipos diferentes do mesmo Orixá.

São também comuns as variações gráficas Obaluaê e Abaluaê.

Um dos mais temidos Orixás, comanda as doenças e, consequentemente, a saúde. Assim como sua mãe Nanã, tem profunda relação com a morte. Tem o rosto e o corpo cobertos de palha da costa, em algumas lendas para esconder as marcas da varíola, em outras já curado não poderia ser olhado de frente por ser o próprio brilho do sol. Seu símbolo é o Xaxará - um feixe de ramos de palmeira enfeitado com búzios.

Em termos mais estritos, Obaluaiê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omulu é sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Obaluaiê é a que mais se vê.

A figura de Omulu/Obaluaiê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.

Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola, tal visão porém, é uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente era a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omulu/Obaluaiê, o Daomé.

Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmão) e Nanã (sua Mãe), Omulu/Obaluaiê é uma criatura da cultura jêje, posteriormente assimilada pelos iorubás. Enquanto os Orixás iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanos, as figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior. Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças.

A visão de Omulu/Obaluaiê é a do castigo. Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais prováveis nos Orixás iorubás.

Pierre Verger, nesse sentido, sustenta que a cultura do Daomé é muito mais antiga que a iorubá, o que pode ser sentido em seus mitos: A antigüidade dos cultos de Omulu/Obaluaiê e Nanã (Orixá feminino), freqüentemente confundidos em certas partes da África, é indicada por um detalhe do ritual dos sacrifícios de animais que lhe são feitos. Este ritual é realizado sem o emprego de instrumentos de ferro, indicando que essas duas divindades faziam parte de uma civilização anterior à Idade do Ferro e à chegada de Ogum.

Como parte do temor dos iorubás, eles passaram a enxergar a divindade (Omulu/Obaluaiê) mais sombria dos dominados como fonte de perigo e terror, entrando num processo que podemos chamar de malignação de um Orixá do povo subjugado, que não encontrava correspondente completo e exato (apesar da existência similar apenas de Ossãe). Omulu/Obaluaiê seria o registro da passagem de doenças epidêmicas, castigos sociais, já que atacariam toda uma comunidade de cada vez.

Obaluaiê, o Rei da Terra, é filho de NANÃ, mas foi criado por IEMANJA que o acolheu quando a mãe rejeitou-o por ser manco, feio e coberto de feridas. É uma divindade da terra dura, seca e quente. É às vezes chamado "o velho", com todo o prestígio e poder que a idade representa no Candomblé. Está ligado ao Sol, propicia colheitas e ambivalentemente detém a doença e a cura. Com seu Xaxará, cetro ritual de palha da Costa, ele expulsa a peste e o mal. Mas a doença pode ser também a marca dos eleitos, pelos quais Omulu quer ser servido. Quem teve varíola é freqüentemente consagrado a Omulu, que é chamado "médico dos pobres".

Suas relações com os Orixás são marcadas pelas brigas com Xangô e Ogum e pelo abandono que os Orixás femininos legaram-lhe. Rejeitado primeiramente pela mãe, segue sendo abandonado por Oxum, por quem se apaixonou, que, juntamente com Iansã, troca-o por Xangô. Finalmente Obá, com quem se casou, foi roubada por Xangô.

Existe uma grande variedade de tipos de Omulu/Obaluaiê, como acontece praticamente com todos os Orixás. Existem formas guerreiras e não guerreiras, de idades diferentes, etc., mas resumidos pelas duas configurações básicas do velho e do moço. A diversidade de nomes pode também nos levar a raciocinar que existem mitos semelhantes em diferentes grupos tribais da mesma região, justificando que o Orixá é também conhecido como Skapatá, Omulu Jagun, Quicongo, Sapatoi, Iximbó, Igui.

Esta Grande Potência Astral Inteligente, quando relacionado à vida e à cura, recebe o nome de Obaluaiê. Tem sob seu comando incontáveis legiões de espíritos que atuam nesta Irradiação ou Linha, trabalhadores do Grande Laboratório do Espaço e verdadeiros cientistas, médicos, enfermeiros etc., que preparam os espíritos para uma nova encarnação, além de promoverem a cura das nossas doenças.

Atuam também no plano físico, junto aos profissionais de saúde, trazendo o bálsamo necessário para o alívio das dores daqueles que sofrem.

O Senhor da Vida é também Guardião das Almas que ainda não se libertaram da matéria. Assim, na hora do desencarne, são eles, os falangeiros de Omulu, que vêm nos ajudar a desatar nossos fios de agregação astral-físico (cordão de prata), que ligam o perispírito ao corpo material.

Os comandados de Omulu, dentre outras funções, são diretamente responsáveis pelos sítios pré e pós morte física (Hospitais, Cemitérios, Necrotérios etc.), envolvendo estes lugares com poderoso campo de força fluidíco-magnético, a fim de não deixarem que os vampiros astrais (kiumbas desqualificados) sorvam energias do duplo etérico daqueles que estão em vias de falecerem ou falecidos.


Faz caridade fio, faz caridade fio!
Assim era as fala do negro Ambrósio através do aparelho mediúnico que lhe servia de canal para fazer proseador.
Não era a primeira vez que aquele consulente ouvia esse conselho do Pai Velho. Já haviam se passado oito meses desde o primeiro dia que aquele senhor tinha adentrado ao terreiro, passando a fazer parte da assistência, sempre voltando ao negro Ambrósio para tirar suas duvidas.
Naquele dia ele estava decidido. Iria perguntar ao Velho porque toda vez que falava com ele escutava o mesmo conselho. Será que como espírito não estava vendo que ele já estava fazendo sua parte?
Esperou ansioso a sua vez. Aquela noite seria especial, seria diferente das outras, aquele encontro marcaria uma nova etapa no caminhar daquele senhor.
Como sempre fazia, mais por repetição do que mesmo por convicção, se ajoelhou diante do negro Ambrósio e foi dizendo:
- Benção vô Ambrósio, hoje venho lhe pedir uma explicação para melhor entender o que o senhor me diz.
- Oxalá te abençoe meu fio! Negro Ambrósio fica feliz com sua presença e gosta de fazer proseador com todos os fios que aqui vem.
- Meu vô, como o senhor mesmo sabe já faz algum tempo que venho a essa casa e falo com o senhor. Como já lhe disse não tenho uma situação financeira ruim, ao contrário, nunca tive problemas dessa ordem o que sempre me facilitou uma vida com fartura e bem-estar desde a infância.
- Certo meu fio, negro Ambrósio já tem cunhecimento de tudo isso que suncê falou.
- É meu vô, por essa razão, que gostaria de lhe perguntar por que o senhor, toda vez que fala comigo, me aconselha a fazer a caridade? O senhor não já sabe que faço isso todo mês entregando gêneros alimentícios aos que estão carentes? Além do que, na minha empresa mantenho uma creche para os filhos dos meus empregados, para que assim possam trabalhar com mais tranqüilidade. Por isso gostaria que me explicasse o porquê desse conselho, dentro da minha consciência cumpro com meu compromisso.
- É verdade meu fio, tudo isso que suncê falou pra negro veio, faz parte de seu compromisso e fio cumpre direitinho sua parte. Porém fio, esse compromisso faz parte de seu social. Suncê alimenta o corpo material que precisa de sustentação pra ficar de pé, pois se não for assim fio tem prejuízo, só que o fio também precisa distribuir o pão espiritual e assim fazer a caridade.
- Não entendi meu vô seja mais claro. Que caridade espiritual é essa?
- É a mesma que esse meu aparelhinho faz aqui no terreiro. Suncê precisa assumir sua condição de médium.
Espantado, disse o senhor: como é que é vô Ambrósio? O senhor está me dizendo que tenho compromisso com a mediunidade na Umbanda, é isso?
- É isso sim, meu fio. Suncê tem compromisso com essa banda.
Ante as muitas verdades que ele já tinha ouvido, nunca uma afirmação estava tanto a lhe remoer a alma. Como seria possível? Achava bonito a Umbanda, gostava do cheiro das ervas e do cachimbo dos vôs, mais daí então a ser médium era demais para ele.
Mesmo de forma acanhada buscando aparentar tranqüilidade aquele senhor disse ao vô:
- Meu vô, acho que há um equívoco, pois nunca senti nada a respeito da mediunidade.
- Num sentiu porque se prende e que não quer dizer ou suncê acha que nego veio não vê o companheiro de Aruanda que lhe acompanha e que hoje está dando autorização pra fazer esse conversado? Meu fio diz que gosta do cheiro das ervas e desse terreiro - o que é uma verdade - mas o que fio não se vê é dobrando o corpo para prestar a caridade, deixando assim que seu Pai Preto também lhe traga lições para seu caminhar. Então meu fio, enquanto suncê não entender, nego veio vai continuar repetindo o conselho: faz caridade fio, faz caridade fio! Mesmo que tenha que arrepetir isso por muitas veis, pois água mole em pedra dura fio, tanto bate inté que fura. Olha fio! Eu tenho um compromisso moral com esse companheiro de Aruanda que te acompanha e te agaranto que não será de minha parte que não será cumprido.
Pensa no que esse veio te falou e dispôs vem prosear novamente, pois o passo de veio é miudinho e devagarzinho, só tem uma coisa fio: o tempo corre e espero que suncê queira aproveitar enquanto tá desse lado de cá!
Aquele senhor se levantou da frente de negro Ambrósio sem dizer mais nenhuma palavra; seria preciso tempo para digerir tudo que ele tinha ouvido.
Oito meses se passaram depois daquela prosa, ninguém no terreiro tinha visto novamente aquele senhor na assistência.
Era 13 de maio, gira festiva de preto velho, os trabalhos tinham se iniciado. Negro Ambrósio olhava para a porteira do terreiro como se estivesse a esperar por alguém e assim cantarolava: “acorda cedo meu fio, se com velho quer caminhar, olha que a estrada é longa e velho caminha devagar, é devagar, é devagarinho, quem anda com preto velho nunca ficou no caminho”. Acostumados com a curimba, os filhos da corrente repetiam os versos sem perceber que naquele dia a entonação estava mais dolente. Mais um filho de Zambi venceria uma etapa, mais um seria libertado.
E foi olhando para a porteira que negro Ambrósio viu aquele senhor adentrar no terreiro, com os olhos rasos d’água e de joelhos se postar assim dizendo: Vô Ambrósio, se é verdade que tenho essa tal mediunidade, aqui estou para aprender a fazer caridade. Nesses 8 meses minha vida perdeu a alegria, relutei muito para chegar aqui novamente e não nego que fugi por vergonha. Se ainda houver tempo...
Aquele senhor nem chegou a ouvir a resposta do negro Ambrósio. Do seu lado já se encontrava um negro que, de forma doce e amorosa, assim falou: Meu fio, a quanto tempo espero por esse momento, por esse reencontro. Vamos trabaiá meu fio, nas bênçãos de Zambi e na fé de Oxalá!
Diante dos filhos daquela corrente, aquele homem branco, de olhos claros, quase translúcidos, alto, dava passagem nesse momento a mais um preto velho e foi curvando aquele corpo que se ouviu a voz da entidade assim dizer: Bendito e louvado sejam o nome de nosso Pai Oxalá! Saravá negro Ambrósio! Pai Joaquim das Almas se faz presente nesse Gongá!
- Saravá Pai Joaquim!
E daquele dia em diante mais um filho começava a sua caminhada. Mais um chegava à corrente da casa. Mais uma estrela passou a brilhar nos céus de Aruanda!

Saravá Preto!!!

História contada por Vovô Ambrósio.


Os exus ou povo da rua são concebidos nas correntes predominantes na Umbanda como guardiões, encaminhadores e combatentes das forças das trevas. Cabe a eles o combate direto contra as energias que circulam no Astral Inferior, pois conhecem profundamente os caminhos e trilhas desse ambiente energético. É a sua função primeira, assim como a dos caboclos e pretos-velhos, orientar e aconselhar. Seriam os "policiais" do além, agentes e mensageiros dos orixás a cujas linhas pertencem e com os quais estão comprometidos, encarregados de reprimir os quiumbas,  espíritos obsessores e moralmente atrasados. Nessa concepção, os exus não fazem o mal, mas devolvem o mal feito a outros, às vezes até com mais força.
Suas funções são cortar demandas, desfazer trabalhos, feitiços e magia negra, feitos por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos retirando os encostos e espíritos obsessores e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas penas em outros lugares do astral inferior.
Outras concepções, provavelmente mais comuns nos terreiros populares, fazem dos exus forças amorais, dispostas a fazer o mal a quem fizer oferendas e sacrifícios, sem distingui-los claramente dos quiumbas e sincretizando-os aos demônios cristãos. Nessa perspectiva, fazem parte da legião de Lúcifer, anjo que se revoltou contra o Criador e foi expulso dos Céus e suas fileiras se organizam sob o comando de uma trindade - Lúcifer, Belzebu e Astarot - análoga à trindade cristã, Pai, Filho e Espírito Santo, sincretizados, respectivamente, com Obatalá, Oxalá e Ifá.
Uma tentativa de harmonizar essas concepções distingue três tipos de exus:
§  Exu pagão ou Exu-quiumba: não sabe distinguir o bem do mal e trabalha para quem pagar mais. Não é confiável, pois se for apanhado, é castigado pelas falanges do bem e volta-se contra quem o mandou. São os quiumbas da Umbanda tradicional.
§  Exu batizado ou Exu-de-lei: já conhece o bem e o mal, praticando os dois conscientemente; são os capangueiros ou empregados das entidades, a cujo serviço evoluem na prática do bem, porém conservando suas forças de cobrança. São os exus propriamente ditos na Umbanda tradicional.
§  Exu coroado: após grande evolução como empregado das entidades do bem, recebem, por mérito, a permissão de se apresentarem como elementos das linhas positivas, caboclos, pretos velhos, crianças, etc.
De qualquer forma, os exus gostam de fumar, beber, rir, brincar com as pessoas e dizer palavrões. São francos e diretos, não fazem rodeios nem mentem. Supõe-se que muitos exus foram pessoas comuns (inclusive, ou principalmente, malandros e prostitutas) que cometeram alguma falha e escolheram, ou foram escolhidos, a vir nessa forma para redimir seus erros passados. Outros seriam espíritos evoluídos que escolheram ajudar e continuar sua evolução atendendo e orientando as pessoas e combatendo o mal.
O dia dos exus é a segunda-feira e geralmente bebem cachaça. Sua roupa, quando possível, é preta e vermelha. Costuma-se fazer-lhes oferendas nas encruzilhadas, colocando dinheiro, velas pretas e vermelhas, charutos e cachaça ou batida de mel. No caso das pombagiras (exus femininos), costuma-se oferecer cigarros rosas e champanhe ou licor de anis.

EXUS POPULARES

A concepção e a classificação dos exus varia conforme a tenda ou terreiro, mas existem alguns nomes bem populares e conhecidos nos meios da Umbanda/Quimbanda:

§  Exu Caveira: ajuda nos conflitos, ensinando as artimanhas da guerra e o modo de vencer inimigos. É encarregado de vigiar os cemitérios e os lugares onde houver pessoas enterradas. Sua força é de modo a incutir medo aos que o invocam. Todo trabalho ou despacho a ser feito num cemitério precisa da participação do Exu Caveira. É lugar-tenente de Omulu e sem a sua participação, nenhum trabalho ou despacho feito no cemitério dará resultado. Para se entregar, seja o que for, a Omolu, no cruzeiro de um cemitério, é indispensável saudar primeiro Exu Caveira, acendendo uma vela em sua homenagem na sepultura mais próxima do Cruzeiro, à esquerda e pedindo-lhe licença para a entrega. Apresenta-se, em geral, com a forma de uma caveira. Na maioria das vezes, apresenta-se depois da "hora grande" (meia-noite).
§  Exu Tata Caveira: provoca o sono da morte e manipula drogas e entorpecentes. Apresenta-se como uma caveira, vestido de preto.
§  Exu Brasa: Domina o fogo. Concede o dom de andar sobre o fogo.
§  Exu Maré: facilita a invisibilidade das pessoas, dando-lhes poderes de se transportar de um lugar para outro. Sua apresentação é a de uma criatura normal. Provavelmente, uma corruptela de Oxumaré.
§  Exu Arranca-Toco: Habita as matas. É especializado no domínio de tesouros.

§  Exu da Meia-Noite: é um dos mais invocados, porquanto é o encarregado de escrever toda a sorte de caracteres e tratar, especialmente, das forças ocultas. Segundo uma crença popular, foi ele quem ensinou a São Cipriano todas as sortes e mágicas que fazia. À meia-noite, o Exu da Meia-Noite faz a ronda do mundo físico, sendo por isso que, na Umbanda, deixa-se passar, pelo menos, uns cinco minutos da meia-noite para se sair à rua ou para se deixar um Terreiro. Na Quimbanda é exatamente à meia-noite que se fazem os despachos destinados ao Exu da Meia-Noite.

§  Exu Mirim: influente sobre as mulheres e crianças, é preferido pelas Mães-de-Santo para os trabalhos de amarração. Apresenta-se com roupagem de criança.
§  Exu Pimenta: especializado na elaboração da química e dos filtros de amor. Dá o verdadeiro segredo do pó que transforma metais. É reconhecido quando incorpora por um forte cheiro de pimenta que exala.
§  Exu Malé: tem o poder das artes mágicas e das bruxarias que se realizam nos Candomblés. Apresenta-se com a forma de um Preto Velho, mas é reconhecido pelo forte cheiro de enxofre que exala.
§  Exu das Sete Montanhas: domina as águas dos rios e das cachoeiras que saem das montanhas. Sua roupagem é da cor do lodo e deixa no ar, quando incorporado, um forte cheiro de podre, emanado do seu corpo fluídico.
§  Exu Marabô: fiscal do plano físico, distribui ordens a seus comandados. Apresenta-se como um autêntico cavalheiro, dominando o francês, apreciando bebidas finas e os melhores charutos. De gênio muito difícil, raramente apresenta-se em terreiros
§  Exu Mangueira: Semelhante ao Marabô, mas expele cheiro forte de enxofre quando está sendo incorporado. De gênio muito dificil, é necessário recorrer a entidades superiores para retirá-lo.
§  Exu Caminaloá: trabalha ao lado do Exu Mangueira e é um dos seis mais poderosos. Apresenta-se comandando uma poderosa equipe de espíritos com a forma de Pretos, ornados de penas na cabeça e na cintura com argolas nos lábios, nas orelhas e nos braços. São esses espíritos, os especializados em provocar doenças mentais, até mesmo a loucura. O Exu Caminaloá é o Chefe da Linha de Mossurubi da Quimbanda.
§  Exu Veludo - apresenta-se como um fino cavalheiro muito bem vestido, tomando bons conhaques e fumando bons charutos. Possui "pés de cabra" e gosta de trabalhar com "as moças".
§  Exu Tiriri - despacha trabalhos nas encruzilhadas, matas e rios. Apresenta-se como um homem preto com deformação facial.
§  Exu Tranca-Ruas das Almas - muito solicitado pelos terreiros antes de começar as sessões. Guarda as porteiras dos terreiros com sua falange, contra os quiumbas e também os recintos onde se pratica a Alta Magia.
§  Exu Sete Encruzilhadas: Tem prazer em ensinar e doutrinar, por isto sempre está tirando dúvidas a todo aquele que lhe faça perguntas, desde as perguntas mais insólitas como "porque há estrelas..." até as mais comuns como "quero saber se meu marido me engana..." Prefere beber uísque de boa qualidade e fumar charutos grossos. Sua voz é rouca, grave e forte. Quando está manifestado em algum médium, gosta também de azeitonas. Seu olhar é insustentável e quando se fixa em alguém, parece que o atravessa e sabe seus segredos mais íntimos. As pessoas que o conhecem sentem certa autoridade nele e o respeitam. Apresenta-se como um homem de idade avançada, de pele escura, barba e olhos vermelhos, cor de brasa. Traz a metade do seu corpo (o lado esquerdo) queimado, sendo que sua perna esquerda não funciona bem, por isto é muito comum que se apóie em um bastão.
§  Exu Zé Pelintra: É originário do Catimbó do Nordeste, onde usa chapéu de palha, lenço vermelho no pescoço, fuma cachimbo e gosta de andar descalço. Receita chás medicinais para a cura de qualquer mal, benzer e quebrar feitiços dos seus consulentes. Na Umbanda/Quimbanda, é representado de terno branco, gravata vermelha, cravo na lapela e chapéu caído na testa, de acordo com a figura tradicional do malandro carioca. Particularmente versátil e ambivalente, aparece tanto na Umbanda, como preto-velho, como na Quimbanda, como exu. Vem acompanhado de toda a linha de malandros, entidades supostamente oriundas de pessoas envolvidas com o submundo, jogo, prostitutas, bebidas fortes e drogas.




``Eu não vim chamar os justos ...´´


Foi o banquete em casa de Levi, o futuro evangelista Mateus, que ensejou ao Mestre as palavras em epígrafe.
Palavras que venceriam os séculos, os milênios ...
Levi era publicano, o que, na antiga Roma, significava ``cobrador de impostos´´.
Os publicanos eram detestados pelos judeus, que não gostavam de pagar tributos a César, especialmente porque os misteres de arrecadação favoreciam, da parte de funcionários inescrupulosos, já àquele tempo, extorsões dura e polpudas.
De maneira geral, portanto, eram malvistos os publicanos, na comunidade israelita, embora entre eles houvesse homens de bem, inatacáveis por sua probidade.
Prevalecia, contudo, o conceito genérico os publicanos eram espoliadores do povo.
O convite a Levi Mateus; a presença de Jesus em sua casa; o lauto banquete por ele oferecido ao Mestre, tudo isso constituiu motivo para censurar e comentários mordazes.
O mesmo acontecera na visita do Senhor a Zaqueu, também publicano.
A atitude caridosa do Amigo celeste produziu tamanha  celeuma entre fariseus e escribas, fiéis e inconfundíveis representantes do formalismo e da hipocrisia, que eles não se contiveram, interpelando o Justo dos Justos: ``Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?´´
E o Mestre, sem trair a grandeza, a excelsitude do seu incompreendido apostolado, apostolado de luz e de misericórdia, responde-lhes, com firmeza, que os ``sadios não precisam de médico, e sim os doentes´´.
E conclui, incisivo, categórico: ``Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores ao arrependimento´´
Tais palavras revelam não só infinita compaixão pelos infelizes, que são os que pecam, mas também incomensurável sentimento de tolerância.
A advertência do Cristo, emudecendo naquele dia, os loquazes fariseus, ecoa, ainda hoje, em nossa consciência, estabelecendo linhas diferentes para a nossa caminhada.
O Espiritismo tornou suas as palavras de Jesus, cujo pensamento sintetiza na atualidade.
E os espíritas de boa vontade, esclarecidos e fraternos, esforçam-se no sentido de dar-lhes aplicação.
Os espíritas, procurando assimilar e exemplificar o ensino, reconhecem que, se é realmente agradável o convívio com irmãos superiores, profundamente fraterno e meritório é o acolhimento àqueles que ocupam, na escala evolutiva, posição menos segura que a nossa.
Os companheiros mais esclarecidos tem muito para nos dar, através da palavra e, sobretudo, da exemplificação.
Aos mais atrasados do que nós, podemos oferecer algo de nosso coração, de nosso entendimento. 
Assimilar dos mais evoluídos a bondade e a sabedoria é realmente proveitoso às nossas experiências. Proveitoso e bom, agradável e envolvente, convenhamos.
No entanto, abraçar os que aceitaram, por equívoco, as sugestões do erro e do crime constitui valioso programa evangélico, tal como fez Jesus em casa de Zequeu ou no banquete de Levi.
Por meio desse regime de interdependência, afetiva e cultural, é que se movimentam os carros do progresso, conduzindo a Humanidade, com segurança, para os seus alevantados objetivos.
``A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir´´ - esclarece o nobre Emmanuel.
Recolhendo de Jesus, na inesquecida hora do banquete mundano, o verbo reajustador, Levi Mateus soube multiplicar, a cento por um, através de suas anotações, o benefício do precioso minuto de convivência com o Mestre.
E somos nós, os aprendizes da atualidade, os beneficiários daquela convivência tão acremente censurada ...
Somos nós os legatários dos sublimes apontamentos.


Do livro: Estudando o Evangelho