quinta-feira, 6 de outubro de 2016


Quando Jesus atribuiu a si mesmo a qualidade de Caminho, Verdade e Vida, não fez, logicamente, uma declaração de ordem pessoal, mas se referiu, decerto, à mensagem que trouxera ao mundo, em nome e por delegação do Pai.
Reportou-se o Mestre, sem dúvida, aos ensinos, ao roteiro que traçava por norma de aperfeiçoamento, à moral que pregava e exemplificava.

O Evangelho é Caminho, porque, seguindo-o, não nos perderemos nas sombrias veredas da incompreensão e do ódio, da injustiça e da perversidade, mas perlustraremos, com galhardia e êxito, as luminosas trilhas da evolução e do progresso - da ascensão e da felicidade que se não extingue.

O Evangelho é Verdade, porque é eterno.
Desafia os séculos e transpõe os milênios.
Perde-se no infinito dos tempos ...

O Evangelho é Vida, porque a alma que se alimenta dele, e nele vive, ganhará a vida eterna. Aquele que crê em Jesus e pratica os seus ensinos viverá - mesmo que esteja morto.

Deixar ir a Jesus os pequeninos, levar as crianças ao Mestre não significa, pois, organizar, objetiva e materialmente, uma caravana de Espíritos de meninos - encarnados ou desencarnados - para, em luminosa carruagem, romperem as barreiras espaciais, vencerem as distâncias cósmicas e prostrarem-se, devotamente, ante o Excelso Governador Espiritual do mundo, com a finalidade inconcebível, porque absurda, de lhe tributarem pomposa homenagem.
Conduzir as crianças a Jesus significa incutir-lhes nos corações os preceitos evangélicos, a fim de que os seus atos possam revelar, no futuro, nobreza e dignidade.
O Espiritismo, através das escolas de Evangelho, vem cuidando de levar os pequeninos ao Mestre, fazendo-os apreender as imortais lições da Boa Nova do Reino.
Urge, contudo, que o meritório esforço das nossas instituições, polarizando-se na criança, não encontre obstáculos na despreparação evangélica dos pais, para evitar que a criança ``ouça´´, nos Centros, luminosos conceitos de espiritualidade e moral, mas ``veja´´ e ``sinta´´, dentro de casa, no próprio lar, inadequadas atitudes de egoísmo e torpeza.
Não basta, pois, evangelizar a criança nas instituições espíritas.
É imprescindível que essa educação alcance, também, os genitores ou responsáveis, evitando-se, destarte, se estabeleça na incipiente alma infantil a desastrosa confusão de  ``ver´´ e ``ouvir´´, em casa, atitudes e conceitos bem diversos dos que ``vê´´ e ``ouve´´ nas aulas de Evangelho e Espiritismo.
A primeira escola é o lar.
E o lar evangelizado dá à criança, grava-lhe, na consciência, as firmes noções do Cristianismo sentido e vivido.
Imprime-lhe, no caráter, os elementos fundamentais da educação.
É necessário que a criança sinta e se impregne, no santuário doméstico, desde os primeiros instantes da vida física, das sublimes vibrações que só um ambiente evangelizado pode assegurar, para que, simultaneamente com o seu desenvolvimento moral e intelectual, possa ela ``ver´´ o que é belo, ``ouvir´´ o que é bom e ``aprender´´ o que é nobre.
Se o lar não é evangelizado, as lições colhidas fora dele podem ser, apenas, um conhecimento a mais, no campo religioso, para a inteligência infantil.
Um conhecimento a mais não passa de um acidente instrutivo. E o que devemos buscar é a realidade educativa, moral, que tenha sentido de perene renovação.
Cuidar da criança - esquecendo os pais da criança - parece-nos esforço incompleto.
Não adianta ser a criança aconselhada, na escola de Evangelho por devotadas instrutoras ou instrutores a se expressarem de maneira conveniente, se observa ela, em casa, palavrões e gírias maliciosas, impropriedades e xingamentos.
Se o lar é uma escola - A PRIMEIRA ESCOLA - e se os pais representam para os filhos, como primeiros educadores, oque há de melhor sob o ponto de vista de cultura e respeito, experiência e autoridade, evidentemente a criança será inclinada - entre os pais que proferem palavrões e grosserias e a professora de Evangelho que ensina  boas maneiras e sobriedade no vocabulário - a seguir os primeiros.
Com os pais a criança dorme, levanta-se, faz refeições e convive, diuturnamente.
O convívio da criança, na aula de Evangelho, com os instrutores, verifica-se uma vez por semana, durante uma hora ou pouco mais.
E não nos esqueçamos de que, na opinião dos filhos, os pais são os maiores.
Contribuir para que os pequeninos possam ``ir a Jesus´´ mediante o aprendizado evangélico, representa, a nosso ver, providência correlata, simultânea com o esforço de ``levar a Jesus´´ os pais, preparando-os, condignamente, para a missão da paternidade ou da maternidade.
Informa a sabedoria popular que o exemplo deve vir de cima ...


Do Livro: Estudando o Evangelho

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