quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O Mistério do Orixá Ancestral, de frente e ajuntó

O Mistério do Orixá Ancestral, de frente e ajuntó
por Rubens Saraceni

Uma dúvida, e a que mais incomoda os umbandistas, é sobre seu orixá. Nós sabemos que orixá ancestral não é o mesmo que orixá de frente ou ajuntó. O orixá ancestral está ligado à nossa ancestralidade e é aquele que nos recepcionou assim que, gerados por Deus, fomos atraídos pelo seu magnetismo divino.
Todos somos gerados por Deus e somos fatorados por uma de suas divindades, que nos magnetiza em sua onda fatoradora e nos distingue com sua qualidade divina. 
Uns são distinguidos com a qualidade congregadora e são fatorados pelo Trono da Fé. E, se for macho, é o orixá Oxalá que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se for fêmea, aí é a orixá Oiá que assume sua ancestralidade. 
Uns  são  distinguidos  com  a  qualidade  agregadora  e  são  fatorados  pelo  Trono  do  Amor.  E,  se  forem machos, é o orixá Oxumaré que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Oxum que assume suas ancestralidades. 
Uns são distinguidos com a qualidade expansora e são fatorados pelo Trono do Conhecimento. E, se forem machos, é o orixá Oxóssi que assume a condição de seu orixá ancestral. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Obá que assume suas ancestralidades. 
Uns  são  distinguidos  com  a  qualidade  equilibradora  e  são  fatorados  pelo  Trono  da  Razão.  E,  se  forem machos, é o orixá Xangô que assume as suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Egunitá que assume suas ancestralidades.  
Uns são distinguidos com a qualidade ordenadora e são fatorados pelo Trono da Lei. E, se forem machos, é  o  orixá  Ogum  que  assume  suas  ancestralidades.  Mas,  se  forem  fêmeas,  aí  é  a  orixá  Iansã  que  assume  suas ancestralidades. 
Uns são distinguidos com a qualidade evolutiva (transmutadora) e são fatorados pelo Trono da Evolução.
E, se forem machos, é o orixá Obaluayê que assume suas ancestralidades. Mas, se forem fêmeas, aí é a orixá Nanã que assume suas ancestralidades.  
Uns  são  distinguidos  com  a  qualidade  geradora  e  são  fatorados  pelo  Trono  da  Geração.  E,  se  forem machos, é  o  orixá  Omulu  que  assume  suas  ancestralidades.  Mas,  se  forem  fêmeas,  aí  é  a  orixá  Iemanjá  que assume suas ancestralidades. 
Observem que não estamos nos referindo ao espírito que “encarnou” no plano material, e sim ao ser que acabou  de  ser  gerado  por  Deus  e  foi  atraído  pelo  magnetismo  de  uma  de  suas  divindades,  que,  por  serem unigênitas (únicas geradas) transmitem naturalmente a qualidade que são em si mesmas aos seus “herdeiros”, aos quais imantam com seus magnetismos divinos e dão uma ancestralidade imutável, pois é divina, e jamais ela  deixará  de  guiá-los  porque  a  natureza  íntima  de  cada  um  será  formada  na  qualidade  que  o  distinguiu, fatorando-o.
Alguém pode reencarnar  mil vezes, e sob as mais diversas irradiações, que nunca mudará sua natureza íntima.  Agora,  a  cada  encarnação  ele  será  regido  por  um  orixá  de  frente (o  que  o  guiará  enquanto  viver  na carne) e será equilibrado por outro orixá que será o auxiliar (o ajuntó) desse orixá de frente ou da “cabeça”.
Usamos o termo “orixá da cabeça” porque ele regerá a encarnação do ser e o influenciará o tempo todo, pois está de “frente” para ele.  Sim,  o  orixá  da  cabeça  está  à nossa  frente  nos  atraindo  mentalmente  para  seu campo de ação e para o seu mistério, ao qual absorveremos e desenvolveremos algumas faculdades regidas por ele. Já o orixá ajuntó, este é um equilibrador do ser e atuará através do seu emocional, hora estimulando-o e hora apassivando-o, pois só assim o ser não se descaracterizará e se tornará irreconhecível dentro do seu grupo familiar ou tronco hereditário, regido pelo seu orixá ancestral. 
A dúvida dos “médiuns” e dos umbandistas se explica pela precariedade dos métodos divinatórios usados para  identificar  o  orixá  da  cabeça  e  seu  ajuntó.  Daí,  vemos  pessoas  reclamarem  que  a  cada  Babalorixá  ou Ialorixá que consultaram, cada um deu um orixá diferente a cada consulta, criando uma confusão e levando ao descrédito. Esta queixa é muito comum e não são poucos os médiuns que estão confusos, porque uma consulta diz que é filho desse orixá e outra consulta diz que é filho de outro orixá.
Nós dizemos isto: na ancestralidade, todo ser  macho é filho de um orixá masculino e todo ser fêmea é
filha de um orixá feminino.
Na ancestralidade, orixá masculino só fatora seres machos e os magnetiza com sua qualidade, fatorando-os de forma tão marcante que o orixá feminino que o secunda na fatoração só participa como apassivadora de sua natureza masculina. E o inverso acontece com os seres fêmeas, onde o orixá masculino só participa como passivador dessa sua natureza feminina.
Portanto,  no  universo  da  ancestralidade  dos  seres  machos,  têm  sete  orixás  masculinos,  e  na  dos  seres fêmeas têm sete orixás femininos.
Têm  sete  naturezas  masculinas  e  sete  naturezas  femininas,  tão  marcantes  que  é  impossível  ao  bom observador não vê-las nas pessoas.
Saibam que,  mesmo que o orixá da cabeça ou  de frente seja,  digamos,  a orixá Iansã,  ainda assim,  por trás dessa regência, poderemos identificar a ancestralidade se observarem bem o olhar, as feições, os traços, os gestos a postura etc., pois estes sinais são oriundos da natureza íntima do ser, apassivada pela regência da encarnação, mas não anulada por ela. Certo?
E o mesmo se aplica ao orixá ajuntó, pois podemos identificá-lo nos gestos e nas iniciativas das pessoas, já que é através do emocional que ele atua.
Outra  forma  de  identificação  é  através  do  Guia  de  frente  e  do  Exu  Guardião  dos  Médiuns.  Mas  esta identificação exige um profundo conhecimento do simbolismo dos nomes usados por eles para se identificarem.
E também nem sempre o Guia de frente ou o Exu guardião se mostram, pois preferem deixar isto para o Guia e o Exu de trabalho.
Saber interpretar corretamente o simbolismo é fundamental. Certo?
Então, que todos entendam isto:
- Orixá ancestral é aquele que magnetizou o ser assim que ele foi gerado por Deus, e o distinguiu com sua qualidade original e natureza íntima, imutáveis e eternas.
- Orixá de frente é aquele que rege a atual encarnação do ser  e o conduz  numa direção na  qual o ser
absorverá  sua  qualidade  e  a  incorporará  às  suas  faculdades,  abrindo-lhes  novos  campos  de  atuação  e crescimento interno.
- Orixá ajuntó é aquele que forma par com o orixá de frente, apassivando ou estimulando o ser, sempre
visando seu equilíbrio íntimo e crescimento interno permanente.
Por isso também é que muitos encontram em si qualidades de vários orixás. A cada encarnação há a troca de  regência  da  encarnação.  E,  nessa  troca,  os  seres  vão  evoluindo e  desenvolvendo  faculdades  relativas  a todos os orixás.
Afinal, se somos “humanos”, absorvemos energias e irradiações, magnetismo e vibrações de todos eles. Certo?

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