Pensar é coisa muito perigosa…
Sim, tenho plena consciência que muito não sei. Também tenho plena consciência que o saber, ou melhor, que o MELHOR SABER É e DEVE SER constante, maleável e totalmente intrigante. Saber através do óbvio, do preto no branco, da louça e giz, da fragmentação, do cabresto, do cômodo assento, do corpo escorado é – para mim – uma inadequação com o Ser, com o Corpo e com a Mente, principalmente quando penso em crianças e umbandistas.
Por que crianças? POR QUE umbandistas???
Porque entendo que ambos são intensos, ativos, movimentadores, buscam e querem sempre mais. Ambos são abertos, necessitam explorar, tendem ao erro, ao tropeço e a decisão de se levantar…
Okkkk… sei que muitos umbandistas não se encaixam nessas descrições, mas penso que deveriam! Penso MESMO que deveriam!!! Ou que ao menos experimentassem, se dessem novas chances, abrissem mais os braços, a mente, o espirito e fossem…. Fossem mais além, fossem em busca do Além, da Ancestralidade e de suas verdades.
Quando estou em frente a dezenas de cadeiras enfrentando o dobro de olhos sedentos, preocupo-me em provocá-los, entrego-me a fim de alimentá-los, surpreendê-los e me desassossego até que as cadeiras ranjam ou se movimentem inquietas e repetitivamente delatando a expressão do corpo, da mente, do espírito e da nova capacidade adquirida de enxergar.
Ou seja, quando estou ministrando uma aula ou ensinando, educando meus filhos desejo gerar algo novo, malear aquilo que está estático, quebrar algumas barreiras, tabus e até conceitos preestabelecidos. Atrelado aos meus anseios, tento elucidar que na maioria das vezes o ‘novo’, a ‘maleabilidade’ ou a ‘quebrar’ mexe com o conforto, com o estado relaxado do corpo parecendo – e às vezes até chegando a serem consideradas – provocações. Porém, carregam a intenção de fazer pensar, desatar, desmoronar, movimentar, arrepiar, respirar, indignar, assustar e até horrorizar (como com muito carinho ouvi uma aluna expressar nesse último domingo de aula durante algumas ressalvas sobre o Orixá Ogum – adorei…) e que claro, fazem com que os alunos se mexam bastante em suas cadeiras….Ahhhh… como o corpo confissioniza…
São provocações que apontam, mas não impõem. Que promovem novas construções e que permitem aperfeiçoar a vida aconchegando-a em uma maravilhosa colcha de retalhos.
Sei que não é confortável. Sei que as cadeiras parecem mais duras e menores do que realmente são. Sei que precisa coragem, bravura, continuidade (haja vista a inoportuna vontade e tendência a desistir) massss… a capacidade de enxergar os fatos faz toda a diferença já que o mundo, a vida, as pessoas estão cheios de fatos, fatos assombrosos e fatos magníficos. Creiam: Enxergar é uma arte; Aceitar o Ver é um desafio; Brilhar na luz e na falta da luz são habilidades impares de um Olhar Poético. Constatem comigo: quem vê bem nunca fica temeroso ou entediado com a vida.
Enfim, ficam as palavras: CORAGEM e BRAVURA. Palavras que necessitam da Continuidade, de muita Respiração e de muito Olhar Além.
Fica sempre o convite…
Axéééé…
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