Umbanda: Balcão de trocas ou hospital da alma?
Nos dias atuais vemos uma diversidade enorme de casas que se denominam
umbandistas, em cada uma um modo diferente de se relacionar com
os espíritos e com as forças cultuadas nesta religião rica em suas ritualísticas
e fundamentos. Porém, o que nos chama a atenção é o seguinte ponto, entre
tantas diferenças, o que realmente é essa religião que ora parece fazer o
bem e ora entra em total contradição?
Sabemos que a religião de Umbanda já foi muito mais cultuada em
tempos atrás, onde pontos de Umbanda tocavam às rádios famosas,
e o assunto era comentado até mesmo em programas televisivos. Entretanto,
com o passar do tempo parece que a tal febre umbandista cessou, e o
tamanho amor e carinho pela amada Umbanda deu lugar à vergonha,
onde muitos de seus próprios praticantes buscavam esconder-se
quando perguntado sobre sua religião, dizendo serem espiritualistas.
O fato, embora curioso, é totalmente explicável, segue que, quando a
Umbanda foi criada, através do advento do Senhor Caboclo das Sete
Encruzilhadas, na data de 15 de novembro de 1908, essa religião trazia
em sua base o Evangelho de Jesus, e buscava, através do intercâmbio
espiritual, trazer paz, amor e esclarecimento para os seus praticantes e
adeptos. Entretanto, como bem sabemos, a árvore que produz bons frutos
é a que mais leva pedrada, e logo as trevas deu jeito de tentar inverter
o que o amado Caboclo lutou para trazer, se utilizando de
encarnados desavisados e sem comprometimento com o ideal do Cristo,
começou a inversão de valores positivos que a Umbanda sempre pregou.
As formas de se utilizar das forças para o bem começaram a ser
desvirtuadas, e a utilização dos elementos de maneira benfazeja deu
lugar à manipulação de elementos primitivos, em busca de
prazeres e conquistas egoísticas e mundanas. Espíritos comprometidos
com o desvirtuamento dos seres começaram a dar comunicações,
utilizando-se de nomes respeitáveis da Umbanda, e a coisa logo
começou a tomar o rumo desejado, o nome da religião de Umbanda
começou a ter outro sentido, para a sociedade o sentido do amor e
do bem com Jesus deu espaço a “casa de batuques”, “macumba”,
entre outros nomes que buscam dar um sentido pejorativo.
Os desavisados logo começaram a ir atrás dessa “umbanda”,
em busca de dinheiro, pessoa amada em tantos dias, o emprego
desejado e tantas outras coisas que dependem pura e exclusivamente
do próprio encarnado, que deveria obedecer ao “pedi e obtereis”, isto é,
te esforça, persevera e então conquistarás o desejado. Tudo virou
trabalho feito, os adeptos se atrofiaram diante do imediatismo, e a
gama de trabalhos nas esquinas aumentou significativamente, na
esperança que da noite para o dia tudo mudasse em suas vidas.
Neste momento ocorre uma explosão de surgimento de terreiros de
"umbanda", onde seus fundadores e adeptos criam fundamentos
que não condizem com a Lei de Umbanda, e que somente são
usados para alimentar suas manias, vontades e achismos,
tendo nesses lugares a falta de esclarecimento, em outros terreiros
que surgiam vemos o total desleixo e desrespeito perante a cúpula
espiritual da Umbanda, onde em diversos locais é colocado o
preço da vil moeda para intercâmbios espirituais e diversos tipos de trabalhos.
Neste "BUM" de casas ditas umbandistas, vemos seus fundadores injetarem
diversos ritos, liturgias e fundamentos que proviam de diversos outros
cultos para dentro de suas práticas umbandistas, onde muito destes
novos fundamentos contradiziam as Leis de Umbanda deixadas
pelo Senhor Caboclo das Sete Encruzilhadas. Vemos então
diversas práticas um tanto quanto discordantes com a Umbanda,
tais quais, o sacrifício animal, a cobrança pelos trabalhos realizados,
feituras de cabeça/santo, e em certos casos trabalhos de magia
negativa realizados por supostas entidades de Umbanda. Tudo isso
começou a ser feito em nome da Umbanda, e a religião que nada tinha
a ver com isso, começou a ser vista com maus olhos, vista como um
balcão de milagres, ou ainda, balcão de trocas, onde a pessoa dá uma
garrafa de pinga, para receber em troca aquilo que desejara.
Entretanto, caros amigos, não foi essa a religião criada pelo Senhor
Caboclo das Sete Encruzilhadas, não é esse o sentido com que essa
religião veio à tona, em sua base sempre teve o Evangelho de Jesus
como doutrina primordial, e a sua função na Terra é servir de Hospital da Alma.
E como todo o hospital, a Umbanda também se serve de métodos
de atendimentos, onde através de uma triagem feita ao consulente,
por exemplo, o centro pode acompanhar a assiduidade durante o
tratamento, pode analisar as indicações passadas pelos guias, e
mostrar que disciplina e ordem são elementos indispensáveis ao
bom andamento dos tratamentos e trabalhos em um centro.
A Umbanda não é um local aonde as pessoas vão para se lamentar
para os guias, elas vão para aprender, para buscar uma melhora, e
como todo o tratamento médico, se não tiver cooperação do paciente,
não há a cura desejada. O centro de Umbanda comprometido com
os ideais deixados pelo Mestre Jesus, não se utiliza somente de
aconselhamentos com os guias, mas ensina os seus frequentadores
através de palestras, de cursos, de estudos, mostrando que tem muito mais a oferecer.
A Umbanda, minha gente, não é balcão de trocas, é hospital de almas
. Os tempos são chegados, e com ele a espiritualização do ser terreno,
aos poucos a Umbanda retoma sua cara, readquirindo a forma e a função
com que foi criada. Que Deus abençoe a amada Umbanda.
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