sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

               Os aconselhamentos com os Guias espirituais

O tema abordado nesse post busca fazer uma reflexão sobre os 
aconselhamentos que ocorrem nos terreiros de Umbanda, a fim de 
elucidar sobre o real sentido desse trabalho realizado por essa amada
 religião e seus falangeiros.


O aconselhamento com os Guias espirituais é algo muito comum nos 
terreiros de Umbanda, na verdade a maioria dos atendimentos 
disponibilizados pelas casas se resumem a tal trabalho de orientação 
a encarnados. Claro está que jamais devemos generalizar tal assertiva,
 tendo em vista que há muitas casas que possuem sua visão 
mais aberta e vão além de aconselhamentos, utilizando-se de passes,
 benzimentos, cromoterapia, batimento de ervas, palestras, etc. Porém, 
tais procedimentos ainda fazem parte do repertório de uma minoria, ficando 
o aconselhamento como o grande destaque dos trabalhos trazidos pela religião 
de Umbanda.

Dessa forma, o trabalho de orientação espiritual começou a tomar outras
 proporções, pois devido a ideia de que os Guias espirituais tem o "dever" 
de orientar as pessoas que passam por problemas, os trabalhos de 
aconselhamentos começaram a se transformar em um momento de 
conversa fútil entre frequentador e Guia, chegando ao ponto de 
somente um aconselhamento durar mais de 20 minutos.

Importante salientar que os aconselhamentos entre pessoas realmente 
necessitadas e os Guias é algo totalmente natural, pois é um dos trabalhos 
que a Umbanda traz em seu seio, porém, não devemos confundir problemas
 relevantes com situações banais, do cotidiano e que só cabem a 
nós mesmos, encarnados, resolvermos. Compreendemos que os Guias 
tem muito a nos orientar e ensinar, devido a sua sabedoria e seu olhar 
apurado, diante da situação de estarem do outro lado da vida, entretanto,
 o trabalho de aconselhamento não é mero bate-papo sobre a vida. 
Podemos identificar esse pensamento nas palavras de Aniceto, no
 capítulo 46 do livro "Os Mensageiros" de André Luiz, onde o nobre amigo 
espiritual comenta:

"A solicitação de terapêutica para a manutenção da saúde física, pelos que 
de fato se interessem pelo concurso espiritual, é sempre justa; todavia,
 no que concerne a conselhos para a vida normal, é imprescindível muita 
cautela de nossa parte, diante das requisições daqueles que se 
negam voluntariamente aos testemunhos de conduta cristã. 
O Evangelho está cheio de sagrados roteiros espirituais, e o discípulo,
 pelo menos diante da própria consciência, deve considerar-se obrigado 
a conhecê-los."

É interessante o que o amigo espiritual nos comenta, pois muitos de
 nós ainda acreditamos que os problemas do casamento, do trabalho 
ou da vontade de ter algum bem material se confunde com real 
estado de necessidade, e então procuramos nos conselhos dos Guias
 alguma solução, entretanto, os amigos espirituais não estão aqui 
para nos aconselhar sobre tais situações, e sim sobre reais necessidades 
ou problemas espirituais. Seguindo a diante no mesmo capítulo citado,
 o amigo espiritual continua a nos elucidar sobre o assunto, vejamos:

"Possivelmente, vocês objetarão que toda pergunta exige resposta e
 todo pedido merece solução; entretanto, nesse caso de esclarecer
 determinas solicitações dos companheiros encarnados, devemos recorrer, 
muitas vezes, ao silêncio. Como recomendar humildade àqueles que a
 pregam para os outros; como ensinar paciência aos que a aconselham
 aos semelhantes, e como indicar o bálsamo do trabalho aos que já 
sabem condenar a ociosidade alheia? Não seria um contrassenso? Ler os
 regulamentos da vida para os cegos e para os ignorantes é obra meritória, 
mas repeti-los aos que já se encontram plenamente informados, não 
será menosprezo ao valor do tempo?"

Podemos ver que os espíritos que vem nos trazer os conselhos nos terreiros,
 ou seja onde for, não estão aqui para perder tempo em bate-papos, 
estão a serviço e desejam auxiliar o máximo de encarnados que desejam 
ajudados, entretanto, não perdem tempo falando sobre coisas que já 
sabemos, e que ao invés de colocarmos em prática, procuramos que
 eles nos passem a mão na cabeça, a fim de nos sentirmos mais leves.
 Compreendemos que os aconselhamentos são diretos, e que tem de
 haver uma parceria entre encarnado e Guia, onde o consulente recebe o
 conselho, entretanto, deve se movimentar para que as coisas aconteçam 
na vida dele, e não esperar que o Guia faça tudo sozinho.

Notamos que quando um Guia comenta ao consulente que o problema da 
vida dele não andar é devido a ele se encontrar parado sem fazer nada, 
a pessoa se sente ofendida, e a primeira coisa que vem a cabeça é que,
 Guia de Umbanda não fala assim, ou que o médium está obsediado, 
entretanto, o Guia está alertando e aconselhando para que o frequentador
 comece a modificar seus atos e costumes, a fim de mudar o panorama em
 que se encontra, e esse sim é o papel do Guia, passar a mão na cabeça da 
gente quando erramos não nos faz aprender, e será que o benfeitor 
espiritual cometeria esse erro conosco? 

Acreditamos que os aconselhamentos com os Guias são orientações que
 nos fazem refletir sobre onde erramos e como devemos fazer para 
não errarmos mais, mas quem decide por qual caminho queremos 
seguir somos nós mesmos, Guia nenhum nos pega no colo e caminha por nós.

Fonte utilizada: "Os Mensageiros" - André Luiz/ Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) - FEB.

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