Imprevisto no Terreiro
Imprevisto no Terreiro
Esta história é bem curtinha.
Certa noite de engira, coincidentemente noite de aconselhamentos com os queridos Pretos e Pretas-velhas.
Eu cambonando Pai Joaquim de Aruanda (citado no post anterior).
Os atendimentos transcorriam normalmente.
O terreiro que trabalhávamos na época já tinham uns banquinhos para uso dos Pretos-velhos.
Existiam outros banquinhos, mais reforçados, de maior porte para uso de médiuns mais encorpados digamos assim.
Mas como trabalhava longe, era um dos últimos a chegar, portanto, sobravam apenas os banquinhos mais simples. Pra quem entende de madeira: o banquinho ao qual me refiro é de compensado de meia (ou seja 0,5cm de espessura)
Pra vocês entenderem e irem montando a cena na mente:
Das medidas do banquinho: aproximadamente 30cm de altura. Seu acento tinha algo em torno de 30 cm de largura X 20 cm de profundidade e a madeira como disse, espessura de 0,5 cm. São desses banquinhos que vendem nas casas de Umbanda.
Das medidas do cambono: 1,83 de altura, 150 quilos.
Eu sentado ao lado da entidade, praticamente não respirava para não ocorrer o pior.
Como sou alto e o banquinho baixo, minhas nádegas ficavam abaixo da linha do joelho. Em virtude de peso, certo momento, minhas nádegas começaram a formigar, devido a falta de circulação sanguínea.
Com isso, evitava me mexer o máximo possível, mas vez em quando ainda dava um jeito de me ajeitar para aliviar o formigamento, tanto das nádegas (que já não a sentia mais) como das pernas, que começavam a dar sinais de fadiga...rs.
Mas o emocionante: Estava cambonando a entidade. Esta em atendimento a um consulente, mas ao longe eu ouvia um “estalar”, “crepitar”, enfim, não conseguia identificar o barulho, nem de onde vinha nem do que era, mas o fato é que em que no instante seguinte, eu estava estatelado no chão.
Mais do que depressa aprumei-me em virtude da vergonha.
Recompus-me. O Pai Joaquim de Aruanda preocupado acudiu-me querendo saber se estava tudo bem. Respondi dizendo que sim, pois a altura da queda era insignificante. O Pai Joaquim de Aruanda, vendo que estava tudo bem e vendo que eu havia me recomposto, brincou e com um leve sorriso me disse: “Fio é muito grande, né? Esses banquinhos num "guenta" peso de fio.”. Rimos entre nós.
Apenas, ao fim do trabalho, quando todos haviam desincorporados, o dirigente da casa ao ver o estado que ficou o pobre banquinho, perguntou o que havia ocorrido. Ele foi informado por mim mesmo e óbvio que o mesmo pôs-se a rir. Todos riram, após certificarem-se que minha integridade física estava intacta. Agora já o pobre banquinho, não pôde dizer o mesmo.
Hoje, trabalho também emprestando meu corpo para que outro Preto-velho se manifeste através de mim e, pensando em evitar novos sustos, ainda mais incorporado, não utilizo um banquinho. Utilizo um todo de árvore mesmo, que pedi a um destes caminhões da prefeitura que fazem podas.
Obs.: Embora contado de forma romanceada, trata-se de uma história baseada em fatos reais ocorridas comigo, Valério Ruan. O fato ocorreu há alguns anos atrás quando trabalhávamos numa outra casa.
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