quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

        Saravá! O que Realmente Significa?




Saravá! O que Realmente Significa?**
O que era pra ser uma simples saudação e elemento de vibração espiritual, 
como era de se esperar, virou o sinônimo de algo extremamente negativo. 
É curiosa essa reação popular quanto ao desconhecido, pois quando se (pré) 
conceitua uma cultura mantendo seus olhares no escuro, logo surgem
 hipóteses mirabolantes e mentirosas para tentar explicá-las, antes de buscar 
entendê-las. Tudo isso fortalece a muitos mitos que não fazem mais do que
 alimentar a ignorância e a intolerância em relação aos verdadeiros fatos.

O poeta e compositor, Vinício de Moraes, como exemplo positivo, utilizava-se 
do termo (Saravá) para exprimir especificamente uma saudação 
(‘salve, ‘viva’...). A palavra, assim como o ‘axé’, tem uma carga de 
significado positiva e de extrema cordialidade. Contudo a terminação 
também é utilizada pelas religiões afro-brasileiras para se chegar a ápices
espirituais, tais como ‘mantras’: que são palavras vocalizadas de forma
 a encontrar vibrações exatas em emanações ritualísticas. São sons místicos e 
sagrados para quem os produzem, não despreocupadamente, mas em um espaço
 que prima à elevação do espírito.

Pela seriedade encontrada durante os rituais que emanam seu Saravá, não é 
aconselhável que se pronuncie fora dos centros, uma vez que assim como pode
 sintonizar vibrações boas, pode também dissipá-las. Podemos dizer, então,
 que proferindo a palavra estaremos evocando toda a força que movimenta a natureza.

Para compreendermos melhor o termo, separaremos silabicamente 
para que possamos chegar ao um entendimento um pouco mais claro e 
analítico quanto a sua raiz: SA = (Força, Senhor); RA = (Reinar, Movimento);
 VÁ = (Natureza, Energia). Podemos dizer, enfim, que Saravá é a força que
 reina na natureza ou que é o Senhor que movimenta todas as energias. É
 perceptível a força que discorre desse veículo (a palavra Saravá) e a atração
 que exerce sobre as almas que estão na mesma sintonia ou procuram sintonizar-se
 a ele.

Como já dissemos no início do texto, não podemos nos fundamentar em
 embasamentos precipitados e maldosos em relação a algo que não
 conhecemos. Precisamos estar alertas para não cairmos no poço da ignorância 
a ponto de desconsiderarmos algo tão importante para quem realmente o 
conhece. Mas, a essa altura do texto, acredito, estamos todos vibrando na
 mesma sintonia, então porque não saudá-los com um bom e sonoro, SA-RA-VÁ?

** Em minha condição de cético, não tenho compromisso nenhum em seguir paradigmas
 religiosos de credo algum, mas não aguento nenhuma forma de intolerância em relação
 ao que (pré) conceituamos como negativo ou positivo na sociedade. Respeitar a diferença,
 esse é o grande desafio a ser vencido para que tenhamos uma sociedade mais democrática
 e justa, pois há espaço de sobra para todos no mundo e este exemplo é apenas um de
 universos de pensamentos vários e interessantes. A verdade é que os pseudo antropólogos,
 como eu, têm ainda muito trabalho pela frente... Ainda bem!!!

Por: Dilso J. dos Santos

Nenhum comentário: