01 Um dia Orumilá saiu de seu palácio para dar um passeio acompanhado de todo seu séquito. Em certo ponto deparou com outro cortejo, do qual a figura principal era uma mulher muito bonita. Orumilá ficou impressionado com tanta beleza e mandou Exu, seu mensageiro, averiguar quer era ela. Exu apresentou-se ante a mulher com todas as reverências e falou que seu senhor, Orumilá, gostaria de saber seu nome. Ela disse que era Iemanjá, rainha das águas e esposa de Oxalá.
Exu voltou à presença de Orumilá e relatou tudo o que soubera da identidade da mulher. Orumilá, então, mandou convidá-la ao seu palácio, dizendo que desejava conhecê-la. Depois de sua visita, Iemanjá ficou grávida e deu a luz a uma linda menina. Como Iemanjá já tivera muitos filhos com seu marido, Orumilá enviou Exu para comprovar se a criança era mesmo filha dele. Ele devia procurar sinais no corpo. Se a menina apresentasse alguma marca, mancha ou caroço na cabeça seria filha de Orumilá e deveria ser levada para viver com ele. Assim foi atestado, pelas marcas de nascença, que a criança mais nova de Iemanjá era de Orumilá. Foi criada pelo pai, que satisfazia todos os seus caprichos. Por isso cresceu cheia de vontades e vaidades e seu nome é Oxum.
02 Em uma época onde os deuses viviam na terra, existiu duas jovens irmãs: Oxum e Iansã. Oxum era deusa do ouro e da prata e tinha poderes sobre o ocultismo, Iansã por sua vez era deusa dos raios, tendo assim poderes sobre eles. Oxum carregava consigo o espelho que mostrava toda verdade oculta. Um belo dia Iansã muito curiosa, pegou o espelho e olhou, viu que era mais bonita que Oxum. Toda aldeia ficou sabendo disso e Oxum ficou muito brava. Resolveu dar uma lição em sua irmã, colocou em seu quarto outro espelho, esse mostrava o lado ruim das coisas. Iansã percebendo a troca foi novamente olhar, ficou chocada com o que viu, em vez de ver sua imagem viu um monstro horrível. Entrou numa tristeza profunda e acabou morrendo. Os deuses mais velhos descobriram a vingança de Oxum e decidiram castigá-la. Oxum carregaria Iansã em seu corpo eternamente, seis meses seria Oxum com todas suas características e os outros seis meses seria Iansã. Oxum Opará tem em uma das mãos o espelho e na outra a espada que representa Iansã, dizem que ela é uma deusa guerreira e anda ao lado de Ogum, o deus do ferro e da estrada.
03 Oxum queria saber o segredo do jogo de búzios que pertencia a Bará e este não queria lhe revelar. Ela então procura na floresta as feiticeiras Iyá Mi. As feiticeiras perguntam a Oxum o que faz ali e ela lhes pede como enganar a Bará e conseguir o segredo do jogo de búzios. As feiticeiras a muito querendo pregar uma peça a Bará, ensinaram toda a sorte de magias a Oxum, mas exigiram que ela lhes fizesse uma oferenda a cada feitiço realizado. Oxum concordou e foi procurar Bará. Ao chegar perto do seu reino, Bará desconfiado perguntou-lhe o que queria por ali, que ela deveria embora e que ele não a ensinaria nada. Ela então o desafia a descobrir o que tem entre os dedos. Bará se abaixa para ver melhor e ela sopra sobre seus olhos um pó mágico que ao cair nos seus olhos o cega e arde muito. Bará gritava de dor e dizia: - Eu não enxergo nada, cadê meus búzios? Oxum fingindo preocupação, respondia: - Búzios? Quantos são eles? - Dezesseis, respondeu Bará, esfregando os olhos - Ah! Achei um, é grande! - É Okanran, me dê ele. - Achei outro, é menorzinho! - É Eta-Ogundá, passa pra cá... E assim foi até que ela soube todos os segredos do jogo de búzios. Ifá o Orixá da adivinhação, pela coragem e inteligência da Oxum, resolveu-lhe dar também o poder do jogo e dividi-lo com Bará.
04Logo que todos os Orixás chegaram à terra, organizavam reuniões das quais mulheres não podiam participar. Oxum, revoltada por não poder participar das reuniões e das deliberações, resolve mostrar seu poder e sua importância tornando estéreis todas as mulheres, secando as fontes, tornando assim a terra improdutiva. Olodumaré foi procurado pelos Orixás que lhe explicaram que tudo ia mal na terra, apesar de tudo que faziam e deliberavam nas reuniões. Olodumaré perguntou a eles se Oxum participava das reuniões, foi quando os Orixás lhe disseram que não. Explicou-lhes então, que sem a presença de Oxum e do seu poder sobre a fecundidade, nada iria dar certo. Os Orixás convidaram Oxum para participar de seus trabalhos e reuniões, e depois de muita insistência, Oxum resolve aceitar. Imediatamente as mulheres tornaram-se fecundas e todos os empreendimentos e projetos obtiveram resultados positivos. Oxum é chamada Iyalodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre as mulheres da cidade.
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