01 Oxalufan devia ir na terra de Kùsó visitar seu filho Xangô. Antes, porém, consultou Ifá para saber se tudo correria bem durante a viagem e foi aconselhado a não negar nada a ninguém o que fosse pedido e mais ainda que levasse consigo sabão da costa, obí e três roupas brancas. Seguindo seu caminho, encontrou por três vezes Exu que lhe pediu sucessivamente para ajudá-lo a carregar na cabeça uma barriga de azeite de dendê, uma carga de carvão e outra de óleo de amêndoas. As três vezes Exu derramou o conteúdo sobre Oxalufan. Mas este sem se queixar, lavou-se e trocou as três mudas de roupas e continuou a viagem. Oxalufan havia dado de presente a Xangô um cavalo branco, o qual havia desaparecido do reinado fazia bastante tempo. Os escravos de Xangô andavam por toda parte para encontrá-lo e eis que Oxalufan passando por um mineral, apanhou algumas espigas de milho e ao mesmo tempo deparou-se com o cavalo perdido de Xangô. O cavalo também reconheceu Oxalufan e lhe acompanhou. Nesse instante, chegaram os escravos de Xangô, gritando: Olé Esim Oba, que quer dizer "ladrão do cavalo do rei". Não reconhecendo Oxalufan, deram-lhe vários golpes e em seguida jogaram-no na prisão onde permaneceu por sete anos. Enquanto isso, no reino de Xangô tudo corria mal. Xangô preocupado consultou um Babalawo que lhe revelou: "Algum inocente paga injustamente em tuas prisões". Xangô, então, ordenou que os prisioneiros comparecessem diante dele e reconheceu seu pai. Enviou então os escravos vestidos de branco até uma fonte vizinha para lavar Oxalufan, sem falar uma palavra, em sinal de tristeza. Depois, Xangô, em sinal de humildade, carregou Oxalufan nas costas de volta até o Palácio de Oxaguian. Oxaguian, muito alegre com o regresso de Oxalufan, ofereceu um grande banquete. Esse mito mostra todo o caminho seguido no ritual Águas de Oxalá.
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