01 Ogum foi fazer uma caça e quando estava com um búfalo na mira de sua arma para derruba-lo, a pele do animal se abre e ele vê Oyá. Linda, ricamente vestida e cheia de ornamentos que valorizavam a sua beleza e sensualidade. Ela pega a pele do búfalo, esconde-a em um formigueiro e sai dirigindo-se para a cidade. Ogum a seguiu e completamente dominado pela sua beleza lhe propõe casamento, que não foi aceito por Oyá. Ogum, em seguida, retorna ao local onde a viu pela primeira vez e pegando a pele de búfalo a guarda para si mesmo, retornando para a cidade. Ele estava determinado a ter a seu lado Oyá e não se daria por vencido. Quando Oyá descobriu o roubo da pele volta à cidade e encontra Ogum esperando por ela, ela o acusa e exige o que é seu. Ogum finge não entender nada e Oyá sente que tem que se render e aceitar a proposta, mas impõe condições: Ninguém nunca poderia saber o seu segredo, ele nunca deveria revelar a ninguém. Ogum aceitou os termos e casaram-se, porém Ogum não estava sozinho, ele tinha outras mulheres que ficaram com ciúmes da bela Oyá e decidiram tomar uma atitude. Elas iriam embebedar Ogum com vinho de palma para dizer-lhes o segredo de Oyá. Então ele contou ser dela um chifre de animal, a pele e os cascos. Oyá fingiu que não era seu, mas quando deixada sozinha, correu até o local e vestindo seus pertences, a força do animal e a raiva vieram a tona e ela atacou e matou as outras mulheres. Desapontada com a traição de Ogum e sua falta de confiança, chorando de raiva por ele ter revelado seu segredo e decepcionada pretendia voltar para a floresta, mas seus filhos a chamavam de volta. Ela então pegou seus chifres e deu-lhes, dizendo-lhes que se eles se precisassem da ajuda dela, era somente bater uns nos outros e ela iria surgir a partir do vento para defendê-los.
02 Iansã vivia feliz com Ogum pois os dois tinham muitas coisas em comum, como o gosto pela guerra e o desejo de desbravar novos lugares. Gostavam da companhia um do outro, sentindo-se em harmonia. Iansã gostava muito de vê-lo trabalhar em seu oficio de ferreiro, tentando aprender como ele confeccionava suas armas e ferramentas. Ela pedia insistentemente que lhe fizesse uma arma para guerrear.
Um dia, Ogum a surpreendeu, oferecendo-lhe uma espada curva, que era ideal para seu uso. Isso a agradou muito, tanto que, mais tarde, todo seu exército estava usando esse mesmo tipo de arma. Porém Ogum não a levava em suas batalhas, deixando-a sozinha e entediada. Sem falar no tempo que gastava em seus afazeres de ferreiro. Iansã adorava a liberdade, mas, ao mesmo tempo, não dispensava uma boa companhia. Começou a sentir-se rejeitada por ele. Foi nesse momento que Xangô, o grande rei, foi procurar Ogum, pois precisava de armas para seu exército. Ele era muito atraente e cuidadoso com sua aparência. Era impossível não notar sua presença. Ogum, aceitando o pedido, começou a produzir armas para Xangô, que tinha muita urgência. Ficaria na aldeia o tempo necessário para o término do serviço. Xangô também notou a presença de Iansã, sentindo uma grande atração por ela. Com seu jeito de ser, aproximou-se dela para trocar conhecimentos a respeito de suas habilidades. Descobriram, nessas conversas, que possuíam muitas afinidades, inclusive que não gostavam de viver isolados, assim como Ogum. Iansã estava muito interessada em Xangô e em tudo o que estava aprendendo com ele, mas não queria magoar Ogum, a quem respeitava muito. Xangô propôs-lhe uma união eterna, sem monotonia, sem solidão, viajando sempre juntos por toda a terra. Seria uma união perfeita. Quando Ogum terminou seu trabalho, os dois já haviam partido. Ele ficou enfurecido com a traição de ambos, mesmo sabendo que sua companheira não podia ficar cativa para sempre e partiu atrás deles para vingar sua desonra! Iansã estava vindo ao seu encontro, para explicar-lhe que não poderia mais ficar com ele, pois Xangô a completava, mas que iria respeitá-lo sempre como grande Orixá da guerra. Ogum estava tão enfurecido, que não ouviu o que ela dizia, e foi com grande fúria que investiu contra ela, erguendo sua espada. Iansã, em defesa própria, também o atacou. Ela foi golpeada em nove partes do seu corpo e Ogum em sete, formando curas. Esses números ficaram muito ligados a esses Orixás, assim como as curas, que foram introduzidas nos rituais africanos.
03 Oxaguiã estava em guerra, mas a guerra não acabava nunca, tão poucas eram as armas para guerrear. Ogum fazia as armas, mas fazia lentamente. Oxaguiã pediu a seu amigo Ogum urgência, mas o ferreiro já fazia o possível. O ferro era muito demorado para se forjar e cada ferramenta nova tardava como o tempo. Tanto reclamou Oxaguiã que Iansã, esposa do ferreiro, resolveu ajudar Ogum a apressar a fabricação. Iansã se pôs a soprar o fogo da forja de Ogum e seu sopro avivava intensamente o fogo, consequentemente aumentado derretia o ferro mais rapidamente. Logo Ogum pode fazer muitas armas e com as armas Oxaguiã venceu a guerra e veio então agradecer Ogum. Mas na casa de Ogum, enamorou-se de Iansã. Um dia fugiram Oxaguiã e Iansã, deixando Ogum enfurecido e sua forja fria. Quando mais tarde Oxaguiã voltou à guerra e quando precisou de armas muito urgentemente, Iansã teve que voltar a avivar a forja. E lá da casa de Oxaguiã, onde vivia, Iansã soprava em direção à forja de Ogum. E seu sopro atravessava toda a terra que separava a cidade de Oxaguiã da de Ogum. E seu sopro cruzava os ares e arrastava consigo pó, folhas e tudo o mais pelo caminho, até chegar às chamas com furor. E o povo se acostumou com o sopro de Iansã cruzando os ares e logo o chamou de vento. E quanto mais a guerra era terrível e mais urgia a fabricação das armas, mais forte ela soprava a forja de Ogum. Tão forte que às vezes destruía tudo no caminho, levando casas, arrancando árvores, arrasando cidades e aldeias. O povo reconhecia o sopro destrutivo de Iansã e o povo chamava a isso tempestade.
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