quarta-feira, 28 de setembro de 2016


Os Benfeitores Espirituais disseram a Kardec que a ideia de Deus é intrínseca aos povos primitivos, uma espécie de sentimento inato impresso no espírito, que não foi imposto pela educação, ou seja, pelas tradições nem pelos valores intelectuais, morais e religiosos. Essa noção faz parte do sentimento natural, bem como outras tantas riquezas e bens de cunho imortalista, que estão gravadas no imo da humanidade.
A presença de Deus constitui a essência que não se restringe unicamente à consciência humana, mas se estende a toda a Natureza.
A respeito da SOLIDARIEDADE no mundo animal, escrevemos: o sentimento de acolhimento, cujo intuito é socorrer e ajudar, faz parte da nossa herança primata, mas os seres humanos têm imensa resistência em admitir que essas boas qualidades são parte da evolução filogenética de todo o reino animal. Quando indivíduos cometem genocídio - destruição de populações ou povos -, nós os chamamos de ``animalizados´´; mas, quando são solidários e bondosos, nós os elogiamos por serem ``humanitários´´.
Em 16 de agosto de 1996, uma fêmea de gorila de oito anos, denominada Binti Jua, resgatou uma criança de três, que subiu em uma grade e caiu a uma altura de aproximados seis metros, dentro da jaula dos primatas. Funcionários agiram quase que de imediato, mas foi Binti que reagiu prontamente, levantou o menino, embalando-o com o braço direito, e o carregou para um lugar seguro. Sentou-se em um tronco à beira d´água com a criança inconsciente no colo, afagou-o delicadamente com as costas da mão, deu-lhe umas pancadinhas nas costas e carregou-o por dezoito metros até uma entrada de acesso, para que o pessoal do zoológico pudesse socorrê-lo.
Esse gesto amoroso de solidariedade, sensibilizou muitos corações, e constatou a possibilidade de haver humanidade nos primatas não humanos. Binti Jua foi aclamada heroína e tida como um modelo de compaixão.
Ser solidário implica, em primeiro lugar, o respeito à dignidade individual. A solidariedade tem como intuito socorrer e confortar a outrem em suas dificuldades e colaborar, de modo efetivo, para uma vida melhor no meio social em que se vive. Ela é sempre mais verdadeira quando praticada de modo espontâneo ou com quem nem mesmo se conhece.
Constata-se hoje que certos traços, antes considerados exclusivamente humanos, são também encontrados em outros primatas. Solidarizar-se é tão frequente na Natureza quanto o comportamento belicoso.
O objetivo do ato solidário não é somente o de dar alguma coisa, por assim dizer, mas também o de doar-se; acolhendo, ouvindo, dialogando, ajudando na mais profunda dor ou necessidade de uma pessoa.
Não queremos dizer que, para sermos solidários e bondosos, devemos comungar de modo absoluto com os pontos de vista alheios; sobretudo, isso significa que devemos estar dispostos a tentar compreendê-los e respeitá-los. Não devemos supor que pensem do mesmo modo nosso. Só haverá real solidariedade quando alcançarmos uma forma de sair de nós mesmos e avaliar como cada individualidade vê o mundo com seus próprios olhos. As experiências de vida de outra pessoa são válidas para quem as experienciou e, mesmo que contestem as nossas, devemos levá-las em consideração.
Quando a solidariedade se torna um hábito e deixamos de empolgar-nos pelo julgamento precipitado,  nossa capacidade de amar amplia-se.
Segundo George Bernard Shaw, dramaturgo, romancista e jornalista irlandês, ``o pior pecado que cometemos com nossos semelhantes não é odiá-los, mas sermos indiferentes a eles. Essa é a essência da desumanidade´´.
Compartilhamos com a humanidade jornadas diárias e a nossa destinação mais completa se resume em dar atenção, compartilhar e compreender. São essas ações que, desenvolvidas, poderão resultar em qualidades, as quais serão via de mão dupla, ou seja, diretamente proporcionais à solidariedade que dedicarmos a nossos semelhantes.
Cada instante de nossa existência nos faculta experiências indispensáveis para o desenvolvimento de nossas qualidades inatas. Precisamos sair do ``pecado da indiferença´´, que tem como cerne a ``essência da desumanidade´´; não devemos nos afastar da presença uns dos outros, das contribuições e até mesmo das vicissitudes, dos altos e baixos que todos enfrentamos. Sendo solidários e bondosos avançamos tanto em conjunto como individualmente.


Adaptado do livro: Estamos Prontos (Fco. do Espírito Santo Neto - Esp. Hammed)

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