Talvez uma das maiores incógnitas a respeito da vida de Jesus aqui na Terra tenha sido o seu relacionamento com as mulheres que viveram na sua época, o que provocou escândalo na sociedade machista do seu tempo. Jesus não apenas dialogava frequentemente com as mulheres, como as admitiu em seu círculo mais amplo de discípulos. Em várias narrativas do evangelho, elas estão um passo à frente dos homens na compreensão e na vivência dos acontecimentos. No evangelho de São João, há uma mulher anônima e ainda por cima samaritana (pertencente a um povo que sempre foi desprezado pelos judeus), a primeira pessoa a reconhecê-lo como o verdadeiro messias que viria para salvar aquele povo. É é também uma mulher, Maria Madalena, a primeira a quem ele se manifesta depois de ressuscitar no terceiro dia.
Foi também uma mulher a primeira a obter uma cura, sem o concurso direto do Cristo, tocando em suas vestes interadas de energia e retirando dali os recursos fluídicos necessários para curar um fluxo de sangue que a atormentava há vários anos. As relações dessas mulheres heroicas da época de Jesus comportam gestos de profunda beleza e intimidade, como o ato em que Maria enxuga os pés de Jesus com os próprios cabelos, demonstrando um tipo de amor difícil de ser explicado, tal a delicadeza e a intimidade do gesto, emocionando o próprio Cristo, diante de tanta fé, de tanta certeza na divindade do Cristo. Por ocasião da prisão, tortura e crucificação de Jesus, as mulheres demonstram atitudes de coragem e de dramaticidade, acompanhando o Cristo desde o momento da prisão, no caminho do Gôlgota e na face dramática da crucificação, permanecendo firmes nas proximidades, enquanto a maioria dos discípulos homens escondiam-se no meio da multidão. Fizeram vigília também junto ao túmulo de Jesus e sofreram todo o tipo de maldade e crueldade por parte dos soldados romanos, sacerdotes, fariseus e do próprio povo que participava da crucificação.
Nos momentos finais de sua vida terrena, Jesus se dirige especialmente a uma mulher, sua própria mãe, apontando para o discípulo João, e dizendo o seguinte: ``mãe, aí está o seu filho; e filho, aí está a sua mãe´´, designando, naquele momento doloroso, o seu discípulo mais novo para cuidar de sua mãe, e determinando à sua mãe que adotasse como filho o apóstolo João. Jesus amou, com todas as suas forças, as mulheres que, na sua época, eram discriminadas, porque sabia da importância dessas guerreiras anônimas do mundo em que vivemos.
Do livro: Os Segredos da Felicidade (Djalma Santos)
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