segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Vai uma Oferenda aí?


Por Jorge Scritori
  
Ainda estou lendo situações sobre oferendas de fim de ano (festa de Iemanjá e
 virada do ano) e chego a conclusão que falta esclarecimento, boa vontade e 
determinação para mudar o quadro atual.
Alguns pontos:
- Velas acesas na terra ou na areia causam impermeabilização do solo.
 Quando chove a parafina que derreteu da queima ou em função do sol, 
atinge camadas profundas criando uma "manta" que não deixa a água escorrer. 
A água que deveria atingir profundidade e chegar a algum lençol freático, 
fica represada, estagnada e não cumpre o seu ciclo. Na praia é pior por
 contaminar organismos menores que estão em uma cadeia biológica bem complexa;
- Champanhes e alfazemas que são a base de álcool, conservantes e corantes. 
Quando despejados no mar contaminam a água e também agridem e
 matam micro organismos;
- Os barquinhos de isopor, as louças e garrafas são os grandes vilões pelo
 tempo de decomposição - indeterminado - e quando não voltam a beira da praia,
 atingem recifes de corais. Em alguns casos, peixes e tartarugas marinhas vêm a 
superfície para tentar comer o isopor e morrem por intoxicação ou asfixia. 
O mesmo acontece com algumas aves marinhas.
Um setor que poderia começar a mobilização são os lojistas e atacadistas 
de produtos religiosos: NÃO VENDA O BARQUINHO! 
Sim! Vai mexer no seu orçamento. Você prefere ser a pessoa que faturou mais no final 
de ano ou a que começou um movimento de boicote e conscientização em relação aos 
barquinhos? Se não tiver para vender o povo vai ter que se adaptar...
- O fato de um apresentador de tv famoso fazer a oferenda desta maneira não 
valoriza a religião e não soma com absolutamente nada: é apenas mais uma 
pessoa (com dinheiro e mídia disponível) agredindo o meio ambiente.
- O pior argumento que existe nas festividades é este:
"A prefeitura limpa"...
Limpa mesmo? E leva pra onde? Você sabe o estado dos entrepostos de resíduos
 da cidade que você festejou? Qual sistema é usado? Aterro? Queima? Deslocamento?
 Ou é levado pra outra cidade? Quem paga a prefeitura, senhor contribuinte? 
Até quando o meio ambiente vai suportar?
Eu tenho vergonha dos barquinhos, das velas e de tudo que acompanha o processo!
- O pior pensamento nas festividades:
"É só uma velinha"...
"É só um barquinho"...
"É só uma rosa"...
Aceite! No fim de ano são milhares fazendo a mesma coisa...
E parece uma briga que não tem fim com algumas pessoas ou lideranças que
 levam estes apontamentos para o lado pessoal.
Então como fazer a oferenda?
Leve flores e coloque na parte seca da praia. Neste dia não beba, não fume e 
esteja vestido de forma adequada. Ao término de suas orações e agradecimentos,
 leve as flores para sua casa.
Use água mineral potável sobre as flores. Não use velas, frutas, 
espelhos, champanhe,alfazema ou qualquer outro material que seja agressivo 
ao meio ambiente.
Estamos na era do "selfie". Tire uma foto antes e deixe o local de forma idêntica: 
limpo e conservado.
E por tudo que é mais sagrado ou que você acredita ser sagrado: 
NÃO URINE NO MAR OU NA PRAIA! Não existem dois pesos e 
duas medidas: se o lugar é sagrado não deve ser profanado...
Se o "seu orixá" não aceitar a oferenda desta forma, procure no canto da 
praia uma pedra bem alta e se jogue de lá de cima no mar. Tomara que "ele" 
aceite e não te devolva...(risos)
Muda meu camarada. Antes que alguém te mude de lugar...
E antes que eu mesmo tenha vontade de me jogar de uma pedra bem alta, 
optei por NÃO fazer mais oferendas na natureza...e como você faz? Não faço!!!
 Será que Iemanjá ou outro Orixá vai me punir? Duvido...

Abaixo uma tabela de materiais e o tempo de decomposição:
Material Tempo de Degradação
Aço Mais de 100 anos
Alumínio 200 a 500 anos
Cerâmica indeterminado
Chichetes 5 anos
Corda de nylon 30 anos
Embalagens Longa Vida até 100 anos (alumínio)
Esponjas indeterminado
Filtros de cigarros 5 anos
Isopor indeterminado
Louças indeterminado
Luvas de borracha indeterminado
Metais (componentes de equipamentos) cerca de 450 anos
Papel e papelão cerca de 6 meses
Plásticos (embalagens, equipamentos) até 450 anos
Pneus indeterminado
Sacos e sacolas plásticas mais de 100 anos
Vidros indeterminado

Fonte: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/reciclagem/tempo_de_decomposicao_do_materiais.html

Nenhum comentário: