quinta-feira, 7 de janeiro de 2016



Tira as sandálias dos pés, 

pois o lugar que estás é santo!



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Puxem uma cadeira, e deslumbrem a beleza de Umbanda.Em tantos anos de Umbanda, a gente acaba se tornando um pouco psicologo e terapeuta mesmo sem perceber ou querer, são tantas vidas a serem desvendadas, é tão delicado lidar com a vida humana, com o sentimento do outro, é preciso muito carinho, amor, sensibilidade, mas além de tudo é preciso muita sinceridade, verdade e responsabilidade, porque uma palavra mal dita pode mexer com toda uma trajetória e mudar toda uma vida.

As pessoas que chegam pela primeira vez, num terreiro de Umbanda, chegam muitas vezes deslumbradas, as vezes nos acham até um pouco deuses, ou aquele guru, que vai resolver como num passe de magica toda uma vida, outros um pouco mais arrogantes, já vão chegando e perguntando, quanto eu pago? não me importo só quero que os meus problemas sejam resolvidos, como se nossas casas fossem um mercado, ou uma farmácia, que é só pagar e levar. Outros chegam morrendo de medo de espíritos, mas a necessidade faz o sapo pular, tá com medo vai com medo mesmo. Mas esse medo é nada mais do que o medo do desconhecido, do que esperar, mas quando ficam ali na frente de um Preto Velho, não tem medo que não ceda lugar a doçura da boa palavra.
E tem aquelas que estão em situações tão difíceis, muitas vezes já bateram em inúmeras portas, chegam ali como o último suspiro de suas vidas a ser dado, a última esperança.
Em diversas situações como essas, é muita responsabilidade, ao ponto de fazer-nos pensar…
Deus, me ajude. E ali você reza tão profundamente pedindo a misericórdia dos guias e orixás, que eles enviem para aquelas pessoas uma saída, uma resposta, uma conscientização, uma luz e não adianta você médium se sente um pouco responsável pelos resultados, quando o médium Umbandista ama o que faz, ele se entrega, soa, sangra, se vira nos trinta, simplesmente pelo prazer de poder dar aquela pessoa uma saída um caminho diferente. Na medida do possível o médium não pode se envolver demais ao ponto daquela situação se torne um problema na sua vida particular, mas sabemos perfeitamente que em alguns casos não tem como, e ai você respira, se centra, coloca a armadura, e vai com toda sua energia e garra na batalha.
Sabem aquele trecho que diz: “… somos soldados de Umbanda…”, não foi a toa, acreditem.
Essa dedicação salva vidas, muda vidas. Mas nem tudo nos cabe ou é possível infelizmente.
Mas é gratificante ver uma “VIDA” sair pelas nossas portas melhor do que entrou. Isso não tem preço.
Mas nem todo médium pensa assim, infelizmente temos médiuns que veem no sofrimento do outro, um ganho fácil, é muito triste, tripudiar em cima do sofrimento alheio, mas triste ainda é cair na mão de um charlatão, que além de arruinar mais ainda a vida daquela pessoa, tirando-lhe o pouco que tem, com a falta de resultados irá tirar suas esperanças, sua dignidade e muitas vezes sua vontade de viver, e por cima de tudo isso há uma cobrança, não pensem que fica impune. Esses médiuns com o tempo irão aprender que o mal jogado, retorna como uma bola de ping e pong. Esses tipos de médiuns são maldosos, mistificadores, riem em quanto podem das desgraças alheias, mas já vi muitos desses acabarem de uma forma tenebrosa, vitimados tanto pela doença física quanto pela doença espiritual, e garanto a vocês não é uma cena bonita de se presenciar. E nesse momento em grande número dos casos vem o arrependimento, só que tarde demais.
“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”
O que as pessoas não entendem ou não querem, é que guias verdadeiros, que trabalham na luz, não são compráveis, não aceitam barganhas, e não se comprazem no mal. Para mim é tão evidente essa verdade, que as vezes tento entender porque as pessoas se deixam enganar. Mas cheguei a algumas conclusões: é muito bom ouvir o que se quer ouvir, não é? alguns sentem até um certo poder mágico em manipular vidas, comportamentos assim só denotam uma coisa, ignorância ou melhor burrice, porque muitos fazem sabendo perfeitamente que estão agindo mal, desses ainda mais será cobrado.
Na trajetória do dia a dia, vamos aprendendo que há desígnios que não entendemos e que não conseguimos alterar, há algumas coisas já predestinadas, e nem tudo acaba em sorrisos, algumas acabam em belas flores dadas, com lágrimas nos olhos. Lembro de um caso de um consulente muito adoentado, onde os guias começaram a evangelizá-lo, trabalhando sua redenção, sua fé, quando achamos que ele iria conseguir,  ele se foi, hoje percebo que deram a ele uma chance, a oportunidade de uma viagem em paz, sem remorsos. Nesse momento percebemos como nossos guias são sábios e benevolentes.
Mas lidamos também com pessoas difíceis, que simplesmente não querem entender, endurecidas por mais que nossos guias as oriente, simplesmente ficam irredutíveis, muitas vezes mesmo diante de verdades irrecusáveis, teimam e vão para outras paragens que lhes alimente o ego e a ganância. E não tem muito o que ser feito apenas rezar e pedir que Deus as abençoe. Mas no que diz respeito a espiritualidade sabemos perfeitamente que o mal se sintoniza no mal, semelhante atrai semelhante, e algumas intenções são tão ruins que boas coisas não atraíram, e essas pessoas estão fadadas ao sofrimento e ao resgate, felizes daquelas que se redimem a tempo. “Não subestimem o mal, ele pode ser bem atraente e conveniente, seu caminho é largo”.
Muitas pessoas que não conhecem de fato a dinâmica de uma gira de Umbanda pode achar que tudo ali é previsível, calculado e programado, podem ter certeza, que não o é. Cada gira de Umbanda é uma história a ser contada e vivida, são tantas situações inusitadas, tantas emoções, marasmo não existe numa casa de Umbanda, e é por isso que é tão fascinante e encantadora, cada gira é um aprendizado novo uma lição a ser aprendida.
Sempre digo aos meus filhos no santo, errem por excesso e não por negligência. Numa gira de Umbanda, bom soldado deve estar atento e preparado para tudo.
Uma das coisas mais admiráveis é a singeleza e humildade dos guias de Umbanda é tão bonito, eles não cobram gratidão, na realidade é nós médiuns ainda falíveis que cobramos, porque a ingratidão, machuca, dói, eu diria até que a ingratidão é oriunda de pessoas pobres de coração, muitos já devem ter ouvido falar; pessoas felizes são gratas, sem duvida nenhuma é verdade, são ricas e puras de alma. É necessário muita maturidade para lidar com a ingratidão, porque muitas vezes as pessoas chegam em nossa casa, conseguem ser abençoadas com uma graça, umas nem voltam para agradecer  (não devemos julgar), outras simplesmente passam pelo médium na rua e desvia do caminho, não querem ser vistas falando com “macumbeiro”, a grande ironia que somos tão discriminados, mas não há preconceitos em nossa religião a todos agregamos com amor, não importa raça, etnia, religião, sexo, a Umbanda é uma das poucas religiões que vê o ser humano por sua essência e não julga e nem impõe nada ou cobra nada. Mas não se enganem, todo esse amor pelo semelhante, vem acompanhado de muita disciplina e doutrina, e conceitos morais e espirituais. A Umbanda é uma religião comprometida com a seriedade e verdade.
Sabem, devido as perseguições e intolerâncias muitos dos nossos médiuns precisam se esconder do que são, para não sofrerem perdas, em sua vida social. Isso causa um sofrimento muito grande no coração do médium Umbandista, mas algo é fato, o que não nos mata nos torna fortes. E algo está acontecendo em nosso meio, algumas armaduras já brilham no sol, e estão ofuscando os inimigos de nossa fé.
Nossos perseguidores podem não nos aceitar, mas vão nos respeitar, porque exigimos e somos dignos de respeito. Somos filhos de Deus como eles se dizem ser, a única diferença que nossas emanações divinas vinda do alto, nos ensinam a amar nosso semelhante.
Se você que está lendo essa mensagem, nunca viu uma gira de Umbanda, se dê esse presente. Puxe uma cadeira, tire seus sapatos ao entrar, porque irá estar em solo santo.
A todos meus irmãos na fé, meus respeitos.
Que Oxalá nos traga luz em nossas vidas, hoje e sempre. Axé.
Cristina Alves
Templo de Umbanda Ogum 7 Ondas e Cabocla Jupira

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