quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O DESAFIO DAS DOENÇAS ESPIRITUAIS


O DESAFIO DAS DOENÇAS ESPIRITUAIS.


     A medicina humana  não admite a existência do Espírito, não reconhecendo, conseqüentemente, as  doenças espirituais. No passado, porém, durante séculos, o Espírito era  considerado causa de doença, principalmente na loucura onde parecia evidente seu  parentesco com o mal. Quando a Medicina começou a descobrir a fisiologia  mecanicista dos fenômenos biológicos, excluiu dos meios acadêmicos a  participação da alma, inclusive na criação dos pensamentos, que passaram a ser  vistos como "secreção" do cérebro, e as doenças mentais, como distúrbios da  química dos neurônios.
     O médico espírita  que pretender retomar, nos dias de hoje, a discussão sobre as doenças  espirituais precisa expurgar, em primeiro lugar, a "demonização" das  doenças, um ranço medieval que ainda contamina igrejas e repugna o pensamento  médico atual.
     A medicina moderna  aprendeu a ajuizar os sintomas e os desvios anatômicos, usando sinais clínicos  para fazer as classificações das doenças que conseguiu identificar. Para as  doenças espirituais, porém, fica faltando conhecer "o lado de lá" de cada  paciente para podermos dar um diagnóstico correto para cada necessitado. Já no  século XVII, Paracelso atribuía causas exteriores ou perturbações internas aos  doentes mentais, destacando os lunáticos (pela interferência das fases e  movimentos da Lua), os insanos (pela hereditariedade), os vesanos (pelo abuso de bebida ou  mau uso de alimentos) e os melancólicos (por um vício de natureza interna).
     Para as doenças  espirituais também percebemos causas externas e internas. Por enquanto, nossa  visão parcial nos permite apenas uma proposta onde constem as possíveis causas  da doença  espiritual, sem o rigor que uma avaliação individual completa  exigiria, adotando-se para tanto a seguinte classificação: doenças  espirituais auto-induzidas (por desequilíbrio vibratório e auto-obsessão), doenças espirituais compartilhadas (por vampirismo e obsessão), mediunismo e doenças cármicas.
As Doenças Espirituais  auto-induzidas



Por desequilíbrio vibratório
     O perispírito é um  corpo intermediário que permite ao espírito encarnado exercer suas ações sobre o  corpo físico. Sua ligação é feita célula a célula, atingindo a mais profunda  intimidade dos átomos que constitui a matéria orgânica do corpo físico. Esta  ligação se processa pelas vibrações de cada um dos dois corpos - físico e  espiritual - cujo "ajuste" exige uma determinada sintonia vibratória.  Como o perispírito não é prisioneiro das dimensões físicas do corpo de carne,  podendo manifestar suas ações além dos limites do corpo físico pela projeção dos  seus fluidos, a sintonia e a irradiação do perispírito são dependentes  unicamente das projeções mentais que o espírito elabora, do fluxo de idéias que  construímos. De maneira geral, o ser humano ainda perde muito dos seus dias  comprometido com a crítica aos semelhantes, o ódio, a maledicência, as  exigências descabidas, a ociosidade, a cólera e o azedume entre tantas outras  reclamações levianas contra a vida e contra todos. Como o vigiai e orai ainda está distante da nossa rotina, desajustamos a sintonia entre o corpo  físico e o perispírito, causando um "desequilíbrio vibratório".  Essa desarmonia desencadeia sensações de mal-estar, como a estafa  desproporcional e a fadiga sistemática, a enxaqueca, a digestão que nunca se  acomoda, o mau humor constante e inúmeras outras manifestações tidas como "doenças  psicossomáticas". Ainda nos dedicamos pouco a uma reflexão sobre os  prejuízos de nossas mesquinhas atitudes, principalmente em relação a um  comportamento mental adequado.
Por auto-obsessão
     O pensamento é  energia que constrói imagens que se consolidam em torno de nós. Impressas no  perispírito elas formam um campo de representações de nossas idéias. À custa dos  elementos absorvidos do fluido cósmico universal, as idéias tomam formas,  sustentadas pela intensidade com que pensamos nelas. A matéria mental constrói  em torno de nós uma atmosfera psíquica (psicosfera) onde estão representados os  nossos desejos. Neste cenário, estarão todos os personagens que nos aprisionam o  pensamento pelo amor ou pelo ódio, pela indiferença ou pela proteção, etc.  Medos, angústias, mágoas não resolvidas, idéias fixas, desejo de vingança,  opiniões cristalizadas, objetos de sedução, poder ou títulos cobiçados, tudo se  estrutura em "ideias-formas" na psicosfera que alimentamos,  tornando-nos prisioneiros dos nossos próprios fantasmas. A matéria mental produz  a "imagem" ilusória que nos escraviza. Por capricho nosso,  somos, assim, "obsedados" pelos nossos próprios desejos.
As doenças espirituais  compartilhadas
Por vampirismo
     O mundo espiritual  é povoado por uma população numerosíssima de Espíritos, quatro a cinco vezes  maior que os seis bilhões de almas encarnadas em nosso planeta. Como a maior  parte desta população de Espíritos deve estar habitando as proximidades dos  ambientes terrestres, onde flui toda a vida humana, não é de se estranhar que  esses Espíritos estejam compartilhando das nossas condutas. Podemos atraí-los  como guias e protetores, que constantemente nos inspiram, mas também a eles nos  aprisionar pelos vícios - o álcool, o cigarro, as drogas ilícitas, os  desregramentos alimentares e os abusos sexuais. Pare todas essas situações, as  portas da invigilância estão escancaradas, permitindo o acesso de entidades  desencarnadas afins. Nesses desvios da conduta humana, a mente do responsável  agrega em torno de si elementos fluídicos com extrema capacidade corrosiva de  seu organismo físico, construindo para si mesmo os germens que passam a lhe  obstruir o funcionamento das células hepáticas, renais e pulmonares,  cronificando lesões que a medicina considera incuráveis. As entidades  espirituais viciadas compartilham dos prazeres do vício que o encarnado lhes  favorece e ao seu tempo estimulam-no a nele permanecer. Nesta associação, há uma  tremenda perda de enrgia por parte do encarnado. Daí a expressão vampirismo ser muito adequada para definir esta parceria.
Por obsessão
     No decurso de cada  encarnação, a misericórdia de Deus nos permite usufruir das oportunidades que  melhor nos convém para estimular nosso progresso espiritual. Os reencontros ou  desencontros são de certa maneira planejados ou atraídos por nós para os devidos  resgates ou para facilitar o cumprimento das promessas que desenhamos no plano  espiritual. É assim que, pais e filhos, reencontram-se como irmãos, como amigos,  como parceiros de uma sociedade. Marido e mulher que se desrespeitaram, agora se  reajustam como pai e filha, chefe e subalterno ou como parentes distantes, que a  vida dificulta a aproximação. As dificuldades da vida de uma maneira ou de outra  vão reeducando a todos. Os obstáculos que à primeira vista parecem castigo ou  punição trazem no seu emaranhado de provas a possibilidade de recuperar danos  físicos ou morais que produzimos no passado.
     No decorrer de  nossas vidas, seremos sempre  ganhadores ou perdedores na grande luta da  sobrevivência humana. Nenhum de nós percorrerá essa jornada sem ter que tomar  decisões, sem deixar de expressar seus desejos e sem fazer suas escolhas. É aí  que muitas e muitas vezes contrariamos as decisões, os desejos e as escolhas  daqueles que convivem próximo a nós. Nos rastros das mazelas humanas, nós todos,  sem exceção, estamos endividados e altamente comprometidos com outras criaturas,  também exigentes como nós, que como obsessores vão nos cobrar noutros  comportamentos, exigindo-nos a quitação de dívidas que nos furtamos em outras  épocas. Persistem como dominadores implacáveis, procurando nos dificultar a  subida mais rápida para os mais elevados estágios da espiritualidade. Embora a  ciência médica de hoje ainda não a traga em seus registros, a obsessão  espiritual, na qual uma criatura exerce seu domínio sobre a outra, é, de longe,  o maior dos males da patologia humana.
Por mediunismo
     São os quadros de  manifestações sintomáticas apresentadas por aqueles que, incipientemente,  inauguram suas manifestações mediúnicas. Com muita freqüência, a mediunidade se  manifesta de forma tranqüila e é tida como tão natural que, o médium, quase  sempre ainda muito jovem, mal se dá conta de que o que vê, o que percebe e o que  escuta de diferente. Outras vezes, os fenômenos são  apresentados de forma abundante e o principiante é tomado de medos e  inseguranças, principalmente, por não saber do que se trata. Em outras ocasiões,  a mediunidade é atormentada por espíritos perturbadores e o médium se vê às  voltas com uma série de quadros da psicopatologia humana, ocorrendo crises do  tipo pânico, histeria ou outras manifestações que se expressam em dores,  paralisias, anestesias, "inchaço" dos membros, insônia rebelde, sonolência  incontrolável, etc. Uma grande maioria tem pequenos sintomas psicossomáticos e  se sente influenciada ou acompanhada por entidades espirituais. São médiuns com  aptidões ainda muito acanhadas, em fase de aprendizado e domínio de suas  potencialidades, uma tenra semente que ainda precisa ser cultivada para se  desabrochar.
Por "doenças cármicas" (compromissos adquiridos)
     A "doença cármica"  é antes de mais nada uma oportunidade de resgate e redenção espiritual. Sempre  que pelas nossas intemperanças desconsideramos os cuidados com o nosso corpo e  atingimos o equilíbrio físico ou psíquico do nosso próximo, estamos imprimindo  estes desajustes nas células do nosso corpo espiritual. É assim que, na  patologia humana, ficam registrados os quadros de "lúpus" que nos compromete as  artérias, do "pênfigo" que nos queima a pele, das "malformações" de coração ou  do cérebro, da "esclerose múltipla" que nos imobiliza no leito ou das demências  que nos compromete a lucidez e nos afasta da sociedade.
     Precisamos  compreender que estas e todas as outras manifestações de doença não devem ser  vistas como castigos ou punições. O Espiritismo ensina que as dificuldades que  enfrentamos são oportunidades de resgate, as quais, com freqüência, fomos nós  mesmos quem as escolhemos para acelerar nosso progresso e nos alavancar da  retaguarda, que às vezes nos mantém distantes daqueles que nos esperam adiante  de nós. Mais do que a cura das doenças, a medicina tibetana, há milênios atrás,  ensinava que médicos e pacientes devem buscar a oportunidade da iluminação. Os  padecimentos pela dor e as limitações que as doenças nos trazem sempre  possibilitam esclarecimento, se nos predispormos a buscá-lo. Mais importante do  que aceitar o sofrimento numa resignação passiva e pouco produtiva é tentar  superar qualquer limitação ou revolta, para promovermos o crescimento  espiritual, através desta descoberta interior e individual.
(Dr. Nubor  Orlando Facure - Neurologista-
Artigo inserido no Jornal Espírita de julho de 2004 -  www.feesp.com.br).

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