quinta-feira, 15 de setembro de 2016


É possível ser um homem de bem sem acreditar em Deus?
Resposta afirmativa, embora seja pouco frequente, porquanto o autêntico homem de bem é um Espírito evoluído, cuja característica principal é a plena convicção da Presença Divina.
Como diz Kardec, são pessoas confiantes, que enfrentam dificuldades e dissabores sem sobressaltos, sem temores ou angústias, conscientes de que se o Senhor permite que surjam em seu caminho é em seu próprio benefício.
Sobretudo, cumprem seus deveres para com o próximo, evitando o mal e cogitando do bem, pois sabem que responderão por todos os prejuízos que causem ao semelhante, seja por sua ação ou por sua omissão.

Há outra questão, mais importante:
É possível acreditar em Deus e não ser um homem de Bem?
A resposta infelizmente, é afirmativa.
Em qualquer País, a maioria da população acredita em Deus. No entanto, raros vivem com a consciência da Presença Divina.
Pior. Muitos fazem de sua crença um apoio para suas maldades.
Em nome de Deus, os judeus eliminavam, em terra inimiga, tudo o que tivesse vida, homens e mulheres, velhos e crianças, sãos e doentes, animais, aves, peixes...
Em nome de Deus, os muçulmanos medievais matavam os ``infiéis´´, formando um vasto império na base do ``crê ou morre´´.
Em nome de Deus, os cristãos da Europa promoveram as cruzadas, sangrentas guerras de conquista, com o propósito de reconquistar o solo sagrado da Palestina, onde Jesus ensinava a paz e a concórdia.
Em nome de Deus, no passado, sacerdotes benziam canhões, e no presente, fundamentalistas fanáticos vestem-se de bombas para dizimar inocentes.
Em nome de Deus, o Senhor da Vida, a matança está sempre presente.

Também no varejo a maldade é exercitada em nome de Deus. Malfeitores pedem ajuda a Deus para suas estripulias.
Sacerdotes, familiarizados com a ideia de que Deus está presente, nem por isso deixam de comprometer-se em desvios de comportamento e até em crimes hediondos, como a pedofilia.
Há orientadores religiosos que dão tratos à imaginação, fantasiam para convencer os fiéis a darem seu dinheiro à bolsa de Deus, eufemismo com o qual se referem ao seu próprio bolso.

O problema dos religiosos, dos homens que acreditam em Deus mas não são homens de bem, está nas antigas concepções antropomórficas de Deus, que desde sempre caracterizam as religiões. Ao inverso da crença bíblica de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, pretendem um Deus à nossa imagem e semelhança, isto é, dotado das paixões e fraquezas humanas.
Incrível a existência de um deus que se irrita, que se vinga, que incita à violência, que manda matar, que não poupa nem humildes animais.
Essa é uma das razões pelas quais o mal impera no Mundo, praticado até mesmo pelos que se situam como representantes da divindade. Em nome desse Deus sanguinário, todas as maldades são toleradas e até estimuladas.

O Espiritismo desfaz a fantasia do deus antropomórfico e o apresenta como a Consciência Cósmica, a Mente Divina que está presente em todos os quadrantes do Universo, que tudo vê, tudo sabe, tudo pode. 
Espíritos superiores em trânsito pela Terra revelam um profundo respeito pela Criação e pelas criaturas.
Francisco de Assis chamava seres animados e inanimados de irmãos, incluindo o irmão Sol e a irmã Lua.
Albert Schweitzer, o grande missionário alemão, cultivava o que chamava de reverência pela vida, recusando-se a matar até insetos, filhos de Deus como ele próprio.
Chico Xavier também era assim, originando episódios pitorescos com sua reverência pela Vida. Amigos insistiam para com eles ir pescar e ele ia. Mas nunca colocava isca no anzol (um exemplo).

Para que identifiquemos a presença de Deus, estimulando-nos a viver como seus filhos, é preciso limpar os visores da alma, depurar o coração, livrando-nos de mazelas e imperfeições, vícios e paixões, buscando,à luz do Evangelho, o comportamento mais adequado, a atitude mais correta, o pensamento mais elevado.
Como disse Francisco de Assis: ``Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível´´.
O necessário em relação à nossa depuração, é cultivar a reflexão.
Diariamente, antes de reclinar a cabeça no travesseiro, vamos, durante alguns minutos, em canto solitário, após orar pedindo a inspiração dos bons Espíritos, analisar nossas ações, o que pensamos, o que fizemos.
Messe empenho de fazer o possível, como diz Francisco de Assis, iremos aos poucos depurando a nossa alma, desenvolvendo a capacidade de sentir a presença de Deus, para sermos um homem de bem.

Do livro: O Homem de Bem (Richard Simonetti)

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