quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

           Lendas de Oxalá

Águas de Oxalá

Oxalufã                                                    Oxaguiã   

Aproximava-se o dia em que seria realizado no reino de Oyó, a época das 
comemorações em homenagem a Xangô, Rei de Oyó, onde todos
 os Orixás foram convidados, inclusive Oxalufã. Antes de rumar a Oyó, Oxalufã 
consultou seu babalawo a fins de saber como seria a jornada, o babalawo lhe 
disse: leve três mudas de roupas brancas, pois Exú irá dificultar seus
 caminhos. E Oxalufã partiu sozinho. O adivinho aconselhou-o então 
a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa, 
assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e
 não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma
 forma de não perder a vida.

Caminhando pela mata encontrou Exú tentando levantar um tonel de
 Dendê as costa e pediu-lhe ajuda, Oxalufã prontamente 
lhe ajudou mas Exú, propositalmente derramou o dendê sobre
 Oxalufã e saiu. Oxalufã banhou-se no rio, trocou de roupa e continuou 
sua jornada. Mas adiante encontrou-se novamente com Exú, que desta
 vez tentava erguer um saco de carvão a costas e pediu a Oxalufã
 que lhe auxiliasse, novamente Oxalufã lhe ajudou e Exú repetiu o feito 
derramando o carvão sobre Oxalufã, banhando-se no rio e trocando 
de roupa, Oxalufã prosseguiu sua jornada a Oyó, próximo já a Oyó,
 encontrou com Exú novamente tentado erguer um tonel de melado e
 a estória se repetiu. Nos campos de Oyó, Oxalufã encontrou com 
um cavalo fugitivo dos estábulos de Xangô, e resolveu devolver ao dono,
 antes de chegar a cidade, foi abordado pelos guardas que julgaram-no
 culpado pelo furto.

Maltrataram e prenderam Oxalufã. Ele, sempre calado, deixou-se levar
 prisioneiro. Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do 
Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda 
seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o
 reino. Desesperado Xangô resolveu consultar um babalawô para saber
 o que acontecia e o babalawô lhe disse: a vida está aprisionada em
 seus calabouços, um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando
 por um crime que não cometera. Com essa resposta, Xangô foi até a
 prisão e lá encontrou Oxalufã todo sujo e mal tratado. Imediatamente o
 levou ao palácio e lá chamou todos os Orixás onde cada um carregava
 um pote com água da mina. Um a um os Orixás iam derrubando suas
 águas em Oxalufã para lavá-lo. O rei de Oyó mandou seus súditos 
vestirem-se de branco. E que todos permanecessem em silêncio.
 Pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufã. Xangô 
vestiu-se também de branco e nas suas costas carregou o velho rei. 
E o levou para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava
 Oxalufã e todo o povo saudava Xangô.

Lenda da Criação

Oxalá, "O Grande Orixá" ou "O Rei do Pano Branco". Foi o primeiro a 
ser criado por Olorum, o Deus supremo. Tinha um caráter 
bastante obstinado e independente.

Oxalá foi encarregado por Olorum de criar o mundo com o poder 
de sugerir (àbà) e o de realizar (àse). Para cumprir sua missão,
 antes da partida, Olorum entregou-lhe o "saco da criação". 
O poder que lhe fora confiado não o dispensava, entretanto de 
submeter-se a certas regras e de respeitar diversas obrigações 
como os outros orixás. Uma história de Ifá nos conta como. Em
 razão de seu caráter altivo, ele se recusou fazer alguns sacrifícios
 e oferendas a Exú, antes de iniciar sua viagem para criar o mundo.

Oxalá pôs-se a caminho apoiado num grande cajado de estanho, 
seu òpá osorò ou paxorô, cajado para fazer cerimônias. No momento 
de ultrapassar a porta do Além, encontrou Exé, que, entre as suas 
múltiplas obrigações, tinha a de fiscalizar as comunicações entre
 os dois mundos. Exé descontente com a recusa do Grande Orixá
 em fazer as oferendas prescritas, vingou-se o fazendo sentir uma 
sede intensa. Oxalá, para matar sua sede, não teve outro recurso 
senão o de furar com seu paxorô, a casca do tronco de um
 dendezeiro. Um líquido refrescante dele escorreu: era o vinho de palma. 
Ele bebeu-o ávida e abundantemente. Ficou bêbado, e não sabia mais
 onde estava e caiu adormecido. Veio então Odudua, criado por Olorum 
depois de Oxalá e o maior rival deste. Vendo o Grande Orixá adormecido,
 roubou-lhe o "saco da criação", dirigiu-se à presença de Olorum para
 mostrar-lhe o seu achado e lhe contar em que estado se encontrava
 Oxalá. Olorum exclamou: "Se ele está neste estado, vá você, Odudua! 
Vá criar o mundo!" Odudua saiu assim do Além e encontrou diante de 
uma extensão ilimitada de água.

Deixou cair a substância marrom contida no "saco da criação". Era terra. 
Formou-se, então, um montículo que ultrapassou a superfície das águas. 
Aí, ele colocou uma galinha cujos pés tinham cinco garras. Esta começou
 a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície das águas.

Onde ciscava, cobria as águas, e a terra ia se alargando cada vez mais, 
o que em iorubá se diz ilè nfè, expressão que deu origem ao nome da
 cidade de Ilê Ifé. Odudua aí se estabeleceu, seguido pelos outros orixás, 
e tornou-se assim o rei da terra.

Quando Oxalá acordou não mais encontrou ao seu lado o "saco da criação".
 Despeitado, voltou a Olorum. Este, como castigo pela sua embriaguez,
 proibiu ao Grande Orixá, assim como aos outros de sua família, os orixás
 funfun, ou "orixás brancos", beber vinho de palma e mesmo usar 
azeite-de-dendê. Confiou-lhe, entretanto, como consolo, a tarefa de
 modelar no barro o corpo dos seres humanos, aos quais ele, Olorum, 
insuflaria a vida.

Por essa razão, Oxalá também é chamado de Alamorere, o "proprietário
 da boa argila".

Pôs-se a modelar o corpo dos homens, mas não levava muito a sério
 a proibição de beber vinho de palma e, nos dias em que se excedia, 
os homens saiam de suas mãos contrafeitas, deformdas, capengas
, corcundas. Alguns, retirados do forno antes da hora, saíam mal 
cozidos e suas cores tornavam-se tristemente pálidas: eram os albinos.
 Todas as pessoas que entram nessas tristes categorias são-lhe 
consagradas e tornam-se adoradoras de Oxalá.

Como Oxalá se Tornou o Pai da Criação

Iemanjá, a filha de Olokum, foi escolhida por Olorum para ser a mãe dos 
orixás. Como ela era muito bonita, todos a queriam para esposa; então,
o pai foi perguntar a Orumilá com quem ela deveria casar. Orumilá
 mandou que ele entregasse um cajado de madeira a cada pretendente;
 depois, eles deveriam passar a noite dormindo sobre uma pedra,
 segurando o cajado para que ninguém pudesse pegá-lo. Na manhã
 seguinte, o homem cujo cajado estivesse florido seria o escolhido
 por Orumilá para marido de Iemanjá. Os candidatos assim fizeram; 
no dia seguinte, o cajado de oxalá estava coberto de flores brancas,
 e assim ele se tornou pai dos orixás.

Como Oxalá Aprendeu a Produzir a Cor Branca

Certa vez, quando os orixás estavam reunidos, Oxalá deu um tapa em
 exú e o jogou no chão todo machucado; mas no mesmo instante exú 
se levantou, já curado. Então Oxalá bateu em sua cabeça e exú ficou
 anão; mas se sacudiu e voltou ao normal. Depois Oxalá sacudiu a cabeça
 de exú e ela ficou enorme; mas exú esfregou a cabeça com as mãos e
 ela ficou normal. A luta continuou, até que exú tirou da própria cabeça 
uma cabacinha; dela saiu uma fumaça branca que tirou as cores 
de Oxalá. Oxalá se esfregou, como exú fizera, mas não voltou ao
 normal; então, tirou da cabeça o próprio axé e soprou-o sobre exú,
 que ficou dócil e lhe entregou a cabaça, que oxalá usa para fazer os brancos.





                                                             

Nenhum comentário: