segunda-feira, 3 de outubro de 2016


``Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito´´. 
Com tais palavras, Jesus esclarece qual é a nossa missão de vida: a busca da perfeição. Quando o Mestre afirma para sermos perfeitos, está implícita a ideia de que nós ainda não chegamos a tal estágio. Talvez isso seja óbvio demais para muitos. No entanto, creio que a maioria de nós se acha um tanto acomodada consigo mesma, desinteressada em seu próprio aprimoramento.
A busca da perfeição se confunde com a busca da própria felicidade. Quanto mais virtudes a pessoa adquirir, mais próxima da felicidade ela estará. Quanto mais imperfeições acumular, mais distante da felicidade ela ficará e, portanto, maior soma de problemas terá de enfrentar.
Distanciar-se do sofrimento implica burilamento de si mesmo. O diamante é uma pedra preciosa que precisou ser lapidada. Nós também somos pedras preciosas criadas por Deus, e também precisamos lapidar nossos conhecimentos e sentimentos.
Daí por que Jesus pede que busquemos a perfeição, que é o processo de lapidação do ser divino que habita em nós, eliminando as sujeiras do orgulho, removendo os cascalhos do egoísmo e limpando os detritos da mágoa, da inveja e da sensação de ser vítima do mundo. Quanto mais lapidados, mais nos aproximaremos da nossa essência, que é luz da emanação de Deus. Este é o caminho da felicidade: aprimoramento íntimo, descoberta das riquezas interiores e expansão da nossa luz interior.
O primeiro passo para o nosso aprimoramento é eliminar o orgulho, que muitas vezes nos ilude com a ideia de que já sabemos tudo e que não há nada mais a aprender. Geralmente, age assim quem já conquistou algo em sua vida, alcançou algumas vitórias e acredita que nada mais lhe resta para conhecer e melhorar. O momento mais crítico de uma empresa é quando ela chega ao sucesso. O instante mais perigoso de um relacionamento é quando um dos envolvidos acredita que já conquistou o outro. Quem acredita estar no topo de uma situação, geralmente, não enxerga os buracos bem rentes aos seus pés. O ditado de Sócrates continua de extrema valia: Só sei que nada sei.
Nosso aprimoramento deve se abrir em duas frentes: intelectual e emocional. Precisamos desenvolver a razão e o sentimento. É claro que, nesta balança de razão e sentimento, a humanidade vem pendendo mais para o lado da razão do que para o do sentimento. Crescemos consideravelmente no terreno da razão, mas ainda somos crianças no campo dos sentimentos e emoções. Não adianta ao homem conhecer como se chega à Lua, se ele ainda não sabe como chegar ao próprio coração.
No ponto de vista intelectual, temos de admitir que o conhecimento cresce e se multiplica numa velocidade espantosa. 
No campo das emoções, ocorre o mesmo fenômeno. Não basta termos boa inteligência racional, se nossas emoções estão desequilibradas, resultantes de um egoísmo desenfreado que nos torna agressivos, intolerantes, individualistas e sem nenhum respeito para com o próximo. A ausência de emoções e sentimentos nobres e sadios colocará em risco não apenas a nossa carreira profissional, mas, também, todos os nossos relacionamentos, pois quem há de suportar viver ao lado de uma pessoa de péssimo gênio?
A psicologia moderna ratifica os ensinamentos de Jesus. Quando o Mestre nos diz para não revidarmos uma agressão e perdoarmos aos que nos ofendem, Ele está nos ensinando a controlar os nossos instintos, porque isso nos fará muito melhores do que o ato de vingança.
Quando Jesus pede para nos sensibilizarmos com a dor do próximo, prestando o socorro que nos for possível, Ele está nos ensinando a ter compaixão, porque isto nos fará muito melhores do que viver na indiferença do egoísmo. Precisamos nos convencer de que estamos vivendo esta experiência na Terra para buscarmos a perfeição de que o Evangelho nos fala. 
É certo que esta perfeição não se alcança da noite para o dia. É preciso termos compaixão de nós mesmos para entendermos que nossas imperfeições não serão superadas de uma hora para a outra, mas, sim, à custa de um trabalho interior perseverante e sem data para terminar. Não tenhamos pressa de atingir a perfeição, mas também não caminhemos tão devagar, que o sofrimento tenha que vir, para nos fazer andar mais depressa.


Do livro: Alguém Me Tocou (José Carlos De Lucca)

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