UM ACRÉSCIMO AOS SEUS CONHECIMENTOS REFERENTES
A ESQUERDA: "O QUE É UMA ENCRUZILHADA?"
"Encruzilhada é o encontro de duas realidades, de duas verdades diferentes,
tais como: matéria/astral; razão/emoção; luz/trevas; ou, literalmente, pode ser o
encontro de dois caminhos.”
Esta é a representação do ponto de força de Exu. Exu está em todos os caminhos, em
todos os lugares e passagens, e não apenas na encruzilhada de rua, de terra, ou de mata.
Todos os pontos que marcam a entrada e a saída de uma realidade são pontos de firmeza e
de manifestação de Exu.
Outra maneira, talvez, de se entender isso é lembrar que Exu é Guardião da Lei Maior
e que trabalha na Lei e pela Lei regida por Pai Ogum, o Senhor de todos os Caminhos.
Na África não se cultuava a Entidade Exu, como ocorre na Umbanda. Lá, Exu é um Orixá
“mensageiro” que leva os pedidos das pessoas aos outros Orixás e traz as respostas; é a
grande “boca” pela qual os outros Orixás falam com os homens; é o primeiro a receber
oferendas, a ser servido e despachado, para recolher as negatividades e levar embora os
problemas e perturbações. Tem culto e oferendas específicos e também seus sacerdotes (os
“Omo-Exu” = filhos de Exu), que o tratam com o mesmo respeito dedicado aos demais
Orixás. É respeitado como Orixá, e não como espírito.
Já na Umbanda não é comum o culto ao Orixá Exu e Sua presença entre nós se faz
por intermédio das Entidades Exus, que são os manifestadores do Seu Mistério.
Existem aspectos na atuação de Exu que nem sempre são bem interpretados:
Exu lida com aspectos positivos e negativos da Criação. Exu rege sobre a dualidade; o
que acarreta uma dificuldade na compreensão do Mistério Exu.
Pois Exu atua no Alto, no embaixo, na Direita e na Esquerda, guardando e mantendo a
Lei e a Ordem na Criação. No Embaixo, é bom lembrar que Exu é quem leva Luz às trevas;
um Exu de Umbanda NÃO é “das” trevas!
Exu é ativo, mas também passivo e neutro. Exu guarda a quem faz por merecer o
amparo da Lei Divina (atuação passiva). Mas também intervém como Executor da Lei contra
quem viola as Leis do Criador, para esgotar suas negatividades (atuação ativa). Quando elas
forem esgotadas, Exu vitaliza as qualidades positivas do ser (atuação ativa), para então
neutralizar-lhe o magnetismo. A partir daí, aquele ser tem como recomeçar o trabalho
evolutivo que a cada um compete.
Exu não ataca a ninguém. Exu só intervém por um comando da Lei Maior, ou quando
é ativado magisticamente. Nos trabalhos religiosos de Umbanda, também a atuação de Exu
é sempre delimitada pela Lei Divina, é sempre para o Bem.
Pela sua dualidade, o Mistério Exu é muitas vezes interpretado de forma negativa.
A interpretação negativa (“demonização”) do Mistério Exu é antiga. Remonta à época da
colonização das Américas, quando os europeus iam à África para comprar escravos e lá
encontraram uma cultura muito diferente da sua, passando a interpretá-la com base em seus
próprios valores e crenças.
E a primeira demonização de Exu foi feita principalmente pelos Padres católicos,
conforme relatos registrados por Pierre Verger nos seus livros “Orixás” (Editora Currupio) e
“Notas sobre o Culto de Orixás e Voduns” (Editora Edusp). Para a Igreja Católica da época
(séculos XIV a XVII), nenhuma religião, além do Catolicismo, era válida. As outras religiões
“não eram de Deus”; logo, suas Divindades também “não eram de Deus”, então só poderiam
ser “demônios”...
Jornalnacionaldaumbanda.com.br SP, 01 de Setembro de 2015. Ed. 70 contato@jornaldeumbanda.com.br Pág. 29
Para o modelo judaico-cristão do que é religião e do que é o Sagrado, era muito difícil
compreender aquela cultura na qual as pessoas não usavam roupas, o sexo não era
considerado profano, não existia pecado original, os órgãos sexuais não tinham de ser
escondidos etc.; e onde o Orixá Exu representava, entre outras coisas, a virilidade
masculina, tendo como um de seus símbolos o órgão sexual masculino.
Além disso, na cultura Africana as lendas mostram Exu com um comportamento muito
próximo do nosso: ora alegre, ora nervoso, irreverente, irrequieto; ora protegendo as
pessoas nas guerras e lutas, ora fazendo emboscadas etc.
Exu é mostrado como o mais “humano” dos Orixás; e o símbolo fálico representava a
virilidade, a força masculina, o poder e o Mistério do Orixá Exu, a vitalidade ou vigor que é
preciso para se fazer as coisas, não tendo conotação sexual e muito menos “pecaminosa”.
Mas para a Igreja Católica da época o sexo era algo pecaminoso, o corpo humano deveria
ser coberto etc.; e, portanto, Exu só poderia ser “um demônio”..." (texto do curso de Exu)
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