sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Mandar Orixás para a guerra?




                             






Trata-se de um resquício do período constrangedor da escravidão, quando os senhores dos engenhos não permitiam aos negros dançarem no decorrer da Semana Santa. Deveriam mostrar tristeza, mesmo contra a vontade. (Beniste)

O Lórogún um ritual remanescente da escravidão.


Por Bàbálòrìà Erick Óbokún
19/04



O Ritual de mandar os òrìà  para a guerra, no período da Quaresma, sabemos que é costume de algumas famílias do Batuque Afro-gaúcho, fechar o Yàrá-òrìà (quarto de òrìà) assim que chega o Carnaval, ficando o período da Quaresma sem sacrifícios e restringe ao máximo as iniciações, neste período não há  toques nem festas religiosas, por isso, não há iniciações, claro que nem uma iniciação está vinculada a toque, porem o tambor anuncia festas decorrentes de iniciações, claro que nem uma iniciação está vinculada a toque, porem o tambor anuncia festas decorrentes de iniciações.

Entre estas familias do Batuque do R. S., se dedicam a rituais chamadas de Missa do Égún, um ritual vinculado aos ancestrais e antepassados que são homenageados neste período. Quando não estão dedicados a rituais deÉgún (culto aos restos mortais dos antepassados) ele se voltam para os trabalhos com Exú e Pomba-Giras, entidades que trabalham para proteção ou demanda dos templos. 

Este período entre o Carnaval e a Páscoa Cristã, é chamado por alguns de Lórogún, um costume que foi adquirido do Candomblé, assim como narra Beniste, em seu livro Ọ̀run Àiyé.


  • [...] O Lórogún é uma cerimónia que marca a paralisação das atividades do Candomblé, e que coincide propositadamente com o período da Quaresma católica. É realizado após o Carnaval, com o iré Ògún - brincadeira de guerra, numa simulação de luta entre duas alas previamente escolhidas. A ala em que primeiro se manifestar o òrìà será a vencedora. O Lórogún é a motivação para o descanso dos componentes do Candomblé. [...] (p. 332)

E reforçado o Lórogún, em outro livro, As águas de OXALÁ, o autor detalha melhor este ritual do Candomblé.

  • [...] O Lórogún é um ritual que se realiza no primeiro domingo após o Carnaval. Literalmente, Orò - ritual, Ogun - guerra, batalha que revive a ida dos òrìàpara a guerra com uma representação de batalha entre dois grupos que se enfrentam: o exercito de àngó, carregando uma bandeira vermelha, e o de Òṣàlá, carregando um estandarte branco. Não há sacrifícios, somente comidas secas. No período em que os òrìà estão ausentes, o Candomblé paralisa suas atividades, só terminando em 29 de junho, quando àngó retorna para a sua festa. Somente a oferenda do Àmàlá é mantida todas as quartas-feiras.Trata-se de um resquício do período constrangedor da escravidão, quando os senhores dos engenhos não permitiam aos negros dançarem no decorrer da Semana Santa. Deveriam mostrar tristeza, mesmo contra a vontade. (o grifo é nosso)
  • Durante este período apenas um òrìà permanece na Casa para tomar conta dela e dos filhos. O jogo é quem determina, a cada ano, qual será o òrìà. Durante este período fica na casa de àngó um recipiente com grande quantidade de pipoca com a função de garantir a paz na casa. Quando àngó retorna, ela deve ser despachada. 
  • Para a realização deste ritual, que se inicia, geralmente, às 19 horas, portanto mais cedo, primeiramente faz-se uma procissão passando-se pelas Casas de todos os òrìà,como se fosse uma viagem por toda a cidade. terminada a caminhada, segue-se para o Barracão  formando-se lá duas alas, uma à esquerda e outra à direta. O exercito de àngó, com todos usando roupas vermelhas e brancase a mais velha do grupo empunhando o estandarte vermelho; o de Òṣàlá, da mesma forma, porém, vestido com roupas brancas e a mais velha do grupo empunhando o andor de Òṣàlá. A função de Òṣàlá é apaziguar as disputas. Todos são enfeitados com folhas de samambaia, em formato de coroa para as mulheres e folhas de tiracolo para os homens. Trata-se de um ritual muito alegre, com todos em suas posições, e alguns cânticos são entoados:
  • Olórògun olórògun.
  • Elémasa sá o
  • Olórògun e jẹ wa pá ìwà
  • Olórògun pá
  • Elémasa sá o
  • Olórògun e jẹ wa pá ìwà
  • Akaja
  • Lógún masa
  • Ọlọ́w
  • Bẹru já [...](p. 158 á 159)

No Batuque do R.S. os antigos diziam que no período da Quaresma as divindades iriam para a guerra, vejam como segue o ritual e conceitos empregados neste período

Na semana do Carnaval algumas famílias do Batuque do R.S., fecham o Yàrá-òrìàda mesma forma que procede em cerimonias fúnebres, esvaziando as quartinhas e apagando as velas, neste período o templo fica com suas atividades encerradas. Aproveitando este tempo ao qual as quartinhas estarão vazias, são dietas as devidas manutenções de pintura, e assim permanecem secas durante toda a Quaresma, acreditando que neste período as divindades foram para  a guerra, por isso, não há toques, nem iniciações, nem mesmo consulta através dos búzios ou Eb para as divindades. Assim ficando  até a Sexta-Feira Santa, a qual os iniciados do templo se reúnem no mesmo para preparar os à e comidas de òrìà para o Sábado de Aleluiapara o retorno das divindades. Enquanto os templos preparam uma limpeza espiritual usando determinadas divindades, para passar nas  pessoas e no templo. Após a limpeza espiritual, enchem as quartinhas novamente e lavam os olhos com algodão e água sagrada da quartinha de Òòṣàálá, simbolizando a retirada de qualquer magia e ou feitiço que possa prejudicar a visão dos sacerdotes e ou dos iniciados em seu oráculo ou rituais.

Enfim o tambor inicia uma sessão de cantigas para chamada dos òrìṣà, acredita-se que é Xapanã, quem traz as divindades da guerra de volta para o templo.

Conforme citamos acima, nem todas as famílias praticam o ritual de enviar os òrìṣà para a guerra, no período da Quaresma, há templos que não fecham os Yàrá-òrìà,  seguindo com as atividades normalmente neste período, ficando livres para praticar a religião sem preceitos ou restrições, seguem dois exemplos de famílias e raízes diferentes;

Bàbálòrìṣà Lucas Prates, Ilê Oxalá e Cacique 7 Montanhas, iniciado por Henrique de Ògún, Nação Batuque, Raiz Ijeṣà. Porto Alegre, Brasil.

Ìyáòrìṣà Patricia Nievas, Reyno Africano Oṣala, 14 años de aprontamento com, Nação Batuque, Raiz Jeje-Ijeṣà, iniciada por Tinancia de Osala (Igba e), Leopoldo de Ianza (igba e), Jorge Veradi Ti Sango, Buenos Aires, Argentina.




Considerações finais

Como puderam observar, o Lórogún, de origem escrava imposto pelos senhores do engenho, praticada pelas casas de Candomblé, não possuem nem uma similaridade com os ritual praticado pelo Batuque do R.S.

Sabemos que nem todas famílias do Batuque do R. S., fecham o seu Yàrá-òrìà neste período, da mesma forma que o Lórogún, no Candomblé, não tem sido divulgado. 

Se divindades se afastam da terra, segundo narram estas famílias do Batuque R.S., quando enviam os òrìà para a guerra, e só voltam no Sábado de Aleluia as 11 horas da manhã, numa cerimonia  que Xapanã os trazem da guerra. Devemos considerar que sem òrìà, não há o jogo de búzios e os serviços religiosos deveriam parar, afinal seria um período ao qual o mundo estaria sem a presença destas divindades, e até mesmo para aqueles iniciados suas divindades não estariam com eles. Por isso, é um período de muita vigília e segurança para preservar o bem estar  espiritual familiar.

Notem que o Sábado de Aleluia, é o único dia ao qual estas famílias aceitam que as divindades possam chegar durante o dia, pois acreditam que o òrìà só chega a noite, com exceção dos serões de cortes, que geralmente começa na madrugada e terminam de cortar para Òòṣàálá, já com o sol claro e as  divindades ainda no mundo.

As demais familias que não seguem o Lórogún, praticam seus rituais normalmente, dão toques e fazem iniciações  sem encerrar atividades na Quaresma ou Semana Santa, sem dar atenção aos rituais Católicos. 

Quanto ao ritual do Lórogún, nas atividades do Candomblé, não temos mais relatos da pratica, eu acredito que poucos templos ainda o pratiquem.


Bibliografia 

BENISTE, José. Ọ̀run Àiyé, O encontro entre dois mundos. Editora Bertrand Brasil, 1997.
BENISTE, José. As águas de OXALÁ, ÀWỌN OMI ÒṢÀLÁ. Editora Bertrand Brasil

Xangô é condenado a comer 

como os escravos.







Xangô Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade.

Oxalá era velho e lento, por isso Airá o levava nas costas.

Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio.

Xangô levou Oxalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio.

E foi lá de cima que Xangô avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela.

Era Oyá!

E era o amalá do rei que ela preparava!

Xangô não resistiu à tamanha tentação.

Oyá e amalá!

Era tentação demais para ele suportar, depois de tanto tempo pela estrada.

Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas.

Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.

Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos.

Ordenou que banhassem e vestissem Oxalá.

Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames, que por dias o povo lhe ofereceu.

Mas Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô.

Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida, nunca mais teve permissão para comer em prato de louça ou porcelana.

Xangô foi proibido até mesmo de comer em alguidar de cerâmica.

Xangô só pode comer em gamela de pau, assim como comem os bichos da casa e o gado, e também como comem os escravos.


Axé.

Lenda: O segredo de Otim.







Oquê, rei da cidade de Otã, tinha uma filha. Ela nascera com 4 seios e chamava-se Otim. O rei Oquê amava sua filha e não permitia que ninguém soubesse de sua deformação. Este era o segredo de Oquê, e também o de Otim.

Quando ela cresceu, o rei aconselho-a a nunca casar-se, pois um marido, por mais que a amasse, um dia se aborreceria com ela e revelaria ao mundo seu vergonhoso segredo. Otim ficou muito triste, mas acatou o conselho do pai.

Por muitos anos, ela viveu em Igbajô, uma cidade vizinha, onde trabalhava no mercado.


Um dia, um caçador chegou ao mercado, e ficou tão impressionado com a beleza de Otim, que insistiu em casar-se com ela. Otim recusou seu pedido por diversas vezes, mas diante da insistência do caçador, concordou, impondo uma condição: o caçador nunca deveria mencionar seus quatro seios a ninguém.

O caçador concordou, e impôs também sua condição: Otim jamais deveria colocar mel na comida dele, porque isso era seu tabu, seu euó. Por muitos anos os dois viveram harmoniosamente.

Mas como era a esposa favorita, as outras esposas a invejavam muito, tinham muito ciúmes. Um dia reuniram-se e tramaram contra Otim. Era o dia dela cozinhar para o marido; ela preparava um prato de milho amarelo cozido, enfeitado com fatias de coco, o predileto do caçador.

Quando Otim deixou a cozinha por alguns instantes, as outras sorrateiramente puseram mel na comida.

Quando o caçador chegou em casa e sentou-se para comer, percebeu imediatamente o sabor do ingrediente proibido.

Furioso, bateu em Otim e lhe disse as coisas mais cruéis, revelando seu segredo: "Tu com teus quatro seios, parece uma vaca, como ousaste quebrar meu tabu?"

A novidade espalhou-se pela cidade como vento.

Otim, a mulher de quatro seios, era ridicularizada por todos.

Ela então fugiu de casa e deixou a cidade do marido. Voltou para sua cidade, Otã, e refugiou-se no palácio do pai.

O velho rei a confortou, mas ele sabia que a notícia chegaria também à sua cidade.

Em desespero, Otim fugiu para a floresta. Ao correr, tropeçou e caiu. Nesse momento, Otim transformou-se num rio, e correu para o mar.

Seu pai, que a seguia, viu que havia perdido a filha.

Lá ia o rio fugindo para o mar. Querendo impedir o rio de continuar sua fuga, desesperado, atirou-se ao chão, e ali onde caiu, transformou-se em uma montanha, impedindo o caminho do rio Otim.

Mas Otim contornou a montanha e seguiu seu curso.

Oquê, a montanha, e Otim, o rio, são cultuados até hoje em Otã.

Odé, o caçador, nunca esqueceu de sua mulher.

Axé.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

           MALEDICÊNCIA. OS MALES DA FOFOCA NO TERREIRO





As casas de Umbanda estão sempre com suas portas abertas a todos, se motivando pela caridade no ajudar ao próximo e na educação moral e espiritual do ser humano.
           O “código moral umbandista” se baseia no respeito às diferenças, no respeito a todas as crenças, e a todas as formas de praticar a religião de Umbanda que existem no mundo. Sem preconceito, a Umbanda acolhe a todos e a todos tem uma palavra de força, de fé de conforto. Porém, os terreiros não são perfeitos, pois o material de trabalho dos Guias e Orixás somos nós, seres humanos que têm defeitos, manias, maus hábitos, defeitos morais e espirituais que os Guias têm de conviver, e, aos poucos, quando a matéria permite modificações, eles as fazem de bom grado, mas sabendo que nem tudo é passível de mudança. Só tempo é com muita paciência e boa vontade (com uma dose de determinação e aceitação do médium) é que as mudanças podem ocorrer (Umbanda não faz milagres, muito menos, os Guias e Orixás).
Um dos piores defeitos morais coletivos que pode existir dentro de um terreiro é a “fofoca”, e, com ela, as intrigas. Se existem fofocas isso demonstra que também existe inveja, ciúmes, vaidades, soberba... Ou seja, uma série de maus modos que têm como termômetro a fofoca.

             Normalmente o “médium fofoqueiro” não faz essa prática por malEle a faz por um vício que traz de casa, do convívio familiar e que não foi corrigido em tenra idade, e que acaba se tornando um vício que persegue a pessoa dentro da própria família, em suas relações pessoais, no trabalho e, infelizmente, dentro de uma casa espiritual (não só nos terreiros de Umbanda, mas nas casas espirituais em geral: Igrejas, Centros Kardecistas, Terreiros de Candomblé, etc.).
             O “médium fofoqueiro”, muitas vezes, não tem idéia do mal que acaba fazendo, pois se torna compulsivo e involuntário nas palavras (a língua acaba sendo mais rápida do que o pensamento racional e moral). Com isso acaba gerando desconforto dentro do ambiente do terreiro, pois finda no jogo cruel e imoral do “jogar uma pessoa” contra as outra, ou outras; amigos contra amigos, irmãos contra irmãos; Pai/Mãe de Santo contra o ou os filhos; os filhos contra o Pai/Mãe de Santo. Ou seja, gera um caos, onde o “médium fofoqueiro” fica olhando e se divertindo com tudo aquilo, sem dar conta do estrago que está fazendo.
 

Porém, como lidar para que as coisas não cheguem a um ponto extremo de ter que expulsar um “médium fofoqueiro” de um Terreiro?

Inicialmente as queixas devem ser levadas ao Guia chefe da casa e/ou ao Sacerdote de comando do Terreiro, para que ele possa avaliar essas queixas. Caso as mesmas sejam pertinentes, o “médium fofoqueiro” deve ser chamado, tendo em vista que a pessoa não faz essa prática por ser ruim, mas porque tem problemas diversos (baixa estima; ciúmes inexplicáveis; é muito possessiva e não aceita dividir ou ter perdas; problemas de relacionamento em casa: marido, pais ou filhos; é uma pessoa, muitas vezes, amarga com a vida e com as pessoas em volta dela, frustrada nos relacionamentos pessoais, nos relacionamentos familiares, no trabalho ou com sua própria aparência, etc.). Assim deve-se ter muito tato para conversar com o médium para que ele não se sinta perseguido ou constrangido (Normalmente o “médium fofoqueiro” é uma pessoa que se sente perseguida diante de qualquer problema, principalmente dentro daqueles que ela tenha provocado – isso é uma forma de autoproteção ou fuga do problema... No todo a conversa deve ser franca é concentrada no problema colocado e se a pessoa tem idéia do que fez, buscando-se sempre os motivos (coerentes ou não).
               O “médium fofoqueiro” deve entender que aquele tipo de prática não pode existir dentro do terreiro, ficando claro que punições são cabíveis a esse tipo de prática, podendo chegar à expulsão. Deve ser sempre monitorado até que os problemas sejam sanados, e o bem estar volte à comunidade como um todo.
              O trabalho espiritual é constante e não adianta acreditar que as coisas irão se resolver sozinhas ou pelo Astral Superior. Esse é um pensamento muito comodista, pois as coisas dos homens, em geral, são resolvidas pelos próprios homens ou com apoio e intervenção da espiritualidade através dos Guias. Se as coisas são deixadas de lado por medos vários, elas tendem a crescer a um ponto do insuportável, onde acabamos tomando medidas ou posicionamentos extremos, onde poderíamos ter uma ação mais preventiva ou pró-ativa para evitar ou sanar os problemas.
Trecho retirado: Terreiro de Umbanda Xangô
https://www.facebook.com/terreiroxango/posts/360434390737371?fref=nf&pnref=story
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RELATO de um caso ditado pelo Sr. Caboclo Sete Estrelas: 


                     Em um determinado dia que não sei precisar fui convidado por um amigo espiritual a visitar, um templo de umbanda. Fui então volitando com a entidade amiga até descermos em direção ao portão de entrada do terreiro.
                   Lá adentrando e passado alguns segundos eu pude ver e, o que eu vi, me fez pensar que estava participando de algum filme de terror: as paredes do terreiro estavam todas recobertas por uma espécie de gosma marrom-enegrecida por onde rastejavam alguns tipos de larvas e vermes, flutuando por todo o terreiro havia uma fumaça preta e tênue.... também havia um cheiro terrível de enxofre.




O caboclo assim disse: Você sabe que a luz afasta as trevas, certo? — Certo. — Mas você já viu isto alguma vez? — Não. — Então apenas observe. Quando a entidade disse isto eu comecei a ver e o que eu vi e ouvi é quase indescritível: passei a escutar intensos e incontáveis assobios e bater de palmas ritmadas como se houvessem dezenas de pares de mãos invisíveis aos meus olhos, instantes depois eu comecei a sentir um forte odor de terra como se estivesse dentro de uma mata, notei então que na região central do terreiro eu passei a ver um tipo de portal na coloração laranja com a forma de um circulo abrindo lentamente e de maneira centrifuga, do interior deste portal saiam pequenos e incontáveis seres de fogo que retiraram toda a gosma da parede e que atraíram toda a fumaça para dentro do portal, após tudo isto, da mesma forma que vieram, estes seres se foram e portal fechou-se imediatamente.
Salamandras, elementais do fogo
               A primeira dúvida que surgiu a minha mente foi: que gosma nojenta é esta pelas paredes?
Caboclo: então, neste terreiro onde estamos, que sei lhe é particular, estão relaxando com a profilaxia contra algumas doenças da alma. — Doenças da alma? — É companheiro,enfermidades morais.
Então o senhor está querendo dizer para mim que os médiuns da casa, ou seja, aqueles que deveriam auxiliar as entidades espirituais na prática da caridade contra doenças morais, são os mesmos que as estão transmitindo? — E qual seria ela: o orgulho, o egoísmo, a avareza?
 Caboclo — Não companheiro, a mais terrível destas moléstias é aquela que se propaga mais facilmente e, assim, adoece aos médiuns com mais rapidez e profundidade: a fofoca. E esse é um dos males que faz que com um terreiro feche as portas.

— Mas e o Sr. Preto-velho dirigente desta casa? Por acaso ele não sabe que estão lhe passando informações que são um monte de calúnias e fofocas, sejam elas propositais ou não?
Caboclo: - Somente Deus é onisciente e, portanto, somente Ele sabe de todas as coisas.
        - A fofoca, a maledicência, as formas-pensamento presentes na psicosfera dos médiuns, entre outros, podem enlamear e derrubar todo e qualquer terreiro.
          Mas se a fofoca faz com que esta casa de caridade fique com um aspecto espiritual tão asqueroso como presenciei isto só pode significar que esta casa de caridade está em vias de entrar em extinção?
Caboclo-  Não? — Não!!! Acontece que este terreiro não é formado apenas por “médiuns-cupins”, aqui também existem “médiuns-formigas”.
— “Médiuns-formigas”?
Caboclo — Sim. Aqueles médiuns simples, humildes que quase não são notados, médiuns pequeninos em vaidade e que procuram trabalhar em conjunto com vistas ao bem maior que é a caridade.
E eu, sensivelmente emocionado, respondi: — Acho que entendo o que o senhor quer dizer. — “Médiuns-formigas”, enfim, são aqueles que, como disse um mano meu em uma certa prece, “ estão na umbanda pela umbanda, na confiança pela razão, são também trabalhadores silenciosos cujas ferramentas chamam-se DOM e FÈ, e cujos ‘salários’ de cada noite são pagos com uma só moeda, que traduz o seu valor numa única palavra a INGRATIDÃO”.
— Enquanto aqui nesta casa de religião houver “médiuns-formigas” esta casa jamais cairá.
Em outro dia no mesmo terreiro,uma Palestra foi ministrada pelo Caboclo Sete Estrelas para os médiuns e assistência desse terreiro:
              E o Caboclo começa com uma pergunta: - qual é a arma que traz mais malefícios à humanidade?”
               E a grande maioria até mesmo respondeu que era a bomba; o fogo, arma de fogo...
 Caboclo: - A arma que traz mais malefícios ao ser humano é aprópria língua dele. A língua do homem pode ser uma arma tão terrível e perigosa que Nosso Senhor Jesus Cristo disse certa vez que ‘o que mata o homem não é o que entra em sua boca, mas sim o que sai dela, ou seja, as palavras’.
           - Isso por que da mesma forma que é fácil iniciar um incêndio e difícil extingui-lo, também é bastante fácil criar uma maledicência e espalhar uma fofoca e é extremamente difícil, em uma só encarnação, apagar os efeitos nefastos que estes verdadeiros incêndios verbais causam na vida das pessoas que foram caluniadas e ofendidas...

Trecho do artigo publicado: http://pedrorangelsa.blogspot.com/2008/03/lies-sinceras-de-um-caboclo.html
Postado na pág. http://comunidadeumbanda.blogspot.com.br/2010/06/fofocas-em-terreiro.html



                  POR QUE PEDIMOS SILÊNCIO NO TERREIRO ?



  
          Atente para o que você fala. Boas palavras são as que edificam, elevam e agradam. Más palavras são as que destroem, rebaixam e machucam. O que sai da boca é força criadora.
         Provindos de Deus, os orixás são os grandes criadores, e se expressam pelo som. A palavra é, portanto, um dos meios de manifestação do Divino na Terra, e quando proferida passa a produzir efeitos; não há como fazê-la retornar. Por isso, ao adentrar um terreiro de umbanda, pense antes de falar.
         Pense novamente e evite excessos, pois muito antes de sua chegada os falangeiros dos orixás já estão organizando, em nível astral, todo o aparato necessário para providenciar o socorro e a cura dos espíritos doentes e sofredores. Os meios necessários para a defesa desse "hospital de almas" são ativados com a finalidade de conter os ataques trevosos que a casa irá receber antes, durante e depois da sessão. Portanto, não seja o porta-voz das sombras, trazendo desarmonia para o ambiente. Facilite o trabalho, não julgando nada, não emitindo opinião, ou melhor, adotando uma postura de imparcialidade diante do momento existencial e da dor de cada um.
         Como você não sabe de seu passado, então deve vigiar os seus pensamentos e as suas palavras. Deve regrar-se pela verdade e pela sensatez; regular o tom de voz, falando mais baixo, e ser delicado com as pessoas.
         E ao Médium trabalhador, é seu dever transmitir paz, certeza, carinho e alegria aos que chegam. Tudo o que você fala precisa ser digno de ser ouvido por nós do "lado de cá", singelos obreiros dos orixás.
         Lembre-se sempre disso e fale aos outros como se estivesse falando direto a Deus ao pisar num terreiro de umbanda.

Exu Tiriri
 (Umbanda Pé no Chão, Ramatis Norberto Peixoto)

                                  ORIXÁS REGENTES DE 2016


                                    
OXALÁ E IEMANJÁ de Jerry D'Oxossi


Os Orixás Regentes de 2016

O ano de 2016 para nós umbandistas será o ano de OXALÁ e IEMANJÁ, o Pai e a Mãe maiores da Umbanda. 
Em 2014 foi o ano de XANGÔ e IANSÃ. XANGÔ Senhor da Justiça, ano de julgamento de tudo e de todos os seres humanos. IANSÃ Senhora do Carma, da Lei em Ação, cumprindo seu papel junto a Xangô.  Nossos atos e comportamentos foram pesados, ponderados e julgados, para que em 2015, OGUM e EXU encarregados de executarem a Lei Divina, atuassem.  Não se esqueçam, o plantio é opcional, mas a semeadura é obrigatória; a Lei da Ação e Reação é implacável; não somos meras vítimas das circunstâncias, meros espectadores da vida, mas estamos no comando o tempo todo de nossas vidas, somos senhores de nossas escolhas. 
Então devemos sempre vigiar e mudar nossos pensamentos, nosso comportamento, lutar para conseguir a reforma íntima, deixando pra trás o ódio, o ressentimento, a mágoa, o ciúmes, e inveja e toda negatividade e falhas que nos faz decair, perdoando nossos ofensores para também sermos perdoados de nossas falhas e podermos através da caridade, do amor ao próximo,  resgatar nossas dívidas e caminhar sempre para a evolução moral e espiritual.

O ano de 2016. Nesse ano que se inicia devemos nos conectar com a fé, a esperança, a fraternidade, a caridade, o amor, a paz, buscarmos o melhor de nós mesmos; um ano de maior espiritualidade. Ano do Pai Maior OXALÁ. Não se esqueçam, fomos devidamente julgados por nossos atos e estaremos colhendo tudo aquilo que foi plantado. Se for um ano de sofrimento e resgates, teremos Mãe IEMANJÁ mais atuante no segundo semestre, nos acolhendo e nos consolando, para que com essas experiências possamos crescer, melhorar, evoluir e encontrar o entendimento para a realidade espiritual. As coisas acontecerão mais lentas, mas não menos intensas. Ano de grandes resgates coletivos onde se fará necessário muita oração.

O ano seguinte, 2017, será o ano dos IBÊJIS. IEMANJÁ preparará os momentos finais de 2016 para o recebimento da energia leve e alegre da falange das crianças, que nos acompanhará durante todo o ano de 2017. 

Axé a todos meus irmãos de fé , Epa Epa Babá, Odoyá

SINCRETISMO NA UMBANDA. Algumas das influências e diferenças dos cultos africanos, da pajelança indígena, do catolicismo e do espiritismo.


ORIXÁS SINCRETIZADOS COM SANTOS CATÓLICOS

Sincretismo quer dizer "combinação de diversos princípios e sistemas", ecletismo, amálgama de concepções heterogêneas. É o somatório de diferentes filosofias e fundamentos magísticos que tendem para uma igualdade, podendo ser diferentes na forma, mas semelhantes na essência.
 Por ser sincrética em seu nascimento e formação, a umbanda faz convergir para pontos em comum o que se apresenta sob diversas formas ritualísticas em todas as outras religiões do planeta. Ao contrário da opinião de zelosos religiosos, isso não a enfraquece doutrinariamente, não conspurca uma falsa pureza que outras religiões afirmam possuir e não a deixa menor do que qualquer culto ou doutrina mediúnica. Há de se comentar que a diversidade é da natureza universal, pois nada é igual no Cosmo, nem mesmo as folhas de uma única árvore. Assim, a umbanda se apresenta como a mais universalista e convergente das religiões existentes no orbe.

Também não podemos deixar de comentar o preconceitoque ainda existe em relação à raça negra, particularmente a tudo o que é oriundo da África, o que se reflete irremediavelmente na passividade mediúnica. Esse atavismo acaba se impregnando nas pessoas que atuam na umbanda, pois ainda não somos perfeitos. Especialmente quanto à origem africana da umbanda (temos a origem indígena e a branco judaico-católico-espírita), lamentavelmente ainda persistem os ranços na busca de "pureza" doutrinária, como se tudo que viesse do continente africano fosse de um fetichismo sórdido e da mais vil magia negativa, o que não é verdade pois temos de ser fiéis à nossa história recente e à anunciação da umbanda na Terra. Se não fossem os africanos, não teríamos hoje a força e a magia dos orixás no movimento umbandista, embora saibamos que em muitas outras culturas esses conhecimentos se manifestaram, inclusive entre nossos índios, e, voltando no tempo, até na velha Atlântida. Porém, reportando-nos aos registros históricos mais recentes, sem sobra de dúvidas, foram os africanos que, no interior das senzalas insípidas e inodoras, inteligentemente sincretizaram os orixás com os santos católicos, perpetuando-os em berço pátrio até os dias de hoje. Vamos resgatar um pouco dessa origem, digna de todo nosso respeito.
           Na época da escravidão, houve um sincretismo afro-católico denominado cabula, principalmente nas áreas rurais dos estados da Bahia e Rio de Janeiro, que, segundo pesquisas históricas, são considerados os rituais negros mais antigos de que se em registroenvolvendo imagens de santos católicos sincretizados com orixás, herança da fase em que os cultos africanos eram reprimidos nas senzalas, onde os antigos sacerdotes mesclavam suas crenças e culturas com o catolicismo, a fim de conseguir praticar e perpetuar sua fé. No final do século XIX, quando ocorreu a libertação dos escravos, a cabula já estava amplamente disseminada na nossa cultura como atividade religiosa afro-brasileira.
            Esse sincretismo foi mantido pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas após a anunciação da umbanda como religião nascente, em 1908.
O surgimento e anunciação da umbanda, através da mediunidade de Zélio Fernandino de Moraes, forneceu as normas de culto para uma prática ritual mais ordenada, voltada para o desenvolvimento da mediunidade e da prática da caridade com base no Evangelho de Jesus, prestando auxílio gratuito à população pobre e marginalizada do início do século passado.
              Atualmente, podemos afirmar que é majoritária a presença dos orixás na prática doutrinária da umbanda. Inclusive cresce cada vez mais o culto com imagens simbólicas em formas originais africanas, pois o gradativo e crescente entendimento da reencarnação sugere à coletividade umbandista que é provável que muitos dos santos católicos já tenham reencarnado.
                 Algumas das influências e diferenças dos cultos africanos, da pajelança indígena, do catolicismo e do espiritismo:

               Cultuamos os orixás na umbanda; por isso, é importante enfatizar algumas diferenças cruciais em relação aos cultos das diversas nações africanas. Primeiramente, temos de ressaltar que a prática umbandista não é politeísta: acreditamos em um Deus único e inigualável, não importando muito se o seu nome é Zambi, Olurum ou simplesmente Pai. Os orixás são forças da natureza, energias cósmicas provindas do Criador. Portanto, não os incorporamos nem eles apresentam características humanas, como vaidade, ciúme, sensualidade e raiva. Não nos vestimos com as roupas dos deuses nem damos de comer aos "santos" incorporados, e eles também não aprendem a dançar conosco.
             Quem se manifesta nos terreiros de umbanda são espíritos desencarnados que têm afinidade com determinado orixá e formam as chamadas linhas vibratórias. Na maioria, são entidades que ainda irão reencarnar e que estão em aprendizado recíproco com seus médiuns. Como têm um compromisso coletivo a realizar, encontram no Astral oportunidade de aprendizado e evolução fazendo a caridade. Outras (a minoria), são mentores que não mais reencarnarão compulsoriamente no planeta, e, por possuírem um elevado amor, estão vinculadas à coletividade espiritual terrena nos auxiliando, assim como Jesus o faz desde épocas imemoriais.
             Na umbanda, a mediunidade é um processo natural, decorrente de uma ampla sensibilização fluídica do espírito do médium, antes do reencarne, de forma a facilitar a sintonia com as entidades que o auxiliarão e que têm compromisso cármico com ele. Então, é dispensável as camarinhas e os longos isolamentos para "deitar pro santo", os pagamentos pecuniários aos sacerdotes, a fim de obter ritos de iniciação, bem como os sacrifícios animais com cortes rituais na altura do crânio do médium para fixar "divindades" no chacra coronário. Também não é preciso dar comida à cabeça para firmar o guia nem "obrigações" de troca com o Sagrado, muito menos adotar procedimentos de imolação com derramamento de sangue para reforçar o tônus mediúnico, que são interferências ritualísticas existentes em outros cultos, mas não fazem parte dos fundamentos da umbanda.
           Todo o método de interferência e "acasalamento" medianímico entre aparelho encarnado e guia espiritual é natural e se concretiza após longa preparação entre encarnações sucessivas, conforme pôde ser comprovado pela manifestação límpida e cristalina da mediunidade em Zélio de Moraes, que, em tenra idade física, recebeu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, numa expressão de mediunismo espontâneo e inequívoco.  
          Temos na origem africana da umbanda consistente fundamentação, especialmente a do conhecimento dos orixás, dos elementos, das ervas, dos cânticos, enfim, da magia. Foi pelo sincretismo entre a religiosidade africana e o catolicismo que os fundamentos dos orixás se mantiveram ao longo dos tempos no Brasil, embora, voltando ao passado remoto, à época da submersa Atlântida, cheguemos a esses mesmos ensinamentos sagrados, detectando que a essência em suas semelhanças foi mantida, ainda que tenha havido uma enorme diversidade de culto na história das religiões. Inquestionavelmente, se não fossem os africanos trazidos para solo pátrio não teríamos os orixás na umbanda atual.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Homenagem a Mãe Iemanjá dia 22/01/2016


Ogum Mege


























































































Salve as Almas




















Doce, meiga e querida Mãe Iemanjá. Vós permitiste que no seio de vossa morada se formassem as primitivas formas de vida, que foram o berço de toda a criação, de toda a natureza e de toda a humanidade, aceitai nossas preces de reconhecimento e amor.