
Caboclo Tupinambá
É um espírito singular que personifica bem o Orixá Oxóssi. De humor sereno e constante, é firme e combativo sem deixar de ser alegre e carinhoso. Sábio, paciente e carismático, é realmente um paizão! Ou como ele mesmo diz, "Tupinambá é como o bambú: sabe se vergar e por isso não pode ser quebrado".
Eu tenho a honra de servir essa entidade e assim já se vão uns vinte e poucos anos de parceria e confiança com esse Caboclo que é meu Pai de Cabeça*. Sua maneira de pensar é extremamente otimista e para ele tudo sempre tem uma perspectiva positiva. Ele nos diria que a vida é como um rio, com suas quedas de cahoeiras que limpam e fortalecem. Ensina ainda que quando deprimimos, quando revoltamos ou estamos desacreditados em relação à vida, é porque somente estamos desligados de seu fluxo. Basta voltar ao rio e a renovação ocorrerá quando menos percebemos.

A energia desses Caboclos, quando chamados nos terreiros, é intensa e muito agradável. É tão vibrante a presença deles que quando seu ponto é cantado é comum ver vários médiuns incorporem ao mesmo tempo. O chacra cardíaco se expande e se agita fortemente, fazendo o médium postar-se de forma bastante altiva ao final da corimba*. Aliás, a corimba é outra de suas características distintivas, marcada por uma sessão de giros continuados que, se são muitos, ao final não deixam qualquer tontura no médium.
O espírito que, especificamente, tomou-me como cavalo, tem como principal roupagem essa que aparece na ilustração acima, feita na prancheta da talentosa filha de Iansã no TPM, Fran Falsoni*. Penacho predominantemente alaranjado de penas longas e brilhantes, colar de ossos, braçadeiras de corda natural e uma pele de onça sobre as costas. Corpo alto e atlético, cabelos longos e um grande alargador de orelha feito de bambu. Assim ele se apresenta normalmente, mas em ocasiões festivas usa um cocar enorme que vai até os pés e pode ser verde, alaranjado ou colorido. Já quando está em trabalho propriamente dito, sua indumentária muda completamente, assim como suas feições ficam mais marcadas e rústicas. Nessas situações sua fala fica mais difícil de ser compreendida (predominando o tupi guarani sobre o português), surgem mais adereços no rosto, em especial um grande osso atravessando o nariz, além de pinturas pelo corpo. Por fim, a outra forma de apresentação que conheço dele (e, sinceramente, não faço questão de que ele a use...) é quando está em guerra (demanda). Aí é o seguinte: uma pena preta na cabeça, um grosso traço de tinta preta sob os olhos, dobro de tamanho, as armas e nada mais.

A quem conhece Caboclo Tupinambá espero ter colaborado com um pouco mais dessa entidade tão conhecida e importante da corrente astral de Umbanda. A quem não o conhece ainda, e estiver a precisar de força, proteção, alegria ou de uma simples sensação de paz e bem estar, experimente cantar assim: "Estava na beira do rio sem poder atravessar, chamei pelo Caboclo, Caboclo Tupinambá...Tupinambá chamei, chamei tornei chamar, êah". Se pode tornar a chamá-lo, mas precisar não precisa. Com certeza ele já estará presente.
Se Caboclo Tupinambá pudesse ser definido em uma frase, seria essa:
"Grande Pai Caçador de Almas".
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